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CRATERA PODERÁ RESOLVER MISTÉRIO DE TUNGUSKA
27 de Junho de 2007
 

No fim de Junho de 1908, uma bola de fogo explodiu por cima das remotas florestas russas de Tunguska, Sibéria, arrasando mais de 2000 quilómetros quadrados de árvores. Os cientistas pensam que um meteoro foi responsável pela devastação, mas nem os seus fragmentos nem quaisquer crateras de impacto foram alguma vez descobertas.

Os astrónomos sempre se perguntaram se o objecto era um asteróide ou um cometa, e descobrir esta resposta permitiria um melhor modelo de potenciais calamidades futuras.

Cientistas italianos pensam agora que encontraram a prova que faltava: o Lago Cheko, com 50 metros de profundidade, localizado a apenas 8 quilómetros Noroeste do epicento da destruição.

"Quando estudámos o fundo do lago, medimos ondas sísmicas que eram reflectidas de algo," disse Giuseppe Longo, físico da Universidade de Bolonha, Itália, e co-autor do estudo. "Nunca ninguém tinha descoberto isto antes. Podemos apenas explicar as ondas sísmicas e a forma do lago como uma cratera de impacto de baixa-velocidade."

Se a equipa descobrir provas conclusivas de um asteróide ou cometa numa expedição futura, quando obtiverem uma amostra mais profunda do núcleo por baixo do lago, os restantes mistérios que rodeiam o evento de Tunguska poderão finalmente ser resolvidos.

Os achados estão descritos na edição on-line deste mês da revista Terra Nova.

Durante uma expedição levada a cabo em 1999, a equipa de Longo não planeou investigar o Lago Cheko como uma cratera de impacto, mas sim procurar por partículas de meteoróides nos seus sedimentos submersos. Enquanto estudavam a topografia do lago através de sonar, ficaram espantados com as suas características tipo-cone.

"As expedições dos anos 60 concluiram que o lago não era uma cratera de impacto, mas as suas tecnologias eram na altura limitadas," disse Longo. Com o advento de melhores tecnologias informáticas e de sonar, explicou, o lago tomou forma.

Dando o passo seguinte, a equipa de Longo mergulhou até ao fundo e tirou amostras de 1.8 metros do lago, revelando sedimentos frescos tipo-lama por cima de "depósitos caóticos". Mesmo assim, Longo explicou que as amostras são inconclusivas de um impacto de um meteorito.

"Para realmente descobrir se é de facto uma cratera de impacto," disse Long, "precisamos de uma amostra de 10 metros" de modo a investigar um local onde a equipa detectou uma anomalia "reflectiva" com os seus instrumentos sísmicos. Pensam que terá sido aqui que o chão foi compactado por um impacto ou onde parte do próprio meteorito pode estar situado: o objecto, a ser encontrado, pode ter mais de 9 metros de diâmetro e pesar quase 1700 toneladas - o peso de 42 contentores totalmente carregados.

Desde o despenhar de um OVNI até um buraco negro nómada, foram já propostas explicações radicais (e radicalmente sem suporte) para o evento de Tunguska. Alan Harris, cientista planetário no Instituto de Ciência Espacial em Boulder, Colorado, diz que a proposta da equipa de Longo não faz parte deste grupo.

"Fiquei impressionado com o seu trabalho e não penso que seja algo que se possa simplesmente ignorar," disse Harris, que não esteve envolvido na pesquisa.

Longo e sua equipa "estão entre as autoridades reconhecidas sobre Tunguska" do mundo, disse Harris. "Seria emocionante desenterrar pedaços do corpo do meteoro, se o conseguirem. Finalmente seria respondida a velha questão de Tunguska ser ou um cometa ou um asteróide."

Alguns cientistas, por outro lado, estão menos confiantes nas conclusões da equipa.

"Sabemos a partir da Física da entrada que os maiores e mais energéticos objectos penetram sempre mais fundo," disse David Morrison, astrónomo no Centro de Pesquisa Ames da NASA. Que apenas um fragmento da explosão principal tenha alcançado o solo e feito uma cratera relativamente pequena, sem criar uma maior cratera principal, parece contraditório a Morrison.

Harris concorda que a Física poderia funcionar contra a explicação de Longo, mas nota que eventos semelhantes - com crateras de impacto - foram já documentados por todo o mundo.

"Em 1947, o meteorito russo Sikhote-Alin criou 100 crateras pequenas. Algumas tinham 20 metros de diâmetro," disse Harris. Também existe um local na Polónia, explicou, onde um grande meteorito explodiu e criou uma série de pequenos lagos. "Se o fragmento estivesse a viajar a uma velocidade baixa o suficiente, então existe uma boa hipótese (que a equipa de Longo) de desenterrar algum material do meteorito," disse Harris.

A equipa de Longo planeia regressar ao Lago Cheko no próximo Verão, perto do 100.º aniversário do evento de Tunguska. "Este trabalho é importante porque podemos retirar melhores conclusões sobre como os corpos cósmicos colidem com a Terra, e sobre a sua constituição," disse Longo. "Poderá até ajudar-nos a descobrir maneiras de protegermos o nosso planeta contra futuros impactos deste género."

Links:

Notícias relacionadas:
BBC News
Sky & Telescope
Artigo publicado na revista Terra Nova (formato PDF)

Evento de Tunguska:
Wikipedia
Amostra de um programa do Canal História sobre Tunguska (YouTube)
Modelo quasi tri-dimensional do evento de Tunguska (formato PDF)
Universidade de Bolonha

 


O Lago Cheko, na região siberiana de Tunguska.
Crédito: www-th.bo.infn.it/tunguska / Universidade de Bolonha
(clique na imagem para ver versão maior)


Uma renderização tridimensional do Lago Cheko em Tunguska, Sibéria. O nível do lago foi baixo em 40 metros para ilustrar a sua forma de cone.
Crédito: www-th.bo.infn.it/tunguska / Universidade de Bolonha

(clique na imagem para ver versão maior)


Imagem de sonar em 3-D que mostra a forma de funil do Lago Cheko. Os cientistas acreditam que é indicativo de um impacto meteórico.
Crédito: www-th.bo.infn.it/tunguska / Universidade de Bolonha

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Reflexão sísmica por baixo do Lago Cheko. Os cientistas acreditam que retirar uma amostra do fundo do lago poderá revelar evidências do meteorito, que poderão estar a causar a reflexão.
Crédito: www-th.bo.infn.it/tunguska / Universidade de Bolonha
(clique na imagem para ver versão maior)

 
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