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Edição n.º 1302
30/08 a 01/09/2016
 
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EFEMÉRIDES

Dia 30/08: 243.º dia do calendário gregoriano.
História: Em 198, missão STS-8 do vaivém Challenger. Foi o primeiro lançamento noturno do programa do vaivém espacial.
Em 1984, o vaivém Discovery fazia a sua viagem inaugural, a missão STS-41-D.

Em 1991, lançamento do observatório espacial solar Yohkoh do Japão.
Em 2012, lançamento das sondas gémeas Van Allen da NASA, a bordo de um foguetão Atlas V. O seu propósito é recolher dados sobre as duas cinturas de radiação que rodeiam a Terra e revelar detalhes da influência do Sol sobre o nosso planeta.
Observações: Se vive a latitudes médias norte, procure a brilhante Vega a passar pelo zénite ao cair da noite. Vega passa exatamente pelo zénite caso o observador se encontre à latitude 39º N: por exemplo, perto de Lisboa.

Dia 31/08: 244.º dia do calendário gregoriano.
História: Em 1913 nascia Bernard Lovell, físico e radioastrónomo inglês. Foi o primeiro diretor do Observatório Jodrell Bank, desde 1945 até 1980.
Em 1998, a Coreia do Norte lança, alegadamente, o seu 1.º satélite, chamado Kwangmyŏngsŏng-1.

Observações: Antes da Lua regressar para iluminar as noites da próxima semana, explore algumas das vistas menos conhecidas perto e em Cisne. E na asa noroeste do Cisne, aprenda o asterismo binocular Vultus Irrisorie, que tem a forma de um "smiley".

Dia 01/09: 245.º dia do calendário gregoriano.
História: Em 1804, Juno, um dos maiores asteroides da cintura principal, é descoberto pelo astrónomo alemão Karl Ludwig Harding.
Em 1859, o físico solar Richard Carrington observa a primeira proeminência solar.

Uma intensa aurora ocorreu no dia seguinte.
Em 1979, voo rasante da Pioneer 11 por Saturno (maior aproximação, 20.900 km). A Pioneer 11 mapeou a magnetosfera e o campo magnético de Saturno e descobriu que a sua maior lua, Titã, era fria demais para suportar vida.
Em 2000, um objeto com meio quilómetro, conhecido como 2000 QW7 - apenas descoberto a 26 de Agosto de 2000, com o sistema NEAT da NASA/JPL - passou pela Terra a uma distância ligeiramente maior que 12 vezes a distância à Lua. 
Observações: Lua Nova, pelas 10:03.
Eclipse anular do Sol, visto a partir da África Central, desde o Gabão até Madagáscar. É parcial para a maioria do continente africano e Oceano Índico.
Esta noite o triângulo Saturno-Marte-Antares é perfeitamente isósceles.

 
CURIOSIDADES


Contagem mais recente de exoplanetas: 3518 planetas em 2635 sistemas planetários, 595 dos quais são sistemas múltiplos.

 
JUNO COMPLETA COM SUCESSO "FLYBY" POR JÚPITER
A região polar norte de Júpiter torna-se visível à medida que a sonda Juno se aproxima do planeta gigante. Esta imagem foi obtida no dia 27 de agosto, quando a nave se encontrava a 703.000 km de distância.
Crédito: NASA/JPL-Caltech/SwRI/MSSS
(clique na imagem para ver versão maior)
 

A missão Juno da NASA executou com sucesso o seu primeiro de 36 voos rasantes por Júpiter. Às 14:44 de sábado, hora portuguesa, a Juno passou a 4200 km das nuvens rodopiantes do gigante gasoso. A essa altura, a nave viajava a 208.000 km/h em relação ao planeta. Este "flyby" da Juno é o mais próximo da sua missão principal.

"A telemetria inicial pós-voo indica que tudo funcionou como planeado e que a Juno está de boa saúde," afirma Rick Nybakken, gerente do projeto Juno no JPL da NASA em Pasadena, no estado americano da Califórnia.

Durante a missão, estão planeados mais 35 voos rasantes por Júpiter (com fim previsto para fevereiro de 2018). O "flyby" de 27 de agosto foi o primeiro em que a Juno teve todo o seu conjunto de instrumentos científicos ativados e apontados para o planeta gigante à medida que a nave espacial por ele passava.

"Estamos recebendo alguns dados interessantes," comenta Scott Bolton, investigador principal da Juno do SwRI (Southwest Research Institute) em San Antonio, EUA. "Serão precisos alguns dias para que todos os dados científicos recolhidos durante o 'flyby' sejam transmitidos e ainda mais tempo para começar a compreender o que a Juno e Júpiter estão tentando dizer-nos."

Apesar dos resultados da "suite" de instrumentos da sonda só serem anunciados num futuro próximo, um punhado de imagens da JunoCam poderão ser divulgadas durante as próximas duas semanas. Essas incluem as imagens de mais alta-resolução da atmosfera joviana e o primeiro vislumbre dos polos norte e sul de Júpiter.

"Estamos numa órbita onde nunca ninguém esteve antes, e estas imagens dão-nos uma nova perspetiva sobre este gigante mundo gasoso," explica Bolton.

A sonda Juno foi lançada no dia 5 de agosto de 2011, a partir de Cabo Canaveral, na Flórida, e alcançou Júpiter no dia 4 de julho de 2016.

Links:

Cobertura da missão Juno pelo Núcleo de Astronomia do CCVAlg:
05/07/2016 - Juno está em órbita do poderoso Júpiter
21/06/2016 - Sonda Juno prestes a chegar ao ambiente de radiação mais perigoso do Sistema Solar
02/08/2011 - Juno mostra campo magnético de Júpiter em HD 
09/04/2010 - NASA começa a construir nova sonda para visitar Júpiter
26/11/2008 - Juno, a próxima missão a Júpiter

Notícias relacionadas:
NASA (comunicado de imprensa)
The Planetary Society
Universe Today
Spaceflight Now
COSMOS
EarthSky
PHYSORG
BBC News
ars technica
engadget
Gizmodo
AstroPT

Missão Juno:
NASA
SwRI
Wikipedia

Júpiter:
Núcleo de Astronomia do CCVAlg
Wikipedia

 
A FAMÍLIA EXTENSA DE JÚPITER? MIL MILHÕES OU MAIS
A comparação entre Júpiter e planetas parecidos com Júpiter, que orbitam outras estrelas, pode ensinar-nos mais sobre estes mundos distantes e revelar novas informações sobre a formação e evolução do nosso próprio Sistema Solar.
Crédito: NASA/JPL-Caltech
(clique na imagem para ver versão maior)
 

A nossa Galáxia é o lar de uma variedade desconcertante de mundos parecidos com Júpiter: os quentes, os frios, as versões gigantes do nosso próprio gigante e os pequenos aspirantes com apenas metade do tamanho.

Os astrónomos pensam que, só na nossa Galáxia, podem existir cerca de mil milhões de mundos parecidos com Júpiter em órbita de outras estrelas que não o Sol. E nós podemos usá-los para obter uma melhor compreensão do nosso Sistema Solar e do nosso ambiente galáctico, incluindo as perspetivas de encontrar vida.

Ora acontece que o inverso também é verdade - podemos virar os nossos instrumentos e sondas para o nosso "quintal cósmico", observar Júpiter como se se tratasse de um exoplaneta e assim aprender mais sobre esses mundos distantes. A melhor chance de sempre é agora, com a Juno, uma sonda da NASA do tamanho de um campo de basquetebol que chegou a Júpiter no início de julho para começar uma série de órbitas alongadas em redor do maior planeta do nosso Sistema Solar. Espera-se que a Juno capture as imagens mais detalhadas de sempre do gigante de gás. E com o seu conjunto de instrumentos, a Juno irá sondar os segredos por baixo da turva atmosfera de Júpiter.

Ainda falta muito tempo - se é que alguma vez - para os cientistas poderem estudar exoplanetas - planetas em órbita de outras estrelas - com uma sonda interestelar em órbita de um exo-Júpiter, a dúzias ou centenas de anos-luz de distância. Mas, se alguma vez o conseguirmos, é aposta segura que a cena irá invocar ecos da Juno.

"A única maneira de sermos capazes de entender o que vemos nesses planetas extrassolares é realmente entendendo o nosso sistema, o nosso próprio Júpiter," afirma David Ciardi, astrónomo do NExSci (NASA's Exoplanet Science Institute) no Caltech.

Nem todos os Júpiteres são criados iguais

A investigação detalhada da Juno em Júpiter poderá fornecer informações sobre a história, e futuro, do nosso Sistema Solar. A contagem de exoplanetas confirmados inclui centenas de objetos do tamanho de Júpiter e muitos mais que são ou maiores ou menores.

Os denominados Júpiteres quentes adquiriram este nome por uma razão: encontram-se em órbitas íntimas em redor das suas estrelas, o que os torna escaldantes e completam uma órbita - o ano do planeta - no que seria equivalente a apenas alguns dias terrestres. E, pelo caminho, são "torrados".

Mas porque é que o nosso Sistema Solar não tem um "Júpiter quente"? Ou será que é este, talvez, o destino que aguarda o nosso próprio Júpiter daqui a milhares de milhões de anos - será que gradualmente espiralará em direção ao Sol, ou será que o futuro e inchado Sol cresce para o engolir?

Não é provável, comenta Ciardi; estas migrações planetárias provavelmente ocorrem no início da vida de um sistema solar.

"Para que a migração ocorra, é necessário que haja material poeirento dentro do sistema," realça. "O suficiente para produzir arrasto. Essa fase da migração há muito que acabou no nosso Sistema Solar."

O próprio Júpiter já poderá ter migrado de mais longe no Sistema Solar, apesar de ninguém ter a certeza, salienta.

Olhando para trás no tempo

Caso as medições da Juno possam ajudar a resolver a questão, elas poderão levar-nos a compreender a influência de Júpiter na formação da Terra - e, por extensão, a formação de outras "Terras" espalhadas entre as estrelas.

"A Juno está a medir o vapor de água na atmosfera joviana," afirma Elise Quintana, investigadora do Centro de Pesquisa Ames da NASA em Moffett Field, no estado americano da Califórnia. "Isto permite com que a missão meça a abundância de oxigénio em Júpiter. Pensa-se que o oxigénio esteja correlacionado com a posição inicial a partir da qual Júpiter se formou."

Se a formação de Júpiter teve início com grandes pedaços de gelo na sua posição atual, então seria necessária uma grande quantidade de água gelada para carregar os elementos mais pesados que encontramos em Júpiter. Mas se Júpiter nasceu mais longe no Sistema Solar, e migrou para o interior, então poderá ter-se formado a partir de gelo muito mais frio, gelo este que transportaria os elementos mais pesados observados com uma quantidade menor de água. Se Júpiter se formou diretamente a partir da nebulosa solar, sem pedaços de gelo como motor de arranque, então deverá conter ainda menos água. A medição da água é um passo fundamental na compreensão de como e onde Júpiter nasceu.

É assim que o radiómetro de micro-ondas da Juno, que irá medir o vapor de água, poderá revelar a história antiga de Júpiter.

"Caso a Juno detete uma alta abundância de oxigénio, então isso poderá sugerir que o planeta se formou mais longe do Sol," acrescenta Quintana.

Uma pequena sonda deixada cair para Júpiter, inicialmente a bordo da Galileu em 1995, encontrou ventos fortes e turbulência, mas a água esperada parecia estar ausente. Os cientistas pensam que a única oportunidade da Galileu caiu, por coincidência, numa área seca da atmosfera, mas a Juno irá analisar todo o planeta a partir de órbita.

Os primeiros anos caóticos

Onde Júpiter se formou, e quando, também poderá responder a questões sobre a "fase de impacto gigante" do Sistema Solar, uma época de colisões entre planetesimais que, eventualmente, levou ao Sistema Solar que temos hoje.

O nosso Sistema Solar era extremamente dado a colisões no início da sua história - talvez não exatamente como bolas de bilhar carambolando em redor, mas com muitos engavetamentos e acidentes.

"Foi definitivamente uma época violenta," explica Quintana. "As colisões duraram dezenas de milhões de anos. Por exemplo, a ideia de como a Lua se formou é que uma proto-Terra e outro corpo colidiram; o disco de detritos dessa colisão formou a Lua. E há quem pense o mesmo de Mercúrio porque, como tem um núcleo de ferro tão grande, provavelmente foi atingido por algo grande que retirou parte do seu manto; foi deixado com um grande núcleo em proporção ao seu tamanho."

Parte da pesquisa de Quintana envolve modelagem computacional da formação dos planetas e de sistemas solares. A determinação definitiva da estrutura e composição de Júpiter poderá melhorar consideravelmente estes modelos. Quintana já modelou a formação do nosso Sistema Solar, com e sem Júpiter, produzindo alguns resultados surpreendentes.

"Durante muito tempo, as pessoas pensavam que Júpiter era essencial para a habitabilidade porque poderá ter protegido a Terra do fluxo constante de impactos [durante os primeiros tempos do Sistema Solar] que poderiam ter sido prejudiciais para a habitabilidade," comenta. "O que encontrámos nas nossas simulações é quase o oposto. Quando adicionamos Júpiter, os tempos de acreção são mais rápidos e os impactos sobre a Terra são muito mais energéticos. Os planetas formaram-se em aproximadamente 100 milhões de anos; o Sistema Solar parou de crescer nesse ponto," afirma Quintana.

"Se retiramos Júpiter do modelo, ainda conseguimos formar a Terra, mas em escalas de tempo de milhares de milhões de anos em vez de centenas de milhões de anos. A Terra ainda recebe impactos gigantes, mas são menos frequentes e têm energias de impacto menores," diz.

Chegando ao núcleo

Outra medição crítica da Juno que poderá lançar nova luz sobre a história negra da formação planetária é a experiência de gravidade da missão. As mudanças na frequência das transmissões de rádio da Juno até à DSN (Deep Space Network) da NASA vão ajudar a mapear o campo gravitacional do planeta gigante.

O conhecimento da natureza do núcleo de Júpiter poderá revelar a rapidez com que o planeta se formou, com implicações na forma como Júpiter pode ter afetado a formação da Terra.

E os magnetómetros da sonda podem fornecer mais dados sobre a estrutura interna e profunda de Júpiter, através da medição do seu campo magnético.

"Nós não sabemos muito sobre o campo magnético de Júpiter," comenta Ciardi. "Pensamos que é produzido pelo hidrogénio metálico no seu interior. Júpiter tem um campo magnético incrivelmente forte, muito mais forte do que o da Terra."

O mapeamento do campo magnético de Júpiter também pode ajudar a definir a plausibilidade de cenários propostos para a vida extraterrestre para lá do nosso Sistema Solar.

Pensa-se que o campo magnético da Terra é importante para a vida porque age como um escudo protetor, canalizando partículas carregadas potencialmente prejudiciais e raios cósmicos para longe da superfície.

"Na hipótese de um planeta parecido com Júpiter orbitar a sua estrela a uma distância que permita a existência de água líquida, o planeta tipo-Júpiter, propriamente dito, poderá não ter vida, mas poderá ter luas que, potencialmente, a abriguem," explica.

Um intenso campo magnético em redor de um exo-Júpiter poderá proteger essas formas de vida. Tal poderá trazer à lembrança a lua Pandora, do filme "Avatar", que era habitado por humanoides de 3 metros de altura que montavam grandes predadores voadores num exótico ecossistema alienígena.

As descobertas da Juno serão importantes não só para entender como é que os exo-Júpiter influenciam a formação de exo-Terras, ou outros tipos de planetas habitáveis. Vão ser também essenciais para a próxima geração de telescópios espaciais à caça de mundos alienígenas. O TESS (Transiting Exoplanet Survey Satellite) irá realizar um levantamento de estrelas próximas e brilhantes em busca de exoplanetas em junho de 2018, talvez até antes. O Telescópio Espacial James Webb, com lançamento previsto para 2018, e o WFIRST (Wide-Field Infrared Survey Telescope), com lançamento antecipado para meados da década de 2020, vão tentar captar imagens diretas de planetas gigantes em órbita de outras estrelas.

"Vamos ser capazes de fotografar planetas e obter espectros," ou perfis de luz dos exoplanetas que poderão revelar os gases atmosféricos, realça Ciardi. As revelações da Juno sobre Júpiter ajudarão os cientistas a fazer sentido destes dados de mundos distantes.

"Estudar o nosso Sistema Solar é estudar exoplanetas," comenta. "E estudar exoplanetas é estudar o nosso Sistema Solar. Andam de mãos dadas."

Links:

Notícias relacionadas:
NASA (comunicado de imprensa)
Space Daily
PHYSORG

Júpiter:
Núcleo de Astronomia do CCVAlg
Wikipedia

Planetas extrasolares:
Strange New Worlds (NASA)
Wikipedia
Lista de planetas (Wikipedia)
Lista de exoplanetas potencialmente habitáveis (Wikipedia)
Lista de extremos (Wikipedia)
Open Exoplanet Catalogue
PlanetQuest
Enciclopédia dos Planetas Extrasolares

Missão Juno:
NASA
SwRI
Wikipedia

Sonda Galileu:
NASA
Wikipedia

TESS:
NASA/Goddard
Wikipedia

WFIRST:
NASA
Wikipedia

JWST (Telescópio Espacial James Webb):
NASA
STScI
ESA
Wikipedia

 
CAÇA AO PLANETA NOVE REVELA NOVOS OBJETOS EXTREMAMENTE DISTANTES NO SISTEMA SOLAR

Na corrida para descobrir o nono planeta proposto no nosso Sistema Solar, Scott Sheppard (Instituto Carnegie) e Chadwick Trujillo (Universidade do Norte do Arizona) observaram vários objetos nunca antes vistos a distâncias extremas do Sol no nosso Sistema Solar. Sheppard e Trujillo já apresentaram as suas descobertas mais recentes ao Centro de Planetas Menores da União Astronómica Internacional para denominações oficiais. Um artigo sobre as descobertas foi também aceite para publicação na revista The Astronomical Journal.

Quantos mais objetos forem encontrados a distâncias extremas, melhores as hipóteses de restringir a localização do novo planeta que Sheppard e Trujillo previram existir bem para lá de Plutão (ele próprio desclassificado como planeta) em 2014. A colocação e órbitas destes pequenos e denominados objetos trans-neptunianos extremos poderá ajudar a determinar o tamanho e a distância ao Sol, porque a gravidade do planeta influencia os movimentos de objetos mais pequenos muito além de Neptuno. Os objetos são chamados trans-neptunianos porque as suas órbitas em torno do Sol são muito maiores do que a de Neptuno.

Em 2014, Sheppard e Trujillo anunciaram a descoberta de 2012 VP113 (com a alcunha de "Biden"), que tem a órbita mais distante conhecida no nosso Sistema Solar. Nessa altura, Sheppard e Trujillo também notaram que o punhado de objetos trans-neptunianos extremos conhecidos estão agrupados com ângulos orbitais semelhantes. Isto levou-os a prever a existência de um planeta a mais de 200 vezes a distância da Terra ao Sol. A sua massa, que possivelmente varia entre várias Terras até ao equivalente a Neptuno, está a orientar esses objetos menores em tipos similares de órbitas.

Impressão de artista do Planeta X ou Planeta Nove.
Crédito: Robin Dienel
(clique na imagem para ver versão maior)
 

Há quem já o tenha chamado de Planeta X ou Planeta Nove. Trabalhos posteriores a 2014 mostraram que este nono planeta massivo provavelmente existe restringindo as suas possíveis propriedades. A análise de órbitas de corpos pequenos "vizinhos" sugere que é várias vezes mais massivo que a Terra, possivelmente até 15 vezes e, no seu ponto orbital mais próximo, está pelo menos 200 vezes mais longe do Sol que a Terra (mais de 5 vezes mais distante que Plutão).

"Os objetos encontrados muito além de Neptuno têm a chave para desbloquear as origens e a evolução do Sistema Solar," explicou Sheppard. "Apesar de pensarmos que existem milhares destes objetos pequenos, ainda não encontrámos muitos porque estão tão longe. Os objetos menores podem levar-nos ao muito maior planeta que pensamos existir. Quantos mais descobrirmos, mais seremos capazes de compreender o que se passa no Sistema Solar exterior."

Sheppard e Trujillo, juntamente com David Tholen da Universidade do Hawaii, estão a realizar o maior e mais profundo levantamento de objetos para lá de Neptuno e da Cintura de Kuiper e já percorreram quase 10% do céu, até à data, usando alguns dos maiores e mais avançados telescópios e câmaras do mundo, como a DEC (Dark Energy Camera) acoplada ao telescópio Blanco de 4 metros do NOAO no Chile e a japonesa HSC (Hyper Suprime Camera) acoplada ao telescópio Subaru de 8 metros no Hawaii. À medida que encontram e confirmam objetos extremamente distantes, analisam se as suas descobertas encaixam nas teorias maiores sobre como as interações com um planeta massivo distante podem ajudar a moldar o Sistema Solar exterior.

"Neste momento, estamos a lidar com estatísticas de números muito baixos, assim que não compreendemos bem o que se passa no Sistema Solar exterior," afirma Sheppard. "Terá que ser encontrado um maior número de objetos trans-neptunianos a fim de determinar totalmente a estrutura do nosso Sistema Solar exterior."

Segundo Sheppard, "estamos agora numa situação semelhante à que Alexis Bouvard sofreu, em meados do século XIX, quando notou que o movimento orbital de Úrano era peculiar, o que eventualmente levou à descoberta de Neptuno."

Ilustração das órbitas dos novos e anteriormente conhecidos objetos extremamente distantes do Sistema Solar. O agrupamento da maioria das suas órbitas indica que são provavelmente influenciados por algo massivo e muito distante, o proposto Planeta Nove.
Crédito: Robin Dienel
(clique na imagem para ver versão maior)
 

Os novos objetos que submeteram para designação ao Centro de Planetas Menores incluem 2014 SR349, o que aumenta a classe de objetos trans-neptunianos extremos e raros. Exibe características orbitais parecidas com os corpos extremos previamente conhecidos cujas posições e movimentos levaram Sheppard e Trujillo a propor, inicialmente, a influência do Planeta Nove.

Outro novo objeto extremo que encontraram, 2013 FT28, tem algumas características parecidas com outros objetos extremos, mas também algumas diferenças. A órbita de um objeto é definida por seis parâmetros. O agrupamento de vários destes parâmetros é o argumento principal para a existência de um nono planeta no Sistema Solar exterior. 2013 FT28 mostra um agrupamento semelhante em alguns desses parâmetros (o seu semieixo maior, excentricidade, inclinação e argumento do ângulo periélico) mas um desses parâmetros, um ângulo chamado longitude do periélio, é diferente dos outros objetos extremos, o que torna esta particular tendência à aglomeração menos forte.

Outra descoberta, 2014 FE72, é o primeiro objeto da distante Nuvem de Oort encontrado com uma órbita totalmente fora da de Neptuno. Tem uma órbita que leva o objeto para tão longe do Sol (cerca de 3000 vezes mais longe que a Terra) que provavelmente é influenciado por forças da gravidade externas ao Sistema Solar, como outras estrelas e a maré galáctica. É o primeiro objeto observado a uma distância tão grande.

Links:

Núcleo de Astronomia do CCVAlg:
06/05/2016 - Planeta Nove: um mundo que não devia existir
12/04/2016 - Planeta 9 toma forma; Cassini não é afetada
26/02/2016 - Procurando o Planeta Nove
22/01/2016 - Cientistas encontram evidências teóricas de um nono planeta

Notícias relacionadas:
Instituto Carnegie (comunicado de imprensa)
SPACE.com
Astrobiology Magazine
ScienceDaily
EurekAlert!
PHYSORG

Planeta Nove:
Wikipedia

2012 VP113:
Página de Scott Sheppard 
UAI - Centro de Planetas Menores
Wikipedia
NASA

 
TAMBÉM EM DESTAQUE
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ÁLBUM DE FOTOGRAFIAS - Jovens Sóis em NGC 7129
(clique na imagem para ver versão maior)
Crédito: Robert GendlerRoberto ColombariEric RecurtAdam Block - Dados adicionais: Subaru (NAOJ)
 
Sóis jovens ainda se encontram dentro da poeirenta NGC 7129, a cerca de 3000 anos-luz de distância na direção da real constelação de Cefeu. Apesar destas estrelas terem uma idade relativamente jovem, apenas alguns milhões de anos, é provável que o nosso próprio Sol se tenha formado num berçário estelar semelhante há coisa de cinco mil milhões de anos. Bem visíveis na imagem, nuvens azuladas de poeira que refletem a luz estelar. Mas as formas compactas, crescentes e de tom vermelho profundo são também marcadores de objetos estelares jovens e energéticos. Conhecidos como objetos Herbig-Haro, a sua forma e cor são características do hidrogénio gasoso que choca com jatos que se afastam das estrelas recém-nascidas. Os filamentos longos e mais pálidos de emissão avermelhada, que se misturam com as nuvens azuladas, são provocados por grãos de poeira que efetivamente convertem a luz estelar ultravioleta em luz visível avermelhada através de fotoluminescência. Em última análise, o gás e poeira natais da região serão dispersos, as estrelas afastar-se-ão à medida que o enxame solto orbita o centro da Galáxia. O processamento desta espetacular imagem revelou os ténues fios avermelhados de emissão para o canto superior direito. Foram recentemente reconhecidos como um provável remanescente de supernova e estão a ser atualmente analisados por Bo Reipurth (Universidade do Hawaii), que obteve os dados da imagem com o Telescópio Subaru. À distância estimada de NGC 7129, esta imagem telescópica abrange mais de 40 anos-luz.
 

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