NEW HORIZONS "TELEFONA"; ENVIA PRIMEIROS DADOS DA PASSAGEM POR PLUTÃO
17 de julho de 2015
Plutão preenche quase o campo de visão do instrumento LORRI a bordo da sonda New Horizons, numa imagem capturada dia 13 de julho, quando a sonda estava a 768.000 km da superfície. Esta é a última e mais detalhada imagem enviada para a Terra antes do "flyby" de dia 14.
Crédito: NASA/APL/SwRI
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Depois de uma viagem de quase uma década pelo nosso Sistema Solar, a New Horizons fez a sua maior aproximação por Plutão na passada terça-feira, a cerca de 12.500 km da superfície - a primeira missão espacial a explorar um mundo assim tão longe da Terra.
A "chamada" pré-programada - uma série de mensagens de diagnóstico - com a duração de 15 minutos foi enviada para o centro de controlo de operações no Laboratório de Física Aplicada da Universidade Johns Hopkins, no estado americano de Maryland, através da rede DSN (Deep Space Network) da NASA, terminando um período de espera de 21 horas. A New Horizons estava programada para passar o dia a recolher a quantidade máxima possível de dados e só comunicar com a Terra depois de passar pelo sistema de Plutão.
Plutão é o primeiro objeto da Cintura de Kuiper visitado por uma missão terrestre. A New Horizons vai continuar a sua aventura na Cintura de Kuiper, onde milhares de objetos contêm pistas geladas sobre a formação do Sistema Solar.
A New Horizons recolheu imensos dados e, tendo em conta a velocidade extremamente lenta de comunicação, a transferência total demorará 16 meses.
De montanhas a luas: descobertas múltiplas da missão
Montanhas geladas em Plutão e uma nova imagem da sua maior lua, Caronte, estão entre as várias descobertas anunciadas na passada quarta-feira pela equipa da New Horizons, um dia após a passagem por Plutão. Estas são as primeiras amostras do tesouro científico recolhido durante esses momentos críticos.
Uma nova imagem de alta-resolução da região equatorial perto da base da característica em forma de coração de Plutão mostra uma cordilheira com picos até 3500 metros de altura.
As montanhas em Plutão formaram-se provavelmente há não mais que 100 milhões de anos - meros jovens num Sistema Solar com 4,56 mil milhões de anos. Isto sugere que a região capturada na fotografia, que cobre cerca de 1% da superfície de Plutão, pode ainda ser geologicamente ativa.
"Esta é uma das superfícies mais jovens que já vimos no Sistema Solar," afirma Jeff Moore da equipa GGI (Geology, Geophysics and Imaging Team) da New Horizons e do Centro de Pesquisa Ames de NASA em Moffett Field, Califórnia.
Ao contrário das luas geladas dos planetas gigantes, Plutão não pode ser aquecido por interações gravitacionais com um corpo planetário muito maior. Algum outro processo deve estar a gerar a paisagem montanhosa.
"Isto pode levar-nos a repensar o que alimenta a atividade geológica em muitos outros mundos gelados," afirma John Spencer, também da GGI e do Instituto de Pesquisa do Sudoeste.
A nova imagem de Caronte revela um terreno jovem e variado. Os cientistas estão surpresos com a aparente falta de crateras. Uma faixa de penhascos e vales que se estende por mais ou menos 1000 km sugere fraturas generalizadas na crosta de Caronte, provavelmente o resultado de processos geológicos internos. A imagem também mostra um desfiladeiro com uma profundidade estimada em 7-9 quilómetros. Na região polar norte de Caronte, as marcas escuras à superfície têm uma fronteira difusa, sugerindo um depósito findo ou uma mancha à superfície.
A New Horizons também observou os membros mais pequenos do sistema plutoniano, que inclui outras quatro luas: Nix, Hidra, Estige e Cérbero. Uma nova imagem de Hidra é a primeira a revelar a sua aparente forma irregular e o seu tamanho, estimado em cerca de 43 por 33 km.
As observações também indicam que a superfície de Hidra está provavelmente revestida de gelo. As imagens que estão por vir vão revelar mais pistas sobre a formação desta e das outras luas há milhares de milhões de anos atrás. Os dados espectroscópicos dos instrumentos Ralph a bordo da New Horizons revelam uma abundância de gelo de metano, mas com diferenças marcantes entre as regiões da superfície gelada de Plutão.
Nova ampliação de uma região perto do equador de Plutão que mostra uma surpresa gigante - uma variedade de montanhas jovens com até 3500 metros de altura.
Crédito: NASA/JHU APL/SwRI
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Imagem de Caronte, a maior lua de Plutão, obtida pelo instrumento LORRI no dia 13 de julho, a uma distância de aproximadamente 466.000 quilómetros.
Crédito: NASA/JHU APL/SwRI
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Imagem da lua de Plutão, Hidra, obtida durante a passagem da New Horizons por Plutão, a cerca de 400.000 km de distância. Tem uma resolução de 3 km por pixel.
Crédito: NASA/JHU APL/SwRI
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