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SERÁ QUE A VIDA COMEÇOU NOS COMETAS?
22 de Agosto de 2007
 

Se comprar o Euromilhões esta semana, quais são as hipóteses de ganhar o primeiro prémio e ser depois atingido por um relâmpago enquanto abre o champanhe? Extremamente pequenas, mas mesmo assim muito maiores que a probabilidade da vida ter nascido no nosso planeta, de acordo com um fervoroso proponente da noção que a vida veio do espaço.

Chandra Wickramasinghe, da Universidade de Cardiff, no Reino Unido, há muito que argumenta a favor da panspermia cometária, a ideia que os cometas são infectados com formas de vida primitiva e que foram estes que trouxeram a vida à jovem Terra. Isso explicaria o porquê da vida ter despertado tão depressa depois da formação do nosso planeta há cerca de 4,5 mil milhões de anos.

Wickramasinghe diz que o caso foi reforçado pela sonda Deep Impact da NASA, que fez colidir com o Cometa Tempel 1 um projéctil em Julho de 2005. Os cientistas registaram a observação de partículas de argila ou barro, sendo libertadas do interior.

Porque a argila precisa de água líquida para se formar, Wickramasinghe diz que isso sugere que os cometas tiveram outrora interiores líquidos e quentes, devido a um aquecimento por isótopos radioactivos. A argila é também um catalisador favorito na conversão de moléculas orgânicas simples em biopolímeros complexos na Terra primitiva.

Agora, Wickramasinghe e seus colegas argumentam que o enorme volume de húmidos ambientes argilosos nos cometas torna-os num local bem mais favorável para a origem da vida do que o nosso planeta.

A equipa estima que o volume deste tipo de ambientes na Terra primitiva seria aproximadamente de 10,000 quilómetros cúbicos. Um único cometa com 20 km poderia oferecer cerca de um décimo desse volume, mas quando incluímos todos os cometas no Sistema Solar exterior, só apenas o argumento do volume torna os cometas 10^12 vezes mais provável que a Terra para o aparecimento de vida, dizem.

E mais: na Terra, as zonas com água à superfície tenderiam a evaporar-se e apenas durariam cerca de 1000 anos, dizem. "Mas num cometa, as partículas de argila e água líquida estão misturadas com os blocos de construção da vida durante um ou dois milhões de anos," diz Wickramasinghe. Esse tempo extra torna os cometas 10^15 vezes mais favoráveis que a Terra para a origem da vida, afirma.

Finalmente, diz que existem provavelmente mil milhões de berçários cometários como o do Sistema Solar na Via Láctea, tornando os cometas 10^24 vezes mais prováveis que a Terra para ter despoletado a vida na nossa Galáxia.

No entanto, o relatório não impressiona Michael Mumma, especialista em cometas no Centro Aerospacial Goddard da NASA em Greenbelt, Maryland, EUA.

Os números não descrevem realmente a possibilidade da vida da Terra ter começado num cometa porque não têm em consideração o volume de cometas ricos em argila que atingiram na realidade a Terra. "A maioria dos cometas galácticos nunca se aproximarão da Terra," disse Mumma.

Para além do mais, ele diz que a existência de argilas em cometas é algo controversa porque não existe argila nas amostras do Cometa Wild 2 que a sonda Stardust da NASA enviou para a Terra em Janeiro de 2006. Mais ninguém, sem contar com os que acreditam na panspermia, argumentou que o calor radiogénico fez com que os interiores cometários permanecessem líquidos durante o primeiro milhão de anos da sua história.

Links:

Notícias relacionadas:
Comunicado de imprensa (Universidade de Cardiff)
Universe Today
Science Daily
Astrobiology Magazine
ic Wales
FOX News

Cometas:
Wikipedia
Cometa Tempel 1 (Wikipedia)
Cometa Wild 2 (Wikipedia)
Cometography.com

Panspermia:
Wikipedia
Antepassados Cósmicos, por Brig Klyce

 

Imagem do Cometa Tempel 1 tirada 67 segundos de ter obliterado a sonda Impactor da Deep Impact. A imagem revela características topográficas e possivelmente crateras impacto há muito tempo formadas.
Crédito: NASA/JPL-Caltech/UMD
(clique na imagem para ver versão maior)
 
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