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Edição n.º 1360
21/03 a 23/03/2017
 
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31/03/17 - APRESENTAÇÃO ÀS ESTRELAS
19:30 - Este evento inclui uma apresentação sobre um tema de astronomia, seguida de observação astronómica noturna com telescópio (dependente de meteorologia favorável).
Local: CCVAlg
Preço: 2€
Pré-inscrição: siga este link
Telefone: 289 890 920
E-mail: info@ccvalg.pt

 
EFEMÉRIDES

Dia 21/03: 80.º dia do calendário gregoriano.
História: Em 1768, nascia Jean-Baptiste Joseph Fourier, matemático e físico francês, conhecido por ter iniciado a investigação das séries de Fourier e das suas aplicações para problemas como a transferência de calor e vibrações.

Fourier é também considerado o descobridor do efeito de estufa.
Em 1905, Albert Einstein publica a sua teoria sobre a relatividade especial.
Em 1927, nascia Halton Arp, astrónomo americano conhecido pelo seu Atlas de Galáxias Peculiares de 1966, que contém muitos exemplos de galáxias em interação e em fusão. 
Em 1965, a NASA lança a Ranger 9, a última numa série de sondas lunares não tripuladas.
Observações: Arcturo, a "Estrela da Primavera", sobe agora por cima do horizonte a este-nordeste pouco tempo depois do anoitecer. A que horas a consegue avistar? O planeta Júpiter, mais brilhante, nasce pouco depois, situado 30º para a direita de Arcturo.

Dia 22/03: 81.º dia do calendário gregoriano.
História: Em 1394 nascia Ulugh Beg, astrónomo da dinastia Timúrida, que construíu o Observatório Ulugh Beg em Samarkand, considerado por muitos um dos melhores observatórios do mundo islâmico e o maior da Ásia Central (à data).
Em 1799 nascia F.W.A. Argelander, compilador de catálogos estelares que estudou as estrelas variáveis e criou a primeira organização astronómica internacional.
Em 1982, lançamento da missão STS-3, do vaivém Columbia
Em 1995, o cosmonauta Valeryiv Polyakov regressa à Terra depois de quebrar o recorde do maior tempo passado na estação espacial Mir: 438 dias.
Em 1996, lançamento da STS-76, do vaivém Atlantis
Em 1997, o Cometa Hale-Bopp faz a sua maior aproximação à Terra.

Em 2010, última comunicação do rover Spirit com a Terra.
Observações: Para observadores não muito longe da latitude 40º N, hoje é o melhor dia, ou noite, para tentar observar um avistamento "duplo" de Vénus - extremamente baixo a oeste-noroeste pouco depois do pôr-do-Sol, e extremamente baixo a este pouco antes do nascer-do-Sol de dia 23.

Dia 23/03: 82.º dia do calendário gregoriano.
História: Em 1749 nascia Pierre-Simon Laplace, astrónomo e matemático francês, cujo trabalho foi fundamental para o desenvolvimento da astronomia matemática e estatística.

Desenvolveu a hipótese nebular para a origem do Sistema Solar e foi um dos primeiros cientistas a postular a existência de buracos negros e a noção de colapso gravitacional.
Em 1840 era tirada a primeira fotografia (daguerreótipo) da Lua.
Em 1912 nascia Wernher Von Braun. Foi um importante pioneiro no desenvolvimento dos foguetões e da exploração espacial entre os anos 30 e 70 do século passado.
Em 1965, os EUA lançavam a Gemini 3 até à órbita da Terra transportando os astronautas Virgil (Gus) Grissom e John W. Young. Grissom e Young orbitaram a Terra três vezes. A nave Gemini era maior que as cápsulas Mercury, com um peso de 4200 kg, e transportava dois astronautas em vez de um. A Gemini 3 foi a primeira missão tripulada do programa Gemini, depois de dois testes de voo não-tripulado.
Em 2001, a estação Mir, com 15 anos, é removida de órbita e trazida até à Terra num espetáculo de fogo e fumo, para descansar nas profundezas do Oceano Pacífico Sul, perto das Ilhas Fiji.
Observações: Desenhe uma linha de Castor, passando por Pollux (para baixo) e prolongando-se por mais 26º (cerca de 2,5 vezes o tamanho do punho à distância de um braço esticado) e chega à ténue cabeça de Hdira, a Serpente Marinha. Sob um céu escuro parece um agrupamento estelar distintivo com aproximadamente o tamanho do polegar à distância do braço esticado. Os binóculos resolvem-na facilmente através de poluição luminosa leve.

 
CURIOSIDADES


Se tentasse contar as estrelas da nossa Galáxia à velocidade de uma por segundo, levaria mais de 3.000 anos a contá-las todas.

 
SWIFT MAPEIA "ESPIRAL DA MORTE" DE UMA ESTRELA EM DIREÇÃO A BURACO NEGRO

Há cerca de 290 milhões de anos atrás, uma estrela muito parecida com o Sol vagueou demasiado perto do buraco negro central da sua galáxia. As marés intensas rasgaram a estrela, o que produziu um surto de radiação visível, ultravioleta e raios-X que chegou à Terra em 2014. Agora, uma equipa de cientistas usou observações do satélite Swift da NASA para mapear como e onde estes vários comprimentos de onda foram produzidos no evento, denominado ASASSN-14li, enquanto os destroços da estrela desintegrada orbitavam o buraco negro.

"Descobrimos mudanças de brilho em raios-X que ocorreram cerca de um mês após alterações semelhantes no visível e no ultravioleta," comenta Dheeraj Pasham, astrofísico do MIT (Massachusetts Institute of Technology) em Cambridge, EUA, investigador principal do estudo. "Achamos que isso significa que a emissão ótica e ultravioleta surgiu longe do buraco negro, onde fluxos elípticos de matéria em órbita colidiram uns com os outros."

Os astrónomos pensam que o evento ASASSN-14li ocorreu quando uma estrela parecida com o Sol vagueou demasiado perto de um buraco negro com 3 milhões de vezes a massa do Sol, análogo com o que se encontra no centro da Via Láctea. Em comparação, o horizonte de eventos para um buraco negro como este é cerca de 13 vezes maior que o Sol, e o disco de acreção formado pela estrela desintegrada poderá estender-se a mais de duas vezes a distância entre a Terra e o Sol.

Impressão de artista da rutura de maré ASASSN-14li.
Crédito: NASA/CXC/U. Michigan/J. Miller et al.; ilustração: NASA/CXC/M. Weiss
(clique na imagem para ver versão maior)
 

Quando uma estrela passa demasiado perto de um buraco negro com 10.000 vezes a massa do Sol, ou mais, as forças de maré superam a própria gravidade da estrela, convertendo o astro numa corrente de detritos. Os astrónomos chamam a isto um evento de rutura de maré. A matéria que cai na direção de um buraco negro acumula-se num disco de acreção giratório, onde se torna comprimida e é aquecida antes de eventualmente cair para lá do horizonte de eventos do buraco negro, o ponto a partir do qual nada consegue escapar e os astrónomos não conseguem observar. Os surtos de rutura de maré contêm informações importantes acerca de como estes detritos se instalam inicialmente num disco de acreção.

Os astrónomos sabem que a emissão de raios-X nessas erupções surgem muito perto do buraco negro. Mas a localização da luz ótica e ultravioleta não era clara, era até intrigante. Em alguns dos eventos mais estudados, esta emissão parecia estar localizada muito mais longe do local onde as forças de maré do buraco negro conseguem fragmentar a estrela. Além disso, o gás que emite a luz parecia permanecer com temperaturas estáveis por muito mais tempo do que o esperado.

ASASSN-14li foi descoberto no dia 22 de novembro de 2014, em imagens obtidas pelo ASASSN (All Sky Automated Survey for SuperNovae), que inclui telescópios robóticos no Hawaii e no Chile. As observações de seguimento com os telescópios do Swift começaram oito dias depois e continuaram, a cada poucos dias, durante os nove meses seguintes. Os cientistas suplementaram observações posteriores do Swift com dados óticos do Observatório Las Cumbres, com sede em Goleta, Califórnia.

Impressão de artista que mostra o evento de rutura de maré ASASSN-14li, onde uma estrela vagueou demasiado perto de um buraco negro com 3 milhões de vezes a massa do Sol e foi dilacerada. Os detritos aglomeraram-se num disco de acreção em redor do buraco negro. Novos dados do satélite Swift da NASA mostram que a formação inicial do disco foi esculpida por interações entre fluxos de detritos de maré.
Crédito: Centro de Voo Espacial Goddard da NASA
(clique na imagem para ver versão maior)
 

Num artigo que descreve os resultados, publicado dia 15 de março na revista The Astrophysical Journal Letters, Pasham, Cenko e colegas mostram como as interações entre a matéria em queda podem produzir a emissão ótica e ultravioleta observada.

Os detritos de maré caem inicialmente em direção ao buraco negro, mas falham, arqueando para trás ao longo de órbitas elípticas e, eventualmente, colidindo com o fluxo de entrada.

"Os aglomerados de detritos que retornam atingem o fluxo de entrada, o que resulta em ondas de choque que emitem luz visível e luz ultravioleta," comenta Bradley Cenko, investigador principal do Swift e membro da equipa científica. "À medida que estes aglomerados caem para o buraco negro, também modulam a emissão de raios-X."

Serão necessárias mais observações de outros eventos de rutura de maré futuros para esclarecer ainda mais a origem da luz ótica e da luz ultravioleta.

Links:

Núcleo de Astronomia do CCVAlg:
23/10/2015 - Estrela destruída "chove" para buraco negro, ventos sopram-na

Notícias relacionadas:
NASA (comunicado de imprensa)
MIT News (comunicado de imprensa)
The Astrophysical Journal Letters
Swift Mapeia "Espiral da Morte" de Uma Estrela em Direção a Buraco Negro (NASA via YouTube)
SPACE.com
spaceref
PHYSORG

Buraco negro supermassivo:
Wikipedia

ASAS-SN:
Página oficial (Universidade Estatal do Ohio)
Wikipedia

Telescópio Swift:
NASA
Wikipedia

 
MARTE TEM ANÉIS? HOJE NÃO, MAS PODERÁ TER UM DIA
Esta imagem obtida pelo rover Curiosity da NASA mostra a lua de Marte, Fobos, a passar diretamente em frente de Deimos, em 2013. Uma nova investigação sugere que as luas foram formadas há muito tempo atrás a partir de partículas de anéis em redor do planeta e que, num futuro distante, poderão desintegrar-se para formar novos anéis.
Crédito: NASA/JPL-Caltech/MSSS/Univ. Texas A&M
(clique na imagem para ver versão maior)
 

Em crianças, aprendemos algumas características dos planetas do nosso Sistema Solar - Júpiter é o maior, Saturno tem anéis, Mercúrio é o mais próximo do Sol. Marte é vermelho, mas é possível que um dos nossos vizinhos mais próximos também tenha tido anéis no seu passado e que possa vir a ter novamente algum dia.

Essa é a teoria apresentada por cientistas financiados pela NASA da Universidade Purdue, em Lafayette, no estado norte-americano do Indiana, cujos achados foram publicados na revista Nature Geoscience. David Minton e Andrew Hesselbrock desenvolveram um modelo que sugere que detritos expelidos para o espaço por um asteroide ou por outro corpo que colidiu com Marte há cerca de 4,3 mil milhões de anos alterna entre a formação de um anel planetário e a aglomeração para formar uma lua.

Uma teoria sugere que a grande bacia polar norte de Marte, a Bacia Borealis - que cobre cerca de 40% do planeta no seu hemisfério norte - foi criada por esse impacto, expulsando detritos para o espaço.

"Esse grande impacto teria ejetado material suficiente, da superfície de Marte, para formar um anel," comenta Hesselbrock.

Uma nova teoria por cientistas da Universidade Purdue afirma que a lua marciana Fobos poderá eventualmente desintegrar-se, formando um anel em redor do Planeta Vermelho. Os cientistas financiados pela NASA teorizam que esta formação de anéis já aconteceu antes e que à medida que as luas se fragmentam, algum do material cai para a superfície, como pode ser visto na imagem.
Crédito: Centro Envision da Universidade Purdue
(clique na imagem para ver versão maior)
 

O modelo de Hesselbrock e Minton sugere que à medida que o anel se formava, e os detritos lentamente se afastavam do Planeta Vermelho e se espalhavam, este começou a aglomerar-se e formou, eventualmente, uma lua. Ao longo do tempo, a força gravitacional de Marte teria puxado essa lua em direção do planeta até atingir o limite de Roche, a distância na qual as forças de maré de um planeta desintegram um corpo celeste unido apenas pela gravidade.

Fobos, uma das luas de Marte, está ficando cada vez mais próxima do planeta. De acordo com o modelo, Fobos irá desintegrar-se quando atingir o limite de Roche, e produzir um conjunto de anéis daqui a cerca de 70 milhões de anos. Dependendo da posição do limite de Roche, Minton e Hesselbrock pensam que este ciclo poderá ter-se repetido entre três e sete vezes ao longo de milhares de milhões de anos. Segundo o modelo, de cada vez que uma lua se desintegra e é reformada a partir do anel resultante, a sua lua sucessora seria cinco vezes mais pequena do que a anterior, e os detritos teriam caído para o planeta, possivelmente explicando depósitos sedimentares enigmáticos encontrados perto do equador de Marte.

"Poderíamos ter sedimentos lunares com quilómetros de espessura a chover nos primeiros tempos da história do planeta, e existem depósitos sedimentares enigmáticos em Marte sem nenhuma explicação de como lá chegaram," comenta Minton. "E agora é possível estudar esse material."

Fobos, uma das duas luas de Marte, poderá eventualmente desintegrar-se e formar um anel em redor do planeta. Os investigadores da Universidade Purdue, financiados pela NASA, indicam que este processo de fragmentação das luas em anéis, e consequente reformação, poderá ter acontecido várias vezes ao longo de milhares de milhões de anos.
Crédito: Centro Envision da Universidade Purdue
(clique na imagem para ver versão maior)
 

Outras teorias sugerem que o impacto que produziu a Bacia Polar Norte levou à formação de Fobos há 4,3 mil milhões de anos atrás, mas Minton disse que é improvável que a lua tenha durado todo esse tempo. Além disso, Fobos teria que ter sido formada longe de Marte e teria que ter atravessado a ressonância de Deimos, a mais exterior das duas luas de Marte. A ressonância ocorre quando duas luas exercem influência gravitacional uma sobre a outra repetidamente e periodicamente, como fazem as luas principais de Júpiter. Ao passar pela sua ressonância, Fobos teria alterado a órbita de Deimos. Mas a órbita de Deimos está a um grau do equador de Marte, sugerindo que Fobos não teve nenhum efeito sobre Deimos.

"Não aconteceu muita coisa à órbita de Deimos desde que se formou," comenta Minton. "Fobos, ao passar por essas ressonâncias, teria mudado isso."

"Esta pesquisa destaca ainda mais maneiras dos impactos afetarem um corpo planetário," comenta Richard Zurek do JPL da NASA em Pasadena, Califórnia, EUA. Ele é cientista do projeto MRO (Mars Reconnaissance Orbiter) da NASA, cujo mapeamento gravitacional forneceu suporte para a hipótese de que as planícies a norte foram formadas por um impacto gigante.

Minton e Hesselbrock vão concentrar-se agora ou na dinâmica do primeiro conjunto de anéis formados ou nos materiais que choveram sobre Marte derivados da desintegração das luas.

Links:

Notícias relacionadas:
NASA (comunicado de imprensa)
Universidade Purdue (comunicado de imprensa)
Nature Geoscience
Astronomy
SPACE.com
PHYSORG
Popular Mechanics
Gizmodo

Marte:
Núcleo de Astronomia do CCVAlg
Wikipedia

Fobos:
Núcleo de Astronomia do CCVAlg
Wikipedia

Deimos:
Núcleo de Astronomia do CCVAlg
Wikipedia

Limite de Roche:
Wikipedia

 
ESTAS ESTRELAS FUGIRAM DE UMA GUERRA GRAVITACIONAL
Imagem da Nebulosa Kleinmann-Low, parte do complexo da Nebulosa de Orionte, composta por imagens óticas e infravermelhas do Hubble. A radiação infravermelha permite perscrutar através da poeira da nebulosa e ver as estrelas no seu interior. As estrelas reveladas têm um tom avermelhado. Os astrónomos procuravam planetas flutuantes e anãs castanhas. Como efeito colateral, descobriram uma veloz estrela fugitiva.
Crédito: NASA, ESA/Hubble
(clique na imagem para ver versão maior)
 

Enquanto os descobridores portugueses do século XV exploravam terras africanas, um grupo de estrelas travava uma luta contenciosa - uma guerra estelar na distante Nebulosa de Orionte.

As estrelas lutavam entre si num conflito gravitacional, que terminou com o sistema a afastar-se e com pelo menos três estrelas expelidas em direções diferentes. As velozes estrelas desertoras passaram despercebidas durante centenas de anos até que, nas últimas décadas, duas delas foram detetadas em observações no rádio e no infravermelho, comprimentos de onda que podem penetrar a espessa poeira da Nebulosa de Orionte.

As observações mostraram que as duas estrelas viajavam a altas velocidades em direções opostas uma à outra. A origem das estrelas, no entanto, era um mistério. Os astrónomos traçaram ambas as estrelas 540 anos para o passado, até ao mesmo local, e sugeriram que faziam parte do mesmo, atualmente extinto, sistema múltiplo. Mas a energia combinada da dupla, que agora as está a levar para fora, não batia certo. Os investigadores argumentaram que deveria haver pelo menos uma outra culpada, culpada esta que roubou energia do lançamento estelar.

Agora, o Telescópio Espacial Hubble da NASA ajudou os astrónomos a descobrir a peça final do puzzle, ao encontrar a terceira estrela fugitiva. Os astrónomos seguiram o percurso da estrela recém-descoberta de volta ao mesmo local onde as duas estrelas anteriormente conhecidas estavam localizadas há 540 anos. O trio reside numa pequena região de jovens estrelas chamada Nebulosa Kleinmann-Low, perto do centro do vasto complexo da Nebulosa de Orionte, localizada a 1300 anos-luz da Terra.

Esta ilustração mostra como um grupo estelar pode fragmentar-se, expelindo os seus membros para o espaço. Painel 1: membros de um sistema múltiplo orbitam-se uns aos outros. Painel 2: duas das estrelas movem-se para mais perto uma da outra ao longo das suas órbitas; Painel 3: as duas estrelas eventualmente ou se fundem ou formam um binário íntimo. Este evento liberta energia gravitacional suficiente para expulsar todas as estrelas do sistema.
Crédito: NASA, ESA e Z. Levy (STScI)
(clique na imagem para ver versão maior)
 

"As novas observações do Hubble fornecem evidências muito fortes de que as três estrelas foram expelidas de um sistema múltiplo," afirma o investigador principal Kevin Luhman, da Universidade Estatal da Pensilvânia, EUA. "Os astrónomos já tinham encontrado, anteriormente, alguns outros exemplos de estrelas em rápido movimento que traçaram de volta a sistemas estelares múltiplos e que, portanto, provavelmente foram arremessadas. Mas estas três estrelas são os exemplos mais jovens de estrelas ejetadas. Têm provavelmente apenas algumas centenas de milhares de anos. De facto, com base nas imagens infravermelhas, as estrelas ainda são jovens o suficiente para albergar discos de material deixado para trás aquando da sua formação."

Todas as três estrelas se movem extremamente depressa para fora da Nebulosa Kleinmann-Low, a quase 30 vezes a velocidade da maioria dos habitantes estelares da nebulosa. Com base em simulações de computador, os astrónomos preveem que estas guerras gravitacionais ocorram em enxames jovens, onde as estrelas recém-nascidas se aglomeram. "Mas não temos observado muitos exemplos, especialmente em enxames muito jovens," comenta Luhman. "A Nebulosa de Orionte pode estar rodeada por outras estrelas ejetadas no passado e que agora fogem para o espaço."

Os resultados da equipa foram publicados na edição de 20 de março da revista The Astrophysical Journal Letters.

Luhman tropeçou na terceira estrela veloz, chamada "fonte x," enquanto caçava planetas flutuantes na Nebulosa de Orionte como membro de uma equipa internacional liderada por Massimo Robberto do STScI (Space Telescope Science Institute) em Baltimore, no estado norte-americano de Maryland. A equipa usou a visão infravermelha do instrumento WFC3 (Wide Field Camera 3) do Hubble para realizar o levantamento. Durante a análise, Luhman comparava novas imagens infravermelhas obtidas em 2015 com observações de 1998 pelo NICMOS (Near Infrared Camera and Multi-Object Spectrometer). Ele notou que a fonte x havia mudado consideravelmente de posição, em relação às estrelas próximas, nos 17 anos entre as imagens do Hubble, indicando que a estrela se movia rapidamente, a mais de ‪200.000 km/h.

A imagem captada pelo Hubble mostra um grupo de jovens estrelas, a que damos o nome de Enxame do Trapézio (centro). A 1.ª inserção realça a localização das três estrelas. O local do nascimento do sistema múltplo está marcado como "initial position". Duas das estrelas - BN e "I", para fonte I - foram descobertas há décadas atrás. A fonte I está embebida em poeira espessa e não pode ser vista. Descobriu-se recentemente que a terceira estrela, "x", para fonte x, moveu-se bastante entre 1998 e 2015, tal como mostra a segunda inserção.
Crédito: NASA, ESA, K. Luhman (Universidade Estatal da Pensilvânia) e M. Robberto (STScI)
(clique na imagem para ver versão maior)
 

O astrónomos então olharam para as posições anteriores da estrela, projetando o seu caminho de volta no tempo. Ele percebeu que, na década de 1470, a fonte x estivera perto da mesma localização inicial na Nebulosa Kleinmann-Low que as outras duas estrelas fugitivas, Becklin-Neugebauer (BN) e "fonte I."

BN foi descoberta em 1967 com recurso a imagens infravermelhas, mas o seu rápido movimento só foi detetado em 1995, quando observações no rádio determinaram que a velocidade da estrela rondava os ‪96.000 km/h. A fonte I viaja a aproximadamente 35.400 km/h. A estrela só havia sido detetada no rádio; dado que está fortemente envolta em poeira, a sua luz visível e infravermelha é amplamente bloqueada.

As três estrelas provavelmente foram expulsas do seu lar natal quando se envolveram num "jogo de bilhar" gravitacional, comenta Luhman. O que muitas vezes acontece quando um sistema múltiplo desmorona é que duas das estrelas se aproximam o suficiente uma da outra, fundem-se ou formam um binário muito íntimo. Em ambos os casos, o evento liberta energia gravitacional suficiente para impulsionar para fora todas as estrelas do sistema. O episódio energético também produz um fluxo massivo de material, que pode ser visto em imagens do NICMOS como "dedos" de matéria que flui para longe da posição da embebida estrela apelidada de fonte I.

Os telescópios futuros, como o JWST (James Webb Space Telescope), vão ser capazes de observar uma grande faixa da Nebulosa de Orionte. Através da comparação de imagens da nebulosa, obtidas pelo JWST, com aquelas obtidas anos antes pelo Hubble, os astrónomos esperam identificar mais estrelas fugitivas que se separaram de outros sistemas múltiplos.

Links:

Notícias relacionadas:
NASA (comunicado de imprensa)
ESA (comunicado de imprensa)
Artigo científico (arXiv.org)
The Astrophysical Journal Letters
Hubblesite
Sky & Telescope
SPACE.com
Universe Today
PHYSORG

Nebulosa Kleinmann-Low:
Wikipedia

Nebulosa de Orionte:
Wikipedia

Telescópio Espacial Hubble:
Hubble, NASA 
ESA
STScI
SpaceTelescope.org
Base de dados do Arquivo Mikulski para Telescópios Espaciais

 
TAMBÉM EM DESTAQUE
  ALMA confirma capacidade para ver "buraco cósmico" (via Observatório ALMA)
Investigadores usaram o ALMA para fotografar um "buraco", no rádio, em redor de um enxame de galáxias a 4,8 mil milhões de anos-luz de distância. Esta é a imagem de mais alta resolução já obtida de um buraco deste género provocado pelo efeito Sunyaev-Zel'dovich. Ler fonte
 
ÁLBUM DE FOTOGRAFIAS - A Nebulosa do Cone Pelo Hubble
(clique na imagem para ver versão maior)
Crédito: Arquivo do HubbleNASAESA - Processamento: Judy Schmidt
 
Estão a formar-se estrelas no gigantesco pilar de poeira chamado Nebulosa do Cone. Cones, pilares e outras majestosas formas flutuantes abundam em berçários estelares onde as nuvens natais de gás e poeira são golpeadas por ventos energéticos oriundos de estrelas recém-nascidas. A Nebulosa do Cone, um exemplo bem conhecido, encontra-se dentro da brilhante região de formação estelar NGC 2264. O Cone foi captado em detalhes sem precedentes nesta ampliação composta por diversas observações do Telescópio Espacial Hubble. Enquanto a Nebulosa do Cone, a cerca de 2500 anos-luz de distância na direção da constelação de Unicórnio, mede cerca de 7 anos-luz de comprimento, a região vista aqui em redor da cabeça embotada do cone mede apenas 2,5 anos-luz. No nosso bairro da Galáxia, essa distância é pouco mais de metade do caminho até ao nosso vizinho estelar mais próximo, no sistema Alfa Centauri. A massiva estrela NGC 2264 IRS, vista pela câmara infravermelha do Hubble em 1997, é provavelmente a fonte do vento que esculpe a Nebulosa do Cone e está para lá do topo da imagem. O véu avermelhado da Nebulosa do Cone é produzido por hidrogénio gasoso brilhante.
 

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