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Investigação sugere que a vida pode sobreviver sob a superfície de Marte e de algumas luas graças aos raios cósmicos
5 de agosto de 2025
 

Encélado, uma das luas de Saturno.
Crédito: NASA/JPL/SSI
 
     
 
 
 

Um novo estudo descobriu que as partículas altamente energéticas provenientes do espaço, conhecidas como raios cósmicos, podiam criar a energia necessária para sustentar a vida no subsolo em planetas e luas do nosso Sistema Solar.

A investigação mostra que os raios cósmicos podem não só ser inofensivos em certos ambientes, como também ajudar a vida microscópica a sobreviver. Estas descobertas desafiam a visão tradicional de que a vida só pode existir perto da luz solar ou do calor vulcânico. Publicado na revista International Journal of Astrobiology, o estudo é liderado pelo investigador principal Dimitra Atri pertencente ao CASS (Center for Astrophysics and Space Science) da NYUAD (New York University Abu Dhabi).

A equipa focou-se no que acontece quando os raios cósmicos atingem a água ou o gelo no subsolo. O impacto quebra as moléculas de água e liberta partículas minúsculas chamadas eletrões. Algumas bactérias na Terra podem utilizar estes eletrões para obter energia, tal como as plantas utilizam a luz solar. Este processo chama-se radiólise e pode impulsionar a vida mesmo em ambientes escuros e frios, sem luz solar.

Utilizando simulações em computador, os investigadores estudaram a quantidade de energia que este processo poderia produzir em Marte e nas luas geladas de Júpiter e Saturno. Pensa-se que estas luas, que estão cobertas por espessas camadas de gelo, têm água escondida sob as suas superfícies. O estudo concluiu que a lua gelada de Saturno, Encélado, é a que tem mais potencial para suportar vida desta forma, seguida de Marte e depois da lua de Júpiter, Europa.

"Esta descoberta muda a forma como pensamos sobre onde a vida pode existir", disse Atri. "Em vez de procurarmos apenas planetas quentes com luz solar, podemos agora considerar locais frios e escuros, desde que tenham alguma água sob a superfície e estejam expostos a raios cósmicos. A vida pode ser capaz de sobreviver em mais sítios do que alguma vez imaginámos".

O estudo introduz uma nova ideia chamada Zona Habitável Radiolítica. Ao contrário da tradicional zona habitável - a área à volta de uma estrela onde um planeta pode ter água líquida à superfície - esta nova zona centra-se em locais onde a água existe no subsolo e pode ser energizada por radiação cósmica. Uma vez que os raios cósmicos estão espalhados por todo o espaço, isto pode significar que existem muitos mais locais no Universo onde a vida pode existir.

As descobertas fornecem novas orientações para futuras missões espaciais. Em vez de procurarem apenas sinais de vida à superfície, os cientistas poderão também explorar ambientes subterrâneos em Marte e nas luas geladas, utilizando ferramentas capazes de detetar a energia química criada pela radiação cósmica.

Esta investigação abre novas e excitantes possibilidades na procura de vida para além da Terra e sugere que mesmo os locais mais escuros e frios do Sistema Solar podem ter as condições adequadas para a sobrevivência da vida.

// NYUAD (comunicado de imprensa)
// Artigo científico (International Journal of Astrobiology)

 


Quer saber mais?

Raios cósmicos:
Wikipedia

Zona habitável:
Wikipedia

Encélado:
NASA
Wikipedia

Marte:
NASA
CCVAlg - Astronomia
Wikipedia
The Nine Planets

Europa:
NASA
CCVAlg - Astronomia
Wikipedia

 
   
 
 
 
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