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ESTRELA SOBREVIVE APÓS SER "ENGOLIDA" POR OUTRA
4 de Agosto de 2006
 

De acordo com uma equipa de cientistas, uma estrela anã castanha terá sobrevivido após ter sido engolida por uma sua companheira ao atingir o estado de gigante vermelha. Esta, que anteriormente era uma estrela semelhante ao Sol, cresceu após todo o hidrogénio ter sido consumido. Depois deste crescimento, a estrela terá já libertado a maior parte do seu gás para o espaço tendo-se tornado numa estrela densa, com aproximadamente as dimensões da Terra e que recebe o nome de anã branca.

Usando o Very Large Telescope (VLT) do Observatório Europeu do Sul (ESO, os astrónomos observaram o sistema binário remanescente: a anã castanha e a anã branca. Acreditam que a anã castanha terá sobrevivido ao facto de ter sido engolida pela companheira durante a fase de gigante vermelha.

A descoberta que foi descrita em detalhe na edição de 3 de Agosto da revista Nature, fornece a primeira evidência de um objecto tão pequeno como uma anã castanha que pode sobreviver à fase de gigante vermelha de uma companheira. Até agora apenas em anãs vermelhas se tinha observado o fenómeno. Recorde-se que uma anã vermelha tem cerca de um terço da massa do Sol e que as anãs castanhas são estrelas apenas um pouco maiores que planetas como Júpiter.

O sistema, chamado WD 0137-349, está localizado a cerca de 300 anos-luz da Terra e a distância que separa as duas companheiras é de alguns milésimos da distância Terra-Sol, sendo o período orbital dos dois objectos de apenas cerca de 2 horas.

No passado, as duas estrelas terão estado mais afastadas, mas a imersão temporária na atmosfera da gigante vermelha terá diminuido a velocidade orbital da anã castanha, o que terá provocado um espiralar na direcção da sua companheira.

Embora seja demasiado pequena para iniciar as reacções nucleares que fariam dela uma estrela brilhante, a anã castanha tinha ainda assim massa suficiente para evitar a sua vaporização quando foi engolida. Segundo o autor Pierre Maxted da Universidade de Keele, na Inglaterra, a anã castanha teria menos de 20 massas de Júpiter quando começou o processo de vaporização.

Os autores acreditam que o facto da anã castanha ter acelerado a fase de gigante vermelha também terá sido uma das causas da sua sobrevivência. Ela terá criado assimetrias no envelope da gigante vermelha, o que terá acelerado a emissão de gás para o espaço, diminuindo drasticamente a fase de gigante vermelha.

Segundo Matt Burleigh da Universidade de Leicester "é possível que a fase de gigante vermelha, que normalmente dura cem milhões de anos, não tenha durado mais que algumas décadas."

A sobrevivência da anã branca é, no entanto, temporária. A sua órbita está a diminuir de raio e em cerca de 1,4 mil milhões de anos estará suficientemente próxima para que a anã branca comece a acretar o seu gás. Quando isto ocorrer, a anã castanha perderá rapidamente massa superficial enquanto a acumulação de massa poderá originar de anos a anos explosões termonucleares massivas da anã branca. Este tipo de fenómeno é conhecido como nova.

Daqui a cerca de 5 mil milhões de anos esta história vai repetir-se no nosso Sistema Solar e o Sol vai tornar-se numa gigante vermelha com o tamanho da órbita da Terra. Infelizmente a Terra não terá a mesma sorte que a anã castanha e não sobreviverá. Pelo menos na sua forma actual.

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SPACE.com (Fonte)

 
Exemplo de fotografia e respectiva legenda
Concepção de artista de anã branca e anã castanha, tendo como pano de fundo uma galáxia espiral.
Crédito: Ron Miller
 
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