Top thingy left
 
UMA JANELA PARA O OCEANO DE EUROPA MESMO À SUPERFÍCIE
8 de Março de 2013

 

Se pudéssemos lamber a superfície da lua gelada de Júpiter, Europa, estaríamos a provar um pouco do oceano por baixo. Um novo estudo, liderado por Mike Brown, astrónomo do Instituto de Tecnologia da Califórnia em Pasadena, EUA, e Kevin Hand do JPL da NASA, também em Pasadena, fornece as mais fortes evidências até agora de que o vasto oceano de água salgada por baixo do exterior gelado de Europa, na realidade faz o seu caminho para a superfície.

A constatação, com base em alguns dos melhores dados do seu género desde a missão Galileu da NASA (entre 1989 e 2003) para estudar Júpiter e as suas luas, sugere que existe uma troca química entre o oceano e a superfície, o que torna o oceano um ambiente mais rico quimicamente. O trabalho é descrito num artigo aceite para publicação na revista Astronomical Journal.

O intercâmbio entre o oceano e a superfície, diz Brown, "significa que a energia pode estar indo para o oceano, o que é importante em termos de possibilidades de vida. Também significa que, se quisermos saber o que está no oceano, podemos simplesmente ir à superfície e raspá-la um bocado."

Pensa-se que o oceano de Europa cubra todo o globo lunar e tenha cerca de 100 km de espessura, por baixo de uma fina camada de gelo. Desde os dias das Voyager e da Galileu que os cientistas debatem a composição da superfície de Europa. O espectrómetro infravermelho a bordo da Galileu não foi capaz de identificar definitivamente alguns dos materiais presentes à superfície. Agora, usando o Telescópio Keck II em Mauna Kea, Hawaii, e o seu espectrómetro OSIRIS, Brown e Hand identificaram uma característica espectroscópica na superfície de Europa que indica a presença de um sal de sulfato de magnésio, um mineral chamado epsomite, que se pode ter formado graças à oxidação de um mineral provavelmente proveniente do oceano subsuperficial.

Brown e Hand começaram por mapear a distribuição da água gelada pura versus qualquer outra coisa. Os espectros mostraram que até o hemisfério principal de Europa contém quantidades significativas de gelo sem água. Então, a latitudes mais baixas no outro hemisfério - a área com a maior concentração de material gelado não contendo água - descobriram pela primeira vez uma pequena diminuição no espectro.

Os dois cientistas testaram tudo, desde cloreto de sódio até Drano no laboratório de Hand no JPL, onde ele tenta simular os ambientes encontrados em vários mundos gelados. No final do dia, a assinatura do sulfato de magnésio persistia.

O sulfato de magnésio parece ser gerado pela irradiação de enxofre ejectado da lua joviana Io e, deduzem os autores, de cloreto de magnésio proveniente do oceano de Europa. Os cloretos, como o cloreto de sódio e o cloreto de potássio, que se prevê existirem na superfície de Europa, não são geralmente detectáveis porque não têm características espectrais claras no infravermelho. Mas o sulfato de magnésio é detectável. Os autores acreditam que a composição do oceano de Europa pode assemelhar-se com os oceanos salgados da Terra.

O satélite joviano Europa é considerado um alvo principal na busca de vida para lá da Terra, afirma Hand. Um estudo liderado pelo JPL e pelo Laboratório de Física Aplica da Universidade Johns Hopkins em Laurel, no estado americano de Maryland, tem vindo a trabalhar com a comunidade científica para identificar opções para melhor explorar Europa. "Se nós aprendemos alguma coisa sobre a vida na Terra, é que onde há água líquida, há geralmente vida," realça Hand. "E, claro, os nossos oceanos são agradáveis oceanos salgados. Talvez o oceano salgado de Europa seja também um lugar maravilhoso para a vida."

Links:

Notícias relacionadas:
NASA (comunicado de imprensa)
Observatório W. M. Keck (comunicado de imprensa)
Artigo científico (formato PDF)
Universe Today
SPACE.com
Science Daily
PHYSORG

Europa:
Núcleo de Astronomia do CCVAlg
Wikipedia

Júpiter:
Núcleo de Astronomia do CCVAlg
Wikipedia

Sonda Galileu:
Página oficial (NASA)
Wikipedia

Observatório Keck:
Página oficial
Wikipedia


comments powered by Disqus

 


Ilustração de Europa (pano da frente), de Júpiter (direita) e Io (meio).
Crédito: NASA/JPL-Caltech
(clique na imagem para ver versão maior)


Esta imagem da lua de Júpiter, Europa, contém vários mosaicos regionais de alta-resolução, sobrepostos numa imagem global de menor resolução para efeitos de contexto.
Crédito: NASA/JPL-Caltech/Universidade do Arizona
(clique na imagem para ver versão maior)

 
Top Thingy Right