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VOYAGER 1 PROCURA RESPOSTA QUE SOPRA AO VENTO
11 de Março de 2011

 

Em que direcção é que a corrente de partículas carregadas do Sol viaja quando se aproxima do limite do Sistema Solar? A resposta é soprada pelo vento. É apenas uma questão de colocar a sonda Voyager 1 da NASA na orientação correcta para a detectar.

Para permitir com que o instrumento LECP (Low Energy Charged Particle) da Voyager 1 recolha estes dados, a sonda levou a cabo, dia 7 de Março, uma manobra que já não fazia há 21 anos, excepto num teste preparatório o mês passado.

Às 17:10 (hora de Portugal), a sonda mais distante da humanidade girou 70 graus na direcção contrária à dos ponteiros do relógio (a partir da perspectiva da Terra) desde a sua orientação normal e aguentou a posição ao girar giroscópios durante duas horas e 33 minutos. A última vez que tal manobra tinha sido levada a cabo por qualquer das duas Voyager foi a 14 de Fevereiro de 1990, quando a Voyager 1 capturou um retrato de família dos planetas em torno do nosso Sol.

"Embora a Voyager 1 já viaje pelo Sistema Solar há 33 anos, está ainda em boas condições para fazer manobras que não fazia há 21 anos," afirma Suzanne Dodd, gestora do projecto Voyager, do JPL da NASA em Pasadena, Califórnia, EUA. "Executou a manobra sem qualquer tipo de problema, e esperamos fazê-la mais vezes para permitir a recolha de dados por parte dos cientistas."

As duas sondas Voyager estão a passar por uma região turbulenta que é a concha exterior de uma bolha em torno do nosso Sistema Solar criada pelo vento solar, uma corrente de iões expelidos para fora pelo Sol a milhões de quilómetros por hora. O vento deve mudar de direcção à medida que se aproxima da fronteira exterior desta bolha, onde entra em contacto com o vento interestelar, oriundo da região entre as estrelas e que passa pela nossa bolha solar.

Em Junho de 2010, quando a Voyager 1 estava a cerca de 17 mil milhões de quilómetros do Sol, os dados do instrumento LECP começaram a mostrar que o fluxo da rede exterior do vento solar era zero. Esta leitura nula permanece desde então. A equipa científica das Voyager não pensa que o vento solar tenha desaparecido nessa região. Provavelmente mudou de direcção. Mas para cima, para baixo, ou para os lados?

"Dado que a direcção do vento solar mudou e a sua velocidade radial desceu para zero, temos que mudar a orientação da Voyager 1 para que o instrumento LECP possa agir como uma espécie de cata-vento e descobrir para que lado o vento sopra agora," afirma Edward Stone, cientista do projecto Voyager, do Instituto de Tecnologia da Califórnia, em Pasadena. "Conhecer a força e direcção do vento é crítico para a compreensão da forma da nossa bolha solar e para estimar a distância que resta até ao espaço interestelar."

Os engenheiros da Voyager levaram a cabo um teste no dia 2 de Fevereiro durante duas horas e 15 minutos. Quando os dados da Voyager 1 foram recebidos na Terra cerca de 16 horas depois, a equipa da missão verificou que o teste tinha sido bem-sucedido e que a sonda não teve qualquer tipo de problemas a reorientar-se sozinha para a sua estrela guia, Alpha Centauri.

A equipa científica do LECP confirmou que a sonda tinha recebido a informação que necessitava, e então os membros deram luz verde à sonda para fazer mais reorientações e durante mais tempo. Ao todo, serão cerca de 5 manobras ao longo de sete dias, a mais longa durando três horas e 50 minutos. A equipa da Voyager planeia executar uma série de reorientações semanais a cada três meses com este mesmo propósito.

O sucesso da manobra de 7 de Março foi recebido no JPL da NASA às 9:21 (hora de Portugal) de dia 8 de Março. Mas serão precisos vários meses para os cientistas analisarem os dados. "Fazemos o que for preciso para os cientistas obterem exactamente os dados que necessitam, porque a Voyager é a única sonda ainda activa nesta região exótica do espaço," afirma Jefferson Hall, gestor das operações da Voyager no JPL. "Ficámos muito contentes por ver que as Voyager têm ainda a capacidade de adquirir dados científicos únicos numa área que muito provavelmente não vai ser estudada por qualquer outra sonda durante décadas."

A Voyager 2 foi lançada a 20 de Agosto de 1977. A Voyager foi lançada a 5 de Setembro de 1977. No dia 7 de Março, a Voyager 1 estava a 17,4 mil milhões de quilómetros do Sol. A Voyager 2 estava a 14,2 mil milhões de quilómetros do Sol, e numa trajectória diferente.

O fluxo externo do vento solar ainda não diminuiu para zero na região onde a Voyager 2 se encontra, mas isso poderá acontecer à medida que a sonda se aproxima do limite da bolha durante os anos que se seguem.

Links:

Notícias relacionadas:
NASA/JPL (comunicado de imprensa)
Universe Today
Spaceflight Now
BBC News

Sonda Voyager 1:
Página oficial (NASA)
Heavens Above
Voyager 1 (Wikipedia)

Sistema Solar:
Núcleo de Astronomia do CCVAlg
Wikipedia

 


Ilustração de artista da sonda Voyager 1.
Crédito: NASA/JPL 
(clique na imagem para ver versão maior)


Esta impressão de artista mostra as duas sondas Voyager a explorar a turbulenta região da fronteira do nosso Sistema Solar, a concha exterior da bolha de partículas carregadas em torno do nosso Sol.
Crédito: NASA/JPL-Caltech
(clique na imagem para ver versão maior)

 
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