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  Arquivo | CCVAlg - Astronomia
Com o apoio do Centro Ciência de Tavira
   
 
  Astroboletim #2008  
  06/06 a 08/06/2023  
     
 

APRESENTAÇÃO ÀS ESTRELAS
Asteroides!

Data: 7 de junho de 2023
Hora: 21:30-23:00
Nesta atividade falaremos um pouco sobre asteroides: de onde vêm, como são, e como os vemos! Observaremos ainda o céu a olho nu e com telescópio!
A observação astronómica com telescópio depende de condições meteorológicas favoráveis!
Adulto:
 4€
Jovem: 2€
Menores de 12 anos: gratuito.
Inscrição obrigatória
(info@ccvalg.pt)

Pré-inscrições válidas até às 17:00 do dia anterior à realização da atividade. Após a hora referida o lugar pode não ser garantido.
Telefone: 289 890 920
E-mail: info@ccvalg.pt

 
     
 
EFEMÉRIDES

DIA 06/06: 157.º DIA DO CALENDÁRIO GREGORIANO
NESTE DIA ACONTECEU...

Em 1580, nascia Godefroy Wendelin, astrónomo da Flandres (norte da Bélgica), que mediu a distância entre a Terra e o Sol usando o método de Aristarco de Samos (que resultou em 60% do valor verdadeiro) e que reconheceu que a terceira lei de Kepler também se aplicava aos satélites de Júpiter.
Em 1966, aterragem da Gemini 9
Em 1971 era lançada a Soyuz 11, a primeira e única missão tripulada que acoplou com a primeira estação espacial, a Salyut 1.

A missão acabou em desastre a 30 de junho, quando a cápsula ficou despressurizada durante a reentrada, matando os cosmonautas a bordo.
Em 1983, lançamento da Venera 16, com destino Vénus.
HOJE, NO COSMOS:
À medida que contamos os dias até ao início do verão (o solstício ocorre no dia 21), o Triângulo de Verão encontra-se alto a este após o cair da noite. A sua estrela do topo é Vega. Deneb é a estrela mais brilhante para baixo e para a esquerda de Vega, a 2 ou 3 punhos à distância do braço esticado. Procure Altair a uma distância maior, mas para baixo e para a direita de Vega. Altair tem um brilho médio entre o de Vega e o de Deneb.
Se o seu céu for escuro o suficiente, a Via Láctea passa pela parte inferior do Triângulo.

 

DIA 07/06: 158.º DIA DO CALENDÁRIO GREGORIANO
NESTE DIA ACONTECEU...
Em 1992, era lançado o EUVE (Extreme Ultraviolet Explorer).

HOJE, NO COSMOS:
Denébola, a estrela de segunda magnitude que corresponde à cauda de Leão, alta a sul-sudoeste após o lusco-fusco, forma um triângulo quase perfeitamente equilátero com a mais brilhante Espiga, para a sua esquerda, e com Arcturo, ainda mais brilhante, para cima. Todos os lados do triângulo têm perto de 35º de lado (35,3º, 35,1º e 32,8º).

 

DIA 08/06: 159.º DIA DO CALENDÁRIO GREGORIANO
NESTE DIA ACONTECEU...

Em 1625 nascia Giovanni Cassini

Cassini foi um italiano que esteve à frente do Observatório de Paris durante muitos anos, o primeiro a observar as mudanças de estação em Marte e a medir a paralaxe (ou distância) do planeta, estabelecendo pela primeira vez a escala do Sistema Solar. Foi o primeiro a descrever as bandas e manchas de Júpiter e estudou as órbitas dos satélites jovianos. Descobriu quatro luas de Saturno, mas é mais conhecido por ter sido o primeiro a observar a divisão (agora com o seu nome) entre os anéis A e B de Saturno.
Em 1975, era lançada a Venera 9 (USSR). Alcançou Vénus a 22 de outubro de 1975. Foi a primeira sonda a transmitir imagens da superfície do planeta.
Em 2004 teve lugar o último trânsito de Vénus pelo Sol visível de Portugal, um evento que já não acontecia há mais de 120 anos.
HOJE, NO COSMOS:
Vega é a estrela mais brilhante alta a este depois do anoitecer. Logo para baixo e para a sua esquerda está Epsilon Lyrae, a Dupla-Dupla. Epsilon forma um canto de um triângulo quase equilátero com Vega e Zeta Lyrae. O triângulo tem menos de 2º de lado, praticamente o tamanho do polegar à distância do braço esticado.
Uns binóculos resolvem Epsilon facilmente. E um telescópio de quatro polegadas com 100x de ampliação ou mais deverá resolver cada uma das componentes de Epsilon.
Zeta Lyrae é também uma estrela dupla binocular; muito mais difícil, mas facilmente observável em qualquer telescópio.
Delta Lyrae, por baixo de Zeta, é um par muito mais largo e fácil, laranja e azul.

 
     
 
CURIOSIDADES

A NASA está a convidar o público em geral a acrescentar os seus nomes a um poema dedicado à missão Europa Clipper, antes da sonda começar a sua viagem até ao sistema joviano em outubro de 2024. O poema e os nomes são como uma espécie de "mensagem numa garrafa", viajando milhares de milhões de quilómetros à medida que a missão investiga se o oceano que se pensa existir debaixo da crosta gelada da lua Europa pode albergar vida.
Os nomes recebidos até 31 de dezembro de 2023 serão registados num microchip.
Para assinar o seu nome, ler e ouvir a autora recitar o poema, consulte esta página.

 
 
   
Um-terço dos planetas mais comuns da nossa Galáxia poderão estar na zona habitável
 
Muitos exoplanetas que orbitam estrelas pequenas e comuns como esta podem albergar água líquida e, potencialmente, vida.
Crédito: NASA/JPL-Caltech
 

Numa nova análise baseada nos dados telescópicos mais recentes, astrónomas da Universidade da Flórida descobriram que um-terço dos planetas em torno das estrelas mais comuns da Galáxia podem estar numa órbita suficientemente próxima para reter água líquida - e possivelmente albergar vida.

Os restantes dois-terços que orbitam estas pequenas estrelas omnipresentes são provavelmente "cozidos" por marés gravitacionais, esterilizando-os.

A professora de astronomia Sarah Ballard e a estudante de doutoramento Sheila Sagear publicaram as suas descobertas na revista Proceedings of the National Academy of Sciences. Ballard e Sagear estudam os exoplanetas há muito tempo, mundos que orbitam outras estrelas para além do Sol.

"Penso que este resultado é muito importante para a próxima década de investigação exoplanetária, porque os olhos estão a voltar-se para esta população de estrelas", disse Sagear. "Estas estrelas são excelentes alvos para procurar pequenos planetas numa órbita onde é concebível que a água possa estar no estado líquido e, portanto, onde possam ser habitáveis."

O nosso Sol, quente, amarelo e familiar é uma relativa raridade na Via Láctea. De longe, as estrelas mais comuns são consideravelmente mais pequenas e mais frias, com apenas metade da massa do nosso Sol no máximo. Milhares de milhões de planetas orbitam estas estrelas anãs comuns na nossa Galáxia.

Os cientistas pensam que a água líquida é necessária para que a vida evolua noutros planetas, tal como aconteceu na Terra. Uma vez que estas estrelas anãs são mais frias, os planetas teriam de estar muito mais perto da sua estrela para obterem calor suficiente para albergar água líquida. No entanto, estas órbitas próximas deixam os planetas suscetíveis a forças de maré extremas causadas pelo efeito gravitacional da estrela sobre eles.

Sagear e Ballard mediram a excentricidade - quão oval a órbita é - de uma amostra de mais de 150 planetas em torno destas estrelas anãs, que têm aproximadamente o tamanho de Júpiter. Se um planeta orbitar suficientemente perto da sua estrela, mais ou menos à distância que Mercúrio orbita o Sol, uma órbita excêntrica pode sujeitá-lo a um processo conhecido como aquecimento de maré. À medida que o planeta é esticado e deformado pelas forças gravitacionais variáveis na sua órbita irregular, a fricção aquece-o. No extremo, isto pode "cozer" o planeta, eliminando qualquer hipótese de água líquida.

"Só nestas estrelas pequenas é que a zona de habitabilidade está suficientemente próxima para que estas forças de maré sejam relevantes", disse Ballard.

Os dados provêm do telescópio Kepler da NASA, que captou informações sobre exoplanetas à medida que estes se deslocavam em frente das suas estrelas hospedeiras. Para medir as órbitas dos planetas, Ballard e Sagear concentraram-se sobretudo no tempo que os planetas demoravam a fazê-lo. O seu estudo também se baseou em novos dados do telescópio Gaia, que mediu a distância de milhares de milhões de estrelas na Galáxia.

"A distância é realmente a peça chave de informação que nos faltava e que nos permite fazer esta análise agora", disse Sagear.

Sagear e Ballard descobriram que as estrelas com múltiplos planetas eram as mais suscetíveis de ter o tipo de órbitas circulares que lhes permite reter água líquida. As estrelas com apenas um planeta são as que têm maior probabilidade de registar marés extremas que esterilizariam a superfície.

Uma vez que um-terço dos planetas desta pequena amostra tinham órbitas suficientemente gentis para potencialmente albergar água líquida, isso significa provavelmente que a Via Láctea tem centenas de milhões de alvos promissores para sondar sinais de vida para lá do nosso Sistema Solar.

// Universidade da Flórida (comunicado de imprensa)
// Artigo científico (Proceedings of the National Academy of Sciences)
// Artigo científico (arXiv.org)

 


Quer saber mais?

Exoplanetas:
Wikipedia
Lista de planetas (Wikipedia)
Lista de exoplanetas potencialmente habitáveis (Wikipedia)
Lista de extremos (Wikipedia)
Lista de exoplanetas candidatos a albergar água líquida (Wikipedia)
Open Exoplanet Catalogue
NASA
Exoplanet.eu

Aquecimento de maré:
Wikipedia

Excentricidade orbital:
Wikipedia

Telescópio Espacial Kepler:
NASA
NASA - 2
Wikipedia

Gaia:
ESA
ESA - 2
Gaia/ESA
Programa Alertas de Ciência Fotométrica do Gaia
Catálogo DR3 do Gaia
Wikipedia

 
   
Descobertos filamentos horizontais e radiais no centro da Via Láctea

Uma equipa internacional de astrofísicos descobriu algo totalmente novo, escondido no centro da nossa Galáxia, a Via Láctea.

No início da década de 1980, Farhad Yusef-Zadeh, da Universidade Northwestern, descobriu filamentos gigantescos e unidimensionais que pendiam verticalmente perto de Sagitário A*, o buraco negro supermassivo central da nossa Galáxia. Agora, Yusef-Zadeh e os seus colaboradores descobriram uma nova população de filamentos - mas estes são muito mais curtos e encontram-se na horizontal ou na radial, espalhando-se como os raios de uma roda a partir do buraco negro.

 
Imagem MeerKAT do Centro Galáctico com a identificação e posição dos filamentos curtos e radiais. A cor dos filamentos indica o ângulo.
Crédito: Farhad Yusef-Zadeh/Universidade Northwestern
 

Embora as duas populações de filamentos partilhem várias semelhanças, Yusef-Zadeh assume que têm origens diferentes. Embora os filamentos verticais varram a Galáxia, elevando-se até 150 anos-luz de altura, os filamentos horizontais parecem-se mais com os pontos e traços do código Morse, pontuando apenas um dos lados de Sagitário A*.

O estudo foi publicado no dia 2 de junho na revista The Astrophysical Journal Letters.

"Foi uma surpresa encontrar subitamente uma nova população de estruturas que parecem estar a apontar na direção do buraco negro", disse Yusef-Zadeh. "Fiquei realmente impressionado quando as vi. Tivemos de trabalhar muito para verificar que não estávamos a enganar-nos a nós próprios. E descobrimos que estes filamentos não são aleatórios, mas parecem estar ligados ao fluxo do nosso buraco negro. Ao estudá-los, pudemos aprender mais sobre a rotação do buraco negro e sobre a orientação do disco de acreção. É gratificante quando se encontra ordem no meio de um campo caótico do núcleo da nossa Galáxia".

Especialista em radioastronomia, Yusef-Zadeh é professor de física e astronomia na Faculdade Weinberg de Artes e Ciências de Northwestern e membro do CIERA (Center for Interdisciplinary Exploration and Research in Astrophysics).

Décadas em desenvolvimento

A nova descoberta pode ser uma surpresa, mas Yusef-Zadeh não é alheio à descoberta de mistérios no centro da nossa Galáxia, localizado a 25.000 anos-luz da Terra. O último estudo baseia-se em quatro décadas de investigação. Depois de ter descoberto os filamentos verticais em 1984 com Mark Morris e Don Chance, Yusef-Zadeh, juntamente com Ian Heywood e os seus colaboradores, descobriram mais tarde duas bolhas gigantescas emissoras de rádio perto de Sagitário A*. Depois, numa série de publicações em 2022, Yusef-Zadeh (em colaboração com Heywood, Richard Arent e Mark Wardle) revelou cerca de 1000 filamentos verticais, que apareciam aos pares e em grupos, muitas vezes empilhados a separações idênticas ou lado a lado, como cordas numa harpa.

Yusef-Zadeh atribui a vaga de novas descobertas às melhorias tecnológicas na radioastronomia, em particular ao telescópio MeerKAT do SARAO (South African Radio Astronomy Observatory). Para identificar os filamentos, a equipa de Yusef-Zadeh utilizou uma técnica para remover o fundo e suavizar o ruído das imagens do MeerKAT, de modo a isolar os filamentos das estruturas circundantes.

"As novas observações do MeerKAT mudaram o jogo", disse. "O avanço da tecnologia e o tempo de observação dedicado deram-nos novas informações. É realmente um feito técnico dos radioastrónomos".

 
Imagem MeerKAT do Centro Galáctico com a identificação e posição de todos os filamentos. A cor dos filamentos indica o ângulo.
Crédito: Farhad Yusef-Zadeh/Universidade Northwestern
 

Horizontal vs. vertical

Depois de estudar os filamentos verticais durante décadas, Yusef-Zadeh ficou chocado ao descobrir os seus homólogos horizontais, que estima terem cerca de 6 milhões de anos. "Sempre pensámos nos filamentos verticais e na sua origem", disse. "Estou habituado a que sejam verticais. Nunca pensei que pudessem existir outros ao longo do plano".

Embora ambas as populações compreendam filamentos unidimensionais que podem ser vistos no rádio e pareçam estar ligados a atividades no Centro Galáctico, as semelhanças acabam aí.

Os filamentos verticais são perpendiculares ao Plano Galáctico; os filamentos horizontais são paralelos ao plano, mas apontam radialmente para o centro da Galáxia, onde o buraco negro se encontra. Os filamentos verticais são magnéticos e relativistas; os filamentos horizontais parecem emitir radiação térmica. Os filamentos verticais englobam partículas que se movem a velocidades próximas da velocidade da luz; os filamentos horizontais parecem acelerar material térmico numa nuvem molecular. Existem várias centenas de filamentos verticais e apenas algumas centenas de filamentos horizontais. E os filamentos verticais, que medem até 150 anos-luz de altura, ultrapassam de longe o tamanho dos filamentos horizontais, que medem apenas 5 a 10 anos-luz. Os filamentos verticais também adornam o espaço em torno do núcleo da Galáxia; os filamentos horizontais parecem espalhar-se apenas para um lado, apontando para o buraco negro.

"Uma das implicações mais importantes do fluxo radial que detetámos é a orientação do disco de acreção e do fluxo do jato de Sagitário A* ao longo do Plano Galáctico", disse Yusef-Zadeh

"O nosso trabalho nunca está completo"

A nova descoberta está cheia de incógnitas e o trabalho de Yusef-Zadeh para desvendar os seus mistérios ainda agora começou. Para já, só pode considerar uma explicação plausível sobre os mecanismos e as origens da nova população.

"Pensamos que devem ter tido origem em algum tipo de fluxo de uma atividade que ocorreu há alguns milhões de anos", disse Yusef-Zadeh. "Parece ser o resultado de uma interação desse material do fluxo com objetos próximos. O nosso trabalho nunca está completo. Precisamos sempre de fazer novas observações, de desafiar continuamente as nossas ideias e de reforçar a nossa análise".

// Universidade Northwestern (comunicado de imprensa)
// Artigo científico (The Astrophysical Journal Letters)
// Artigo científico (arXiv.org)

 


Quer saber mais?

CCVAlg - Astronomia:
01/02/2022 - Revelados quase 1000 misteriosos filamentos no centro da Via Láctea
01/06/2021 - Filamentos magnetizados tecem uma espetacular tapeçaria galáctica

Notícias relacionadas:
SPACE.com
ScienceAlert
PHYSORG
New Scientist
CNN
Gizmodo

Via Láctea:
CCVAlg - Astronomia
Wikipedia
SEDS
Centro Galáctico (Wikipedia)

Sagitário A*:
Wikipedia

MeerKAT:
SARAO
Wikipedia

 
   
A sonda Mars Express está a celebrar 20 anos
 
Impressão de artista da sonda Mars Express. A nave espacial deixou a Terra no dia 2 de junho de 2003. Alcançou o seu destino após uma viagem de seis meses e tem vindo a investigar o planeta desde o início de 2004.
Crédito: ESA - D. Ducros
 

A sonda Mars "Express" recebeu este nome por ter sido construída e lançada em tempo recorde e a um custo muito inferior ao de missões anteriores semelhantes, mas nada mais passou rapidamente. Em todos os aspetos, a Mars Express sobreviveu, superou e, de facto, ultrapassou todas as expectativas.

Em anos humanos, a Mars Express seria agora muito velha, tendo sobrevivido cinco vezes mais tempo do que aquele para que foi projetada. Embora possa estar a sentir a sua idade avançada, continua a revelar o Planeta Vermelho, com implicações para a nossa compreensão do nosso próprio lar.

Mars Express: momentos marcantes

Lançada no dia 2 de junho de 2003, a partir do Cosmódromo de Baikonur, no Cazaquistão, a Mars Express iniciou a primeira viagem da Europa para explorar o nosso vizinho carmesim e, na realidade, de qualquer outro planeta. Transportando um conjunto de instrumentos científicos, a nave espacial tinha como objetivo estudar a geologia, o clima e a atmosfera de Marte, fornecendo informações valiosas sobre a sua história e o seu potencial para albergar vida

Um dos feitos mais significativos da missão foi a chegada bem-sucedida a Marte, no dia 25 de dezembro de 2003, quando a nave espacial entrou habilmente em órbita do planeta - uma proeza nada fácil. Capturada pela gravidade de Marte, abriu-se uma janela que nos permitiu captar imagens de cortar a respiração da superfície marciana e da alteração dos padrões climáticos, revelando paisagens diversas, desde vulcões imponentes a vales profundos e antigos leitos de rios.

As imagens de alta resolução do instrumento HRSC (High Resolution Stereo Camera) do DLR (Deutsches Zentrum für Luft- und Raumfahrt e.V., o Centro Aeroespacial Alemão) continuam a fornecer aos cientistas dados inestimáveis, permitindo-lhes reconstruir a história geológica do planeta e lançar luz sobre o seu potencial para a vida, passada ou presente.

 
O instrumento HRSC da Mars Express da ESA obteve esta vista em perspetiva no dia 2 de fevereiro de 2005, durante a sua 1343.ª órbita , com uma resolução no solo de aproximadamente 15 metros por pixel. Mostra uma cratera de impacto sem nome localizada em Vastitas Borealis, e no seu centro, água gelada.
Crédito: ESA/DLR/FU Berlim (G. Neukum)
 

Mas não foram apenas as imagens que moldaram a nossa compreensão de Marte. O instrumento de radar da Mars Express, MARSIS (Mars Advanced Radar for Subsurface and Ionosphere Sounding), tem sido fundamental na deteção de água gelada à superfície do planeta e escondida, e o instrumento OMEGA (Observatoire pour la Minéralogie, l'Eau, les Glaces et l'Activité), numa das primeiras descobertas da sonda, encontrou água gelada exposta nas calotes polares.

Ainda mais excitante foi a descoberta, pelo MARSIS, de sinais de água líquida escondida sob camadas de gelo em regiões árticas e "reminiscentes do Lago Vostok, descoberto cerca de 4 km abaixo do gelo na Antártida, na Terra".

Estas descobertas têm grandes implicações. Uma vez que a água é um ingrediente vital para a existência de vida tal como a conhecemos, a Mars Express despertou um maior interesse em futuras missões ao Planeta Vermelho, centradas na exploração da possibilidade de vida microbiana passada ou presente.

A missão com muito mais do que nove vidas

A longevidade da Mars Express não é um acaso. A sua longa vida e os anos de ciência "extra" devem-se ao design robusto da nave espacial e ao engenho e dedicação da equipa de operações da missão no controlo de missão da ESA em Darmstadt, Alemanha, da equipa de operações científicas no ESAC (European Space Astronomy Centre) em Madrid, Espanha, e dos cientistas e parceiros industriais espalhados por toda a Europa que ajudaram a manter a missão a voar muito para além do seu tempo de vida nominal planeado de um ano marciano (687 dias terrestres).

Juntos, os engenheiros e cientistas da Mars Express ultrapassaram um número impressionante de problemas a centenas de milhões de quilómetros de distância.

Pouco depois do lançamento, um problema com a cablagem do sistema de energia solar da Mars Express levou a que apenas 60% da energia esperada estivesse disponível. Este contratempo obrigou a equipa de controlo a desenvolver um conceito de missão totalmente novo nos seis meses que demorou a chegar a Marte, ajustando as definições de potência e conseguindo aumentá-la para cerca de 70%.

 
Os "números" da Mars Express.
Crédito: ESA
 

A caminho de Marte, a nave espacial também recuperou de vários modos de segurança e, durante o desdobramento da antena do radar MARSIS, a primeira parte ficou presa. A equipa teve de encontrar uma solução para a aquecer e conseguir libertá-la com sucesso - um problema idêntico aconteceu recentemente com a sonda JUICE (JUpiter Icy moon Explorer), a caminho do sistema de Júpiter, que felizmente também teve resolução feliz.

Em 2011, a Mars Express deparou-se com um grande problema de memória que resultou na perda das suas capacidades de armazenamento a longo prazo. Em resposta, as equipas desenvolveram um novo conceito operacional utilizando o armazenamento da memória de curto prazo da nave espacial, o que exigia encontrar uma forma de encaixar 3000 "telecomandos" numa fila que só podia conter 117 - o que conseguiram fazer.

Tendo em conta que as baterias da nave espacial também envelheceram com o tempo, a equipa de controlo da missão implementou medidas de poupança de energia cada vez mais elaboradas para maximizar a sua longevidade - ao otimizar o consumo e a utilização de energia, fizeram da Mars Express uma das naves mais eficientes a deixar a Terra.

Em 2014, a Mars Express teve de navegar num encontro muito próximo com o cometa Siding Spring. Apesar de o cometa não ter atingido Marte nem o orbitador de fabrico europeu, as partículas na sua cauda viajariam a uns impressionantes 56 km/segundo! Os engenheiros protegeram a missão desta poeira, ajustando a sua órbita e utilizando o próprio planeta Marte como escudo, ao mesmo tempo que conseguiram recolher observações científicas do momento único em que um cometa passou por um planeta rochoso.

 
Imagem obtida pelo Telescópio Espacial Hubble do Cometa Siding Spring, que preocupou a sonda Mars Express e os controladores da missão.
Crédito: NASA, ESA e J.-Y. Li (PSI)
 

E, em 2018, a Mars Express liderou o caminho ao ser a primeira nave espacial da ESA a ficar "sem giroscópio". Muitas vezes, a parte que mais limita a vida útil de uma velha nave espacial são os giroscópios - unidades que giram rapidamente e que indicam à nave espacial para que lado está virada no espaço. Há cinco anos, a equipa de controlo de voo da missão reprogramou a nave espacial de modo a que os giroscópios pudessem ser desligados durante longos períodos de tempo, confiando apenas nas câmaras das estrelas para calcular a sua orientação e prolongando provavelmente a vida útil da missão em 10 anos.

Apesar de tudo isto (e muito mais), a Mars Express viveu 18 anos a mais do que o planeado. Até, numa ação inédita para uma nave espacial já em órbita, desenvolveu um novo instrumento - a "Mars Webcam"! O seu rádio de retransmissão MELACOM (Mars Express Lander Communications) foi reutilizado para estudar a atmosfera marciana juntamente com a sonda ExoMars TGO (Trace Gas Orbiter) da ESA e, mais importante, tem sido uma grande ajuda para toda a comunidade de missões científicas em Marte, desempenhando um papel vital no apoio às aterragens da missão Phoenix da NASA em 2008 e da missão MSL (Mars Science Laboratory), que transportou o rover Curiosity em 2012.

Mais Mars Express

A vida da Mars Express foi prolongada várias vezes e não é de admirar. A missão vai continuar a explorar o Planeta Vermelho até, pelo menos, 2026, como foi anunciado este ano na última extensão da missão.

O sucesso duradouro da Mars Express também proporciona lições valiosas para as próximas missões, incluindo o rover ExoMars e as missões de entrega de amostras, bem como mais oportunidades para apoiar os parceiros através da retransmissão de dados e do apoio à comunicação, incluindo a campanha MSR (Mars Sample Return) da NASA.

Em órbita a milhões de quilómetros da Terra, a Mars Express continua a revelar os segredos de Marte - um planeta que pode ter albergado vida e que no futuro poderá tornar-se num novo lar para a humanidade. Esta exploração é um alicerce para a nossa exploração contínua do Sistema Solar, mas é também uma oportunidade preciosa para olharmos para o nosso próprio planeta, para compreender o seu potencial futuro e para garantir que continua a ser o rodopiante ponto azul e verde que é hoje.

// ESA (comunicado de imprensa)

 


Quer saber mais?

Mars Express:
ESA 
Wikipedia

Marte:
CCVAlg - Astronomia
Wikipedia

Cometa Siding Spring (C/2013 A1):
NASA
Wikipedia 

 
   
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  Webb deteta as moléculas orgânicas complexas mais distantes do Universo (via Universidade do Illinois, Urbana-Champaign)
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Álbum de fotografias
Caronte: Lua de Plutão

(clique na imagem para ver versão maior)
Crédito: NASAJHUAPLSwRIObservatório Naval dos EUA
 
Uma região polar norte escura e misteriosa, conhecida por alguns como Mordor Macula, "coroa" esta imagem de alta resolução. O retrato de Caronte, a maior lua de Plutão, foi captado pela New Horizons perto da maior aproximação da nave espacial, a 14 de julho de 2015. Os dados combinados a azul, vermelho e no infravermelho foram processados para realçar as cores e seguir as variações nas propriedades da superfície de Caronte com uma resolução de cerca de 2,9 quilómetros. Uma imagem deslumbrante do hemisfério de Caronte virado para Plutão, também apresenta uma visão clara de uma cintura de fraturas e desfiladeiros que parece separar as planícies suaves do sul do terreno variado do norte. Caronte tem 1214 quilómetros de diâmetro. Corresponde a cerca de um-décimo do tamanho do planeta Terra, mas tem metade do diâmetro do próprio Plutão, o que faz dele o maior satélite do Sistema Solar quando estabelecida uma comparação com o seu corpo-mãe. Ainda assim, a lua aparece como uma pequena protuberância, na posição da 1 hora, no disco de Plutão, na imagem granulada, negativa e telescópica inserida no canto superior esquerdo. Essa imagem foi usada por James Christy e Robert Harrington, no Observatório Naval dos EUA, em Flagstaff, para descobrir Caronte em junho de 1978.
 
   
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