MRO OBSERVA LOCAL DE ATERRAGEM DO SCHIAPARELLI
25 de outubro de 2016
Um par de imagens antes-e-depois obtidas pela câmara CTX (Context Camera) a bordo da sonda MRO da NASA no dia 29 de maio de 2016 e no dia 20 de outubro de 2016 que mostram duas novas características após a chegada do módulo Schiaparelli.
Crédito: NASA/JPL-Caltech/MSSS
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A sonda MRO (Mars Reconnaissance Orbiter) da NASA identificou novas marcas à superfície do Planeta Vermelho que se pensa estarem relacionadas com o módulo de entrada, descida e aterragem Schiaparelli da missão ExoMars da ESA.
O Schiaparelli entrou na atmosfera marciana às 15:42 de dia 19 de outubro para a sua descida de 6 minutos até à superfície, mas o contato foi perdido pouco antes da aterragem prevista. Os dados registados pela sua nave-mãe, TGO (Trace Gas Orbiter), estão atualmente a ser analisados para compreender o que aconteceu durante a sequência de descida.
Entretanto, a câmara de baixa-resolução CTX a bordo da MRO captou imagens do local de pouso em Meridiani Planum no dia 20 de outubro como parte de uma campanha de imagens planeada.
A imagem divulgada tem uma resolução de 6 metros por pixel e mostra duas novas características à superfície quando comparada com outra obtida pela mesma câmara em maio deste ano.
Uma das características é brilhante e pode estar associada com o paraquedas de 12 metros de diâmetro usado na segunda fase da descida do Schiaparelli, após a entrada inicial com o escudo térmico. O paraquedas e o escudo associado foram libertados pelo Schiaparelli antes da fase final, durante a qual nove motores deveriam ter abrandado o módulo até pairar mesmo acima da superfície.
A outra característica nova é uma mancha escura e difusa com aproximadamente 15x40 metros cerca de 1 km para norte do paraquedas. Está a ser interpretada como decorrente do impacto do módulo Schiaparelli após uma queda livre muito mais demorada do que o previsto, depois dos propulsores terem sido desligados prematuramente.
Estima-se que o Schiaparelli caiu de uma altitude entre 2 e 4 quilómetros, antes de colidir com a superfície a uma velocidade considerável, superior a 300 km/h. O tamanho relativamente grande da característica surge do material perturbado à superfície. É também possível que o "lander" tenha explodido com o impacto, pois os tanques de combustível estavam provavelmente ainda cheios. Estas interpretações preliminares serão aperfeiçoadas após uma análise mais aprofundada.
Um olhar mais atento destas características será registado esta semana com a HiRISE, a câmara de mais alta-resolução a bordo da MRO. Essas imagens também poderão revelar a posição do escudo térmico frontal, libertado a uma maior altitude.
Dado que a trajetória do módulo de descida foi observada a partir de três locais diferentes, as equipas estão confiantes que serão capazes de reconstruir a cadeia de eventos com grande precisão. O modo exato da anomalia a bordo do Schiaparelli ainda está sob investigação.
As duas novas características estão localizadas aos 353,79º de longitude este, 2,07º de latitude sul. A posição da marca escura mostra que o Schiaparelli embateu aproximadamente a 5,4 km do seu local de aterragem previsto, bem dentro da elipse esperada de 100x15 km.
As equipas continuam a descodificar os dados extraídos da gravação dos sinais de descida do Schiaparelli pela ExoMars TGO a fim de estabelecer correlações com as medições feitas com o GMRT (Giant Metrewave Radio Telescope), um telescópio experimental localizado perto de Pune, Índia, e com a Mars Express em órbita.
O Schiaparelli transmitiu uma quantidade substancial e extremamente valiosa de dados de engenharia de volta para a TGO durante a descida e estes estão sendo analisados dia e noite pelos engenheiros.
O orbitador TGO da missão ExoMars 2016 está atualmente numa órbita 101.000 km x 3691 km (em relação ao centro do planeta) com um período de 4,2 dias, bem dentro da órbita inicial planeada. Está a funcionar muito bem e irá obter dados de calibração científica durante duas órbitas em novembro.
Estará, então, pronto para as manobras planeadas de aerotravagem a partir de março de 2017 que continuarão durante a maior parte do ano, trazendo-o até uma órbita circular a 400 km de Marte.
Começará, nessa altura, a sua missão científica primária de estudar a atmosfera de Marte à procura de possíveis indícios de vida por baixo da superfície e desempenhar funções de estação de retransmissão para o rover Exomars 2020 e outros ativos à superfície.
O local de aterragem do módulo Schiparelli dentro da elipse prevista num mosaico de imagens obtidas pela CTX da MRO e pela THEMIS (Thermal Emission Imaging System) a bordo da sonda Mars Odyssey da NASA.
Crédito: topo - NASA/JPL-Caltech/MSSS, Universidade Estatal do Arizona; inserções - NASA/JPL-Caltech/MSSS
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Imagem obtida pela CTX da MRO no dia 29 de maio de 2016. Esta é a imagem "antes" do par de imagens obtidas para localizar o módulo Schiaparelli.
Crédito: NASA/JPL-Caltech/MSSS
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Imagem obtida pela CTX da MRO no dia 20 de outubro de 2016. Esta é a imagem "depois" do par de imagens obtidas para localizar o módulo Schiaparelli.
Crédito: NASA/JPL-Caltech/MSSS
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