Top thingy left
 
MARTE, MARTE E MAIS MARTE
14 de Junho de 2005
 

No dia 19 de Maio de 2005, o rover Spirit da NASA capturou esta espectacular imagem de um pôr-do-Sol marciano na cratera Gusev em Marte. Esta visão panorâmica foi tirada pelas 6:07 da noite no 489.º dia marciano do rover, ou "sol". Foi ordenado à Spirit manter-se acordada um pouco mais para enviar os dados ao orbiter Mars Odyssey. Esta linda fotografia do céu foi obtida através de filtros 750 nm, 530 nm e 430 nm. Esta combinação permite fazer imagens em cores falsas semelhantes às que o olho humano veria, com as cores apenas um pouco alteradas. Nesta imagem, o tom azul do céu por cima do Sol seria-nos visível se lá estivéssemos, mas um artefacto da câmara infravermelha do rover com esta combinação de filtros faz com que o céu pareça mais vermelho longe do pôr-do-Sol quando comparado com as cores do dia no céu marciano. Dado que Marte está mais longe do Sol do que a Terra, a estrela tem apenas dois-terços do tamanho que teria no nosso planeta. O terreno no pano da frente chama-se "Jibsheet", uma característica que a Spirit tem investigado há já algumas semanas. O chão da cratera Gusev é visível à distância, e o Sol está descendo por trás da muralha da Gusev a uns 80 km.

Este mosaico é outro exemplo de uma cena marciana súbtil e espantosa, que também captura algumas importantes informações científicas. Especificamente, as imagens do pôr-do-Sol e do lusco-fusco são regularmente adquiridas pela equipa científica para determinar até que altura na atmosfera o pó marciano se extende, e para procurar nuvens de gelo e de poeira. Outras imagens mostraram que o brilho do lusco-fusco permanece visível, mas cada vez mais ténue, até duas horas antes do nascer-do-Sol ou duas horas depois do pôr-do-Sol. Este grande espaço de tempo (quando comparado com o da Terra) é provocado pela luz solar espalhada pelo lado nocturno do planeta por poeiras abundantes a altas altitudes. Por vezes estes longos eventos acontecem na Terra quando grãos de poeira são expulsos por vulcões, que espalham a luz bem alto na atmosfera.

Mars Express descobre auroras em Marte

Em outras notícias, a sonda da ESA, Mars Express, detectou pela primeira vez uma aurora em Marte. Esta aurora é de um tipo nunca visto antes no Sistema Solar.

Observações do instrumento SPICAM (Spectroscopy for the Investigations and the Characteristics of the Atmosphere on Mars) feitas a 11 de Agosto de 2004, revelaram emissões de luz agora interpretadas como uma aurora.

As auroras são espectáculos muitas vezes observados a grandes latitudes na Terra. No nosso planeta, bem como nos gigantes Júpiter, Saturno, Urano e Neptuno, ocorrem nas linhas dos campos magnéticos planetários perto dos pólos, e são produzidas por partículas carregadas - electrões, protões ou iões - que se precipitam ao longo destas linhas.

As auroras também têm sido observadas no lado nocturno de Vénus, um planeta com nenhum campo magnético (planetário) instrínseco. Ao contrário da Terra e dos planetas gigantes, as auroras venusianas aparecem como manchas brilhantes e difusas de forma e intensidade variáveis, por vezes distribuídas ao longo de todo o disco planetário. Estas auroras são produzidas pelo impacto de electrões oriundos do vento solar que se precipitam na atmosfera do lado nocturno do planeta.

Tal como Vénus, Marte é um planeta sem nenhum campo magnético intrínseco. Há alguns anos atrás foi sugerido que o fenómeno auroral poderia também existir em Marte. Esta hipótese foi reforçada pela recente descoberta da Mars Global Surveyor de anomalias magnéticas crustais, provavelmente o que resta de um antigo campo magnético planetário.

A SPICAM detectou emissões de luz no hemisfério Sul de Marte, durante observações nocturnas na região correspondente a 177ª Este e 52ª Sul. O tamanho total da região de emissão era de cerca de 30 km, possivelmente a 8 km de altura.

Esta emissão detectada é normal durante o dia, mas deve indicar a excitação de fluxos da alta atmosfera por partículas carregadas - provavelmente electrões - se observados durante a noite.

Ao analisar o mapa das anomalias magnéticas crustais compiladas a partir dos dados da Mars Global Surveyor, os cientistas observaram que a região das emissões correspondem à área onde está localizado o mais forte campo magnético. Esta correlação indica que a origem da emissão de luz é na realidade um fluxo de electrões que se move ao longo das linhas magnéticas da crosta e que excita a alta atmosfera de Marte.

As observações da SPICAM dão-nos pela primeira vez um olhar detalhado para o papel que o campo magnético crustal marciano desempenha na produção de estruturas magnéticas originais em forma de cúspide. Tais estruturas concentram os fluxos de electrões em regiões mais pequenas da atmosfera marciana. Eventualmente, induzem a formação de auroras altamente concentradas cujo mecanismo de formação - uma emissão localizada controlada por anomalias no campo magnético da crosta - é único no Sistema Solar.

Estes resultados aparecem na edição de 9 de Junho da revista científica Nature.

Luz verde para a libertação da 2.ª parte da antena MARSIS

E, por falar em Mars Express, no seguimento de análises profundas levadas a cabo depois da libertação da primeira antena da MARSIS a bordo, a ESA decidiu continuar com a 2.ª parte do processo, a libertação da antena com 20 metros.

A operação terá lugar ainda esta semana.

Foi necessário um adiamento na libertação da segunda antena, devido a problemas com a primeira antena no passado mês de Maio. Uma das secções da antena (a décima) ficou emperrada. Posteriormente, e a partir de testes terrestres, esta avaria foi corrigida, ao expôr a secção avariada ao Sol. Isto aqueceu as mesmas, que se tornaram rapidamente funcionáveis. A libertação da primeira antena ficou completada a 10 de Maio.

As lições aprendidas durante esta primeira fase foram utilizadas para correr novas simulações e determinar um novo cenário de libertação para a segunda antena. Este contém uma fase de aquecimento ao Sol, para melhorar as possíveis condições térmicas de todas as secções da antena.

A libertação da terceira antena (7 metros) da MARSIS não é considerada crítica. Será comandada uma vez que a equipa de controlo terrestre da ESA tenha re-adquirido o sinal da sonda, seguindo uma sequência de testes para ter a certeza do bom estado de funcionamento e posição da segunda antena, como também do controlo da nave.

Se tudo correr bem, a MARSIS (Mars Express Sub-Surface Radar Altimeter), demorará ainda umas semanas antes de começar a estudar a ionosfera de Marte durante o dia marciano, e a pesquisar por baixo da superfície de Marte durante a noite.

Links:

Notícias relacionadas (pôr-do-Sol marciano):
http://www.spaceflightnow.com/news/n0506/12mersunset/
http://www.space.com/imageoftheday/image_of_day_050613.html

Notícias relacionadas (aurora em Marte):
http://abc.net.au/science/news/stories/s1389239.htm
http://www.innovations-report.com/html/reports/physics_astronomy/report-45241.html
http://www.sciscoop.com/story/2005/6/9/12491/74018
http://news.bbc.co.uk/1/hi/sci/tech/4077816.stm
http://www.spaceref.com/news/viewpr.html?pid=17069
http://www.newscientistspace.com/article/dn7491-unique-aurora-dazzles-spacecraft-over-mars.html

Notícias relacionadas (MARSIS):
http://www.newscientistspace.com/article/dn7485-radar-search-for-martian-water-back-on-track.html
http://www.spaceref.com/news/viewpr.html?pid=17045
http://www.space.com/missionlaunches/050608_marsis_express.html
http://www.universetoday.com/am/publish/second_boom_set_deploy.html

Rovers marcianos da NASA:
http://marsrovers.jpl.nasa.gov/home/
http://en.wikipedia.org/wiki/MER

Mars Express:
http://www.esa.int/SPECIALS/Mars_Express/
http://en.wikipedia.org/wiki/Mars_Express

Marte:
http://www.ccvalg.pt/astronomia/astronline/marte.htm
http://en.wikipedia.org/wiki/Mars_%28planet%29


Um espantoso pôr-do-Sol marciano, visto pelo rover da NASA, Spirit.
Crédito: NASA/JPL/Texas A&M/Cornell
(clique na imagem para ver versão maior)


Área no Hemisfério Sul de Marte onde a Mars Express detectou pela primeira vez uma aurora.
Crédito: NASA/ESA
(clique na imagem para ver maior)


Gráfico da posição da aurora, em conjunto com dados magnéticos adquiridos pela Mars Global Surveyor.
Crédito: NASA, MGS
(clique na imagem para ver versão maior)


Indicação da segunda antena da MARSIS, prestes a ser libertada.
Crédito: ESA
(clique na imagem para ver versão maior)

 
Top Thingy Right