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Núcleo de Astronomia do Centro Ciência Viva do Algarve
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ASTROBOLETIM N.º 730
De 04/03 a 07/03/2011
 
 
 

Dia 04/03: 63.º dia do calendário gregoriano.
História: Em 1675, John Flamsteed é nomeado o primeiro Astrónomo Real de Inglaterra.

Em 1979, a sonda Voyager 1 descobre os anéis de Júpiter
Em 1986, a sonda soviética Vega 1 começa a enviar imagens do Cometa Halley, e as primeiras imagens de sempre do seu núcleo. 
Em 1994, a missão STS-62 do vaivém espacial (Columbia 16) é lançada para órbita. 
Em 1999, voo rasante do asteróide 1998 VD35 pela Terra (0.169 UA).
Em 2006, última tentativa de contacto com a Pioneer 10, pela Deep Space Network. Nenhuma resposta foi recebida.
Observações: Lua Nova, pelas 20:46.

Dia 05/03: 64.º dia do calendário gregoriano.
História: Em 1512 nascia Gerardus Mercator, famoso cartógrafo.

Em 1958, é lançada a sonda Explorer 2, mas falha a alcançar órbita. 
Em 1979 era observada a primeira explosão de raios-gama, proveniente dos enigmáticos objectos de nome magnetares. No mesmo ano, a sonda Voyager fez a sua maior aproximação a Júpiter quando passou a 206.700 quilómetros do topo das nuvens do planeta. 
Em 1982, a sonda Venera 14 chega a Vénus
Em 1998, a NASA anuncia que a sonda Clementine, em órbita da Lua, descobriu água suficiente para suportar uma colónia humana. 
Observações: É durante o princípio de Março que Sirius brilha o mais alto a Sul após o anoitecer. É o ponto mais baixo do equilátero Triângulo de Inverno. Os outros vértices são Betelgeuse para cima e para a direita e Procyon para cima e para a esquerda.

Dia 06/03: 65.º dia do calendário gregoriano.
História: Em 1787 nascia Joseph Fraunhofer, espectroscopista pioneiro alemão, de quem as proeminentes linhas de absorção no espectro do Sol receberam o seu nome.

Em 1986, entre dia 6 e 14, primeiro voo rasante de um cometa, pela sonda Vega 1 e Giotto (580 km), no Cometa Halley.
Observações: Aproveite a noite para observar o planeta Saturno, em Virgem. Consegue observar telescopicamente alguns dos seus satélites?

Dia 07/03: 66.º dia do calendário gregoriano.
História:  Em 1837 nascia Henry Draper, o primeiro a fotografar o espectro estelar. Um importante catálogo de espectros estelares tem o seu nome.

Observações: Esta semana a estrela Arcturo nasce a Este-Nordeste por volta das 21:00. Preste atenção: Quão cedo pode observá-la a piscar? A "pega" da frigideira de Ursa Maior, agora alta a Nordeste, curva para o local de observação correcto.

 
 
 
Número de planetas extra-solares descobertos até agora: 531.
 
 
  INVESTIGADORES DESVENDAM O MISTÉRIO DO SOL SEM MANCHAS  
 

Em 2008-2009, as manchas solares desapareceram quase por completo durante dois anos. A actividade solar decresceu para mínimos de cem anos; a atmosfera superior da Terra arrefeceu e colapsou; o campo magnético do Sol enfraqueceu, permitindo com que os raios cósmicos penetrassem o Sistema Solar em números recorde. Foi um grande evento, e os físicos solares abertamente se perguntavam, para onde é que foram as manchas solares?

Agora já sabem. A resposta foi publicada na edição de 3 de Março da revista Nature.

"As correntes de plasma, bem dentro do Sol, interferiram com a formação de manchas solares e prolongaram o mínimo solar," afirma o autor principal Dibyendu Nandi, do Instituto Indiano para a Educação e Pesquisa Científica em Calcutá. "As nossas conclusões têm por base um novo modelo computacional do interior do Sol."

Nesta imagem, a Grande Correia Transportadora aparece como um conjunto de riscos que ligam a superfície estelar com o interior.
Crédito: Andrés Muñoz-Jaramillo, CfA de Harvard
(clique na imagem para ver versão maior)

 

Durante anos, os físicos solares reconheceram a importância da "Grande Correia Transportadora." Um vasto sistema de correntes de plasma denominadas 'fluxos meridionais' (parecidas às correntes oceânicas da Terra) que viajam pelo superfície do Sol, mergulham para o seu interior perto dos pólos, e sobem novamente perto do equador do Sol. Estas correntes desempenham um papel importante no ciclo solar com a duração de 11 anos. Quando as manchas solares começam a decaír, as correntes superficiais varrem os seus restos magnéticos e puxam-nas para dentro da estrela; a 300.000 km da superfície, o dínamo magnético do Sol amplifica os campos magnéticos decadentes. As manchas solares reanimadas tornam-se flutuantes e sobem até à superfície como uma rolha em água - voila! Nasceu um novo ciclo solar.

Pela primeira vez, a equipa de Nandi acredita que desenvolveram um modelo computacional que coincide com todos os três aspectos físicos destes processos -- o dínamo magnético, esta "correia transportadora" e a evolução flutuante dos campos magnéticos das manchas solares.

"De acordo com o nosso modelo, o problema com as manchas solares começou na realidade no final da década de 90, durante a ascensão do 23.º Ciclo Solar," afirma o co-autor Andrés Muñoz-Jaramillo do Centro Harvard-Smithsonian para a Astrofísica. "Nessa altura, a cintura de transporte aumentou de velocidade."

A cintura rapidamente arrastou os corpos das manchas solares na direcção do dínamo interior do Sol para amplificação. À primeira vista, isto podia parecer que ia aumentar a produção de manchas solares, mas não. Quando os cadáveres das manchas solares chegaram ao dínamo, "cavalgaram" a cintura através da zona de amplificação demasiado depressa para uma completa re-animação. A produção de manchas solares não cresceu.

Ciclos solares ao longo dos últimos 100 anos. A curva azul mostra a variação cíclica no número de manchas solares. As barras vermelhas mostram o número acumulado de dias sem manchas solares. O mínimo do 23.º ciclo solar foi o maior da era espacial, com o maior número de dias sem manchas solares.
Crédito: Dibyendu Nani et al.
(clique na imagem para ver versão maior)
 

Mais tarde, na década de 2000, e de acordo com o modelo, a cintura de transporte diminuiu novamente de velocidade, permitindo com que os campos magnéticos passassem mais tempo na zona de amplificação, mas aí o dano já estava feito. As novas manchas solares eram poucas. Adicionando insulto à injúria, o lento movimento da cintura pouco fez para ajudar à re-animação das manchas solares, na sua viagem de volta à superfície, atrasando o início do 24.º Ciclo Solar.

"O palco estava montado para o mínimo solar mais profundo dos últimos 100 anos," afirma o co-autor Petrus Martens do Departamento de Física da Universidade Estatal do Montana, EUA.

Os seus colegas e os adeptos da equipa dizem que o novo modelo é um avanço científico muito importante.

"Compreender e prever o mínimo solar é algo que nunca tínhamos sido capazes de fazer -- e afinal de contas é muito importante," afirma Lika Guhathakurta da Divisão de Heliofísica da NASA em Washington, EUA.

Enquanto o Máximo Solar é relativamente breve, durante apenas alguns anos e é pontuado por episódios de proeminências violentas, que duram poucos dias, o Mínimo Solar pode arrastar-se por muitos anos. O famoso Mínimo de Maunder do século XVII durou 70 anos e coincidiu com a parte mais profunda da Pequena Idade do Gelo da Europa. Os investigadores ainda hoje tentam perceber esta ligação.

Há dois anos atrás, o Sol não tinha nem uma mancha solar.
Crédito: SOHO/MDI
(clique na imagem para ver versão maior)
 

Uma coisa é clara: durante longos mínimos acontecem coisas estranhas. Em 2008-2009, o campo magnético global do Sol enfraqueceu e o vento solar diminuiu. Os raios cósmicos, normalmente impedidos de entrar em demasia pelo magnetismo do Sol, afluíram livremente até ao Sistema Solar interior. Durante o mais profundo mínimo solar dos últimos 100 anos, o espaço tornou-se um local muito perigoso para se estar. Na mesma altura, a acção aquecedora dos raios UV, normalmente providenciada pelas manchas solares, esteve ausente, por isso a atmosfera superior da Terra começou a arrefecer e a colapsar. O lixo espacial demorou mais tempo a decaír e começou a acumular-se na órbita da Terra. E aí por diante...

Nandi nota que o seu novo modelo computacional explica não só a ausência de manchas solares mas também o campo magnético enfraquecido em 08-09. "É a confirmação que estamos no bom caminho."

O próximo passo: a sonda SDO (Solar Dynamics Observatory) da NASA pode medir os movimentos da cintura transportadora do Sol - não só à superfície mas também no seu interior. A técnica é apelidada de heliosismologia; revela o interior do Sol do mesmo modo que os ultrasons actuam numa ecografia. Ao relacionar os dados da SDO com o novo modelo computacional, os cientistas poderão ser capazes de prever como serão os mínimos solares. No entanto, a SDO está a apenas a começar, por isso as previsões têm que esperar.

De facto, muito trabalho permanece ainda por se fazer, mas, afirma Guhathakurta, "finalmente, estamos a desvendar o mistério do Sol sem manchas."

Links:

Notícias relacionadas:
NASA (comunicado de imprensa)
Centro para Astrofísica Harvard-Smithsonian (comunicado de imprensa)
Nature (requer subscrição)
SPACE.com
Universe Today
COSMOS
PHYSORG.com
Discovery News
Wired
Reuters
UPI.com
MSNBC

SDO:
NASA
Canal do SDO no YouTube
Wikipedia

Manchas solares:
Wikipedia
Mínimo de Maunder (Wikipedia)

Sol:
Wikipedia
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  O Lado Visível da Lua - Crédito: NASA / GSFC / Universidade Estatal do Arizona / Lunar Reconnaissance Orbiter  
  Foto  
  (clique na imagem para ver versão maior)  
     
 

Cerca de 1300 imagens obtidas pela câmara de campo-largo da sonda Lunar Reconnaissance Orbiter foram usadas para compôr esta imagem espectacular de uma face familiar - o lado visível da Lua. Mas porque é que existe apenas um lado visível da Lua? O nosso satélite roda no seu eixo e orbita a Terra à mesma velocidade, cerca de uma vez a cada 28 dias. Presa nesta configuração pelas forças de marés, a rotação síncrona deixa sempre um único lado, o visível, na direcção da Terra. Como resultado, apresentados em espectacular detalhe no mosaico em alta-resolução, estão os lisos e escuros mares (na realidade bacias de impacto preenchidas com lava), e as terras-altas irregulares, bem conhecidas dos observadores terrestres. As imagens da LRO, usadas para construir o mosaico, foram registadas ao longo de um período de duas semanas no passado mês de Dezembro.

 


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