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INVESTIGADORES ESTIMAM CONTEÚDO DE GELO NA CRATERA SHACKLETON NO PÓLO SUL DA LUA
22 de Junho de 2012

 

A sonda LRO (Lunar Reconnaissance Orbiter) da NASA enviou dados que revelam que gelo poderá constituir até 22% do material superficial numa cratera localizada no pólo sul da Lua.

A equipa da NASA usou o altímetro laser da LRO para examinar o chão da cratera Shackleton. Descobriram que a base da cratera é mais brilhante que a das outras crateras vizinhas, o que é consistente com a presença de pequenas quantidades de gelo. Esta informação irá ajudar os investigadores a melhor compreender a formação das crateras e o estudo de áreas não cartografadas da Lua. Os resultados foram publicados na edição de ontem da revista Nature.

"As medições do brilho já nos confundem há dois anos," afirma Gregory Neumann do Centro Aeroespacial Goddard da NASA em Greenbelt, no estado americano do Maryland, co-autor do artigo. "Embora a distribuição do brilho não seja exactamente a que esperávamos, praticamente cada medição relacionada com o gelo e outros compostos voláteis na Lua é surpreendente, dadas as frias temperaturas cósmicas dentro das suas crateras polares."

A sonda mapeou a cratera Shackleton em detalhes sem precedentes, usando um laser para iluminar o interior da cratera e medir o seu albedo ou reflectância natural. A luz do laser mede até uma profundidade comparável ao seu comprimento de onda, cerca de um micrómetro. Isto representa um milionésimo de metro. A equipa também usou o instrumento para mapear o relevo do terreno da cratera com base no tempo que levou para o laser ser reflectido da superfície da Lua. Quanto mais tempo demorava, mais baixa era a elevação do terreno.

Em adição à possível evidência de gelo, o mapa da Shackleton pelo grupo relevou uma cratera incrivelmente preservada que permaneceu relativamente intocada desde a sua formação há mais de três mil milhões de anos atrás. O chão da própria cratera está repleto de várias pequenas crateras, que podem ter-se formado como parte da colisão que criou a Shackleton.

A cratera, com este nome em honra ao explorador antárctico Ernest Shackleton, tem mais de 4 km em profundidade e mais de 21 em diâmetro. Tal como outras crateras no pólo sul da Lua, a pequena inclinação do eixo de rotação lunar faz com que o interior da cratera Shackleton esteja permanentemente à sombra e seja por isso extremamente fria.

"O interior da cratera é extremamente acidentado," afirma Maria Zuber, a investigadora principal da equipa, do Instituto de Tecnologia do Massachusetts em Cambridge. "Não seria fácil andar por lá."

Embora o chão da cratera seja relativamente brilhante, Zuber e seus colegas observaram que as suas paredes são ainda mais brilhantes. O achado foi ao início confuso. Os cientistas pensavam que se o gelo estivesse na cratera, seria no chão, onde não penetra luz solar directa. As paredes superiores da cratera Shackleton são ocasionalmente iluminadas, o que poderia evaporar algum gelo que estivesse aí acumulado. Uma teoria proposta pela equipa para explicar este facto é que os "terramotos lunares" -- movimentos sísmicos provocados por impactos de meteoritos ou pelo puxo gravitacional da Terra -- podem ter feito com que as paredes da Shackleton descamassem solo mais antigo e escuro, revelando solo mais recente e brilhante por baixo. O mapa de ultra-resolução da equipa de Zuber proporciona fortes evidências de gelo tanto no chão como nas paredes da cratera.

"Poderão existir várias explicações para o brilho observado na cratera," afirma Zuber. "Por exemplo, material mais recente poderá ter sido exposto ao longo das suas paredes, enquanto o gelo poderá ter sido misturado com o seu chão."

O objectivo inicial e primário da LRO era levar a cabo investigações que preparassem explorações lunares futuras. Lançada em Junho de 2009, a LRO completou a sua missão principal exploratória e está agora na parte científica da sua missão.

Links:

Notícias relacionadas:
NASA (comunicado de imprensa)
MIT (comunicado de imprensa)
Nature (requer subscrição)
Universe Today
New Scientist
SPACE.com
Discovery News
UPI.com
ars technica

Cratera Shackleton:
Wikipedia

Lua:
Núcleo de Astronomia do Centro Ciência Viva do Algarve 
Wikipedia

Lunar Reconnaissance Orbiter:
Página oficial
NASA
Wikipedia

 


Elevação (esquerda) e relevo sombreado (direita) da Shackleton, uma cratera com 21 km em diâmetro permanentemente à sombra e adjacente ao pólo sul lunar. A estrutura interior da cratera foi revelada com um modelo digital de elevação graças a mais de 5 milhões de medições feitas com o altímetro da LRO.
Crédito: NASA/Zuber, M. T. et al., Nature, 2012
(clique na imagem para ver versão maior)


Este é um mapa de elevação da cratera Shackleton feito graças ao altímetro laser da sonda LRO. As cores falsas indicam altura, com o azul sendo partes mais baixas, e o vermelho/branco, as mais altas.
Crédito: NASA/Zuber, M.T. et al., Nature, 2012
(clique na imagem para ver versão maior)

 
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