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Edição n.º 940
08/03 a 11/03/2013
 
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EFEMÉRIDES

Dia 08/03: 67.º dia do calendário gregoriano.
História: Em 1618, Johannes Kepler descobre a terceira lei do movimento planetário.
Em 1977 os anéis de Urano eram descobertos durante observações aéreas de ocultações da NASA.

Em 1999, a primeira fase da missão de mapeamento de Marte pela sonda Mars Global Surveyor começa.
Em 2002, o asteróide 2002 EM7, com um tamanho entre 300 e 400 metros, passa a 450.000 quilómetros da Terra. Observadores só o descobriram quatro dias depois, a 12 de Março. 
Observações: Júpiter está a 5º de Aldebarã, altos a Oeste após o anoitecer. Mas agora está a passar a apenas 2º da estrela de magnitude 3,5, Epsilon Tauri, a outra ponta do padrão em forma de V das Híades, localizada quase entre a estrela brilhante e alaranjada e o planeta.

Dia 09/03: 68.º dia do calendário gregoriano.
História: Em 1564 nascia David Fabricius, descobridor da primeira estrela variável (Mira, ou Omicron Ceti).
Em 1961, é lançado com sucesso o Sputnik 9, que transporta um boneco humano com a alcunha de Ivan Ivanovich, e demonstra que a União Soviética está pronta para os voos espaciais tripulados.
Em 1974, voo rasante da sonda soviética Mars 7 por Marte.
Em 1997, observadores na China, Mongólia e partes da Sibéria têm a rara oportunidade de ver um espectáculo duplo: um eclipse permite ver o cometa Hale-Bopp durante o dia.
Em 2011, o vaivém Discovery faz a sua aterragem final após 39 voos.

Observações: A Ursa Maior brilha alta a Nordeste estas noites, apoiando-se na sua pega. Provavelmente sabe que as duas estrelas que formam a parte da frente da frigideira (actualmente no topo) apontam para a estrela Polar, que está para a sua esquerda. E também provavelmente sabe que se seguir a curva da pega da Ursa Maior irá chegar a Arcturo. Mas sabia que se seguir as estrelas-guia para o lado oposto da Polar, chega a Leão? Desenhe uma linha na diagonal na perpendicular em relação à frigideira, nas estrelas que ligam à sua pega, e alcança Gémeos. E olhe para as duas estrelas que formam a parte aberta da frigideira da Ursa Maior. Siga esta linha e chega a Capella.

Dia 10/03: 69.º dia do calendário gregoriano.
História: Em 1977, os astrónomos descobrem os anéis de Urano.
Em 1999, ocorreu a maior aproximação do cometa C/1998 M5 (LINEAR) pela Terra (1,534 UA).
Em 2006, a Mars Reconnaissance Orbiter chega a Marte.

Observações: O cometa PanSTARRS (C/2011 L4) alcança o periélio. Está a 45.000.000 km do Sol às 04:00. Deverá brilhar, a Oeste, muito baixo e mesmo após o pôr-do-Sol durante as próximas semanas.

Dia 11/03: 70.º dia do calendário gregoriano.
História: Em 1811 nascia Urbain Le Verrier, que previu a existência de Neptuno, o que mais tarde levou à sua descoberta.

Em 1897, um meteorito entrava na atmosfera sobre New Martinsville (West Virgínia) tendo-se estilhaçado sobre esta cidade, com muitos danos físicos.
Observações: Lua Nova, pelas 19:51.

 
CURIOSIDADES


Vénus é o único planeta que quando observado do Pólo Norte roda no sentido dos ponteiros do relógio, dizendo-se por isso que o seu sentido é retrógrado. O sentido normal da rotação dos planetas, que por isso se chama directo, é o sentido oposto ao dos ponteiros do relógio.

 
ACTUALIZAÇÃO DO METEORO RUSSO

Há quase um mês que um grande pedaço de asteróide mergulhou na atmosfera da Terra na manhã de dia 15 de Fevereiro, e proporcionou um grande espectáculo nos céus da Rússia Central. Desde então, especialistas em meteoritos e impactos apressaram-se não só para descobrir de onde veio, mas também para se reunir e analisar o maior número de fragmentos possível. A partir de relatórios e entrevistas recolhidas, tiveram grande sucesso em ambas as frentes.

Primeiro, vamos recapitular a origem deste intruso. Graças a amplas gravações vídeo (muitas de câmaras montadas nos tabliers de carros por cautelosos motoristas russos), tem sido fácil reconstruir as circunstâncias de entrada e, a partir daqui, a órbita pré-impacto. Mas equipas diferentes chegaram a valores diferentes, como a tabela abaixo revela (não são mostradas as incertezas, ver fontes ligadas abaixo).

Órbita do meteoro russo
Autores Semieixo maior Excentricidade Inclinação Periélio Afélio
Borovicka et al. 1,55 UA 0,50 3,6º 0,77 UA 2,33 UA
Zuluaga e Ferrin 1,73 UA 0,51 3,5º 0,82 UA 2,64 UA
Chodas e Chesley 1,73 UA 0,57 4,2º 0,75 UA 2,78 UA

A propagação dos valores surge do modo como cada equipa interpreta os vídeos, deriva a trajectória e a velocidade que o bólide levava quando passou através da atmosfera, e de seguida, deriva uma órbita.

Ainda assim, há o consenso de que o objecto veio de uma zona bem povoada da cintura de asteróides interior. Não é conhecido como foi expelido na direcção da Terra - por enquanto. Por exemplo, o afélio da órbita pode sobrepor-se a uma localização, a 2,5 UA do Sol, onde há uma forte ressonância orbital com Júpiter. Nesse caso, as perturbações gravitacionais do planeta gigante podem ter arrancado o objecto de uma órbita quase circular para a sua eventual rota de colisão com a Terra.

Uma trajectória atmosférica refinada e uma órbita de pré-colisão poderá eventualmente emergir de uma equipa liderada por Peter Brown (da Universidade de Ontario Ocidental). Estão agora a analisar as posições de estrelas em imagens nocturnas capturadas nos locais exactos onde vários vídeos do bólide foram gravados.

A órbita do meteoróide Cherbakul, desde a cintura interior de asteróides até perto da órbita de Vénus, um percurso que o objecto provavelmente seguia há milhares de anos, atravessando a órbita da Terra.
Crédito: NASA/JPL
(clique na imagem para ver versão maior)
 

Nos links abaixo fica um "top 5" de gravações compiladas por Brown, juntamente com as coordenadas exactas da câmara.

O intruso entrou na atmosfera a cerca de 19 km/s ao longo de uma faixa mais ou menos Este-Oeste. Um satélite meteorológico europeu vislumbrou-o contornando o limbo da Terra. De acordo com a equipa de Juri Borovicka, o percurso de voo do bólide tinha uma inclinação de 16,5º, e começou a quebrar-se relativamente alto, a cerca de 32 km acima do solo.

A luz deslumbrante, mais brilhante que o Sol, certamente chamou a atenção de quem olhava na sua direcção. H. Jay Melosh, especialista de impactos da Universidade Purdue, no estado americano do Indiana, realça que o que muitos estão chamando de rasto de vapor de água, é na realidade um rasto de fumo. "Provavelmente a maioria da massa acabou como poeira fina," explica.

O percurso Este-Oeste do meteoróide Cherbakul ao longo de aproximadamente o último minuto antes do impacto. Os números azuis são a altitude do objecto, e o asterisco indica o ponto de brilho máximo, que ocorreu (segundo cientistas da NASA) a uma altitude de 23,3 km.
Crédito: NASA/JPL/S. Chesley
 

O que certamente capturou a atenção de todos foi a poderosa onda de choque do bólide, que atingiu o solo cerca de 88 segundos depois. Esta explosão estourou inúmeras janelas dentro da própria cidade de Chelyabisnk e nos arredores. Embora muitos tivessem ficado feridos, não houve vítimas mortais.

No entanto, o dano poderia ter sido muito pior. "Toda aquela energia foi distribuída por uma grande área," explica Mark Boslough (Laboratórios Nacionais de Sandia). Se esta explosão com 0,5 megatoneladas tivesse sido direccionada directamente para baixo, realça, a sua bola de fogo teria engolido o chão. Foi o que aconteceu durante o evento Tunguska em 1908, que envolveu uma explosão pelo menos 10 vezes mais potente e muito mais próxima do chão. Mas este destino não recaiu sobre os moradores de Chelyabinsk e nas áreas circundantes, conclui Boslough. "As aldeias ainda estão lá."

Entretanto, especialistas russos em meteoritos têm tentado recolher o máximo possível de pedaços e detritos meteoríticos. Estes caíram sobre uma vasta área perto da cidade de Cherbakul. Na maioria dos casos, os cientistas simplesmente procuraram pequenos buracos na cobertura de neve e cavaram para recolher os seus prémios cósmicos. A maioria das peças são pequenas, não mais de uma polegada em diâmetro, e o maior fragmento encontrado até agora pesa apenas 1,8 kg.

Fragmento de 112,2 gramas do meteorito Chebarkul. Este foi descoberto num campo entre as vilas de Deputatsky e Emanzhelinsk a 18 de Fevereiro. O fragmento mostra uma espessa crosta primária de fusão, veias derretidas e fracturas. O cubo tem 1 cm.
Crédito: meteorite-recon.com, Wikipedia
(clique na imagem para ver versão maior)
 

De acordo com uma equipa de analistas liderada por Viktor Gokhovsky (Universidade Federal dos Urais), os fragmentos são de um tipo comum de meteorito rochoso, chamado condrito, que contém relativamente pouco conteúdo metálico. Dada a energia da explosão, a velocidade de entrada, e a densidade típica dos condritos (cerca de 3,6 g/cm^3), Brown estima que o objecto original tinha um diâmetro de aproximadamente 17 m e uma massa de cerca de 10.000 toneladas.

Melosh, que estuda como os meteoróides se quebram na atmosfera muito mais fina de Marte, acha que as pequenas pedras implicam que o objecto percursor não estava muito bem aglomerado, o que é muitas vezes chamado de "pilha de escombros". Ele explica que os objectos que batem no fino ar marciano "quebram-se várias vezes - como uma cascata de raios cósmicos - por isso não obtemos quaisquer fragmentos grandes."

Mas o que dizer do grande buraco de 16 metros criado no gelo que cobre o Lago Cherbakul? Grokhosvky acredita que foi criado quando um grande pedaço de meteorito, com 60 cm de comprimento e pesando aproximadamente 100 kg, caiu no lago. É o que os mergulhadores esperam encontrar no fundo do lago, a cerca de 10 metros de profundidade, mas após vários mergulhos, ainda estão de mãos vazias.

No entanto, o investigador Evgeny Narkhov (também da Universidade Federal dos Urais), anunciou um mapa preliminar de leituras magnetométricas obtidas numa área com o tamanho de um campo de futebol. O chão do lago mostra vários "pontos quentes", sugerindo que o meteorito partiu-se com o impacto. "Não existem pedaços pequenos e um grande, como se poderia pensar, mas vários fragmentos grandes," realça Narkhov num comunicado de imprensa da universidade. A análise continua a decorrer.

Links:

Vídeos compilados por Brown:
Kichigino (54.50056°N, 61.27165°E)
Yemanzhelinsk (54.756579°N, 61.304044°E)
Kurchatovskiy (55.220774°N, 61.296265°E)
Korkino (54.89092°N, 61.39958°E)
Chelyabinsk Central (55.16632°N, 61.44478°E)

Evento Chelyabinsk - 2013 (meteorito Chebarkul):
Wikipedia
Wikipedia (meteorito Chebarkul)

Meteoros, meteoritos:
Núcleo de Astronomia do CCVAlg
Wikipedia

 
MEDINDO O UNIVERSO COM MAIS PRECISÃO DO QUE NUNCA

Ao fim de quase uma década de observações cuidadas, uma equipa internacional de astrónomos mediu a distância à nossa galáxia vizinha, a Grande Nuvem de Magalhães, com mais precisão do que nunca. Estas novas medições ajudam-nos a determinar melhor a taxa de expansão do Universo - a constante de Hubble - e são um passo crucial do sentido de compreendermos a misteriosa energia escura, que faz acelerar a expansão. A equipa observou com telescópios do Observatório de La Silla do ESO, no Chile, assim como com outros telescópios do mundo inteiro. Os resultados foram publicados na edição de 7 de Março da revista Nature.

Os astrónomos determinam a escala do Universo medindo primeiro a distância a objectos próximos e usando depois essas distâncias como velas padrão para estimar distâncias cada vez maiores. No entanto, esta cadeia é apenas tão precisa quanto o seu elo mais fraco. Até agora, a medição precisa da distância à Grande Nuvem de Magalhães, uma das galáxias mais próximas da Via Láctea, provou ser algo complicado. Uma vez que as estrelas nesta galáxia são usadas para fixar a escala de distâncias a galáxias mais remotas, esta medição é muitíssimo importante.

Agora, observações cuidadas de uma classe rara de estrelas duplas permitiu a uma equipa de astrónomos deduzir um valor muito mais preciso da distância à Grande Nuvem de Magalhães: 163.000 anos-luz.

Esta fotografia mostra a Grande Nuvem de Magalhães, uma galáxia vizinha da Via Láctea. As posições de oito ténues e raras estrelas binárias eclipsantes estão marcadas com cruzes (os objectos são demasiado ténues para aparecerem na imagem). Ao estudar como a sua luz muda, e outras propriedades destes sistemas, os astrónomos podem medir as distâncias com muita precisão.
Crédito: ESO/R. Gendler
(clique na imagem para ver versão maior)
 

"Estou muito entusiasmado com este resultado porque há mais de cem anos que os astrónomos tentam medir com precisão a distância à Grande Nuvem de Magalhães, o que tem provado ser extremamente difícil," diz Wolfgang Gieren (Universidad de Concepción, Chile) e um dos líderes da equipa. "Nós resolvemos este problema ao obter um resultado com uma precisão demonstrada de 2%."

A melhoria na medição da distância à Grande Nuvem de Magalhães dá também distâncias mais precisas a muitas estrelas variáveis do tipo Cefeida. Estas estrelas brilhantes que pulsam, são usadas como velas padrão para medir distâncias às galáxias mais remotas e determinar a taxa de expansão do Universo - a constante de Hubble que, por sua vez, é a base para observar o Universo até às galáxias mais longínquas que podem ser hoje vistas com os telescópios actuais. Portanto, a maior precisão na distância à Grande Nuvem de Magalhães leva a uma redução imediata da imprecisão nas medições actuais de distâncias cosmológicas.

Os astrónomos conseguiram tornar mais precisa a distância à Grande Nuvem de Magalhães ao observar pares raros de estrelas, chamadas binários de eclipse. À medida que estas estrelas orbitam em torno uma da outra, vão passando também à frente uma da outra. Quando isto acontece, visto da Terra, o brilho total do binário diminui de determinado valor quando uma estrela passa em frente da outra e diminui de outro valor quando essa estrela passa por detrás.

Ao detectarmos cuidadosamente estas variações no brilho e ao medir igualmente a velocidade orbital das estrelas, é possível determinar o tamanho das estrelas, as suas massas e as características das suas órbitas. Combinando estes dados com medições cuidadosas do brilho total e da cor das estrelas, podem ser determinadas distâncias muito precisas.

Esta impressão de artista mostra um sistema binário eclipsante. À medida que as duas estrelas orbitam-se uma à outra, passam em frente e o seu brilho combinado, visto de longe, diminui. Ao estudar como a sua luz muda, e outras propriedades destes sistemas, os astrónomos podem medir as distâncias com muita precisão.
Crédito: ESO/L. Calçada
(clique na imagem para ver versão maior)
 

Este método já foi utilizado anteriormente, mas apenas com estrelas quentes. No entanto, para esses casos têm que ser supostas determinadas condições e por isso as distâncias que daí se derivam não são tão precisas como desejaríamos. Agora, pela primeira vez, conseguiu-se identificar oito binários de eclipse muito raros, onde ambas as estrelas são gigantes vermelhas mais frias. Estas estrelas foram estudadas com todo o detalhe, o que originou valores para a distância muitíssimo precisos - até 2%.

"O ESO forneceu-nos o conjunto perfeito de telescópios e instrumentos necessários a este projecto: o HARPS, que mede velocidades radiais extremamente precisas de estrelas relativamente ténues e o SOFI, que faz medições precisas do brilho das estrelas no infravermelho," acrescenta Grzegorz Pietrzyński (Universidad de Concepción, Chile e Observatório da Universidade de Varsóvia, Polónia), autor principal do novo artigo científico na Nature.

"Estamos a trabalhar no sentido de melhorar ainda mais o nosso método e esperamos conseguir obter nos próximos anos uma distância à Grande Nuvem de Magalhães com um 1% de precisão. Este trabalho tem consequências tremendas, não apenas no campo da cosmologia, mas também em muitas outras áreas da astrofísica," conclui Dariusz Graczyk, o segundo autor do novo artigo na Nature.

Links:

Notícias relacionadas:
ESO (comunicado de imprensa)
Universidade do Hawaii (comunicado de imprensa)
Artigo científico (formato PDF)
Nature (requer subscrição)
Universe Today
PHYSORG
SPACE.com
New Scientist
redOrbit

Grande Nuvem de Magalhães:
Wikipedia
SEDS.org

ESO:
Página oficial
Wikipedia

 
UMA JANELA PARA O OCEANO DE EUROPA MESMO À SUPERFÍCIE

Se pudéssemos lamber a superfície da lua gelada de Júpiter, Europa, estaríamos a provar um pouco do oceano por baixo. Um novo estudo, liderado por Mike Brown, astrónomo do Instituto de Tecnologia da Califórnia em Pasadena, EUA, e Kevin Hand do JPL da NASA, também em Pasadena, fornece as mais fortes evidências até agora de que o vasto oceano de água salgada por baixo do exterior gelado de Europa, na realidade faz o seu caminho para a superfície.

A constatação, com base em alguns dos melhores dados do seu género desde a missão Galileu da NASA (entre 1989 e 2003) para estudar Júpiter e as suas luas, sugere que existe uma troca química entre o oceano e a superfície, o que torna o oceano um ambiente mais rico quimicamente. O trabalho é descrito num artigo aceite para publicação na revista Astronomical Journal.

O intercâmbio entre o oceano e a superfície, diz Brown, "significa que a energia pode estar indo para o oceano, o que é importante em termos de possibilidades de vida. Também significa que, se quisermos saber o que está no oceano, podemos simplesmente ir à superfície e raspá-la um bocado."

Ilustração de Europa (pano da frente), de Júpiter (direita) e Io (meio).
Crédito: NASA/JPL-Caltech
(clique na imagem para ver versão maior)
 

Pensa-se que o oceano de Europa cubra todo o globo lunar e tenha cerca de 100 km de espessura, por baixo de uma fina camada de gelo. Desde os dias das Voyager e da Galileu que os cientistas debatem a composição da superfície de Europa. O espectrómetro infravermelho a bordo da Galileu não foi capaz de identificar definitivamente alguns dos materiais presentes à superfície. Agora, usando o Telescópio Keck II em Mauna Kea, Hawaii, e o seu espectrómetro OSIRIS, Brown e Hand identificaram uma característica espectroscópica na superfície de Europa que indica a presença de um sal de sulfato de magnésio, um mineral chamado epsomite, que se pode ter formado graças à oxidação de um mineral provavelmente proveniente do oceano subsuperficial.

Brown e Hand começaram por mapear a distribuição da água gelada pura versus qualquer outra coisa. Os espectros mostraram que até o hemisfério principal de Europa contém quantidades significativas de gelo sem água. Então, a latitudes mais baixas no outro hemisfério - a área com a maior concentração de material gelado não contendo água - descobriram pela primeira vez uma pequena diminuição no espectro.

Os dois cientistas testaram tudo, desde cloreto de sódio até Drano no laboratório de Hand no JPL, onde ele tenta simular os ambientes encontrados em vários mundos gelados. No final do dia, a assinatura do sulfato de magnésio persistia.

O sulfato de magnésio parece ser gerado pela irradiação de enxofre ejectado da lua joviana Io e, deduzem os autores, de cloreto de magnésio proveniente do oceano de Europa. Os cloretos, como o cloreto de sódio e o cloreto de potássio, que se prevê existirem na superfície de Europa, não são geralmente detectáveis porque não têm características espectrais claras no infravermelho. Mas o sulfato de magnésio é detectável. Os autores acreditam que a composição do oceano de Europa pode assemelhar-se com os oceanos salgados da Terra.

Esta imagem da lua de Júpiter, Europa, contém vários mosaicos regionais de alta-resolução, sobrepostos numa imagem global de menor resolução para efeitos de contexto.
Crédito: NASA/JPL-Caltech/Universidade do Arizona
(clique na imagem para ver versão maior)
 

O satélite joviano Europa é considerado um alvo principal na busca de vida para lá da Terra, afirma Hand. Um estudo liderado pelo JPL e pelo Laboratório de Física Aplica da Universidade Johns Hopkins em Laurel, no estado americano de Maryland, tem vindo a trabalhar com a comunidade científica para identificar opções para melhor explorar Europa. "Se nós aprendemos alguma coisa sobre a vida na Terra, é que onde há água líquida, há geralmente vida," realça Hand. "E, claro, os nossos oceanos são agradáveis oceanos salgados. Talvez o oceano salgado de Europa seja também um lugar maravilhoso para a vida."

Links:

Notícias relacionadas:
NASA (comunicado de imprensa)
Observatório W. M. Keck (comunicado de imprensa)
Artigo científico (formato PDF)
Universe Today
SPACE.com
Science Daily
PHYSORG

Europa:
Núcleo de Astronomia do CCVAlg
Wikipedia

Júpiter:
Núcleo de Astronomia do CCVAlg
Wikipedia

Sonda Galileu:
Página oficial (NASA)
Wikipedia

Observatório Keck:
Página oficial
Wikipedia

 
ÁLBUM DE FOTOGRAFIAS - Tardígrado em Musgo
(clique na imagem para ver versão maior)
Crédito: Nicole Ottawa e Oliver Meckes / Eye of Science / Imagens Science Source
 
É um extraterrestre? Provavelmente não, mas de todos os animais da Terra, o tardígrado pode ser o melhor candidato. Isto porque os tardígrados são conhecidos por serem capazes de passar décadas sem comida ou água, a sobreviver a temperaturas perto do zero absoluto até bem acima do ponto de ebulição da água, a sobreviver pressões próximas do zero até bem acima das pressões no fundo dos oceanos, e a sobreviver exposição directa a radiações perigosas. A incrível capacidade de sobrevivência destes extremófilos foi testada em 2011 fora do vaivém espacial em órbita. Os tardígrados são tão resistentes em parte porque podem reparar o seu próprio ADN e reduzir o seu teor de água no organismo até uma pequena percentagem. Alguns destes organismos quase que se tornaram extraterrestres recentemente, quando foram lançados na direcção da lua de Marte, Fobos, a bordo da missão russa Fobos-Grunt, mas permaneceram terrestres quando o foguetão falhou e a cápsula permaneceu em órbita da Terra. Os tardígrados são mais comuns que os humanos em quase todo o planeta. Na imagem a cores falsas, obtida com uma micrografia electrónica, um tardígrado com um milímetro de comprimento rasteja em musgo.
 

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