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COMO OS ASTRONAUTAS PODERIAM "RECOLHER" ÁGUA NA LUA
30 de Setembro de 2009

 

Água recém-confirmada na Lua poderá ajudar os astronautas lunares a sobreviver e até a impulsionar missões para Marte, se a sua recolha se tornar prática. Um dispositivo que emite microondas, desenvolvido pela NASA, poderá fazer isso mesmo.

Três sondas - a Chandrayaan-1 da Índia e as sondas Cassini e Deep Impact da NASA - detectaram a absorção de radiação infravermelha num comprimento de onda que indica a presença de água ou hidróxilo, uma molécula composta por um átomo de hidrogénio e um átomo de oxigénio. Todas descobriram que a assinatura é mais forte nos pólos do que em latitudes mais baixas.

Algumas destas moléculas podem estar a ser criadas continuamente quando os protões do vento solar - iões de hidrogénio - se ligam aos átomos de oxigénio no solo lunar. Os impactos de cometas poderão também ter trazido a água para a Lua.

Esta água trazida por cometas ou gerada pelo vento solar pode espalhar-se aleatoriamente com o passar do tempo em crateras permanentemente à sombra nos pólos lunares, que recentemente se descobriu serem mais frias que Plutão.

"Uma vez que aí chegue, não sai," afirma Carle Pieters da Universidade de Brown em Providence, Rhode Island, EUA, cientista principal do instrumento construído pela NASA a bordo da Chandrayaan-1 que fez as medições.

Até agora, a água não parece ser muito abundante - a recolha de água de uma área de solo com o tamanho de um campo de futebol daria-nos apenas "um bom copo de água," disse Pieters.

Mas se a água puder ser colhida, os astronautas lunares poderão usá-la para beber ou dividi-la em oxigénio e hidrogénio para fazer combustível para as suas viagens até casa. Isto cortaria os custos de lançamento, dado que ia diminuir a quantidade de combustível que teriam que levar da Terra.

O combustível produzido na Lua poderá até ajudar a montar uma missão humana a Marte. Graças à gravidade mais fraca da Lua, precisaríamos de menos energia para levar uma nave para o espaço a partir da superfície lunar do que na Terra.

"Muda completamente o paradigma do voo espacial," diz Paul Spudis do Instituto Lunar e Planetário em Houston, Texas. "É como construír um caminho-de-ferro transcontinental até ao espaço."

Mas como é que se pode extraír a água que está provavelmente fechada em muito pequenas concentrações de gelo no solo lunar? As microondas poderão ser a chave, de acordo com os estudos levados a cabo por Edwin Ethridge do Centro Aeroespacial Marshall da NASA e William Kaukler da Universidade do Alabama, os primeiros a demonstrar esta técnica em 2006.

Os cientistas usaram um forno microondas comum com solo lunar simulado que tinha sido arrefecido até temperaturas tipo-Lua, aproximadamente -150º C.

Mantendo o solo num vácuo para simular as condições lunares, descobriram que ao aquecê-lo apenas até -50º C com microondas, a água gelada sublimou, ou transformou-se directamente de sólida a vapor. O vapor então espalhou-se a partir de poros a mais alta pressão no solo até à câmara de vácuo a mais baixa pressão, por cima.

Na Lua, o vapor pode ser recolhido ao manter uma placa de metal por cima do solo. O vapor de água condensaria então como geada e teríamos então que a extraír da placa, afirma Kaukler.

O aquecimento e processamento de solo lunar seco a altas temperaturas também poderia libertar oxigénio e hidrogénio para combustível ou outros usos. Mas isso necessitaria de 100 vezes mais energia do que a extracção de água lunar nativa, afirma Spudis: "Tudo se torna mais fácil, barato e rápido."

Links:

Lua:
Núcleo de Astronomia do Centro Ciência Viva do Algarve
Wikipedia

Chandrayaan-1:
Página oficial
Wikipedia

 
Se a água na Lua puder se recolhida, os astronautas lunares poderão usá-la para beber ou para fazer combustível.
Crédito: NASA
(clique na imagem para ver versão maior)
 
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