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VELHA GALÁXIA DESCOBRE FONTE DA JUVENTUDE
27 de Outubro de 2007
 

Na Terra, os ladrões roubam tudo, desde diamantes a arte de sacos cheios de dinheiro. No espaço, o gás - combustível para fazer estrelas - é uma mercadoria que vale o trabalho de roubar.

Novas observações do Telescópio Espacial Spitzer da NASA revelaram uma galáxia distante, no acto de roubar reservas de gás (o equivalente a mil milhões de sóis) à sua vizinha galáctica menor dimensão. O roubo de gás, que se tornou tremendamente quente durante o assalto, irá provavelmente arrefecer, o que permitirá transformar-se em novas estrelas e planetas.

"Podemos estar vendo a galáxia maior numa rara, breve fase da sua reencarnação de uma velha galáxia para uma jovem pejada com brilhantes estrelas", disse Patrick Ogle do Spitzer Science Center da NASA, no California Institute of Technology. Ogle é o autor de um artigo publicado com estes resultados na edição de 20 de Outubro do Astrophysical Journal.

A galáxia ladra , chamada 3C 326 Norte, tem aproximadamente a massa da nossa galáxia, a Via Láctea, e a sua vítima, 3C 326 Sul, tem cerca de metade da sua massa. Elas são suficientemente grandes para se perturbarem gravitacionalmente mutuamente e para que possam eventualmente vir a colidir no futuro. Fusões que resultam da colisão entre galáxias são comuns no Universo: o gás e estrelas das duas galáxias aproximar-se-ão tanto que estas deixarão de ter descontinuidades. Este processo provocará um aquecimento do gás das duas galáxias. 3C 326 é um exemplo de grandes quantidades de gás a ser aquecido e sifonado de uma galáxia para outra.

"Isso poderia ser uma fase importante nas fusões de galáxias a que só agora estamos a assistir", disse Ogle.

Ogle e seus colegas estavam inicialmente a estudar um tipo de galáxias distantes, conhecidas como radiogaláxias, a cerca de mil milhões de anos-luz de distância. As radiogaláxias emitem jactos a partir dos buracos negros no seu centro. A análise de 72 galáxias usando o telescópio de infravermelho Spitzer, registou um punhado com características bastante invulgares.

O caso mais extremo do grupo, 3C 326 Norte, foi capturar uma enorme quantidade de hidrogénio quente, atingindo temperaturas acima de 730 graus Celsius (1340 graus Fahrenheit). Este gás, chamado hidrogénio molecular porque contém moléculas com dois átomos de hidrogénio que se uniram, é um constituinte estrutural de galáxias, estrelas e planetas. Na Terra, é um potencial combustível alternativo para os automóveis. O hidrogénio molecular é invisível para os telescópios ópticos, mas quando é aquecido até que brilha no infravermelho, pode ser visto pelo Spitzer.

"O hidrogénio é, de longe, o elemento mais abundante do Universo, embora na sua forma molecular tenha sido virtualmente indetectável até ao lançamento do Spitzer", disse o co-autor Robert Antonucci, da Universidade da Califórnia, Santa Barbara.

Dado que a 3C 326 Norte não está ocupada a produzir novas estrelas, é pouco comum possuir esta quantidade de gás. Quando os investigadores analizaram as fotos do Spitzer, detectaram o que parecia ser uma cauda de estrelas, chamada cauda de maré, desde a 3C 326 Norte à 3C 326 Sul. Essa foi a pista que lhes permitiu compreender que há arrastamento de gás pela 3C 326 Norte a partir da sua companheira.

O que vai acontecer com a galáxia vítima que está a ser desprovida do seu gás? Segundo Ogle, a galáxia que já perdeu muito do seu combustível, deixará de produzir novas estrelas. No entanto, se as duas galáxias se vierem eventualmente a fundir, o que pertence a uma irá pertencer à outra com formação de novas estrelas!

Links:
Caltech/Spitzer (Nota de Imprensa)
SPACE.com

 

Exemplo de fotografia e respectiva legenda
Rádio Galáxia 3C 326.
Crédito: NASA/JPL-Caltech/P. Ogle (Spitzer Science Center)
(Clique na imagem para ver maior)

Exemplo de fotografia e respectiva legenda
Espectro da Galáxia 3C 326
Crédito: NASA/JPL-Caltech/P. Ogle (Spitzer Science Center)

 
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