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A ESTRELA, A ANÃ E O PLANETA
21 de Outubro de 2006
 

Uma equipa de astrónomos detectou uma pequena companheira em torno da estrela HD3651, que já era sabido que albergava um planeta. Esta companheira, uma anã castanha, é até hoje a mais pequena companheira detectada directamente em imagem numa estrela contendo um exoplaneta. É também uma das ténues anãs T detectadas nas vizinhanças do Sol até ao momento. Esta detecção ajuda a compreender melhor as condições nas quais os planetas se formam.

"Este sistema é um exemplo interessante que pode provar que os planetas e anãs castanhas se podem formar em torno da mesma estrela", disse Markus Mugrauer, primeiro autor do artigo sobre a descoberta.

HD 3651 é uma estrela ligeiramente menos massiva que o Sol que se localiza a 36 anos-luz na direcção da constelação de Peixes. Há vários anos que se sabe que alberga um planeta mais pequeno que Saturno, que está localizado mais próximo da sua estrela do que Mercúrio está do Sol, o que lhe confere um período orbital de 62 dias.

Mugrauer e os seus colegas fizeram inicialmente a detecção da anã castanha em 2003 usando um telescópio de 3,8 m chamado United Kingdom Infrared Telescope (UKIRT), localizado no monte Mauna Kea, no Hawaii. Observações em 2004 e 2006 usando o telescópio de 3.6 m New Technology Telescope (NTT) pertencente ao ESO e localizado em La Silla, no Chile, forneceram a confirmação crucial de que o espectro não é o de uma espúria estrela de fundo mas é de facto o de uma companheira. A companheira, chamada HD 3651B, está 16 vezes mais distante da estrela do que Neptuno se encontra afastado do Sol.

HD 3651B é a mais ténue companheira já observada de uma estrela albergando um planeta extrasolar. Além disso não aparece sequer nas placas fotográficas do Palomar All Sky Survey, pelo que este companheiro deve ser ainda mais ténue no visível que no infravermelho, o que significa que se trata de um objecto estelar de pequena massa muito frio. Comparando as suas características com modelos teóricos, os astrónomos inferiram que este objecto estelar terá entre 20 e 60 massas de Júpiter e uma temperatura à superfície de 500 a 600ºC. Isto significa que é cerca de 300.000 vezes menos luminoso que o Sol. Estas propriedades colocam-na na categoria anã castanha fria do tipo-T.

"Devido a serem muito ténues, mesmo no infravermelho, estas estrelas são muito difíceis de encontrar", disse Mugrauer. "Apenas são conhecidas actualmente mais duas anãs castanhas com brilho semelhante. O seu estudo fornecerá importantes dados sobre as propriedades atmosféricas dos objectos sub-estelares frios."

Actualmente são conhecidas mais de 170 estrelas com exoplanetas. Algumas delas têm um ou mais companheiros estelares, o que revela que o ambiente de formação de planetas pode ocorrer em ambientes substancialmente mais complicados que o nosso Sistema Solar, onde os planetas se formaram em torno de uma única estrela.

Em 2001, Mugrauer e os seus colegas começaram um programa observacional para determinar se as estrelas que têm exoplanetas são simples ou múltiplas, observando as estrelas em duas épocas diferentes para verificar a existência de relações orbitais entre elas (que não existem relativamente às estrelas de fundo). A maior parte dos companheiros detectados são estrelas de pequena massa no mesmo estado evolutivo que o Sol. Em dois casos foram já encontradas como companheiras anãs brancas que são estrelas no final da sua vida. Estes sistemas vieram provar que os planetas podem sobreviver aos últimos momentos problemáticos associados à morte de uma estrela próxima.

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ESO (Nota de imprensa)

 


A companheira da HD 3651.
Crédito: ESO

(clique na imagem para ver maior)


Posição relativa da companheira da HD3651.
Crédito: ESO
(clique na imagem para ver maior)

 
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