O "PERFUME" DO COMETA 67P/CHURYUMOV-GERASIMENKO
28 de Outubro de 2014
Desde o início de Agosto que o instrumento ROSINA (Rosetta Orbiter Sensor for Ion and Neutral Analysis) tem "cheirado" o cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko com os seus dois espectrómetros de massa.
Apesar do cometa estar ainda a mais de 400 milhões de quilómetros do Sol, a mistura de moléculas detectadas na cabeleira do cometa é já surpreendentemente rica. Antes de alcançarmos o cometa 67P/C-G, a equipa do ROSINA pensava que a estas grandes distâncias do Sol, a sua relativamente baixa intensidade libertaria apenas as suas moléculas mais voláteis através de sublimação, especificamente dióxido de carbono e monóxido de carbono.
No entanto, o instrumento ROSINA detectou muito mais moléculas. De facto, no relatório da equipa datado de 11 de Setembro, o inventário de gases detectados no cometa continha:
Água (H2O);
Monóxido de carbono (CO);
Dióxido de carbono (CO2);
Amónia (NH3);
Metano (CH4);
Metanol (CH3OH).
Agora a equipa também anunciou a detecção dos seguintes compostos:
Formaldeído (CH2O);
Sulfeto de hidrogénio (H2S);
Cianeto de hidrogénio (HCN);
Dióxido de enxofre (SO2);
Dissulfeto de carbono (CS2).
Se pudéssemos cheirar o cometa, provavelmente gostaríamos de não o ter feito. Kahrin Altwegg, investigadora principal do ROSINA, afirma: "o perfume de 67P/Churyumov-Gerasimenko é bastante forte, com o odor a ovos podres (sulfeto de hidrogénio), a estábulos de cavalos (amónia), e ao pungente e sufocante odor de formaldeído. Isto tudo misturado com o ténue e amargo aroma semelhante a amêndoa do cianeto de hidrogénio. Adicione um pouco de álcool (metanol) à mistura, junte o aroma avinagrado do dióxido de enxofre e uma pitada do doce e aromático sulfeto de carbono, e chegamos ao 'perfume' do nosso cometa."
Embora este perfume seja provavelmente pouco atraente, há que lembrar que a densidade destas moléculas é muito baixa, e que a parte principal da cabeleira é composta de água e dióxido de carbono, misturados com monóxido de carbono.
No entanto, o ponto-chave é que uma análise detalhada desta mistura e do modo como varia à medida que o cometa 67P/C-G se torna mais activo permitirá aos cientistas determinar a composição do cometa. Os trabalhos vão mostrar como este cometa se compara com outros, por exemplo, ao revelar diferenças entre os cometas originários da Cintura de Kuiper (como 67P/C-G) e cometas oriundos da distante nuvem de Oort (como o Cometa Siding Spring, que passou recentemente por Marte). O objectivo é obter mais informações sobre a composição química da nebulosa solar a partir do qual o nosso Sistema Solar e, em última análise, a própria vida surgiu.
Mosaico de quatro imageuns do Cometa 67P/C-G, usando imagens capturadas no dia 19 de Setembro. Crédito: ESA/Rosetta/NAVCAM
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Espectro de alta resolução do DMFS (Double Focusing Mass Spectrometer) do ROSINA, obtido no dia 10 de Outubro a uma distância de 10 km do centro do cometa. O gráfico mostra a detecção do sulfeto de hidrogénio e do isótopo mais pesado de enxofre, 34S, que é um fragmento de todas as espécies que contêm enxofre. O gráfico mostra a intensidade vs. o rácio massa-para-carga.
Crédito: K. Altwegg, Universidade de Berna
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