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ANÉIS DE SATURNO IRÃO BRILHAR COMO NUNCA
19 de Setembro de 2006
 

Os cientistas anulares têm esperado por isto. Finalmente, depois de mais de dois anos em órbita de Saturno, a sonda Cassini alcança um dos seus melhores pontos de vantagem. Os anéis deverão ter um brilho majestoso, suportando a alcunha de Saturno como a "Jóia do Sistema Solar."

O evento é uma ocultação solar -- quando o Sol passa directamente por trás do planeta, segundo o ponto de vista da Cassini. E esta não é uma ocultação solar comum; é uma bem longa.

A sonda Cassini estará exactamente onde os cientistas que estudam os anéis a querem: longe o suficiente de Saturno para ser capaz de o observar totalmente e, mais importante, com o Sol bloqueado pelo planeta durante 12 horas, tempo suficiente para correctamente mapear as elusivas partículas microscópicas que se movem dentro do sistema de anéis.

Os dados recolhidos durante esta observação também poderão desenterrar pistas sobre o comportamento passado de Encelado e ajudar os planeadores da missão a refinar os modelos de risco para trânsitos anulares futuros. Graças a esta ocultação, as imagens tiradas durante esta órbita cuidadosamente estudada poderão também descobrir novas estruturas anulares e, pelo menos, capturar visões verdadeiramente espectaculares dos anéis D, F, G e E.

"Estamos em pulgas ansiando pelos resultados," diz Brad Wallis, cientista de Disciplina Anular da Cassini. "Quando temos este género de ângulos de alta fase, muitas pequenas partículas quase focam a luz directamente para o observador. Por isso, estes ténues anéis, tão difíceis de ver, irão estar consideravelmente mais brilhantes e mostrar-nos-ão detalhes que simplesmente não se conseguem observar sob quaisquer outras condições. Todo o espaço entre Encelado e o anel G irá estar provavelmente bem iluminado. É realmente um evento único."

Embora as ocultações solares da missão durem tipicamente uma hora, desta vez irá durar quase 12, um sonho tornado realidade, considerando que demora cerca de 30 minutos para girar a sonda na direcção correcta. Durante as ocultações "regulares", os cientistas podem tirar apenas algumas imagens antes do Sol reaparecer e a sonda girar outra vez para evitar estragar quaisquer sensíveis instrumentos.

"Até agora temos só algumas imagens do anel E em ângulos de alta fase," disse Wallis. "Neste caso podemos basicamente tirar fotos de todo o anel. Durante esse período de tempo, podemos capturar todos os anéis desde o exterior E até aos interiores a ângulos de altíssima fase, o que significa que estamos a olhar quase directamente para o Sol, mas com o Sol por trás de Saturno."

Além de mapear o anel E, a observação permitirá aos cientistas aprender se existem estruturas dentro do mesmo. Estruturas dentro do anel E seriam uma boa indicação que Encelado não está a libertar material a intervalos regulares.

"Nós sabemos que o anel E é uma nuvem grande e difusa que se estende um pouco para lá do anel G e até ultrapassa Encelado," diz Wallis. "Encelado parece ser a sua fonte, dado os jactos gelados que a Cassini descobriu recentemente, por isso se todo o anel parecer uniforme, isso significa que Encelado tem libertado material à mesma velocidade há já muito tempo. Mas se houverem acumulados e/ou anéis mais pequenos que não conseguirmos explicar, isso significa que esta libertação de material muda. Esta é a única oportunidade que temos para ver uma imagem da história de Encelado."

O anel E é uma grande nuvem de poeira constituída por partículas extremamente finas -- 1 ou 2 microns -- mais ou menos o tamanho das partículas de fumo. Situa-se entre 150,000 e 240,000 km do centro de Saturno e mede entre 5,000 e 10,000 km de espessura. Atravessar o anel E, no entanto, não constitui qualquer perigo para a sonda.

"Nós passamos frequentmente pelo anel E, e ficamos com amostras de partículas de cada vez, mas temos apenas uma ligeira ideia de como a estrutura é em detalhe porque a diferença entre detectar três partículas ou quatro em qualquer trânsito do plano anular é insignificante," explica Wallis. "Esta é única chance que teremos de apontar as câmaras directamente ao Sol e observar estas coisas de um modo bem espalhado."

A mesma técnica já funcionou no passado, e permitiu aos planeadores da missão atravessar os anéis em segurança.

"A sonda Voyager 2 da NASA descobriu um novo e vasto complexo sistema de pequenos anéis em torno de Urano desta maneira, usando apenas uma única imagem tirada durante alguns minutos. Nós teremos 10 horas," disse Wallis.

Para melhor explorar esta rara oportunidade, a Cassini irá tirar imagens em múltiplas exposições e cores. "A equipa de imagem irá usar a câmara de campo-largo para fazer um mosaico de toda a área a cores e em vários tempos de exposição devido ao brilho das partículas mudar rapidamente quando nos movemos nestes ângulos de alta fase. A equipa também usará outra câmara com um campo mais pequeno para tirar imagens de alta resolução a certas áreas em particular. Já observámos estes anéis a 140 graus, e a 150. Durante esta oportunidade iremos ver partes dos anéis a ângulos até 179.4 graus."

"Devido ao facto disto ser um pouco território desconhecido (ver estes ténues anéis a estes altos ângulos), e porque temos só esta oportunidade durante todos os 4 anos da missão, as equipas planeando esta secção querem ter a certeza de fazer tudo, e de fazer tudo bem," finaliza Wallis.

Links:

Notícias relacionadas:
SpaceRef
NASA

Saturno:
Wikipedia
Solarviews

Encelado:
SEDS
Solarviews
Wikipedia

Sonda Cassini:
NASA
ESA
Wikipedia

 


A equipa de imagem irá aproveitar esta oportunidade para fazer um mosaico de todo o sistema anular.
Crédito: NASA/JPL


Esta visão simulada informaticamente de Saturno pela Cassini mostra o percurso do Sol à medida que passa por trás do planeta.
Crédito: NASA/JPL

(clique na imagem para ver ver o filme em formato Quicktime)


A sonda Voyager 2 observa os anéis de Urano. A vista à direita, que foi tirada num ângulo de visão muito maior, mostra detalhes não visíveis de qualquer outro ângulo.
Crédito: NASA/JPL

 
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