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A "CINTURA DE KUIPER" DE FOMALHAUT
24 de Junho de 2005
 

Novas observações de uma estrela, suspeita de ter um planeta, providenciam as até agora mais importantes provas da existência do jovem mundo.

Ao invés de avistar um planeta, no entanto, os astrónomos fotografaram a estranha forma anular de poeira que rodeia a estrela. Estes assumem que um planeta ainda não observado esculpiu este arranjo.

A estrela, Fomalhaut, é a 17.º mais brilhante do céu nocturno e é facilmente observável à vista desarmada. É uma estrela relativamente jovem, ainda envolta na poeira do seu nascimento. Situa-se a cerca de 25 anos-luz de distância.

Em 2002, astrónomos anunciaram que tinham descoberto distorções no anel de poeiras de Fomalhaut e calcularam que um planeta com o tamanho de Saturno deveria estar a orbitá-la. As observações também indicavam que o anel estava de certa maneira «desligado» da estrela, o que sugeria a presença de um planeta, mas esta especulação foi parcialmente baseada em modelos computacionais.

A nova visão óptica, obtida pelo Telescópio Espacial Hubble, revela as dimensões exactas do «donut» que resta da formação estelar.

O anel de poeira não está centrado na estrela, como seria de esperar se a gravidade da mesma o tivesse esculpido. Ao invés, o centro está a 2.3 mil milhões de quilómetros (15 vezes a distância da Terra ao Sol) da estrela. De acordo com os cientistas, isto suporta a teoria da existência de um planeta rebocando o anel.

"As nossas novas imagens do Hubble confirmam as hipóteses que propõem que um planeta está perturbando o anel," disse Paul Kalas da Universidade da Califórnia em Berkeley.

Kalas e seus colegas assumem que o misterioso objecto é um planeta e não algo maior, tal como uma ténue estrela falhada conhecida como anã castanha, pois dizem que o Hubble teria detectado uma anã castanha directamente a partir das observações.

A investigação é importante pois o sistema de Fomalhaut assemelha-se ao nosso Sistema Solar quando tinha apenas cerca de 200 milhões de anos (tem agora 4.6 mil milhões de anos). Os astrónomos têm um modelo teórico para a formação planetária, mas é apenas ao observar os jovens sistemas estelares que podem confirmar se os processos decorreram como esperado.

O anel em torno de Fomalhaut parece-se com a Cintura de Kuiper do nosso Sistema Solar, uma região de objectos cometários para lá de Neptuno. Os astrónomos pensam que à medida que os planetas, asteróides e cometas se desenvolviam a partir da poeira, grande parte do material ou seria atraído para a estrela ou seria então expulso para um anel de detritos.

Importante é também a teoria que diz que a região próxima de uma recém-nascida estrela, tal como a localização da Terra, é despojada de água nos primeiros anos de um sistema estelar. Algum do material gelado que se desenvolve mais longe é, no entanto, atraído para dentro depois da formação planetária, trazendo a preciosa água gelada para os jovens planetas, providenciando os ingredientes para a vida.

Embora confiantes que tal processo fabrique condições para a biologia na Terra, os cientistas estão ansiosos por aprender se este esquema é ou não comum.

O Hubble deu-nos mais pistas sugerindo um planeta. O limite interior do anel é mais bem definido que o exterior, consistente com os modelos computacionais de um planeta varrendo material da mesma maneira que um limpa-neves. A largura do anel, medido agora em cerca de 3.7 mil milhões de quilómetros, é também o que seria de esperar se fosse modelado por um planeta recém-nascido. Sem um planeta para suster o material, o anel seria mais largo.

O «tomar conta» do anel é em tudo similar ao que vemos nos anéis de Saturno, que estão confinados à influência gravitacional de luas, disse Kalas.

Se bem que seja muito parecido ao nosso Sistema Solar, a configuração de Fomalhaut também é diferente.

"Enquanto que o anel de Fomalhaut é análogo à Cintura de Kuiper, o seu diâmetro é quatro vezes maior". Isto sugere que "nem todos os sistemas planetários se formem e evoluam da mesma maneira."

Muitos dos outros 150 (aproximadamente) planetas extrasolares descobertos até à data orbitam incrivelmente perto da suas estrelas. Em alguns sistemas, mundos com o tamanho de Júpiter orbitam uma estrela em apenas poucos dias. Outros planetas têm percursos altamente excêntricos em torno das suas estrelas.

As descobertas estão detalhadas na edição de 23 de Junho da revista Nature.

Links:

Notícias relacionadas:
http://www.universetoday.com/am/publish/extrasolar_planet_reshapes_ring.html
http://skyandtelescope.com/news/article_1533_1.asp
http://www.newscientistspace.com/article/dn7564--hubble-spies-lord-of-the-stellar-rings.html
http://hubblesite.org/newscenter/newsdesk/archive/releases/2005/10/text/
http://www.physorg.com/news4685.html
http://www.sciencedaily.com/releases/2005/06/050622135546.htm

Animação do disco de detritos de Fomalhaut (em formato Quicktime):
http://imgsrc.hubblesite.org/hu/db/2005/10/videos/c/formats/low_quicktime.mov

Mais sobre Fomalhaut:
http://www.disksite.com/
http://en.wikipedia.org/wiki/Fomalhaut

Telescópio Espacial Hubble:
http://hubblesite.org/
http://hubble.nasa.gov
http://www.stsci.edu/resources/
http://www.spacetelescope.org/
http://en.wikipedia.org/wiki/Hubble_Space_Telescope

Imagem registada pelo Hubble do anel em torno de Fomalhaut.
Crédito: NASA, ESA, P. Kalas e J. Graham (Universidade da Califórnia, Berkeley) e M. Clampin (NASA/GSFC)
(clique na imagem para ver versão maior)


Comparação entre o anel de Fomalhaut e objectos no nosso Sistema Solar, incluindo Sedna.
Crédito: NASA, ESA e A. Feild (STScI)
(clique na imagem para ver versão maior)

 
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