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Edição n.º 1559
15/02 a 18/02/2019
 
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EFEMÉRIDES

Dia 15/02: 46.º dia do calendário gregoriano.
História: Em 1564 nascia Galileu Galilei, um dos astrónomos mais famosos de sempre, considerado o pai da astronomia observacional. Foi o primeiro a utilizar o telescópio para observar os céus, avistando as manchas solares e também os satélites de Júpiter.
Em 1996, no Centro Espacial Xichang na China, um foguetão Long March 3, que transportava um Intelsat 708, colide com uma vila rural depois da descolagem, matando inúmeras pessoas. 
Em 1999, lançamento do IKONOS 2 (Athena 2).
Em 2013, um meteoro explode por cima da Rússia e a sua onda de choque acaba ferindo 1500 pessoas, estilhaçando vidros e agitando edifícios.

Isto inesperadamente acontece apenas horas antes da mais próxima passagem esperada do maior e não relacionado asteroide 367943 Duende.
Observações: A Lua está esta noite aos pés de Gémeos. Castor e Pollux estão para a sua esquerda, Procyon para baixo e para a esquerda e Orionte para baixo e para a direita.

Dia 16/02: 47.º dia do calendário gregoriano.
História: Em 1948 é descoberta a lua de ÚranoMiranda, por Gerard Kuiper.

Em 1961, é lançado o Explorer 9 (S-56a).
Observações: Logo após o anoitecer, a Lua encontra-se entre Castor e Pollux, para cima e para a direita, e Procyon, mais para baixo e para a esquerda. Pelas 22 horas este arranjo torna-se vertical.

Dia 17/02: 48.º dia do calendário gregoriano.
História: Em 1600, o astrónomo Giordano Bruno é queimado vivo no Campo de' Fiori, Roma, por heresia.

Em 1723, nascia Tobias Mayer, astrónomo alemão, famoso pelos seus estudos da Lua.
Em 1740, nascia Horace-Bénédict de Saussure, astrónomo suiço, considerado o primeiro construtor bem-sucedido do forno solar
Em 1959, é lançado o Vanguard 2 - o primeiro satélite meteorológico a medir a distribuição das nuvens.
Em 1965, a sonda Ranger 8 é lançada com a missão de fotografar o Mar da Tranquilidade na Lua, em preparação para as missões tripuladas Apollo. Mare Tranquilitatis tornar-se-ia no local escolhido para a aterragem da Apollo 11
Em 1996, começa o Programa Discovery da NASA, à medida que a sonda NEAR Shoemaker é lançada na sua primeira missão de orbitar e aterrar num asteroide, 433 Eros.
Em 2004, Michael Brown, Chad Trujillo e David Rabinowitz descobrem 90482 Orcus, um objeto da Cintura de Kuiper, provavelmente um planeta anão.
Observações: Esta noite a Lua encontra-se no interior de um triângulo formado por Régulo (Leão, para baixo e para a esquerda), Procyon (Cão Menor, para baixo e para a direita) e Pollux (Gémeos, para cima e para a direita).

Dia 18/02: 49.º dia do calendário gregoriano.
História: Em 1930, enquanto estudava fotografias tiradas em janeiro, Clyde Tombaugh descobre Plutão.

Na altura foi designado como o nono planeta do Sistema Solar e o mais afastado. Desde aí, descobrimos também quão "não parecido com um planeta" realmente é. Finalmente, em 2006 deixa de ser planeta principal para passar a ser classificado como planeta anão.
Em 1977, fazia-se o voo inaugural do vaivém espacial Enterprise a partir do topo de um Boeing 747.
Em 2003, o cometa C/2002 V1 (NEAT) atinge o periélio, visto pela SOHO.
Observações: A Lua, quase Cheia, forma agora um triângulo com Algieba e Régulo, estrelas da constelação de Leão.

 
CURIOSIDADES

O computador de bordo do Opportunity utiliza um CPU RAD6000 de 20 MHz, 128 MB de DRAM, 3 MB de EEPROM e 256 MB de memória flash.
 
MISSÃO DO ROVER OPPORTUNITY CHEGA AO FIM

A missão do rover Opportunity da NASA, um dos mais bem-sucedidos e duradouros feitos da exploração interplanetária, chegou ao fim após quase 15 anos a investigar a superfície de Marte e a ajudar a lançar as bases para o regresso da NASA ao Planeta Vermelho.

O rover Opportunity parou de comunicar com a Terra quando uma tempestade de poeira atingiu a sua posição em junho de 2018. Depois de mais de mil comandos para restaurar o contacto, os engenheiros da Unidade de Operações de Voo Espacial no JPL da NASA fizeram a sua última tentativa de ressuscitar o Opportunity na passada terça-feira, sem sucesso. A comunicação final do veículo movido a energia solar foi recebida no dia 10 de junho.

"É graças a missões pioneiras, como a do Opportunity, que chegará o dia em que os nossos corajosos astronautas vão caminhar à superfície de Marte," disse Jim Bridenstine, Administrador da NASA. "E quando esse dia chegar, parte dessa primeira pegada pertencerá aos homens e mulheres do Opportunity, pertencerá um pequeno rover que desafiou as probabilidades e tanto fez em nome da exploração."

Impressão de artista do rover Opportunity da NASA.
Crédito: NASA/JPL/Universidade de Cornell
(clique na imagem para ver versão maior)
 

Projetado para durar apenas 90 dias marcianos e para viajar 1000 metros, o Opportunity superou amplamente todas as expetativas em termos de resistência, valor científico e longevidade. Além de exceder 60 vezes a sua esperança de vida, o rover percorreu mais de 45 quilómetros até alcançar o seu local de repouso final, com um nome bastante apropriado - Vale da Perseverança.

"Durante mais de uma década, o Opportunity foi um ícone no campo da exploração planetária, ensinando-nos mais sobre o passado de Marte como um planeta húmido e potencialmente habitável e revelando paisagens marcianas desconhecidas," disse Thomas Zurbuchen, administrador associado do Diretorado de Missões Científicas da NASA. "Qualquer perda que sentimos agora deve ser amenizada com o conhecimento de que o legado do Opportunity continua, tanto à superfície de Marte com o rover Curiosity e com o "lander" InSight quanto nas salas limpas do JPL, onde o futuro rover Mars 2020 está a tomar forma."

A transmissão final, enviada pela antena de 70 metros no Complexo Goldstone Deep Space da NASA na Califórnia, encerrou uma estratégia multifacetada de recuperação de oito meses, numa tentativa de obrigar o rover a comunicar.

"Fizemos todos os esforços razoáveis de engenharia para tentar recuperar o Opportunity e determinámos que a probabilidade de receber um sinal é demasiado baixa para continuar os esforços de recuperação," salientou John Callas, gerente do projeto MER (Mars Exploration Rover) no JPL.

O Opportunity aterrou na região Meridiani Planum de Marte no dia 24 de janeiro de 2004, sete meses após o seu lançamento a partir da Estação da Força Aérea de Cabo Canaveral, no estado norte-americano da Flórida. O seu rover gémeo, Spirit, aterrou 20 dias antes na cratera Gusev, com 166 km de diâmetro, do outro lado de Marte. O Spirit percorreu quase 8 quilómetros antes da sua missão ser dada como terminada em maio de 2011.

Desde que o Opportunity aterrou, uma equipa de engenheiros da missão, "motoristas" e cientistas na Terra colaboraram para superar os desafios e levar o rover de local geológico para local geológico. Traçaram percursos viáveis em terrenos acidentados que o explorador marciano com 174 kg pudesse contornar e, às vezes, passar por cima de pedras e pedregulhos e subir encostas rochosas com até 32 graus de inclinação (um recorde fora da Terra), estudar bases de crateras, cumes e atravessar possíveis leitos de rios secos. A sua aventura final levou-o ao limite oeste do Vale da Perseverança.

"Não consigo pensar noutro local mais apropriado para o Opportunity descansar, à superfície de Marte, do que num local com o nome Vale da Perseverança," comentou Michael Watkins, diretor do JPL. "Os registos, descobertas e a pura tenacidade deste pequeno e intrépido veículo são testemunhos da ingenuidade, dedicação e perseverança das pessoas que o construíram e conduziram."

Esta dramática imagem da sombra do rover Opportunity da NASA foi captada no sol 180 (26 de julho de 2004) pela câmara frontal de prevenção de riscos, enquanto o veículo avançava em direção à Cratera Endeavour na região Meridianum Planum de Marte.
Crédito: NASA/JPL-Caltech
(clique na imagem para ver versão maior)
 

Mais Feitos do Opportunity

  • Estabeleceu o recorde da maior distância percorrida num dia marciano, a 20 de março de 2005, quando viajou 220 metros;
  • Transmitiu mais de 217.000 imagens, incluindo 15 panoramas coloridos de 360 graus;
  • Expôs 52 rochas para revelar superfícies minerais para análise e limpou 72 alvos adicionais com uma escova a fim de os preparar para inspeção com espectrómetros e com uma câmara microscópica;
  • Encontrou hematite, um mineral que se forma em água, no seu local de aterragem;
    Descobriu fortes indícios, na Cratera Endeavour, da ação de água antiga semelhante à água potável de uma lagoa ou lago na Terra.

Todas as análises científicas "off-road" e "in situ" foram em serviço do objetivo principal do projeto MER: encontrar evidências históricas do clima e água do Planeta Vermelho em locais onde as condições podem ter sido favoráveis à vida. Dado que a água líquida é necessária para a vida como a conhecemos, as descobertas do Opportunity significam que as condições em Meridiani Planum podem ter sido habitáveis durante um certo período de tempo na história de Marte.

"Desde o início que o Opportunity foi bem-sucedido na busca por evidências de água," acrescentou Steve Squyres, investigador principal da carga científica dos rovers e da Universidade de Cornell. "E quando combinamos as descobertas do Opportunity e do Spirit, elas mostram-nos que no passado Marte foi um local muito diferente do que é hoje - um mundo frio, seco e desolado. Ao olharmos para o passado, encontramos evidências convincentes da existência de água líquida subterrânea e de água líquida à superfície."

Todas estas proezas não vieram sem o ocasional impedimento extraterrestre. Só em 2005, o Opportunity perdeu a direção numa das suas rodas dianteiras, um aquecedor avariado ameaçou limitar severamente a potência disponível e uma duna de areia marciana quase que o prendeu de vez. Dois anos mais tarde, uma tempestade de areia com a duração de dois meses colocou em perigo o rover antes de se dissipar. Em 2015, o Opportunity perdeu a capacidade de usar a sua memória flash de 256 megabytes e, em 2017, perdeu a direção na sua outra roda dianteira.

De cada vez que o rover enfrentou um obstáculo, a equipa do Opportunity, cá na Terra, encontrou e implementou uma solução que permitia que o veículo recuperasse. No entanto, a enorme tempestade de poeira que tomou forma no verão de 2018 provou ser demais para o explorador mais antigo da história de Marte.

"Quando pensar no Opportunity, vou lembrar-me daquele lugar em Marte onde o nosso intrépido rover excedeu em muito as expetativas de todos," realçou Callas. "Mas suponho que o que mais vou valorizar é o impacto que o Opportunity teve sobre nós aqui na Terra. É a exploração realizada. São as descobertas fenomenais. É a geração de jovens cientistas e engenheiros que se tornaram exploradores espaciais com esta missão. É o público que seguiu, connosco, todos os seus passos. E é o legado técnico do MER, que está presente no Curiosity e que estará também com a missão Mars 2020. Adeus, Opportunity. Que trabalho bem feito."

A exploração de Marte continua inabalável. O lander InSight da NASA, que pousou no dia 26 de novembro, está apenas a começar as suas investigações científicas. O rover Curiosity explora a Cratera Gale há mais de seis anos. E o rover Mars 2020 da NASA e o ExoMars da ESA serão lançados em julho de 2020, tornando-se nas primeiras missões a procurar sinais de vida microbiana passada no Planeta Vermelho.

Links:

Notícias relacionadas:
NASA (comunicado de imprensa)
Livestream da conferência de imprensa (NASA JPL via YouTube)
Opportunity: NASA completa missão marciana (NASA JPL via YouTube)
Elogio ao rover Opportunity (TIME via YouTube)
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Rover Opportunity:
NASA
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Rover Curiosity (MSL):
NASA
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Wikipedia (MSL)

InSight:
NASA
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Mars 2020:
NASA
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ExoMars 2020:
ESA
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Marte:
Núcleo de Astronomia do CCVAlg
Wikipedia

 
NOVO ESTUDO SUGERE A POSSIBILIDADE DE VULCANISMO SUBTERRÂNEO RECENTE EM MARTE

Um estudo publicado o ano passado na revista Science sugere que a água líquida está presente por baixo da calote polar sul de Marte. Agora, um novo estudo publicado na revista Geophysical Research Letters, da União Geofísica Americana, argumenta que é necessário que exista uma fonte subterrânea de calor para a água líquida existir sob a calote polar.

A nova investigação não toma posição no que toca à existência de água líquida. Ao invés, os autores sugerem que atividade magmática recente - a formação de uma câmara de magma nas últimas centenas de milhares de anos - deve ter ocorrido sob a superfície de Marte para que haja calor suficiente para produzir água líquida abaixo da espessa camada gelada com quilómetro e meio. Por outro lado, os autores do estudo argumentam que se não tiver havido atividade magmática recente por baixo da superfície de Marte, então provavelmente não há água líquida por baixo da calote de gelo.

O polo sul de Marte. Um novo estudo publicado na Geophysical Research Letters argumenta que é necessária uma fonte subterrânea de calor para a água líquida existir por baixo da calote polar.
Crédito: NASA
(clique na imagem para ver versão maior)
 

"Pessoas diferentes podem seguir caminhos diferentes com isto e estamos realmente interessados em ver como a comunidade reage," disse Michael Sori, cientista associado da equipa do Laboratório Lunar e Planetário da Universidade do Arizona e coautor do novo artigo.

A potencial presença de atividade magmática subterrânea recente em Marte suporta a ideia de que Marte é um planeta ativo, geologicamente falando. Esse facto pode dar aos cientistas uma melhor compreensão de como os planetas evoluem com o tempo.

O novo estudo pretende aprofundar o debate em torno da possibilidade de água líquida em Marte. A presença de água líquida no Planeta Vermelho tem implicações para potencialmente encontrar vida fora da Terra e também pode servir como um recurso para a exploração humana futura do nosso planeta vizinho.

"Nós pensamos que, se existe vida, é provável que esteja no subsolo, protegida da radiação," explicou Ali Bramson, investigadora pós-doutorada do Laboratório Lunar e Planetário da Universidade do Arizona, coautora do novo artigo. "Se ainda existem processos magmáticos ativos hoje, talvez fossem mais comuns no passado recente e talvez pudessem fornecer um degelo basal mais generalizado. Tal podia fornecer um ambiente mais favorável para a água líquida e, talvez, a vida."

Examinando o meio ambiente

Marte tem duas camadas gigantes de gelo nos seus polos, ambas com quase dois quilómetros de espessura. Na Terra, é comum a água líquida estar presente debaixo de espessas camadas de gelo, sendo que o calor do planeta faz com que o gelo derreta onde encontra a crosta terrestre.

Num artigo publicado o ano passado na Science, os cientistas afirmaram ter detetado um fenómeno semelhante em Marte. Alegaram que as observações detetaram evidências de água líquida na base da calote polar sul de Marte. No entanto, o estudo da Science não abordou como é que a água líquida pode ter lá chegado.

Marte é muito mais frio do que a Terra, de modo que não ficou claro que tipo de ambiente seria necessário para derreter o gelo na base da calote de gelo. Embora investigações anteriores tenham examinado se a água líquida podia existir na base das calotes geladas de Marte, ninguém havia estudado o local específico onde o trabalho da Science afirmou ter detetado água.

"Nós pensámos que havia muito espaço de manobra para descobrir se [a água líquida] é real, que tipo de ambiente seria necessário para derreter o gelo em primeiro lugar, que tipo de temperaturas seriam necessárias, que tipo de processos geológicos. Porque, sob condições normais, deveria ser demasiado frio," comentou Sori.

Procurando calor

Os autores do novo estudo assumiram que a deteção de água líquida por baixo da calote polar estava correta e depois trabalharam para descobrir quais os parâmetros necessários para a existência da água. Realizaram a modelagem física de Marte para entender quanto calor está a sair do interior do planeta e se podia haver sal suficiente na base da calote para derreter o gelo. O sal reduz significativamente o ponto de fusão do gelo, de modo que se pensou que o sal podia ter levado ao degelo na base da calote polar.

O modelo mostrou que o sal, por si só, não elevaria a temperatura o suficiente para derreter gelo. Em vez disso, os autores propõem a necessidade de calor adicional oriundo do interior de Marte.

Esquema do caso considerado no novo estudo, provocando um fluxo de calor local por baixo da calote polar sul de Marte. O esquema mostra uma câmara magmática de diâmetro D, enterrada a uma profundidade H (até ao centro da câmara) por baixo da suposta água líquida, criando um fluxo de calor Q à medida que arrefece.
Crédito: União Geofísica Americana/GRL/Sori e Bramson
(clique na imagem para ver versão maior)
 

Uma fonte de calor plausível seria a atividade vulcânica no subsolo do planeta. Os autores do estudo argumentam que o magma do interior profundo de Marte subiu em direção à superfície há cerca de 300.000 anos. Não quebrou a superfície, como uma erupção vulcânica, mas reuniu-se numa câmara magmática por baixo da superfície. À medida que a câmara de magma arrefecia, libertou calor que derreteu o gelo na base da camada de gelo. A câmara de magma ainda está a fornecer calor para a camada de gelo e a gerar água líquida hoje.

A ideia de atividade vulcânica em Marte não é nova - existem muitas evidências de vulcanismo à superfície do planeta. Mas a maioria das características vulcânicas em Marte têm milhões de anos, levando os cientistas a pensar que a atividade vulcânica abaixo e acima da superfície do planeta parou há muito tempo.

O novo estudo, no entanto, propõe que pode ter havido atividade vulcânica subterrânea mais recente. E, de acordo com os autores do estudo, se houve atividade vulcânica há centenas de milhares de anos, existe a possibilidade de que possa estar a ocorrer hoje em dia.

"Isso implicaria que ainda há formação de câmaras magmáticas no interior de Marte e não é apenas um lugar frio e moribundo internamente," salientou Bramson.

Jack Holt, professor no Laboratório Lunar e Planetária da Universidade do Arizona, disse que a questão de como pode a água existir debaixo da calote polar do hemisfério sul veio imediatamente à sua mente depois da publicação do artigo na Science, e o novo artigo acrescenta uma restrição importante na possibilidade da presença de água líquida. Ele disse que provavelmente vai adicionar ao debate na comunidade científica sobre a descoberta e salientar que são precisas mais investigações.

"Acho que foi uma ótima ideia fazer este tipo de modelagem e análise porque temos que explicar a água, se ela lá estiver, de modo que é realmente uma peça fundamental do puzzle," comentou Holt, que não esteve envolvido na nova investigação, mas que falou com os autores do estudo antes de apresentarem o trabalho. "O artigo original apenas abordou o assunto. Pode existir água líquida, mas temos que a explicar, e esta equipa fez um bom trabalho em dizer o que é necessário e que o sal não é suficiente."

Links:

Núcleo de Astronomia do CCVAlg:
27/07/2018 - Mars Express deteta água líquida escondida sob o polo sul de Marte

Notícias relacionadas:
União Geofísica Americana (comunicado de imprensa)
Artigo científico (Geophysical Research Letters)
Universe Today
science alert
PHYSORG
ScienceDaily
Newsweek

Marte:
Núcleo de Astronomia do CCVAlg
Wikipedia

 
SONDA MAVEN VAI DIMINUIR A SUA ÓRBITA EM PREPARAÇÃO PARA O ROVER 2020 DA NASA
Impressão de artista da sonda MAVEN e do limbo de Marte.
Crédito: Centro de Voo Espacial Goddard da NASA
(clique na imagem para ver versão maior)
 

A missão MAVEN (Mars Atmosphere and Volatile Evolution) da NASA, já com 4 anos, está a embarcar numa nova campanha para apertar a sua órbita em torno de Marte. A operação vai reduzir o ponto mais alto da órbita elíptica da sonda de 6200 para 4500 km acima da superfície e prepará-la para assumir a responsabilidade adicional de servir como satélite de retransmissão de dados para o rover Mars 2020 da NASA, que será lançado no ano que vem.

"A sonda MAVEN fez um trabalho fenomenal, ensinando-nos como Marte perdeu a sua atmosfera e fornecendo-nos outras informações científicas importantes sobre a evolução do clima marciano," disse Jim Watzin, diretor do programa de Exploração de Marte da NASA. "Agora estamos a recrutá-la para ajudar a NASA a comunicar com o nosso próximo rover marciano e com os seus sucessores."

Embora a nova órbita da MAVEN não seja drasticamente mais pequena do que a sua órbita atual, mesmo esta pequena mudança melhorará significativamente as suas capacidades de comunicação. "É como usar o seu telemóvel," comentou Bruce Jakosky, investigador principal da MAVEN da Universidade do Colorado, em Boulder, EUA. "Quando mais perto estivermos de uma torre, mais forte é o sinal."

Um forte sinal de comunicações não será o único benefício de uma órbita mais íntima. Aproximando-se cerca de 1500 km, o orbitador MAVEN também vai completar uma volta em torno do Planeta Vermelho com mais frequência - 6,8 órbitas por dia terrestre vs. as 5,3 anteriores - e assim comunicar com os rovers marcianos mais vezes. Enquanto não está a realizar retransmissões, a MAVEN continuará a estudar a estrutura e a composição da atmosfera superior de Marte. "Estamos a planear uma vigorosa missão científica bem para o futuro," comentou Jakosky.

A missão MAVEN foi desenhada para durar dois anos no espaço, mas a sonda ainda está a operar normalmente. O seu combustível pode durar até 2030, de modo que a NASA planeia usar as capacidades de relé da MAVEN o maior tempo possível. O orbitador transporta um transcetor rádio de frequência ultra-alta - semelhante aos transportados noutras sondas marcianas - que permite a transmissão de dados entre a Terra e os rovers ou módulos de aterragem em Marte. A sonda MAVEN já serviu, ocasionalmente, como contato de comunicação da NASA com o rover Curiosity.

O plano de aerotravagem para a MAVEN. Esquerda: a atual órbita da MAVEN em redor de Marte - 6200 km na sua maior altitude e um período orbital de mais ou menos 4,5 horas. Centro: o processo de aerotravagem - a MAVEN realiza uma série de "mergulhos" orbitais profundos, aproximando-se até mais ou menos 125 km de Marte na sua menor altitude, provocando fricção com a atmosfera a fim de diminuir a velocidade da sonda. Durante aproximadamente 360 órbitas, ao longo de dois meses e meio, esta técnica vai reduzir a altitude da nave até cerca de 4500 km e o seu período orbital até mais ou menos 3,5 horas. Direita: a órbita pós-aerotravagem, com a altitude reduzida e o período orbital mais curto.
Crédito: Estúdio de Visualização Científica da NASA/Kel Elkins e Dan Gallagher
(clique na imagem para ver versão maior)
 

Nos próximos meses, os engenheiros da MAVEN irão usar uma técnica de navegação conhecida como aerotravagem - é como aplicar os travões num carro - para aproveitar a fricção da atmosfera superior do Planeta Vermelho e assim diminuir gradualmente a velocidade da nave, órbita a órbita. É o mesmo efeito que sentiria ao colocar a mão de fora da janela de um carro em movimento.

Com base no rastreamento da nave pela equipa de navegação no JPL da NASA em Pasadena, no estado norte-americano da Califórnia, e na Lockheed Martin em Littleton, Colorado, os engenheiros começaram a diminuir cuidadosamente a parte mais baixa da órbita da sonda na atmosfera superior marciana ativando os propulsores. A nave vai orbitar Marte nesta altitude mais baixa cerca de 360 vezes ao longo dos próximos dois meses e meio, desacelerando levemente a cada passagem pela atmosfera. Embora possa parecer um processo demorado, a aerotravagem é a maneira mais eficiente de mudar a trajetória da sonda, explicou Jakosky: "o efeito é o mesmo como se tivéssemos disparado os nossos motores um pouco a cada órbita, mas, desta forma, usamos muito pouco combustível."

Felizmente, a equipa tem ampla experiência em operar a sonda nestas altitudes mais baixas. Em nove ocasiões anteriores ao longo da missão, os engenheiros da MAVEN mergulharam o orbitador até à mesma altitude para aerotravagem a fim de obter medições da atmosfera marciana. Como resultado destes "mergulhos profundos" e outras medições, a NASA aprendeu que o vento solar e a radiação despojaram Marte da maior parte da sua atmosfera, mudando o clima inicial do planeta de quente e húmido para o ambiente seco que vemos hoje. A MAVEN também descobriu dois novos tipos de auroras em Marte e a presença de átomos de metal carregados na sua atmosfera superior que nos dizem que inúmeros detritos atingem Marte, o que pode afetar o seu clima.

Links:

Cobertura da missão MAVEN pelo Núcleo de Astronomia do CCVAlg:
25/01/2018 - Tempestades de poeira ligadas à fuga atmosférica de Marte
02/01/2018 - Missão marciana lança luz sobre habitabilidade de exoplanetas
24/10/2017 - MAVEN descobre que Marte tem uma "cauda torcida"
04/04/2017 - Sonda MAVEN revela que maior parte da atmosfera marciana foi perdida para o espaço
06/11/2015 - MAVEN revela velocidade a que o vento solar retira atmosfera de Marte
23/06/2015 - Marte é uma "estrela de rock"
20/03/2015 - MAVEN deteta auroras e misteriosa nuvem de poeira em torno de Marte
19/12/2014 - MAVEN identifica elos da cadeia que leva a perda atmosférica
23/09/2014 - MAVEN chega a Marte, amanhã é a vez da indiana Mangalyaan
19/09/2014 - MAVEN chega a Marte este fim-de-semana 
19/11/2013 - Lançamento da MAVEN 
15/11/2013 - MAVEN vai investigar o que aconteceu em Marte 
01/11/2013 - NASA prepara lançamento da 1.ª missão de exploração da atmosfera marciana

Notícias relacionadas:
NASA (comunicado de imprensa)
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COSMOS
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SAPO tek

Marte:
Núcleo de Astronomia do CCVAlg
Wikipedia

MAVEN:
NASA
NASA - 2
Wikipedia

Mars 2020:
NASA
NASA - 2
Wikipedia

Aerotravagem:
Wikipedia

 
TAMBÉM EM DESTAQUE
  Na sinfonia do Sistema Solar, é o campo magnético da Terra quem estabelece o ritmo (via NASA)
O espaço não é silencioso. De facto, toda uma orquestra de "instrumentos" preenche o nosso ambiente próximo da Terra com sons fantasmagóricos. Os cientistas conhecem há muito os fenómenos que envolvem as ondas eletromagnéticas que viajam em redor da Terra e que ressoam como instrumentos de corda e assobiam como instrumentos de sopro. Uma nova pesquisa acrescentou um membro percussivo a este elenco cósmico: um "tambor" gigante, despoletado por jatos de plasma que atingem a fronteira da bolha magnética protetora em redor do nosso planeta. Ler fonte
 
ÁLBUM DE FOTOGRAFIAS - A Nebulosa da Hélice em Hidrogénio e Oxigénio
(clique na imagem para ver versão maior)
Crédito: Andrew Campbell
 
Está a Nebulosa da Hélice a olhar para si? Não, não em qualquer sentido biológico, mas realmente parece-se com um olho. A Nebulosa da Hélice tem este nome porque também parece que estamos a olhar para o eixo de uma hélice. Na verdade, sabemos agora que tem uma geometria surpreendentemente complexa, incluindo filamentos radiais e "loops" externos estendidos. A Nebulosa da Hélice (também conhecida como NGC 7293) é um dos exemplos mais brilhantes e mais próximos de uma nebulosa planetária, uma nuvem de gás formada no final da vida de uma estrela semelhante ao Sol. O núcleo estelar remanescente, destinado a tornar-se numa estrela anã branca, brilha com uma luz tão energética que faz com que o gás expelido anteriormente apresente fluorescência. A imagem em destaque, obtida na luz emitida pelo oxigénio (vista em tons de azul) e pelo hidrogénio (vista em tons de vermelho), foi criada a partir de 74 horas de tempo de exposição ao longo de três meses com um pequeno telescópio nos arredores de Melbourne, Austrália. Uma ampliação da orla interior da Nebulosa da Hélice mostra nós complexos de gás de origem desconhecida.
 

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