Usando o VLT (Very Large Telescope) do ESO, foi possível aos astrónomos obter uma das detalhadas imagens do Enxame do Arco - um aglomerado extraordinariamente supermassivo e denso de estrelas jovens próximo do buraco negro que se localiza no centro da Via Láctea. Apesar das condições extremas, os astrónomos ficaram surpresos ao encontrar as mesmas proporções de massas baixas e elevadas entre as estrelas jovens do enxame que as que são encontrados em locais bem mais tranquilos da Via Láctea.
O massivo Enxame dos Arcos é um enxame de estrelas bastante peculiar. Está localizado a 25.000 anos-luz de distância na direcção da constelação de Sagitário (o Arqueiro), e contém cerca de um milhar de estrelas massivas jovens, com menos de 2,5 milhões de anos. É o laboratório ideal para estudar como nascem as estrelas massivas em condições extremas, como é o caso das proximidades do centro da Via Láctea, onde experimentam enormes interacções com as estrelas, com gás que as rodeia e com o buraco negro supermassivo que aí existe. O Enxame do Arco é dez vezes mais pesado do que os enxames típicos espalhados por toda a Via Láctea, e é enriquecido com elementos químicos mais pesados do que o hélio.
Usando a óptica adaptativa NACO no VLT, os astrónomos foram capazes de obter as imagens do Enxames do Arco mais detalhadas do que alguma vez havia sido feito. A observação do Enxame do Arco é um grande desafio devido à enorme quantidade de absorção de luz entre Terra e o Centro Galáctico devido à poeira do meio interestelar (extinção), que não permite a passagem da luz visível. Esta é a razão pela qual foi utilizado o NACO para observar esta região no infravermelho próximo.
O novo estudo confirma que o Enxame do Arco é o mais denso aglomerado de jovens estrelas massivas conhecido. Tem cerca de três anos-luz de diâmetro, com mais de mil estrelas contidas em cada ano-luz cúbico, uma densidade extrema cerca de um milhão de vezes superior à que se observa na vizinhança do Sol.
Os astrónomos que estudam enxames de estrelas constataram que as estrelas de maior massa são mais raras do que as suas irmãs menos massivas, e que a sua abundância relativa é a mesma que em toda parte, Uma proporção que parece ser uma lei universal.
Os astrónomos foram ainda capazes de estudar algumas das estrelas mais brilhantes do aglomerado. "A estrela mais massiva que encontrámos tem uma massa de cerca de 120 vezes a massa do Sol," diz o co-autor Fernando Selman. "Concluímos a partir daí que, se existem estrelas mais massivas do que 130 massas solares, elas devem viver de menos de 2,5 milhões de anos e terminam suas vidas sem explodir como supernovas, como habitualmente fazem as estrelas massivas ."
A massa total do enxame parece ser cerca de 30.000 vezes a massa do Sol, muito mais do que anteriormente se pensava . "Podemos ver muito mais devido ao requinte das imagens NACO", afirmou o co-autor Jorge Melnick.
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Fonte:
ESO
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O enxame do Arco (Arches cluster).
Crédito: ESO
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