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SISTEMAS BINÁRIOS PODEM SER RICOS EM PLANETAS
4 de Abril de 2007
 

O duplo pôr-do-Sol que Luke Skywalker observou na saga "Guerra das Estrelas" pode não ser uma fantasia.

Astrónomos, usando o Telescópio Espacial Spitzer, observaram que sistemas planetários - discos poeirentos de asteróides, cometas e possivelmente planetas - são pelo menos tão abundantes em sistemas duplos como são naqueles com apenas uma estrela, tal como o nosso. Dado que mais de metade de todas as estrelas são gémeas, ou binários, este achado sugere que o Universo está recheado com planetas que têm dois sóis. Os "pôr-dos-sóis" em alguns desses mundos seriam muito parecidos aos observados no planeta de Luke Skywalker, Tatooine, onde duas bolas de fogo desceriam para trás do horizonte, uma a uma.

"Parece não haver nada contra a formação de sistemas planetários em sistemas binários," disse David Trilling da Universidade do Arizona, Tucson, autor principal de um artigo acerca da pesquisa, presente na edição de 1 de Abril do Astrophysical Journal. "Podem existir incontáveis planetas por aí com dois ou mais sóis."

Anteriormente, os astrónomos sabiam que os planetas se podiam formar em sistemas binários excepcionalmente largos, nos quais as estrelas estão 1000 vezes mais longe que a distância entre a Terra e o Sol, ou cerca de 1000 unidades astronómicas. Dos aproximadamente 200 planetas extra-solares descobertos até agora, cerca de 50 orbitam um membro de um largo duo estelar.

O novo estudo do Spitzer foca sistemas binários que são um pouco mais acolhedores, com distâncias de separação entre zero e 500 unidades astronómicas. Até agora, não se sabia se a curta proximidade de estrelas como estas poderiam afectar o crescimento dos planetas. As técnicas de caça planetária geralmente não funcionam bem com estas estrelas, mas em 2005, um astrónomo patrocinado pela NASA descobriu provas de um planeta candidato num destes sistemas múltiplos.

Trilling e seus colegas usaram os olhos infravermelhos do Spitzer para pesquisar, não planetas, mas discos de poeira em sistemas binários. Estes chamados discos de detritos são constituídos por bocados de rocha com o tamanho de asteróides, que nunca chegaram a constituir planetas rochosos. A sua presença indica que o processo de formação planetária ocorreu em torno de uma estrela, ou estrelas, possivelmente resultando em planetas intactos e maduros.

No estudo mais compreensivo do seu género, a equipa procurou discos em 69 sistemas binários entre 50 e 200 anos-luz de distância da Terra. Todas as estrelas são um pouco mais jovens e mais massivas que o nosso Sol de meia-idade. Os dados mostram que cerca de 40% dos sistemas têm discos, valor um pouco mais alto que a frequência para uma amostra comparável de estrelas sozinhas. Isto significa que os sistemas planetários são pelo menos tão comuns em torno de sistemas binários do que são em sistemas mono-estelares.

Em adição, os astrónomos ficaram surpresos por encontrar que os discos eram ainda mais frequentes (cerca de 60%) em torno dos binários mais próximos no estudo. Estes íntimos companheiros estelares situam-se entre zero e três unidades astronómicas. O Spitzer detectou discos orbitando ambos os membros dos pares estelares, em vez de apenas um. Sistemas estelares como estes é onde planetas, se estiverem presentes, disfrutariam de pôr-dos-sóis como os de Tatooine.

"Ficámos bastante surpreendidos em descobrir que os grupos mais compactos tinham mais discos," disse Trilling. "Isto poderá significar que a formação planetária será mais provável em próximos binários do que em estrelas individuais, mas também poderá implicar que estes mesmos binários são apenas mais poeirentos. Observações futuras poderão providenciar uma melhor resposta."

Os dados do Spitzer também revelam que nem todos os sistemas binários são lugares propícios à formação de planetas. O telescópio detectou bem menos discos em sistemas binários com distâncias intermédias de separação, entre três e 50 unidades astronómicas. Isto implica que as estrelas ou têm que estar muito próximas, ou então razoavelmente longe, para os planetas se formarem.

"Para um planeta num sistema binário, o local é tudo," disse o co-autor Karl Stapelfeldt do JPL da NASA.

"Os sistemas binários já foram bem ignorados," acrescentou Trilling. "São mais difíceis de estudar, mas podem ser os locais mais comuns para a formação de planetas na nossa Galáxia."

Links:

Notícias relacionadas:
Comunicado de imprensa (NASA)
SPACE.com
USA Today
FOXNews.com
Sun-Sentinel
Astrobiology Magazine
The Register
Slashdot

Sistemas binários:
Wikipedia

Telescópio Espacial Spitzer:
Página oficial
Wikipedia

 


O Spitzer descobriu provas que os duplos pôr-do-Sol como o visto na "Guerra das Estrelas" são bem comuns no Universo.
Crédito: Guerra das Estrelas: Episódio IV, 1977 e 1997, Lucasfilm Ltd. & TM.

(clique na imagem para ver versão maior)


Luke Skywalker observou um pôr-do-Sol duplo na "Guerra das Estrelas". Os cientistas da NASA agora acreditam que o Universo pode estar cheio de planetas com "pôr-dos-sóis" como este.
Crédito: NASA/JPL-Caltech
(clique na imagem para ver versão maior)

(clique aqui para ver uma animação em formato Quicktime)


Diagrama que ilustra que os sistemas planetários podem ser mais comuns em torno de sistemas binários, estrelas que ou estão muito próximas, ou muito distantes.
Crédito: NASA/JPL-Caltech/Univ. do Arizona
(clique na imagem para ver versão maior)

 
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