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Núcleo de Astronomia do Centro Ciência Viva do Algarve
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ASTROBOLETIM N.º 704
De 03/12 a 06/12/2010
 
 
 

Dia 03/12: 337.º dia do calendário gregoriano.
História: Em 1904, Charles Dillon Perrine descobre a lua joviana Himalia.
Em 1958, o JPL era transferido do controlo do exército americano para o controlo da NASA.
Em 1971, a sonda soviética Mars 3 torna-se na primeira a aterrar com sucesso em Marte
Em 1973, a Pioneer 10 enviava para a Terra as primeiras imagens de Júpiter.

Em 1974, voo rasante da sonda Pioneer 11 por Júpiter
Em 1999, a NASA perdia o contacto com a Mars Polar Lander, minutos antes da entrada na atmosfera de Marte.
Observações: Até cerca das 21 horas, é possível observar telescopicamente a Grande Mancha Vermelha em Júpiter.
Depois da hora de jantar, a constelação em forma de M, Cassiopeia, flutua quase por cima das nossas cabeças quando nos viramos para Norte. Bem para baixo de Cassiopeia, encontre a Estrela Polar. E para baixo da Polar situa-se a Ursa Maior (para trás do horizonte).

Dia 04/12: 338.º dia do calendário gregoriano.
História: Em 1965, lançamento da missão Gemini 7.

Frank Borman e James A. Lovell Jr.completam um voo de 14 dias, ao todo 220 órbitas. A missão tinha dois objectivos: estudar os efeitos a longo-prazo do voo espacial e fazer o "rendezvous" com a Gemini 6
Em 1978, a sonda americana Pioneer/Venus torna-se na primeira a orbitar Vénus.
Em 1996, é lançada a Mars Pathfinder.
Em 1998, é lançado o módulo Unity, o segundo módulo da Estação Espacial Internacional.
Observações: Embora já seja Dezembro, a brilhante Vega, a "Estrela de Verão", permanece a Noroeste ao início da noite. A estrela brilhante para cima é Deneb, a cauda do Cisne. Um pouco para a direita de Vega está o asterismo Lozenge, a cabeça de Dragão. O nariz deste animal mitológico sempre aponta para Vega.

Dia 05/12: 339.º dia do calendário gregoriano.
História: Em 1990, a primeira fotografia (galáxia NGC 1232 em Erídano) tirada com o telescópio Keck é publicada no Los Angeles Times.

Em 2001, é lançada a missão Expedition 4, rumo à ISS.
Observações: Lua Nova, pelas 17:38.
Ao anoitecer é já possível observar telescopicamente a sombra de Ganimedes na atmosfera de Júpiter. O evento termina pelas 20 horas.

Dia 06/12: 340.º dia do calendário gregoriano.
História: Em 1957, uma explosão na plataforma de lançamento da Vanguard TV3 impede a primeira tentativa dos EUA lançarem um satélite para órbita terrestre.

Em 2006, a NASA revela fotografias obtidas pela Mars Global Surveyor, sugerindo a presença de água líquida em Marte.
Observações: Pôr-do-Sol mais cedo do ano.
Aproveite a noite para observar com binóculos a Grande Nebulosa de Orionte.

 
 
 
O organismo presente na imagem é um Tardígrado. É um pequeno invertebrado aquático com 8 patas. Os maiores adultos chegam aos 1,5 mm de comprimento. Que se saiba, são os primeiros animais capazes de sobreviver a dura combinação de baixas pressões e intensas radiações do espaço, como comprovado em 2008 pela missão FOTON-M3.
 
 
  DESCOBERTA NOVA FORMA DE VIDA CONSTRUÍDA COM QUÍMICO TÓXICO  
 

Pesquisa suportada pela NASA no ramo da astrobiologia mudou o conhecimento fundamental acerca do que constitui vida cá na terra.

Investigadores que estudavam o duro ambiente do Lago Mono na Califórnia, EUA, descobriram o primeiro microorganismo na Terra capaz de prosperar e reproduzir usando o químico tóxico arsénico. O microorganismo substitui o fósforo por arsénico nos seus componentes celulares.

O Lago Mono na Califórnia, com uma imagem das bactérias que aí vive.
Crédito: Science
(clique na imagem para ver versão maior)
 

"A definição de vida cresceu," afirma Ed Weiler, administrador associado da NASA para o Directorado de Missões Científicas na sede da agência em Washington, EUA. "À medida que perseguimos os nossos esforços para procurar sinais de vida no Sistema Solar, temos que pensar em termos mais largos, mais diversos e considerar vida como não a conhecemos."

Este achado de uma composição bioquímica alternativa vai alterar os livros de Biologia e alargar a esfera de acção da pesquisa por vida para lá da Terra. A pesquisa está publicada na edição desta semana da revista Science Express.

A "coluna vertebral" do ADN (a estrutura espiral azulada neste desenho) contém uma cadeia alternada de fosfato ligada a moléculas de açúcar. Fortes evidências indicam que no organismo GFAJ-1, o fosfato é substituído por arseniato.
Crédito: Biblioteca Americana de Medicina
 

Carbono, hidrogénio, nitrogénio, oxigénio, fósforo e enxofre são os seis blocos de construção básicos de todas as formas de vida na Terra. O fósforo faz parte da "coluna vertebral" do ADN e do ARN, as estruturas que transportam as instruções genéticas da vida, e é considerado um elemento essencial de todas as células vivas.

O fósforo é um componente central da molécula que transporta energia em todas as células (adenosina trifosfato) e também dos fosfolipídeos que formam todas as membranas celulares. O arsénico, que é quimicamente similar ao fósforo, é venenoso para a maioria da vida da Terra. O arsénico perturba os percursos metabólicos porque, quimicamente, comporta-se de modo semelhante ao fosfato.



A imagem de cima é do organismo GFAJ-1 cultivado em fósforo. Os de baixo são cultivados em arsénico.
Crédito: Jodi Switzer Blum
 

"Nós sabemos que alguns micróbios conseguem respirar arsénico, mas o que descobrimos foi um micróbio que faz uma coisa nova -- constrói partes de si próprio com arsénico," afirma Felisa Wolfe-Simon, do departamento de Pesquisa Astrobiológica da NASA que participa com o USGS em Menlo Park, Califórnia, e a líder científica da equipa de investigação. "Se algo cá na Terra pode fazer algo tão inesperado, então que mais poderá a vida fazer que ainda não observámos?"

O micróbio recém-descoberto, denominado GFAJ-1, é um membro de um grupo comum de bactérias - Gammaproteobacteria. Em laboratório, os cientistas cultivaram com sucesso micróbios oriundos do lago numa dieta muito escassa em fósforo, mas que incluía quantidades generosas de arsénico. Quando os investigadores removeram o fósforo e o substituíram completamente por arsénico, os micróbios continuaram a crescer. Análises subsequentes indicaram que o arsénico estava a ser usado para produzir os blocos de construção das novas células GFAJ-1.

O ponto mais importante que os cientistas investigaram foi a determinação do momento, assim que começaram a ser cultivados com arsénico, em que este elemento se incorporou na maquinaria bioquímica vital dos organismos, tal como no ADN, nas proteínas e nas membranas celulares. Foram usadas várias e sofisticadas técnicas laboratoriais para determinar quando é que o arsénico foi incorporado.

A geomicrobióloga Felisa Wolfe-Simon, recolhendo sedimentos do lago Mono. A pesquisa levou à descoberta de um organismo na Terra que prospera com arsénico.
Crédito: Henry Bortman
(clique na imagem para ver versão maior)
 

A equipa escolheu a exploração do Lago Mono devido à sua química invulgar, especialmente a sua alta salinidade, alta alcalinidade e altos níveis de arsénico. Esta química é em parte o resultado da isolação do Lago Mono de fontes de água fresca há já 50 anos.

Os resultados deste estudo têm impactos em muitas áreas, incluindo o estudo da evolução da Terra, química orgânica, ciclos bioquímicos, mitigação de doenças e na pesquisa do sistema Terra. Os achados também abrem novas fronteiras na microbiologia e noutras áreas de estudo.

"A ideia de bioquímicas alternativas para a vida é comum na ficção científica," afirma Carl Pilcher, director do Instituto de Astrobiologia da NASA no Centro de Pesquisa Ames da agência em Moffett Field, Califórnia, EUA. "Até agora uma forma de vida que usava arsénico como bloco de construção era apenas uma teoria, agora sabemos que tal vida existe no Lago Mono."

Links:

Notícias relacionadas:
NASA (comunicado de imprensa)
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TSF
TVI24

GFAJ-1:
Wikipedia

 
     
 
 
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Analisada primeira atmosfera de super-Terra (via ESO)
A atmosfera de um exoplaneta do tipo super-Terra foi analisada pela primeira vez por uma equipa internacional de astrónomos utilizando o Very Large Telescope do ESO. O planeta, conhecido como GJ 1214b, foi estudado à medida que passava em frente da sua estrela hospedeira e alguma da radiação estelar atravessava a atmosfera do planeta. Sabemos agora que a atmosfera é composta essencialmente por água, ou sob a forma de vapor ou dominada por nuvens espessas ou névoas. Os resultados saíram na revista Nature no número de 2 de Dezembro de 2010. [Ler fonte]

 
     
 
     
  Hartley viaja por enxames estelares - Crédito: Rolando Ligustri (CARA ProjectCAST)  
  Foto  
  (clique na imagem para ver versão maior)  
     
 

No início de Novembro, o pequeno mas activo Cometa Hartley 2 (103/P Hartley) tornou-se no quinto cometa a ser fotografado de perto por uma sonda terrestre. Continuando a sua viagem pelo Sistema Solar com um período orbital de seis anos, o Hartley 2 encontra-se agora na constelação náutica da Popa. Ainda um alvo para binóculos ou pequenos telescópios a partir de locais escuros, o cometa foi aqui capturado nesta imagem no dia 27 de Novembro, partilhando o rico campo de 2,5º com enxames estelares bem conhecidos pelos observadores terrestres. Por baixo e para a direita da cabeleira esverdeada do cometa situa-se M47, um jovem enxame estelar com 80 milhões de anos, a cerca de 1600 anos-luz de distância. Para baixo e para a esquerda está M46, um enxame mais antigo, com 300 milhões de anos, e a 5400 anos-luz de distância. A ténue e pequena cauda do Hartley 2 até se prolonga para cima e para a direita na direcção de outro enxame estelar na paisagem, NGC 2423. No dia 27 de Novembro, o Cometa Hartley 2 estava a cerca de 2,25 minutos-luz da Terra. Viajando para baixo nesta imagem, no dia 28 de Novembro o cometa já se encontrava entre M46 e M47.

 


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