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  Arquivo | CCVAlg - Astronomia
Com o apoio do Centro Ciência de Tavira
   
 
  Astroboletim #1797  
  28/05 a 31/05/2021  
     
 
 

Dia de Portugal e... dos Eclipses

Temos à porta um eclipse solar, que é o pretexto para desvendarmos alguns dos mistérios e curiosidades destes alinhamentos espaciais!

Realizadas mensalmente, estas sessões tentam focar num tema de relevância à data da atividade, devido a algum acontecimento astronómico ou oportunidade de observação, ou alguma notícia recente de astronomia que motive a atividade. A observação noturna está obviamente sempre dependente do hemisfério celeste observável, bem como das condições meteorológicas ou ambientais disponíveis.

Lotação máxima de 5 pessoas
Preço: 4€ Adultos / 2€ Jovens / grátis membros do AstroClube

Data: 8 de junho de 2021
Hora: 21:00 horas

INSCRIÇÃO OBRIGATÓRIA - seguir este link
Telefone: 289 890 920
E-mail: info@ccvalg.pt

 
     
 
Efemérides

Dia 28/05: 148.º dia do calendário gregoriano.
História:
Em 585 AC, ocorre um eclipse solar, como previsto pelo filósofo e cientista grego Tales de Mileto, durante o qual Aliates II enfrenta Cyaxares na Batalha de Halys ou Batalha do Eclipse, o que leva a uma trégua. Esta é uma das datas mais importantes, a partir da qual outras datas podem ser calculadas. No entanto, vários especialistas disputam esta previsão, dado o conhecimento astronómico disponível na altura.
Em 1879, nascia Milutin Milankovitch, astrónomo, matemático, climatólogo, geofísico, engenheiro civil e doutor de tecnologia sérvio, que fez duas importantes contribuições para a Ciência. A primeira é a caracterização dos climas de todos os planetas do Sistema Solar e a segunda é a explicação dos ciclos climáticos da Terra a longo termo, provocados pela posição do nosso planeta em relação ao Sol, agora conhecidos como Ciclos de Milankovitch
Em 1912, nascia Ruby Payne-Scott, australiana, a primeira radioastronónoma. 
Em 1959, lançamento dos dois macacos Able & Baker. Passaram 16 minutos a viajar a uma altitude de 480 km. 
Em 1971 era lançada a Mars 3 (USSR).

A 2 de dezembro do mesmo ano, alcançou Marte mas o "lander" enviou apenas 20 segundos de dados.
Em 1998, o asteroide 1998 KY26 era descoberto por Tom Gehrels. Usando observações por radar, a velocidade de rotação deste asteroide foi estimada em 10,7 minutos!
Em 2002, a Mars Odyssey descobre sinais de imensos depósitos de gelo no planeta Marte.
Observações: Esta é a altura do ano em que Leão desce para oeste, para dizer adeus durante o pôr-do-Sol do início de verão. Logo após o anoitecer, aviste a sua estrela mais brilhante razoavelmente alta a oeste-sudoeste. É Régulo, a sua pata dianteira.

Dia 29/05: 149.º dia do calendário gregoriano.
História: Em 1794, nascia Johann Heinrich von Mädler, astrónomo alemão.

Produziu os primeiros mapas verdadeiros de Marte, fez determinações preliminares do período de rotação de Marte com apenas poucos segundos de erro, e produziu o primeiro mapa exato da Lua.
Em 1919, um eclipse solar total foi observado por dois diferentes grupos de astrónomos (Arthur Eddington e Andrew Crommelin), tentando confirmar a Teoria da Relatividade Geral de Einstein, medindo se o Sol distorcia as posições aparentes das estrelas das Híades.
Em 1929, nascia Peter Higgs, físico teórico britânico, famoso pelo seu mecanismo Higgs, que prevê a existência do bosão de Higgs
Em 1974 era lançada a Luna 22 (USSR).
Em 1999, o vaivém Discovery completa a sua primeira atracagem com a Estação Espacial Internacional.
Observações: Capella põe-se a noroeste depois do anoitecer por estas noites (dependendo da latitude do observador). Isso deixa Vega e Arcturo como as estrelas mais brilhantes no céu noturno. Vega brilha a este-nordeste. Arcturo está muito alta a sul.
A um-terço do caminho entre Arcturo e Vega, procure o semicírculo de Coroa Boreal e a sua estrela Alphecca, de magnitude 2, a única moderadamente brilhante.
A dois-terços entre Arcturo e Vega está a constelação de Hércules, agora quase nivelada. Use binóculos ou um telescópio para observar a sua fronteira superior. A um-terço do percurso da fronteira esquerda, para a direita, está M13, de sexta magnitude, um dos dois grandes enxames globulares de Hércules. Um telescópio com 4 ou 6 polegadas começa a resolver parte do seu aspeto difuso. Localizado a 22.000 anos-luz de distância, bem acima do plano da Via Láctea, M13 contém várias centenas de milhares de estrelas num enxame com aproximadamente 140 anos-luz de diâmetro.

Dia 30/05: 150.º dia do calendário gregoriano.
História: Em 1966, lançamento da Surveyor 1, a primeira sonda sonda americana a aterrar em segurança noutro corpo planetário (neste caso, a Lua). 

Em 1971 era lançada a Mariner 9. A 13 de novembro alcança a órbita de Marte. Envia 6.900 imagens, que corresponderam a 70% da superfície do planeta. Estudou também as mudanças temporais na atmosfera e à superfície.
Em 2020, a Crew Dragon Demo-2 levanta voo a partir do Centro Espacial Kennedy, tornando-se a primeira nave orbital tripulada a ser lançada a partir dos EUA desde 2011.
Observações: O planeta Marte ainda continua no céu noturno, para a esqeurda e para baixo de Pollux e Castor. Tem apenas magnitude 1,8, mais ou menos a mesma que Castor.

Dia 31/05: 151.º dia do calendário gregoriano.
História: Em 2001, a sonda Cassini completa o veu voo rasante por Júpiter e dirige-se para Saturno.

Imagens de despedida de um eclipse de Io mostram atividade auroral na atmosfera ioniana.
Em 2013, o asteroide 1998 QE2 e a sua lua fazem a maior aproximação da Terra dos próximos dois séculos.
Observações: Cassiopeia geralmente significa "Frio!" A última metade do outono e o inverno são as épocas em que esta famosa constelação se situa bem alta (vista a partir de latitudes médias norte). Mas ainda pode ser observada mesmo até nas últimas noites amenas da primavera, mas baixa. Ao anoitecer, procure-a perto do horizonte a norte: um W largo e na horizontal. Quanto mais para norte o observador estiver, mais alta parecerá.

 
     
 
Curiosidades


Sabia que, na minúscula hipótese de fragmentos de lixo espacial cairem na sua casa, existem leis e tratados ratificados pelos estados-membro da ONU que o podem ajudar a resolver o problema?

 
 
   
Identificados estados similares de atividade em buracos negros supermassivos e de massa estelar

Os investigadores Juan A. Fernández-Ontiveros, do INAF (Istituto Nazionale di Astrofisica) em Roma, e Teo Muñoz-Darias, do IAC (Instituto de Astrofísica de Canarias), escreveram um artigo no qual descrevem os diferentes estados de atividade de uma grande amostra de buracos negros supermassivos nos centros de galáxias. Eles classificaram-nos usando o comportamento das suas "relações" mais próximas, os buracos negros de massa estelar em binários de raios-X. O artigo científico foi publicado na revista Monthly Notices of the Royal Astronomical Society.

Os buracos negros variam entre apenas algumas vezes a massa do Sol até aqueles com milhares de milhões de massas solares. Há décadas que os cientistas querem compreender os seus ciclos de atividade de uma perspetiva global. Os buracos negros de massa estelar podem ser encontrados em sistemas binários junto a uma estrela companheira da qual sugam o gás que precisam para sustentar a sua atividade, enquanto os buracos negros supermassivos encontram-se nos centros da maioria das galáxias e alimentam-se do gás, poeira e estrelas que caem no poço gravitacional do núcleo galáctico.

 
Os buracos negros supermassivos nas galáxias ativas mostram estados de acreção similares àqueles vistos em buracos negros de massa estelar na nossa Galáxia.
Crédito: Teo Muñoz Darias/Juan A. Fernández Ontiveros
 

Os buracos negros de massa estelar evoluem rapidamente. Os seus ciclos de atividade geralmente duram alguns meses ou anos, durante os quais passam por diferentes estados ou fases. São caracterizados por mudanças nas propriedades dos seus discos de acreção (onde o gás quente se acumula antes de cair no buraco negro), dos ventos e dos jatos de material que produzem. Existem dois estados principais, o primeiro dominado pelo disco de acreção e o segundo pelo jato. O estado "suave" é observado pela emissão térmica do plasma no disco, e o jato é observado na fase "dura", enquanto o disco arrefece e a emissão rádio torna-se muito intensa.

Por serem muito mais massivos, os buracos negros supermassivos evoluem muito mais lentamente do que os seus equivalentes de massa estelar. Assim, mostrar a presença de estados e fenómenos transitórios implicaria observá-los durante milhões de anos, pois as mudanças durante a vida humana seriam demasiado pequenas para serem medidas. Além disso, os núcleos das galáxias são regiões com densas populações de estrelas, e a absorção da luz pelo hidrogénio e pela poeira mascara e oculta a radiação do disco de acreção em torno do buraco negro central.

Neste estudo, Fernández-Ontiveros e Muñoz-Darias usaram uma amostra de 167 galáxias ativas para serem capazes de identificar, com boas estatísticas, os possíveis estados de acreção de buracos negros supermassivos. A emissão do disco de acreção não pode ser detetada diretamente, mas o gás na região central absorve e processa a radiação na forma de linhas espectrais. Usando as linhas do oxigénio e do néon, observadas no infravermelho médio, é possível testar a presença do disco nestes objetos. "O estudo demonstra a presença de estados de acreção em buracos negros supermassivos, com propriedades muito semelhantes às que conhecemos de buracos negros de massa estelar, onde os sistemas no estado 'suave' abrigam um disco brilhante, e aqueles na fase 'dura' mostram intensa emissão de rádio enquanto o disco está muito fraco", explica Juan A. Fernández-Ontiveros, investigador do INAF que se formou no IAC.

"Este trabalho abre uma nova janela para entender o comportamento do material (gás) quando cai em buracos negros com uma ampla gama de massas, e ajuda a um entendimento mais preciso dos ciclos de atividade dos buracos negros supermassivos situados nos centros da maioria das galáxias," acrescenta Teo Muñoz-Darias, investigador do IAC.

A figura ilustra como a população de galáxias ativas Seyfert-1 é tipicamente dominada pela emissão do disco de acreção (estado "suave"), enquanto a população de LINERs (inglês para "low-ionization nuclear emission-line region") é muito menos luminosa e é dominada por jatos (fase "dura"), que emitem intensamente no rádio. As galáxias Seyfert-2, por outro lado, não apresentam comportamento homogéneo e apesar de boa percentagem se comportar de maneira semelhante às Seyfert-1, grande parte delas estão em estados intermédios. Estes últimos estados são também observados em buracos negros estelares por curtos períodos de tempo.

// IAC (comunicado de imprensa)
// Artigo científico (Monthly Notices of the Royal Astronomical Society)
// Artigo científico (arXiv.org)

 


Saiba mais

CCVAlg - Astronomia:
21/05/2021 - Buracos negros supermassivos devoram gás como os seus irmãos mais pequenos

Buracos negros:
Wikipedia
Buraco negro supermassivo (Wikipedia)
Buraco negro de massa estelar (Wikipedia)

 
   
O interior de Europa pode ser quente o suficiente para alimentar vulcões no fundo do mar

Novas investigações e modelos de computador mostram que pode ter ocorrido atividade vulcânica no passado recente do fundo do mar da lua de Júpiter, Europa, - e que ainda pode estar a ocorrer. A próxima missão Europa Clipper da NASA, com lançamento previsto para 2024, vai passar perto da lua gelada e recolher medições que podem lançar luz sobre as descobertas recentes.

Os cientistas têm fortes evidências de que Europa abriga um enorme oceano entre a sua crosta gelada e o interior rochoso. O novo trabalho mostra como a luz pode ter calor interno suficiente para derreter parcialmente esta camada rochosa, um processo que poderia alimentar vulcões no fundo do oceano. A recente modelagem 3D de como este calor interno é produzido e transferido é a análise mais detalhada e completa do efeito que este aquecimento interior tem na lua.

 
Os achados dos cientistas sugerem que o interior da lua de Júpiter, Europa, pode ser composto por um núcleo de ferro, rodeado por um manto rochoso em contato direto com um oceano sob uma crosta gelada. Uma nova investigação modela como o aquecimento interno pode alimentar vulcões no chão do fundo do mar.
Crédito: NASA/JPL-Caltech/Michael Carroll
 

A chave para o manto rochoso de Europa ser quente o suficiente para derreter está na enorme atração gravitacional que Europa exerce sobre as suas luas. À medida que Europa viaja em torno do gigante gasoso, o interior da lua gelada é flexionado. A flexão força energia para o interior da lua, que então é vazada como calor (o mesmo princípio quando é gerado calor ao dobrar repetidamente um clipe). Quanto mais o interior da lua se flexiona, mais calor é gerado.

A investigação, publicada recentemente na revista Geophysical Research Letters, modela em detalhe como a parte rochosa de Europa pode flexionar e aquecer sob a atração da gravidade de Júpiter. Mostra onde o calor se dissipa e como derrete esse manto rochoso, aumentando a probabilidade de vulcões no fundo do mar.

A atividade vulcânica em Europa há décadas que é tópico de especulação. Em comparação, a lua de Júpiter, Io, é obviamente vulcânica. Aí, centenas de vulcões entram em erupção e ejetam gás e poeira vulcânica até 400 km de altura - atividade que se deve ao mesmo tipo de aquecimento interno provocado pela atração de Júpiter. Mas Europa está mais longe do que Io do seu planeta hospedeiro, de modo que os cientistas se perguntam se o efeito seria semelhante sob a superfície gelada.

Liderados por Marie Běhounková da Universidade Carlos na República Checa, os autores previram ainda que a atividade vulcânica é mais provável de ocorrer perto dos polos de Europa - as latitudes onde é gerada a maioria do calor. Também analisaram como a atividade vulcânica pode ter evoluído ao longo do tempo. As fontes de energia de longa duração fornecem mais oportunidades para o potencial desenvolvimento de vida.

Vulcões subaquáticos, se presentes, poderiam alimentar sistemas hidrotermais como os que alimentam a vida no fundo dos oceanos da Terra. Na Terra, quando a água do mar interage com o magma quente, resulta em energia química. E é a energia química destes sistemas hidrotermais, em vez da luz solar, que ajuda a suportar a vida nas profundezas dos nossos oceanos. A atividade vulcânica no fundo do mar de Europa seria uma forma de manter um potencial ambiente habitável.

"As nossas descobertas fornecem evidências adicionais de que o oceano subterrâneo de Europa pode ser um ambiente adequado para o aparecimento de vida," disse Běhounková. "Europa é um dos raros corpos planetários que pode ter mantido atividade vulcânica ao longo de milhares de milhões de anos, e possivelmente o único além da Terra que tem grandes reservatórios de água e uma fonte de energia de longa duração."

 
Esta ilustração, atualizada em dezembro de 2020, mostra a sonda Europa Clipper da NASA. A missão, com lançamento previsto para 2024, vai investigar se oceano interno da lua de Júpiter, Europa, tem condições adequadas para a vida.
Crédito: NASA/JPL-Caltech
 

Observações diretas

Os cientistas da NASA terão a oportunidade de testar as novas previsões quando a missão Europa Clipper chegar ao seu alvo em 2030. A sonda orbitará Júpiter e realizará dezenas de "flybys" de Europa para mapear a luz e investigar a sua composição. Entre os dados científicos que recolher, a nave espacial irá também investigar a superfície em detalhe e amostrar a fina atmosfera.

As observações da superfície e da atmosfera vão dar aos cientistas a hipótese de aprender mais sobre o oceano interior da lua se a água se infiltrar pela crosta gelada. Os cientistas pensam que a troca de material entre o oceano e a crosta deixaria vestígios de água do mar à superfície. Também acham que a troca pode emitir gases e possivelmente até nuvens de vapor de água, com partículas ejetadas que podem conter materiais vindos do fundo do mar.

Dado que a Europa Clipper mede a gravidade e o campo magnético da lua, as anomalias nessas áreas, especialmente em direção aos polos, podem ajudar a confirmar a atividade vulcânica prevista pela nova investigação.

"A perspetiva de um interior quente e rochoso e vulcões no fundo do mar de Europa aumenta a chance de que o oceano possa ser um ambiente habitável," disse Robert Pappalardo, cientista do projeto Europa Clipper, do JPL da NASA no sul da Califórnia. "Podemos ser capazes de testar isto com as medições planeadas de gravidade e da composição de Europa, o que é um prospeto excitante."

// NASA (comunicado de imprensa)
// Artigo científico (Geophysical Research Letters)

 


Saiba mais

CCVAlg - Astronomia:
22/11/2019 - Cientistas confirmam vapor de água em Europa
15/05/2018 - Dados antigos revelam evidências novas sobre as plumas de Europa
14/04/2017 - Missões da NASA fornecem novas informações sobre "mundos oceânicos" no nosso Sistema Solar
27/09/2016 - Hubble avista possíveis plumas de água em Europa
13/12/2013 - Hubble vê evidências de plumas de vapor de água em lua de Júpiter
08/03/2013 - Uma janela para o oceano de Europa mesmo à superfície
05/10/2010 - A química escondida do gelo de Europa

Europa:
NASA
CCVAlg - Astronomia
Nine Planets
Wikipedia

Júpiter:
CCVAlg - Astronomia
Wikipedia

Europa Clipper:
NASA
Wikipedia

 
   
A Via Láctea move-se como um pião?

Uma investigação realizada pelos astrofísicos do IAC (Instituto de Astrofísica de Canarias) Žofia Chrobáková, estudante de doutoramento da Universidade de La Laguna, e Martin López Corredoira, questiona um dos achados mais interessantes dos últimos anos no que toca à dinâmica da Via Láctea: a precessão, ou oscilação no eixo de rotação na deformação do disco, está incorreta. Os resultados foram publicados na revista The Astrophysical Journal.

A Via Láctea é uma galáxia espiral, o que significa que é composta, entre outros componentes, por um disco de estrelas, gás e poeira no qual estão contidos os braços espirais. Ao início, pensava-se que o disco era completamente plano, mas já há algumas décadas que se sabe que a parte mais externa do disco está distorcida: numa direção é deformada para cima, e na direção oposta está deformada para baixo. As estrelas, o gás e a poeira estão todos deformados e, portanto, não estão no mesmo plano que a parte interna do disco, e um eixo perpendicular aos planos da deformação define a sua rotação.

 
Representação gráfica da precessão da deformação no disco da Via Láctea.
Crédito: Gabriel Pérez Díaz, SMM (IAC)
 

Em 2020, uma investigação anunciou a deteção da precessão da deformação do disco da Via Láctea, o que significa que esta região externa não é estática, mas que, assim como um pião, a orientação do seu próprio eixo está a girar ao longo do tempo. Além disso, estes investigadores descobriram que era mais rápida do que as teorias previram, um ciclo a cada 600-700 milhões de anos, cerca de três vezes o tempo que o Sol leva para viajar uma vez em torno do centro da Galáxia.

A precessão não é um fenómeno que ocorre apenas em galáxias, mas também ocorre no nosso planeta. Assim como a sua órbita em torno do Sol, e do seu período de rotação de 24 horas, o eixo da Terra sofre o efeito de precessão, o que implica que o polo celeste nem sempre está apontado para a atual estrela polar, mas que também (por exemplo) há 14.000 anos estava perto da estrela Vega.

Agora, um novo estudo por Žofia Chrobáková e Martín López Corredoira levou em consideração a variação da amplitude da deformação com a idade das estrelas. O estudo conclui que, usando a deformação das estrelas antigas cujas velocidades foram medidas, é possível que a precessão possa desaparecer, ou pelo menos tornar-se mais lenta do que se pensa ser atualmente. Para chegar a este resultado, os investigadores usaram dados da missão Gaia da ESA, analisando as posições e as velocidades de centenas de milhões de estrelas no disco externo.

"Não havia sido notado em estudos anteriores", explica Žofia Chrobáková, investigadora pré-doutorada do IAC e autora principal do artigo, "que as estrelas com apenas algumas dezenas de milhões de anos, como as Cefeidas, têm uma deformação muito maior do que a das estrelas visíveis com a missão Gaia, que têm milhares de milhões de anos."

"Isto não significa necessariamente que a deformação não sofre precessão, pode fazê-lo, mas muito mais lentamente, e provavelmente não podemos medir este movimento até obtermos dados melhores", conclui Martín López Corredoira, investigador do IAC e coautor do artigo.

// IAC (comunicado de imprensa)
// Artigo científico (The Astrophysical Journal)
// Artigo científico (arXiv.org)
// Representação gráfica da precessão da deformação no disco da Via Láctea (IAC via YouTube)

 


Saiba mais

CCVAlg - Astronomia:
09/02/2021 - Deformação na Via Láctea ligada a colisão galáctica
06/03/2020 - Gaia sugere que distorção da Via Láctea foi provocada por colisão galáctica
25/09/2018 - Gaia faz alusão à vida turbulenta da nossa Galáxia

Via Láctea:
CCVAlg - Astronomia
Wikipedia
SEDS

Precessão:
Wikipedia

Gaia:
ESA
ESA - 2
Gaia/ESA
Programa Alertas de Ciência Fotométrica do Gaia
EDR3 do Gaia
SPACEFLIGHT101
Wikipedia

 
   
Também em destaque
  Experiências validam possibilidade de chuva de hélio em Júpiter e Saturno (via Laboratório Nacional Lawrence Livermore)
Há 40 anos, os cientistas previram a existência de chuva de hélio dentro de planetas compostos principalmente por hidrogénio e hélio, como Júpiter e Saturno. No entanto, alcançar as condições experimentais necessárias para validar esta hipótese não tem sido possível - até agora. Cientistas revelaram evidências experimentais que suportam esta previsão, mostrando que é possível chover hélio numa ampla gama de pressões e temperaturas que emulam as esperadas nestes planetas. Ler fonte
 
   
Álbum de fotografias - As Nuvens de AG Car
(clique na imagem para ver versão maior)
Crédito: NASAESASTScI; Processamento: Judy Schmidt
 
O que criou estas nuvens invulgares? No centro desta imagem obtida em 2021 pelo Hubble está AG Carinae, uma estrela supergigante localizada a cerca de 20.000 anos-luz de distância na direção da constelação do hemisfério sul de Carina (ou Quilha). A potência emitida pela estrela é mais de um milhão de vezes a do Sol, tornando AG Carinae uma das estrelas mais luminosas da Via Láctea. AG Carinae e a sua vizinha Eta Carinae pertencem à escassa classe de estrelas LBV (Luminous Blue Variable), conhecidas pelas suas erupções raras, mas violentas. A nebulosa que envolve AG Car é interpretada como remanescente de um ou mais destes surtos. Esta nebulosa mede 5 anos-luz em diâmetro, estima-se que contenha cerca de 10 massas solares de gás e tenha pelo menos 10.000 anos. Esta imagem do Hubble, obtida para comemorar o 31.º aniversário do lançamento do Hubble, é a primeira a capturar toda a nebulosa, fornecendo uma nova perspetiva sobre a sua estrutura e conteúdo de poeira. As estrelas LBV representam um estágio tardio e curto na vida de algumas estrelas supergigantes, mas a explicação do seu comportamento inquietante permanece um desafio para a compreensão de como as estrelas massivas funcionam.
 
   
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