EXOMARS 2016 - TGO EM ÓRBITA DE MARTE; DESTINO DO SCHIAPARELLI AINDA POR APURAR
21 de outubro de 2016
A sonda TGO e o módulo Schiaparelli da missão ExoMars em aproximação a Marte.
Crédito: ESA/ATG medialab
(clique na imagem para ver versão maior)
O orbitador TGO (Trace Gas Orbiter) da missão ExoMars 2016 da ESA realizou com sucesso a longa combustão de 139 minutos necessária para ser capturado por Marte e entrou numa órbita elíptica em torno do Planeta Vermelho, enquanto o contato com o módulo-teste da missão, a partir da superfície, ainda não foi confirmado.
A combustão de inserção na órbita de Marte pelo TGO durou das 14:05 às 16:24 (hora portuguesa), a 19 de outubro, reduzindo a velocidade e direção da sonda espacial em mais de 1,5 km/s. O TGO está agora na sua órbita planeada em torno de Marte. As equipas da Agência Espacial Europeia no Centro Europeu de Operações Espaciais (ESOC) em Darmstadt, Alemanha, continuam a acompanhar a "boa saúde" da sua segunda sonda em órbita em torno de Marte, que se junta à Mars Express com 13 anos de idade.
As equipas do ESOC estão a tentar confirmar o contato com o Módulo Demonstrador de Entrada, Descida e Aterragem (EDM), Schiaparelli, que entrou na atmosfera marciana cerca de 107 minutos após a sonda TGO ter iniciado a sua própria manobra de inserção em órbita.
O "lander" de 577 kg foi libertado da TGO às 15:42 (hora portuguesa) de 16 de outubro. O Schiaparelli foi programado para executar autonomamente uma sequência de aterragem automatizada, com o lançamento do para-quedas e a libertação do escudo térmico frontal entre 11 e 7 km, seguida de uma travagem de um retrofoguete a partir dos 1100 m a partir do solo, e uma queda final de uma altura de 2 m, protegido por uma estrutura deformável.
Antes da entrada atmosférica às 15:42 de dia 19, o contato através do GMRT (Giant Metrewave Radio Telescope), a maior gama de interferometria do mundo, localizado perto de Pune, na Índia, foi estabelecido logo depois de ter começado a transmitir um sinal luminoso 75 minutos antes de atingir as camadas superiores da atmosfera marciana. No entanto, o sinal foi perdido algum tempo antes da aterragem.
Os dados essenciais enviados pelo Schiaparelli à sonda TGO, durante a descida de anteontem, foram retransmitidos para a Terra e esses 600 megabytes estão atualmente a ser analisados por especialistas.
As indicações dos sinais sugerem que o módulo completou com sucesso a maioria dos passos da sua descida de seis minutos através da atmosfera. Estes incluem a desaceleração, a libertação do paraquedas e do escudo térmico, por exemplo.
Mas os sinais registados pelo GMRT e pela Mars Express cessaram antes do pouso à superfície. Também parecem indicar que a ejeção do escudo e paraquedas ocorreram mais cedo do que o esperado, mas a análise continua. O mesmo parece ter acontecido com os motores, que foram ativados brevemente e desligados mais cedo do que o esperado, a uma altitude ainda por determinar.
Uma série de janelas foram programadas para escutar sinais provenientes do módulo através da Mars Express da ESA, da MRO (Mars Reconnaissance Orbiter) e da MAVEN (Mars Atmosphere & Volatile Evolution) da NASA. O GMRT também tem horários de escuta.
Se Schiaparelli chegou à superfície em segurança, as baterias deverão ser capazes de suportar as operações entre três a dez dias, oferecendo múltiplas oportunidades para reestabelecer um elo de comunicação.
O TGO está equipado com um conjunto de instrumentos científicos, a fim de estudar o ambiente marciano a partir da órbita. Embora seja essencialmente um demonstrador de tecnologia, Schiaparelli também contém uma pequena carga científica útil para realizar algumas observações a partir do solo.
A missão ExoMars 2016 é a primeira parte de um esforço internacional duplo conduzido pela ESA em cooperação com Roskosmos na Rússia, que também irá abranger a missão ExoMars 2020. Prevista para 2020, a segunda missão ExoMars incluirá um módulo Russo e um rover europeu, que irá perfurar até 2 m de profundidade para procurar material orgânico primitivo.