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Núcleo de Astronomia do Centro Ciência Viva do Algarve
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ASTROBOLETIM N.º 653
De 08/06 a 10/06/2010
 
 
 

Dia 08/06: 159.º dia do calendário gregoriano.
História: Em 1625 nascia Giovanni Cassini.

Cassini foi um italiano que esteve à frente do Observatório de Paris durante muitos anos, o primeiro a observar as mudanças de estação em Marte e a medir a paralaxe (ou distância) do planeta, estabelecendo pela primeira vez a escala do Sistema Solar. Foi o primeiro a descrever as bandas e manchas de Júpiter e estudou as órbitas dos satélites jovianos. Descobriu quatro luas de Saturno, mas é mais conhecido por ter sido o primeiro a observar a divisão (agora com o seu nome) entre os anéis A e B de Saturno.
Em 1975, era lançada a Venera 9 (USSR). Alcançou Vénus a 22 de Outubro de 1975. Foi a primeira sonda a transmitir imagens da superfície do planeta.
Em 2004 teve lugar o último trânsito de Vénus pelo Sol, um evento que já não acontecia há mais de 120 anos.
Observações: Com o Verão já aí, o Grande Triângulo de Verão vai subindo no céu a Este. Vega está mais alto e é a estrela mais brilhante das três estrelas do Triângulo, e também de todo o céu a Este. Deneb é a estrela mais brilhante para baixo e para a esquerda de Vega, a cerca de dois ou três punhos fechados à distância do braço esticado. Procure Altair nascendo para baixo e para a direita de Vega.

Dia 09/06: 160.º dia do calendário gregoriano.
História: Em 1812 nascia Johann Gottfried Galle, astrónomo alemão, que foi o primeiro a observar Neptuno.

Galle é também conhecido por ter sido assistente de Encke, e foi um dos poucos astrónomos a observar o cometa Halley duas vezes -- morrendo dois meses depois do cometa ter passado o periélio em 1910.
Observações: Em binóculos, um enxame globular parece uma estrela ténue e ligeiramente desfocada. O enxame globular M3, na fronteira entre Boieiro e Cães de Caça, oferece uma boa hipótese para fazer esta comparação; está a apenas 0,5º de uma estrela com a mesma magnitude (6.ª). Encontre-os começando a partir de Arcturo.

Dia 10/06: 161.º dia do calendário gregoriano.
História: Em 2003 era lançada a Spirit Rover começando a missão Mars Exploration Rover da NASA.

Observações: Ceres está com magnitude 6,9 e à medida que se aproxima da oposição, atravessa Sagitário não muito longe da Nebulosa da Lagoa, M8.

 
 
 


Durante o dia de Portugal e de Camões tem que se falar das crateras de Mercúrio. As crateras de Mercúrio têm nomes de grandes humanistas e uma delas chama-se cratera Luis de Camões. As outras crateras com nomes de figuras portuguesas em Mercúrio, são as crateras Mendes Pinto (de Fernão Mendes Pinto) e Vicente (de Gil Vicente).

 
 
 
  ESTRANHA DESCOBERTA EM TITÃ LEVA À ESPECULAÇÃO DE VIDA EXTRATERRESTRE  
 

Novas descobertas despertaram muitos debates sobre a possibilidade de vida na lua de Saturno, Titã, que algumas fontes noticiosas já sobrevalorizaram como pistas de vida extraterrestre.

No entanto, os cientistas já avisaram que os extraterrestres não têm nada a ver com estes achados.

Toda esta excitação tem por base análises de dados químicos enviados pela sonda Cassini da NASA. Um estudo sugeria que o hidrogénio "escorria" pela atmosfera de Titã e desaparecia na superfície. O astrobiólogo Chris McKay do Centro de Pesquisa Ames da NASA especulou que isto podia ser uma pista tantalizante que o hidrogénio estava a ser consumido por vida.

"É o gás óbvio para a vida consumir em Titã, semelhante ao modo como consumimos oxigénio na Terra," afirma McKay.

A lua de Saturno, Titã, vista aqui numa impressão de artista, está cheia de metano líquido e rodeada por espessas nuvens. Poderá suportar vida? Novas evidências certamente levantam essa questão, mas os cientistas dizem que é mais provável que estes achados envolvam processos não-biológicos.
Crédito: NASA/JPL
(clique na imagem para ver versão maior)
 

Outro estudo que investigava hidrocarbonetos na superfície de Titã descobriu uma escassez de acetileno, um composto que pode ser consumido como alimento para a vida que depende do metano líquido - em vez de água líquida - para viver.

"Se estes sinais são realmente sinais de vida, seria duplamente excitante porque iria representar uma segunda forma de vida independente da vida baseada em água na Terra," afirma McKay.

No entanto, os cientistas da NASA acautelam que os extraterrestres podem não ter nada a ver com isto.

"O conservacionismo científico sugere que a explicação biológica deverá ser sempre a última hipótese a ponderar após todas as explicações não-biológicas serem excluídas," afirma Mark Allen, investigador principal da equipa do Instituto Titan de Astrobiologia da NASA. "Temos muito trabalho pela frente com o intuito de excluír as explicações não-biológicas. É mais provável que um processo químico, sem biologia, explique estes resultados."

"Ambos os resultados são ainda preliminares," afirma McKay.

Até à data, as formas de vida com base no metano são ainda especulação, e McKay propõs um conjunto de condições necessárias para estes tipos de organismos em Titã em 2005. Os cientistas ainda não detectaram este forma de vida em lado nenhum, embora existam micróbios com base em água cá na Terra que floresçam no metano ou que o produzam como resíduo.

Em Titã, onde as temperaturas rondam os -179º C, quaisquer organismos teriam que usar uma substância que é líquida a essa temperatura para processos de vida. A própria água não é possível de usar, pois encontra-se no estado sólido à superfície de Titã. A lista de candidatos líquidos é muito curta -- metano líquido e moléculas relacionadas como o etano. Estudos prévios descobriram que Titã tem lagos de metano líquido.

A escassez de hidrogénio detectada pela Cassini é consistente com as condições que poderiam produzir vida com base em metano, mas não prova conclusivamente a sua existência, avisa o cientista Darrell Strobel, cientista interdisciplinário da Cassini da Universidade Johns Hopkins em Baltimore, Maryland, EUA, autor do artigo sobre o hidrogénio e que aparece na edição online da revista Icarus.

Strobel estudou as densidades do hidrogénio em diferentes partes da atmosfera e da superfície. Os modelos prévios teorizados pelos cientistas previam que as moléculas de hidrogénio, um subproduto da quebra do acetileno e de moléculas de metano pela radiação ultravioleta na atmosfera superior, deveriam estar razoavelmente bem distribuídas pelas camadas atmosféricas.

As simulações computacionais de Strobel sugerem um fluxo de hidrogénio da atmosfera para a superfície a uma proporção de 1x10^27 moléculas por segundo.

"É como se tivéssemos uma mangueira e esguichássemos hidrogénio para o chão, mas ia desaparecendo," afirma Strobel. "Não estava à espera deste resultado, porque o hidrogénio molecular é extremamente inerte quimicamente na atmosfera, muito leve e flutuante. Deveria 'flutuar' do topo da atmosfera e escapar."

Strobel disse que não é provável que o hidrogénio seja armazenado numa gruta ou num qualquer espaço subterrâneo em Titã. Um mineral desconhecido pode estar a agir como um catalisador na superfície de Titã para ajudar a converter as moléculas de hidrogénio e acetileno de volta a metano.

Embora Allen tenha felicitado Strobel pela descoberta, ele realça a necessidade de um "modelo mais sofisticado para descobrir qual o fluxo de hidrogénio."

Os cientistas também esperavam que as interacções do Sol com os químicos na atmosfera produzissem acetileno que cai e reveste a superfície de Titã. Mas a Cassini mapeou os hidrocarbonetos na superfície de Titã e não detectou qualquer acetileno à superfície - estes resultados encontram-se na edição online da revista Geophysical Research Letters.

Em vez de vida extraterrestre em Titã, Allen diz que uma possibilidade é que a luz solar ou raios cósmicos possam estar a transformar acetileno, em aerosóis gelados na atmosfera, em moléculas mais complexas que caem para o chão sem qualquer assinatura de acetileno.

Em adição, a Cassini detectou uma ausência de água gelada na superfície de Titã, mas muitas quantidades de benzeno e outro material ainda por identificar, que parece ser um composto orgânico. Os investigadores dizem que uma camada de elementos orgânicos estão a cobrir a água gelada que constitui o escudo rochoso de Titã. Esta camada de hidrocarbonetos mede pelo menos alguns milímetros até vários centímetros em espessura, e possivelmente a maiores profundidades em alguns locais.

"A química atmosférica de Titã está a libertar compostos orgânicos que chovem na superfície tão abundantemente que mesmo até à medida que torrentes de metano líquido e etano à superfície lavam estes compostos orgânicos, o gelo rapidamente é coberto novamente," afirma Roger Clark, cientista da equipa da Cassini no USGS em Denver. "Tudo isto implica que Titã é um lugar onde há química orgânica."

Toda esta especulação é excessiva, comenta Allen.

"Normalmente, na pesquisa de vida, procuramos a presença de evidências -- digamos, o metano observado na atmosfera de Marte, que não pode ser feito por processos fotoquímicos normais," acrescenta Allen. "Aqui estamos a falar sobre a ausência em vez da presença de provas - a falta de hidrogénio e acetileno - e muitas vezes existem processos não-biológicos que podem explicar o porquê das coisas não existirem."

Estas descobertas estão ainda "muito longe da prova de vida," afirma McKay. "Mas podem ser interessantes."

Links:

Notícias relacionadas:
NASA (comunicado de imprensa)
Artigo científico (requer compra)
Universe Today
New Scientist
Discovery News
Discover
SPACE.com
UPI.com
Space Daily
MSNBC

Titã:
Solarviews
Wikipedia

Saturno:
Solarviews
Wikipedia

Cassini:
Página oficial (NASA)
Wikipedia

 
     
 
 
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  O Capacete de Thor - Crédito: Star Shadows Remote Observatory e PROMPT/UNC
(Steve Mazlin, Jack Harvey, Rick Gilbert e Daniel Verschatse)
 
  Foto  
  (clique na imagem para ver versão maior)  
     
 

Esta nuvem cósmica com a forma de um capacete com asas é denominada de Capacete de Thor. Com um tamanho heróico, mesmo até para um deus nórdico, o Capacete de Thor mede cerca de 30 anos-luz de diâmetro. De facto, o capacete é na realidade uma bolha interestelar, soprada à medida que um rápido vento da brilhante e massiva estrela perto do centro da bolha varre a nuvem molecular em seu redor. Conhecida como uma estrela Wolf-Rayet, a estrela central é uma gigante extremamente quente que se pensa estar numa breve fase de evolução pré-supernova. Catalogada como NGC 2359, a nebulosa encontra-se a aproximadamente 15.000 anos-luz na direcção da constelação de Cão Maior. A imagem, obtida com filtros de banda larga e estreita, captura os detalhes espantosos das estruturas filamentárias da nebulosa. Mostra tons azulados oriundos da forte emissão dos átomos de oxigénio no gás brilhante.

 


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