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Núcleo de Astronomia do Centro Ciência Viva do Algarve
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ASTROBOLETIM N.º 654
De 11/06 a 14/06/2010
 
 
 

Dia 11/06: 162.º dia do calendário gregoriano.
História: Em 1723 nascia Johann Georg Palitzsch astrónomo alemão que observaria em 1758 o regresso do cometa Halley, tal como previsto por Edmond Halley em 1705.

Em 2004, a sonda Cassini-Huygens faz a sua maior aproximação a Febe.
Observações: À medida que anoitece, o planeta Vénus forma uma linha recta com Pollux e Castor à sua direita.

Dia 12/06: 163.º dia do calendário gregoriano.
História: Em 1967 era lançada Venera 4 que seria a primeira sonda a trazer amostras da atmosfera de outro planeta (Vénus) para a Terra.

Em 2004, um meteorito condrito de 1,3 kg atinge uma casa em Ellserslie, Nova Zelândia, provocando grandes danos mas nenhuns ferimentos.
Observações: Aproveite a noite para observar a constelação de Escorpião. Consegue ver os seus dois famosos enxames abertos por cima da cauda (M6 e M7)?

Dia 13/06: 164.º dia do calendário gregoriano.
História: Em 1983 a sonda Pioneer 10 torna-se o primeiro artefacto humano a abandonar o sistema planetário solar.

Observações: Aproveite a noite para observar o Grande Enxame de Hércules (M13) num pequeno telescópio.

Dia 14/06: 165.º dia do calendário gregoriano.
História: Em 1967 era lançada a Mariner 5 (EUA): missão de voo rasante por Vénus (3,900 km a 19 de Outubro de 1967).

Observações: À medida que anoitece, observe Capela a Noroeste. Veja como pisca a uma altitude tão baixa! Os binóculos poderão ajudar a distinguir as cores vívidas.

 
 
 
Foi do sótão da sua casa que Marconi enviou o primeiro sinal de rádio: a letra S, em código Morse.
 
 
 
  EXOPLANETA APANHADO EM MOVIMENTO  
 

Os astrónomos conseguiram, pela primeira vez, seguir o movimento de um exoplaneta, à medida que este move-se de um lado da sua estrela hospedeira para o outro. O exoplaneta tem a mais pequena órbita alguma vez detectada em exoplanetas observados directamente em imagens, situando-se quase tão perto da sua estrela como Saturno está do Sol. Os cientistas pensam que este objecto pode-se ter formado de modo semelhante aos planetas gigantes do Sistema Solar. Uma vez que a estrela é bastante jovem, esta descoberta mostra que planetas gigantes gasosos podem formar-se no interior de discos em apenas alguns milhões de anos, uma escala de tempo curta em termos cósmicos.

Os astrónomos conseguiram pela primeira vez seguir directamente o movimento de um planeta extrasolar à medida que se movia de um lado para o outro da sua estrela-mãe.
Crédito: ESO/A.-M. Lagrange
(clique na imagem para ver versão maior)
 

Com apenas 12 milhões de anos, ou seja menos que três milésimas da idade do Sol, Beta Pictoris tem 75% mais massa que a nossa estrela. Situada a cerca de 60 anos-luz de distância, na direcção da constelação de Pintor, este objecto é um dos exemplos mais conhecidos de uma estrela rodeada por um disco de poeiras e restos de matéria. Observações anteriores mostraram uma deformação do disco, um disco secundário inclinado e cometas em rota de colisão com a estrela. "Estes eram sinais indirectos, mas indicativos da presença de uma planeta de grande massa e as nossas novas observações demonstram este facto de forma definitiva," diz a líder da equipa Anne-Marie Lagrange. "Uma vez que a estrela é muito jovem, os nossos resultados mostram que planetas gigantes podem formar-se nestes discos em escalas de tempo tão pequenas como alguns milhares de anos."

Observações recentes mostraram que os discos em torno de estrelas jovens se dispersam ao fim de alguns milhões de anos, e que a formação de planetas gigantes deve por isso ocorrer mais depressa do que o que se julgava anteriormente. Beta Pictoris é a prova clara de que isso é efectivamente possível.

A equipa utilizou o instrumento NAOS-CONICA (ou NACO), montado num dos telescópios de 8,2 metros que compõem o Very Large Telescope do ESO (VLT), para estudar a região na imediata vizinhança de Beta Pictoris em 2003, 2008 e 2009. Em 2003 foi observada uma fonte fraca no interior do disco, mas não foi possível excluir a possibilidade de que se poderia tratar de uma estrela de fundo. Em novas imagens tiradas em 2008 e na Primavera de 2009, esta fonte tinha desaparecido! As mais recentes observações, obtidas no Outono de 2009, revelaram o objecto do outro lado do disco, depois de um período em que este se deve ter escondido ou atrás ou à frente da estrela (neste último caso o objecto encontra-se escondido no meio do brilho da estrela). Estas observações confirmaram que esta fonte é efectivamente um exoplaneta em órbita da sua estrela hospedeira. As observações forneceram igualmente informação sobre o tamanho e o tipo de órbita descrita em torno da estrela.

Impressão de artista que mostra o planeta dentro do disco de Beta Pictoris.
Crédito: ESO/L. Calçada
(clique na imagem para ver versão maior)
 

Dispomos de imagens de, aproximadamente, dez exoplanetas, sendo que o que se encontra em torno de Beta Pictoris (designado por "Beta Pictoris b") apresenta a menor órbita conhecida até agora. Encontra-se situado a uma distância da estrela de cerca de 8 a 15 Unidades Astronómicas (UA) - uma UA é a distância que separa a Terra do Sol - o que corresponde mais ou menos à distância de Saturno ao Sol. "O curto período do planeta permitir-nos-á observar uma órbita completa em cerca de 15 - 20 anos, e estudos mais detalhados de Beta Pictoris b fornecer-nos-ão importantes informações sobre a física e química da atmosfera de um planeta gigante jovem," diz o estudante de investigação Mickael Bonnefoy.

O exoplaneta tem uma massa de cerca de nove vezes a massa de Júpiter, dispondo igualmente da massa e localização certas para explicar a deformação observada no interior do disco. Esta descoberta apresenta, por isso, alguma semelhança com a predição da existência de Neptuno pelos astrónomos Adams e Le Verrier no séc. XIX, baseada em observações da órbita de Urano.

"Em conjunto com os planetas descobertos em torno das estrelas jovens de grande massa Fomalhaut e HR8799, a existência de Beta Pictoris b sugere que os super-Jupiteres podem bem ser frequentes produtos derivados da formação planetária feita em torno de estrelas de grande massa," explica Gael Chauvin, membro da equipa.

Tais planetas perturbam os discos que se encontram em torno das estrelas, criando estruturas que deverão ser facilmente observadas com o Atacama Large Millimeter/submillimeter Array (ALMA), o telescópio revolucionário que se encontra em construção pelo ESO em conjunto com parceiros internacionais.

Obtiveram-se mais algumas imagens de outros candidatos a exoplanetas, mas todos eles se situam mais afastados da sua estrela hospedeira do que Beta Pictoris b. Se estivessem localizados no Sistema Solar, estariam todos próximo ou mesmo para além da órbita do planeta mais afastado do Sol, Neptuno. Os processos de formação destes planetas gigantes são provavelmente muito diferentes dos do nosso Sistema Solar e de Beta Pictoris.

"As imagens directas recentes de exoplanetas - muitas obtidas pelo VLT - ilustram bem a diversidade dos sistemas planetários," diz Lagrange. "Entre todos eles, o caso de Beta Pictoris b é o mais promissor no sentido de poder ser um planeta que se formou de modo muito semelhante aos planetas gigantes do nosso Sistema Solar."

Links:

Notícias relacionadas:
ESO (comunicado de imprensa)
Artigo científico (formato PDF)
SPACE.com
Astronomy Now
Science
Universe Today
Discovery News
PHYSORG.com
MSNBC
Wired
National Geographic

Beta Pictoris:
Wikipedia

Planetas extrasolares:
Wikipedia
Wikipedia (lista)
Wikipedia (lista de extremos)
Catálogo de planetas extrasolares vizinhos (PDF)
PlanetQuest
Enciclopédia dos Planetas Extrasolares
Exosolar.net

ESO:
Página oficial
Wikipedia

VLT:
Página oficial
Wikipedia

 
     
 
 
     
  Pôr-da-Lua em Cerro Paranal - Crédito: G. Gillet/ESO  
  Foto  
  (clique na imagem para ver versão maior)  
     
 

À medida que a Lua se põe, o Sol está prestes a nascer no horizonte oposto. O VLT já tinha fechado os olhos após uma longa noite de observações, e os astrónomos e operadores dos telescópios dormem enquanto os técnicos, engenheiros e astrónomos diurnos acordam para um novo dia de trabalho. As operações nunca param no observatório astronómico terrestre mais produtivo do mundo. O membro do ESO, Gordon Gillet, dá as boas-vindas ao novo dia ao capturar esta espectacular imagem a 14 km de distância, na estrada para o vizinho Cerro Armazones, o pico recentemente escolhido pelo Assembleia do ESO como o local preferido para o planeado E-ELT (European Extremely Large Telescope) de 42 metros. Ao contrário do que se poderia pensar, esta imagem não é uma montagem. A Lua parece grande porque é vista perto do horizonte e a nossa percepção é enganada pela proximidade com as referências no chão. De modo a obter esta imagem, foi necessária uma objectiva de 500 mm. A grande distância focal reduz o campo de visão, fazendo com que os objectos focados pareçam como se estivessem à mesma distância. Este efeito, combinado com a extraordinária qualidade da imagem, dá a impressão que a Lua se situa na plataforma do VLT, mesmo para trás dos telescópios, embora esteja na realidade 30.000 vezes mais distante.

 


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