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ÁGUA DESCOBERTA NA LUA VEIO PROVAVELMENTE DE COMETAS
20 de Novembro de 2009

 

O mistério de onde veio a água da Lua pode em breve ser resolvido. As evidências da missão LCROSS da NASA sugerem que muita foi entregue por cometas em vez de se ter formado à superfície através de uma interacção com o vento solar.

Em Outubro, dois objectos colidiram com a Lua - um estágio de foguetão e poucos minutos depois, a própria sonda LCROSS - numa cratera perto do pólo sul da Lua. A sonda capturou imagens e obteve dados espectográficos do detrito lunar expelidos pelo impacto do foguetão, descobrindo que continha inequívocos sinais de água.

As missões anteriores também tinham descoberto pistas de água lunar mas a sua fonte não era clara. Uma teoria afirma que se forma quando os átomos de hidrogénio no vento solar se ligam com os átomos de oxigénio no solo lunar, criando hidróxilo e água.

Mas agora, as evidências tendem a favor de uma explicação alternativa - impactos de cometa. Os dados foram discutidos esta semana na reunião do Grupo de Análise de Exploração Lunar, um encontro de 160 cientistas em Houston, Texas, EUA.

A primeira linha de provas vem de compostos que se vaporizam rapidamente, ou voláteis. A LCROSS descobriu sinais espectrais de compostos voláteis contendo carbono e hidrogénio - provavelmente metano e etanol - bem como outros como amónia e dióxido de carbono. "Parece que colidimos numa área muito rica em compostos voláteis," disse Tony Colaprete, cientista principal da LCROSS, numa conferência de imprensa.

Estes compostos, na sua maioria, já deveriam ter sido perdidos para o espaço há milhares de milhões de anos atrás, quando a Lua coalesceu dos detritos de um impacto entre a Terra e um objecto com o tamanho de Marte. A água formada através de uma interacção com o vento solar seria por isso relativamente pura - e livre de compostos voláteis.

Mas os cometas, que se pensa serem os responsáveis por muitas das cicatrizes de impacto na Lua, são "bolas de neve suja" que se sabe conterem compostos voláteis como o metano. "Se conseguirmos descobrir a fonte da água [na Lua], isso poderá dizer-nos muito mais acerca da história da Lua durante o último par de mil milhões de anos," diz Larry Taylor da Universidade do Tennessee.

A segunda linha de evidências que aponta para os cometas vem da quantidade de água detectada. Espera-se que o vento solar forme água em quantidades minúsculas, resultando em concentrações não maiores do que 1% do solo lunar.

Os membros da equipa LCROSS estão ainda a analisar os dados, mas os cálculos sugerem que a concentração de água é maior. "Os dados são consistentes com um conteúdo total de hidrogénio na ordem de alguns percento," disse Colaprete.

Para lá da sua ligação com os cometas, os elementos voláteis geraram excitação na reunião devido ao seu valor como recurso para o voo espacial. Apesar da água ser importante para sobreviver na Lua, é o hidrogénio na água que pode ser usado como combustível para foguetões.

A possibilidade de descobrir compostos como etanol e metano, que podem ser usados directamente como combustível, torna ainda mais doce a questão económica do ser humano regressar à Lua. "A LCROSS deu-nos o nosso bilhete de volta à Lua," acrescenta Noah Petro do Centro Aeroespacial Goddard da NASA em Greenbelt, Maryland, EUA.

Links:

Núcleo de Astronomia do Centro Ciência Viva do Algarve:
25/09/09 - Água pode agarrar-se à superfície da Lua
30/09/09 - Como os astronautas poderiam "recolher" água na Lua
18/11/09 - Grandes quantidades de água descobertas na Lua

LCROSS:
NASA
Wikipedia

Lua:
Núcleo de Astronomia do Centro Ciência Viva do Algarve
Wikipedia

 
Interpretação de artista da sonda LCROSS da NASA observando o primeiro impacto do estágio superior do seu foguetão, antes da própria colidir com o pólo Sul da Lua.
Crédito: NASA
(clique na imagem para ver versão maior)
 
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