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NEVA EM CARONTE
25 de Julho de 2007
 

Geysers gelados na lua de Plutão, Caronte, aparentemente revestem o pequeno mundo com cristais de gelo, tornando-o em algo como o equivalente a uma máquina de gelo do Sistema Solar exterior.

Uma máquina de gelo muito, muito lenta.

De acordo com os cientistas, a água provavelmente "goteja" a um ritmo glacial, pavimentando Caronte com uma fina camada de gelo (1 milímetro) a cada 100.000 anos.

A descoberta, anunciada a semana passada e presente na edição de 10 de Julho do Astrophysical Journal, aponta à existência de água gelada dentro de Caronte e tem implicações para outros objectos da Cintura de Kuiper - uma classe de corpos rochosos relativamente pequenos, localizados para lá da órbita de Neptuno.

Não existem fotos dos geysers ou do gelo. Ao invés, os astrónomos acharam os depósitos de gelo depois da descoberta das impressões espectrais de hidratos de amoníaco e de cristas de água em luz vinda da lua. Estas sugerem que uma mistura de água líquida com amoníaco, do interior de Caronte, está sendo libertada através de fissuras até à superfície da lua gelada.

Os cientistas excluíram outros possíveis mecanismos para o gelo e concluíram que a causa deverá ser o criovulcanismo - a erupção de líquidos do interior da lua.

Se o gelo de Caronte era "gelo primordial", deixado para trás desde o nascimento do Sistema Solar, deveria ter perdido a sua estrutura cristalina, observam agora os astrónomos, devido ao bombardeamento de raios cósmicos e à radiação ultravioleta do nosso Sol. E se o gelo tivesse sido causado por impactos de meteoritos revolvendo a superfície da lua, deveria ter sido observado um conjunto diferente de impressões químicas.

"O espectro aponta consistentemente para o criovulcanismo, que traz água líquida até à superfície onde congela em cristais de gelo," disse o líder do estudo, Jason Cook da Universidade Estatal do Arizona. "Isto implica que o interior de Caronte possui água líquida."

O criovulcanismo também ocorre em outras luas do Sistema Solar, como por exemplo na lua de Saturno, Encelado, e no satélite joviano Europa. No entanto, estas duas luas são "espremidas" pela força das marés, devido à forte força gravitacional dos seus planetas gigantes, que força a libertação de água pelas suas fendas.

Os cientistas suspeitam que algo diferente está acontecendo com Caronte, que não está ligado através de forças de maré com Plutão.

Sendo assim, o calor de materiais radioactivos do interior de Caronte poderá estar a criar poços de água derretida por baixo da superfície da lua, que por sua vez é misturada com amoníaco. "À medida que alguma da água subsuperficial arrefece e se aproxima do ponto de congelação, expande-se através das fendas do gelo em cima," explica Cook.

Quando a água líquida alcança a superfície, congela imediatamente e "neva" até à superfície da lua, criando brilhantes zonas geladas que são visíveis no infravermelho.

O amoníaco funciona como um anticongelante e previne a água líquida de se tornar sólida. "Tal como o anticongelante a que estamos habituados aqui na Terra, baixa o ponto de congelação da água," disse o membro da equipa, Steven Desch.

Estudos recentes sugerem que em Encelado as forças das marés fazem com que grandes lençóis de gelo se dobrem e se triturem umas contra as outras, ao longo de enormes falhas chamadas "listas de trigre".

Cook e sua equipa pensam que algo similar está acontecendo em Caronte, cuja superfície está quase completamente coberta de água gelada.

"A prova real virá da sonda New Horizons da NASA, que alcançará este sistema em 2015 e enviará de volta imagens que possam verificar o que observámos," disse Cook.

Os novos achados sugerem que os hidratos de amoníaco, e sendo assim, água líquida, possam existir noutros objectos da Cintura de Kuiper. "Penso que ela deverá andar por aí," disse Cook.

A pesquida foi levada a cabo utilizando o Telescópio Frederick C. Gillett do Observatório Gemini no Hawaii.

Links:

Notícias relacionadas:
Observatório Gemini (comunicado de imprensa)
Universe Today
Science Daily
FOX News
Nature
Sky & Telescope
New Scientist

Caronte:
SEDS.org
Wikipedia

Plutão:
SEDS
Wikipedia

Cintura de Kuiper:
Wikipedia

New Horizons:
NASA
Wikipedia

 
Impressão de artista de Caronte com Plutão no pano de fundo. As plumas e manchas brilhantes ilustradas em Caronte são devidas a água com amoníaco que é libertada do interior da lua até à sua superfície.
Crédito: Software Bisque, Mark C. Petersen, Loch Ness Productions, Sky-Skan, Inc.
(clique na imagem para ver versão maior)
 
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