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PARA LÁ DO "IMPACTO": POSSÍVEIS ALVOS
1 de Julho de 2005
 

O encontro da sonda Deep Impact com um cometa no próximo dia 4 de Julho pode não ser o seu único. Os cientistas estão neste momento a estudar outros alvos potenciais depois da nave completar a sua dramática missão no Cometa Tempel 1.

O objectivo principal da Deep Impact é criar fogos-de-artifício celestes na manhã de Segunda-feira. Um veículo "flyby" irá libertar uma sonda para o encontro. Esta colidirá com o cometa. Espera-se que a energia cinética do impacto crie uma cratera com o tamanho de um campo de futebol e que liberte material do núcleo do cometa para o espaço.

A algumas centenas de quilómetros de distância, a sonda-mãe usará os seus telescópios, câmaras e espectómetros para monitorizar o impacto, num esforço de estudar o que se encontra por baixo da superfície gelada do cometa.

Posteriormente, a Deep Impact poderá ter um novo cometa como alvo.

"Temos estado a trabalhar numa missão mais extensa," disse Monte Henderson, Vice-Director de Programas dos Sistemas Civis Espaciais para a Ball Aerospace & Technologies. A companhia desenhou e construíu as duas partes da sonda especificamente para a missão Deep Impact.

Dependendo do estado de saúde da sonda depois do seu estudo do cometa Tempel 1, será feita uma decisão de a enviar (ou não) numa viagem de 3.5 anos até ao Cometa Boethin.

Este cometa orbita o Sol a cada 11 anos. Foi descoberto a 4 de Janeiro de 1975 durante uma sessão de procura de cometas rotineira levada a cabo pelo falecido Reverendo Leo Boethin das Filipinas.

Henderson afirma que, pouco tempo depois da colisão da Deep Impact com o Cometa Tempel 1, os engenheiros correrão testes de diagnósticos na sonda. Será dada particular atenção à quantidade de detritos e poeira libertada pelo cometa que terá atingido a sonda.

Permanecerão os instrumentos a bordo da nave em bom estado? Ou estarão as suas ópticas «sujas»?

A sonda "flyby" -- quase do tamanho de um automóvel Carocha -- transporta dois dos três instrumentos primários, o Instrumento de Alta Resolução (HRI), e o Instrumento de Média Resolução (MRI), para imagens, espectroscopia infravermelha e navegação óptica.

A protecção dos detritos é uma parte importante do desenho da sonda.

À medida que a sonda passa pela cabeleira interior do Cometa Tempel 1, fica em perigo de ser atingida por pequenas partículas que poderão danificar os sistemas de controlo, imagem e comunicações.

Para minimizar estes danos potenciais, a sonda roda sobre si própria antes de passar pela cabeleira. De um lado da sonda, existe um escudo que, espera-se, a proteja completamente dos detritos.

"Depois do encontro, faremos testes à sonda rasante," disse Henderson. Se os testes saírem positivos, uma boa porção do combustível que resta no veículo será usado para o pôr a caminho do cometa Boethin. A manobra de redireccionamento terá obrigatoriamente que acontecer algures antes do dia 24 de Julho, afirma.

"Se os instrumentos científicos a bordo não estiverem em bom estado, provavelmente não iremos gastar todo o combustível. Seria mais prudente voltar atrás e repensar no que poderemos então fazer".

Se a sonda estiver bem de saúde, existe também uma discussão no JPL (Jet Propulsion Laboratory) em Pasadena, Califórnia, de experimentar o software de navegação autónoma, disse Henderson.

Em adição, o investigador principal da Deep Impact, Michael A'Hearn, da Universidade de Maryland, também está a considerar o pedido de propostas à comunidade científica. Todas as ideias serão bem-vindas, afirma Henderson, no que respeita a outras observações que poderão ser feitas com a sonda-mãe no caminho até ao Cometa Boethin.

Henderson admitiu que tem sido difícil focar numa missão prolongada. Existem muitos desafios à frente do encontro da dupla sonda com o Cometa Tempel 1.

Talvez o maior desafio da missão Deep Impact seja a autonomia da sonda de colisão. "Temos conseguido testá-la via umbilical através da sonda "flyby"... mas esta nunca voou sozinha."

Existe ainda a questão do telescópio de alta resolução a bordo da sonda rasante. É o maior telescópio a viajar no espaço profundo e registará os detalhes da colisão - mas tem um problema.

O telescópio de alta resolução da Deep Impact sofre de "anomalias" no foco, explicou Henderson. "Foi um acidente de engenharia e é mesmo um azar."

Após o lançamento, os engenheiros da Deep Impact descobriram que um ponto de referência liso usado para calibrar o espelho do telescópio de alta resolução na Terra não representa com precisão o que as temperaturas frias do espaço poderão causar à lente. "Depois de muita análise com esse espelho... basicamente redefinimos o que significa «liso» para os telescópios de alta resolução".

Tudo isto soa bem familiar, basta pensar no Telescópio Hubble. Inicialmente também estava mal focado. Eventualmente o observatório espacial recebeu ópticas correctivas graças a uma missão de reparação. Para a Deep Impact, não existe nenhuma hipótese de receber este tipo de ajuda.

No entanto, cientistas do Instituto Científico do Telescópio Espacial Hubble, tinham algoritmos computacionais - uma maneira de "desembaciar" e intensificar as imagens da Deep Impact usando uma técnica chamada deconvolução.

Henderson disse que através deste processo, as imagens da Deep Impact podem ser "massajadas e alteradas" cá na Terra de modo a ultrapassar o problema de focagem.

E à medida que a missão Deep Impact de 333 milhões de dólares se aproxima da sua presa, a equipa científica está pronta para a acção.

"Fizémos tudo ao nosso alcance para estarmos preparados para o que der e vier," concluiu Henderson. "Este é um evento único e excitante".

Links:

Notícias relacionadas:
http://www.ccvalg.pt/astronomia/astronline/astro_news/deep_impact_050628.htm
http://www.nasa.gov/mission_pages/deepimpact/media/deepimpact-observers-062905.html
http://www.universetoday.com/am/publish/burst_tempel_1.html?2962005
http://dailytelegraph.news.com.au/story.jsp?sectionid=1260&storyid=3369537
http://news.bbc.co.uk/cbbcnews/hi/newsid_4630000/newsid_4637200/4637215.stm
http://www.space.com/businesstechnology/050630_deep_impact_CDs.html
http://www.space.com/scienceastronomy/050628_deepimpact_effect.html

Animação computacional do encontro da Deep Impact com o Tempel 1 (76 MB, Quicktime):
http://www.ballaerospace.com/di_movie.mov

Deep Impact:
http://deepimpact.jpl.nasa.gov/home/index.html
http://www.nasa.gov/mission_pages/deepimpact/main/index.html?skipIntro=1
http://www.nasa.gov/externalflash/deepimpact_flash/index.html


A missão Deep Impact dará pela primeira vez aos cientistas uma visão do interior de um cometa.
Crédito: Ball Aerospace
(clique na imagem para ver versão maior)


Impressão de artista da libertação da sonda de impacto a partir da "Deep Impact", 24 horas antes da colisão.
Crédito: NASA/JPL

(clique na imagem para ver versão maior)

 
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