A sonda japonesa Hayabusa sofreu mais outro revés no Domingo passado, ao falhar a aterragem no asteróide Itokawa e capturar poeira da sua superfície.
Depois de se aproximar a alguns metros do asteróide com 500 metros de diâmetro, a sonda sofreu uma avaria e perdeu temporariamente o contacto com a Terra. Quando a ligação de comunicações foi re-estabelecida, algumas horas depois, a sonda tinha-se afastado demais do seu alvo.
"Até agora, o resultado da primeira tentativa de amostragem é algo incerto," diz Kazuya Yoshida, membro da equipa da missão, da Universidade Tohoku. "Mas é menos provável que a aterragem foi levada a cabo como se esperava."
Pensa-se que a sonda tenha enviado com sucesso um "marcador de alvo" - uma pequena bola de metal - no Itokawa, tendo-o libertado a uma distância de 40 metros. A bola de metal destina-se a ajudar a identificar o ponto onde a sonda deveria brevemente aterrar, antes de disparar chumbos para a superfície e recolher a poeira resultante. O plano era enviar de volta para a Terra as primeiras amostras de um asteróide.
Depois de lançar o marcador, a sonda moveu-se até 17 metros da superfície do asteróide às 20:30 GMT de Domingo, em preparação para a aterragem. Mas a Hayabusa sofreu uma avaria que a deixou incapaz de confirmar a sua altitude, tendo perdido também o contacto com a Terra. Estes problemas podem ter sido causados por um sobreaquecimento nos instrumentos a bordo, e os membros da missão estão agora a fazer testes para ver se ainda estão a trabalhar. A sonda resumiu a transmissão às 00:30 GMT de ontem mas nessa altura já se tinha afastado muito do asteróide.
"O que não conseguimos perceber é porque é que a sonda não aterrou," disse o gestor do projecto da missão, Jun'ichiro Kawaguchi. Ele diz que a missão saíu do percurso quando "apenas estava planeado um movimento de queda livre". Antes disso, a sonda tinha com sucesso usado os seus sistemas de navegação e orientação para se auto-posicionar acima do asteróide à cuidadosa velocidade de alguns milímetros por segundo. "Esta é a velocidade das minhocas," afirma.
O problema da aterragem poderá ter sido causado em parte pelo facto da sonda ter activado os seus motores para se apontar - uma solução de contingência desenhada a seguir à falha de dois dos três giroscópios de estabilização. Enquanto os motores estavam desacelerando a sonda, pode ter-se movido horizontalmente. "A magnitude é pequena mas algo significante num ambiente com uma gravidade muito pequena," disse Kawaguchi.
Kawaguchi diz que a sonda poderá tentar outra aterragem na Sexta: "Temos só mais um marcador, por isso gostaria de tentar mais uma vez."
Se a missão tiver sucesso, e enviar de volta para a Terra a primeira amostra de sempre de um asteróide, os cientistas usarão o material para aprender mais sobre o Sistema Solar primordial.
Mas a Hayabusa já sofreu uma série de "soluços". A 12 de Novembro, a sonda perdeu contacto com um pequeno "rover" robótico - chamado Minerva - que foi desenhado para percorrer a superfície do asteróide capturando imagens e registando leituras da temperatura. Pensa-se que o Minerva tenha falhado o asteróide por completo e que se encontre agora à deriva pelo espaço.
Uma descida de treino foi também abortada a 4 de Novembro quando a sonda enviou um "sinal anómalo" de volta ao controlo da missão.
O asteróide Itokawa foi descoberto em 1998 e tem o nome do cientista japonês Hideo Itokawa. A Hayabusa foi lançada em Maio de 2003 com um custo de 90 milhões de Euros e está planeada regressar à Terra em meados de 2007. A sonda terá que deixar o asteróide no começo de Dezembro em ordem a voltar em segurança à Terra, mas os controladores da missão não têm ainda a certeza se a irão fazer regressar, caso a missão de recolha de amostras falhe.
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Núcleo de Astronomia do Centro Ciência Viva do Algarve
SPACE.com
CBC News
Nature
ABC News
BBC News
CNN.com
Reuters
Spaceflight Now
SpaceRef.com
USA Today
PhysOrg.com
Sonda Hayabusa:
Página oficial (JAXA)
Wikipedia