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A maior e mais antiga cratera da Lua é mais circular do que se pensava
24 de dezembro de 2024
 

Um modelo topográfico da Lua utilizando uma escala de cores do roxo (baixo) ao vermelho (alto) com base em dados recolhidos pela LRO (Lunar Reconnaissance Orbiter) da NASA e pela Kaguya da JAXA. Esta é uma vista global que mostra a totalidade da bacia do Polo Sul-Aitken. Os triângulos assinalam as características montanhosas que se podem encontrar em toda a bacia.
Crédito: Hannes Bernhardt
 
     
 
 
 

A bacia do Polo Sul-Aitken é a maior e mais antiga cratera visível da Lua - uma enorme ferida geológica com quatro mil milhões de anos que preserva segredos sobre o início da história da Lua, tal como uma cápsula lunar do tempo.

Com base em algumas características da bacia, os investigadores pensaram que a cratera tinha a forma de uma oval ou elipse. Durante anos, os cientistas pensaram que esta enorme cratera tinha sido formada por um objeto que embateu na Lua a partir de um ângulo pouco profundo, possivelmente tão extremo como uma pedra a saltar sobre a água. De acordo com esta teoria, muito poucos detritos do impacto teriam sido espalhados pelo polo sul lunar, que é a região de aterragem das próximas missões Artemis para o regresso de humanos à superfície do nosso satélite natural.

Mas um novo estudo realizado pela Universidade de Maryland e publicado na revista Earth and Planetary Science Letters sugere que o impacto pode ter sido muito mais direto, dando origem a uma cratera muito mais redonda - uma descoberta que desafia a nossa atual compreensão da história da Lua, com implicações significativas para as futuras missões da NASA à Lua.

"É um desafio estudar a bacia do Polo Sul-Aitken de forma holística devido à sua enorme dimensão, razão pela qual os cientistas ainda estão a tentar conhecer a sua forma e tamanho. Além disso, passaram quatro mil milhões de anos desde que a bacia se formou originalmente e muitos outros impactos obscureceram o seu aspeto original", explicou o autor principal do estudo, Hannes Bernhardt, investigador assistente do Departamento de Geologia da Universidade de Maryland, EUA. "O nosso trabalho desafia muitas ideias existentes sobre a forma como este impacto massivo ocorreu e distribuiu os materiais, mas estamos agora um passo mais perto de compreender melhor a história inicial da Lua e a sua evolução ao longo do tempo".

Utilizando dados de alta resolução da LRO (Lunar Reconnaissance Orbiter) da NASA, Bernhardt e a sua equipa desenvolveram uma abordagem inovadora para compreender a estrutura complexa da bacia do Polo Sul-Aitken. Identificaram e analisaram mais de 200 formações montanhosas espalhadas pela bacia, características geológicas que a equipa suspeitava serem vestígios antigos do impacto original. A partir da distribuição e forma dessas características montanhosas, a equipa percebeu que o impacto deveria ter criado uma cratera mais circular, a partir da qual pedaços significativos de material de formação planetária foram dispersos pela superfície da Lua, incluindo a região do Polo Sul.

"Uma forma mais redonda e circular indica que um objeto atingiu a superfície da Lua num ângulo mais vertical, possivelmente semelhante a deixar cair uma pedra diretamente no chão", disse Bernhardt. "Este impacto circular implica que os detritos do impacto estão distribuídos de forma mais igual à sua volta do que se pensava inicialmente, o que significa que os astronautas da Artemis ou os robôs na região do polo sul poderão ser capazes de estudar de perto rochas das profundezas do manto ou da crosta lunar - materiais a que normalmente não temos acesso".

Estas rochas lunares podem fornecer informações cruciais sobre a composição química da Lua e ajudar a validar teorias sobre como a Lua pode ter sido formada a partir de uma colisão massiva entre a Terra e outro objeto de tamanho planetário. Recentemente, o rover indiano Chandrayaan-3 detetou minerais indicativos de detritos de impacto provenientes do manto perto do polo sul, apoiando a teoria da equipa da Universidade de Maryland sobre um impacto mais vertical formando uma bacia circular que seria necessária para pulverizar esse material nessa área.

Bernhardt pensa que a investigação da sua equipa fornece informações críticas para futuras missões à Lua, ajudando os planeadores de missões e os astronautas a identificar as áreas a explorar e os materiais que poderão encontrar. Uma camada espessa e rica em materiais da crosta inferior e do manto superior pode oferecer um acesso sem precedentes à complexa história geológica da Lua, podendo lançar luz não só sobre a formação da Lua, mas também sobre os eventos transformadores que moldaram o nosso Sistema Solar.

"Uma das implicações mais interessantes da nossa investigação é a sua aplicabilidade a missões à Lua e mais além", disse Bernhardt. "Os astronautas que exploram o polo sul lunar poderão ter acesso mais fácil a materiais lunares antigos que nos poderão ajudar a compreender como surgiu a Lua e o nosso Sistema Solar".

// Universidade de Maryland (comunicado de imprensa)
// Artigo científico (Earth and Planetary Science Letters)

 


Quer saber mais?

Bacia do Polo Sul-Aitken:
Wikipedia

Lua:
CCVAlg - Astronomia
Wikipedia

Lunar Reconnaissance Orbiter:
NASA
Wikipedia

Programa Artemis:
NASA
Wikipedia
Artemis I (NASA)
Artemis I (Wikipedia)
Artemis II (NASA)
Artemis II (Wikipedia)
Artemis III (Wikipedia)
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Chandrayaan-3:
ISRO
Wikipedia

 
   
 
 
 
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