Engenheiros japoneses inventaram um plano para combinar partes de dois motores parcialmente avariados para retomar a viagem da sonda Hayabusa de volta à Terra.
Numa conferência de imprensa na passada Quinta-feira, os investigadores comunicaram que irão usar o neutralizador do motor A e a fonte de iões do motor B para providenciar a energia suficiente para guiar a sonda de 430 kg de volta à Terra no próximo mês de Junho.
A Hayabusa foi lançada em 2003 com quatro motores iónicos. O motor A teve que ser desligado devido a uma avaria pouco tempo depois do lançamento, e o motor B foi desligado devido a alta tensão no seu sistema de neutralização.
O motor C foi desligado manualmente após indícios que poderia estar danificado devido a altas correntes eléctricas, e o motor D falhou há três semanas devido a um pico de tensão.
A avaria de 4 de Novembro deixou a Hayabusa sem sistema de propulsão e colocou o seu planeado regresso à Terra em sérias dúvidas. Mas o novo plano dá aos investigadores japoneses reforçado alento.
"Embora as operações precisem ainda de ser monitorizadas cuidadosamente, a equipa do projecto concluíu que a sonda pode continuar na sua viagem de regresso à Terra em Junho de 2010, se a nova configuração dos motores funcionar como previsto," anunciou a JAXA (a agência espacial japonesa).
Os quatros motores iónicos, de descarga de microondas, consomem gás xénon e libertam o combustível ionizado a grandes velocidades para produzir impulso. Os motores iónicos são mais eficientes que os motores químicos convencionais porque usam menos combustível e podem operar continuamente durante milhares de horas.
Os motores da sonda já acumularam quase 40.000 horas de funcionamento desde o seu lançamento.
O plano consiste na operação permanente do motor até Março, quando desligar o seu sistema iónico e navegar até à Terra para uma aterragem de pára-quedas na Austrália.
A Hayabusa passou três meses a explorar o asteróide Itokawa no final de 2005. A sonda capturou 1.600 imagens, recolheu cerca de 120.000 peças de dados espectrais no infravermelho, e 15.000 peças de dados com o seu espectómetro de raios-X, com o objectivo de investigar a composição superficial do pequeno asteróide com forma de batata.
A sonda aproximou-se do Itokawa várias vezes, tentando disparar uma esfera de chumbo na direcção da superfície do asteróide, com o intuito de recolher amostras de rochas através de um funil que liga a uma câmara de recolha.
Durante uma tentativa falhada de recolha de amostras em Novembro de 2005, a Hayabusa fez uma aterragem não planeada e passou meia hora no Itokawa, tornando-se na primeira sonda a levantar voo de um asteróide.
Embora a telemetria indicasse que a Hayabusa provavelmente não disparou o seu projéctil enquanto se encontrava na superfície, os cientistas permaneceram esperançosos que bocados de poeira ou pequenos calhaus tivessem sido recolhidos pelo funil e se encontrem no sistema de recolha de amostras.
A Hayabusa mais tarde perdeu combustível e os controladores perderam temporariamente comunicações com a sonda, que tem o tamanho de um frigorífico normal.
Os cientistas tentaram ultrapassar todos estes problemas, agravados pela perda de duas rodas de reacção e de células de potência numa bateria eléctrica.
A partida da sonda foi atrasada um ano devido a estes problemas, adiando o seu regresso à Terra, de 2007 para 2010.
Links:
Núcleo de Astronomia do Centro Ciência Viva do Algarve:
04/11/05 - Apesar das imagens Hayabusa sofre retrocesso
22/11/05 - Hayabusa falha aterragem
29/11/05 - Missão Hayabusa com sucesso
13/12/05 - Missão Hayabusa provavelmente falhou
29/08/07 - Sonda Hayabusa recupera terceiro motor iónico
16/04/08 - Hayabusa pode nunca regressar à Terra
Notícias relacionadas:
JAXA (comunicado de imprensa)
Universe Today
Nature
SPACE.com
New Scientist
Spaceflight Now
The Planetary Society
Sonda Hayabusa:
JAXA
NASA
Universidade de Tohoku
Wikipedia |