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CIENTISTAS DESCOBREM MINERAL "AUSENTE" E PISTAS SOBRE MISTÉRIOS DE MARTE
20 de Dezembro de 2008

 

Usando um poderoso instrumento a bordo da sonda Mars Reconnaissance Orbiter, investigadores descobriram um mineral há muito perseguido na superfície marciana e com ele, pistas inesperadas do passado molhado do Planeta Vermelho.

Ao estudar camadas de rocha intactas com o instrumento CRISM (Compact Reconnaissance Imaging Spectrometer for Mars), os cientistas descobriram minerais de carbonato, indicando que Marte tinha água neutra a alcalina aquando da formação dos minerais nestes locais há mais de 3,6 mil milhões de anos atrás. Os carbonatos, que na Terra incluem o calcário, dissolvem-se rapidamente em ácido. Por isso, a sua sobrevivência até hoje em Marte desafia as sugestões que um ambiente exclusivamente ácido mais tarde dominava por completo o planeta. Ao invés, indica que existiram diferentes tipos de ambientes molhados. Quanto maior a variedade de ambientes molhados, maior as hipóteses de um ou mais destes terem suportado vida.

"Estamos excitados por finalmente termos descoberto carbonatos porque providenciam-nos com mais detalhes acerca das condições durante períodos específicos da história de Marte," disse Scott Murchie, investigador principal do instrumento do Laboratório de Física Aplicada da Universidade Johns Hopkins em Laurel, Maryland, EUA.

As descobertas aparecem na edição de 19 de Dezembro da revista Science e foram anunciadas na Quinta-feira passada numa conferência da União Geofísica Americana em São Francisco.

As rochas com carbonatos são criadas quando a água e o dióxido de carbono interagem com o cálcio, ferro ou magnésio em rochas vulcânicas. O dióxido de carbono da atmosfera fica preso dentro das rochas. Se todo o dióxido de carbono preso nos carbonatos da Terra fosse libertado, a nossa atmosfera seria mais espessa que a de Vénus. Alguns cientistas acreditam que uma atmosfera espessa e rica em dióxido de carbono manteve um planeta Marte antigo e quente, e manteve a água líquida à sua superfície o tempo suficiente para ter construído os sistemas de vales observados hoje em dia.

"Os carbonatos que o CRISM observou são de uma natureza mais regional que global, e por isso, estão demasiado limitados para implicar dióxido de carbono suficiente para formar uma espessa atmosfera," disse Bethany Ehlmann, autor principal do artigo e membro da equipa do espectómetro da Universidade de Brown, Providence, Rhode Island.

"Embora não tenhamos descoberto os tipos de depósitos de carbonatos que possam ter albergado uma atmosfera antiga," disse Ehlmann, "descobrimos provas que nem toda a totalidade de Marte passou por um ambiente meteorológico ácido e intenso há 3,5 mil milhões de anos atrás, como já foi proposto. Descobrimos pelo menos uma região que era potencialmente mais adequada à vida."

Os cientistas mencionam exposições de carbonatos claramente definidas em camadas de leitos de rios em torno da bacia de impacto Isidis, com 1489 km, que se formou há mais de 3,6 mil milhões de anos atrás. As rochas expostas aparecem ao longo de um sistema de canais com o nome de Nili Fossae, que tem 666 quilómetros em comprimento, no limite da bacia. A região tem rochas ricas em olivina, um mineral que pode reagir com água para formar cabonatos.

"A descoberta de carbonatos em sedimentos intactos, em contacto com argilas, é um exemplo de como observações conjuntas pelo CRISM e por câmaras telescópicas a bordo do MRO estão a revelar detalhes dos distintos ambientes em Marte," disse Sue Smrekar, cientista do projecto da sonda no JPL da NASA em Pasadena, Califórnia.

A sonda Phoenix da NASA descobriu carbonatos em amostras de solo. Os investigadores já os tinham previamente descoberto em meteoritos marcianos que caíram na Terra e em poeira marciana observada a partir de órbita. No entanto, a poeira e a nuvem de solo podiam ter sido misturas de muitas áreas, por isso as origens dos carbonatos permanceram incertas. As observações mais recentes indicam que os carbonatos se formaram ao longo de extensos períodos no passado de Marte. Também apontam para locais específicos onde os rovers e outras sondas futuras podem pesquisar mais pistas de vida passada.

Links:

Notícias relacionadas:
NASA (comunicado de imprensa)
SPACE.com
New Scientist
Universe Today
PHYSORG.com
Discover
Science Daily
National Geographic
Reuters
Associated Press
BBC News
UPI
The Register

MRO:
Página oficial da NASA
Página oficial do JPL
Wikipedia

Marte:
Núcleo de Astronomia do CCVAlg
Wikipedia
Google Mars

 
O carbonato, que é indicativo de uma história molhada e não-ácida, ocorre em bocados muito pequenos de rocha exposta aparecendo verde nesta representação a cores de uma área com 20 quilómetros em Marte.
Crédito: NASA/JPL/JHUAPL/MSSS/Universidade de Brown
(clique na imagem para ver versão maior)
 
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