A Europa irá mostrar o que vale no espaço esta semana com o lançamento do laboratório científico Colombo até à ISS, fechando um quarto de século no qual os nossos pioneiros espaciais tiveram que fazer as suas experiências a bordo de estações espaciais controladas por outros.
Bem acomodado dentro da área de carga do vaivém espacial Atlantis, o módulo com 7 metros de comprimento e 4.5 metros de diâmetro tem lançamento previsto para amanhã, 6 de Dezembro, a partir do Centro Espacial Kennedy, na Flórida, EUA, pelas 21:31, hora de Lisboa.
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O vaivém espacial Atlantis espera o seu lançamento no centro espacial Kennedy da NASA.
Crédito: NASA
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"Da perspectiva de Kennedy, estamos prontos para partir e ansiosos por lá chegar na próxima semana," disse o director de lançamento Mike Leinbach numa conferência de imprensa na Sexta-feira passada, a seguir a um longo dia de preparações para o voo.
Quando o vaivém chegar à estação espacial dois dias depois do seu lançamento, marcará o fim do esforço Herculeano que custou mais 680 milhões de Euros, de estabelecer a primeira base permanente da Europa no espaço.
"No passado, a Europa tem sido sem questão um jogador forte nos voos tripulados," disse o membro da tripulação do Atlantis e astronauta da ESA, Hans Schlegel, numa entrevista. "Mas isto mudou agora de repente. Colombo vai ser nosso. O nosso próprio centro de controlo irá geri-lo. Temos o direito de fazer experiências quando quisermos. Quando houver uma nova ideia, podemos discuti-la e pesquisá-la no nosso próprio laboratório," afirma.
A ESA tinha planeado o lançamento de Colombo para 2002 e orçamentou-o de acordo com tal. Mas os atrasos nas descolagens dos vaivéns espaciais e o acidente em 2003 do vaivém Columbia, pôs o módulo em espera. Os países parceiros da ESA, Portugal inclusivé, foram forçados a ir buscar fundos adicionais para manter as equipas de fabricação e cientistas no projecto.
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O laboratório Colombo é a maior contribuição da ESA à Estação Espacial Internacional (ISS). Este laboratório irá providenciar espaço de armazenamento para várias experiências científicas.
Crédito: ESA - D. Ducros
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"Houve uma incerteza tremenda," disse o cientista do projecto Colombo Bernardo Patti. A primeira tentativa de corrigir os vaivéns falhou, despoletando outro atraso de um ano. Os gestores do projecto usaram os atrasos para testar e melhorar o módulo, incluindo capacidades de dados a alta-velocidade. Também negociaram com sucesso um lugar de lançamento mais cedo. A NASA originalmente queria completar a estrutura exterior da estação e os seus sistemas de painéis solares antes de adicionar o módulo europeu e, mais tarde, o japonês. "Se tivéssemos continuado com a mesma sequência de instalação, só poderíamos estar a lançá-lo em 2008 ou 2009 e isso não ia resultar para nós porque os nossos contribuintes estavam a ficar cada vez mais nervosos," disse Patti.
O módulo Colombo tem lugar para 10 espaços experimentais, metade dos quais estão reservados para os EUA em troca do lançamento do módulo. A ESA planeia pagar a sua parte dos custos operacionais da estação ao providenciar naves de carga para levar comida, água, combustível e mantimentos para a ISS.
O primeiro lançamento do Veículo de Transferência Automatizada Europeu, ou ATV, está planeado para o começo de 2008. "Este será um passo tremendo. Estamos a tornar-nos cada vez mais um importante parceiro da comunidade internacional de voo espacial," disse Schlegel.
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Impressão de artista que mostra o Veículo de Transferência Automatizada (ATV) durante a acoplagem com a ISS.
Crédito: ESA - D. Ducros
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A junção de Colombo com a estação irá ocupar a maioria da tripulação do Atlantis durante a sua estadia planeada de uma semana a bordo da ISS.
O astronauta francês Leopold Eyharts, que já fez um voo espacial e pertence também à tripulação da Atlantis, ficará a bordo da estação durante cerca de dois meses e meio para preparar o laboratório. "Nunca tivémos uma base espacial permanente antes e vejo isto como um primeiro passo para a Europa nas actividades espaciais reais, quando comparadas com as que tivémos no passado," diz.
A ESA tinha anteriormente desenvolvido dois laboratórios de pesquisa a bordo de dois vaivéns, de nome Spacelab, que viajaram durante algumas missões de curta duração entre 1983 e 1997. Os astronautas europeus também já trabalharam a bordo da estação russa Mir e a bordo da ISS.
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Impressão de artista da Estação Espacial Internacional.
Crédito: ESA - D. Ducros
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ESA (comunicado de imprensa)
NASA
Reuters
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Wired
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Correio da Manhã
Estação Espacial Internacional (ISS):
ESA
NASA
Colombo (Wikipedia)
ISS (Wikipedia) |