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NOVO E ESTRANHO COMETA PODE EXPLICAR ANTIGO MISTÉRIO
6 de Setembro de 2008

 

O cometa Halley, que ilumina os céus da Terra a cada 75 anos com a sua brilhante cauda, tem uma pitada de mistério científico.

Até agora, as teorias não têm sido suficientes para explicar como adquiriu a sua invulgar órbita retrógrada, mas a recente descoberta de outro estranho cometa que orbita mais longe no Sistema Solar pode explicar um pouco mais sobre as origens do Halley.

O cometa recém-descoberto, apelidado de 2008 KV42, orbita o Sol numa inclinação de 104 graus quando comparado com o plano principal no qual a maioria dos planetas e asteróides viajam. Esta bola de material orbita ao contrário, quando comparada com todos os outros objectos. Os cientistas pensam que pode representar um ponto intermédio entre os cometas como o Halley e os seus progenitores nos cantos mais recônditos do Sistema Solar.

"O grande mistério tem sido, como é que obtemos cometas como o Halley"? disse o astrónomo JJ Kavelaars do Conselho de Pesquisa Nacional do Canadá, que trabalhou na equipa que descobriu KV42. "É um dos cometas mais famosos e não temos nenhuma explicação dinâmica para como alcançou a sua órbita, e como a obteve. Agora descobrimos um objecto que pode fornecer uma fonte para um cometa do tipo do Halley."

O KV42 foi descoberto a cerca de 32 vezes a distância entre a Terra e o Sol, e o seu maior ponto de aproximação do Sol (chamado periélio) é mais ou menos à distância de Urano. Os investigadores sugerem que o cometa possa ter sido originado na distante nuvem de Oort, um local onde objectos, diz-se, agrupam-se numa esfera em torno do Sistema Solar quase a 1 ano-luz do Sol, ou aproximadamente um quarto da distância até à estrela mais próxima.

A dada altura, pensam, as interacções gravitacionais (tais como as de Urano ou Neptuno, ou até mesmo um empurrão de outra estrela na Galáxia que passava perto do Sol há não muito tempo atrás) podem ter pontapeado o cometa do seu lar no nivel interior da nuvem de Oort, mais ou menos a um décimo de um ano-luz, até onde se encontra actualmente, orbitando para lá de Neptuno numa região chamada Cintura de Kuiper, onde vários outros objectos com órbitas normais têm já sido descobertos.

Isto poderia explicar como obteve tal órbita inclinada, retrógrada e bizarra. Se é originário da esférica nuvem de Oort, o cometa pode ter desenvolvido uma órbita com qualquer tipo de inclinação, ao contrário da maioria dos cometas, que são originários do plano do Sistema Solar, e por isso têm uma órbita com uma inclinação parecida à dos planetas.

Eventualmente, os investigadores previram que o KV42 possa ser impulsionado para ainda mais perto do Sol por interacções com os planetas exteriores e o peso-pesado do Sistema Solar, Júpiter. No fim, tanto o Halley como o KV42 provavelmente acabarão expulsados do Sistema Solar devido às interacções gravitacionais com os planetas.

Até agora, os modelos físicos não têm sido capazes de explicar um cometa como o Halley, mas os cientistas esperam que a descoberta de KV42 permita com que os físicos insiram um ponto intermédio nos seus modelos para derivar um percurso evolucionário razoável para estes objectos.

"Uma órbita como esta dá-nos uma espécie de sinal de trânsito que diz que deve haver uma fonte de objectos que pode muito bem estar relacionada com a nuvem de Oort," diz o membro da equipa Brett Gladman da Universidade da Columbia Britânica. "É um esperançoso apontador para um modelo coerente."

Os investigadores apresentaram a sua descoberta na 10.º reunião "Asteróides, Cometas e Meteoros" em Baltimore, EUA, no passado mês de Julho. Observaram o cometa KV42 pela primeira vez com o telescópio do Canadá-França-Hawaii no Hawaii, e fizeram observações posteriores com o telescópio MMT no Arizona, com o telescópio de 4 metros CTIO (Cerro Tololo Inter-American Observatory) no Chile e com o Telescópio Gemini Sul do Observatório Gemini do Canadá, também no Chile.

Links:

Notícias relacionadas:
New Scientist
Space Daily
Universe Today
MSNBC

2008 KV42:
Elementos orbitais (Minor Planet Center)

 

Os percursos orbitais (ao longo do plano do Sistema Solar) do retrógrado 2008 KV42 e de outros objectos do Sistema Solar exterior.
Crédito: CFEPS
 
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