PHILAE COMPLETA MISSÃO PRINCIPAL ANTES DE HIBERNAR
18 de Novembro de 2014
O módulo de aterragem da Rosetta completou a sua missão científica principal depois de quase 57 horas no Cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko.
Depois de estar fora da janela de comunicações com o Philae desde as 09:58 GMT na Sexta-feira, a Rosetta recuperou contacto às 22:19 desse dia. O sinal era intermitente no início, mas estabilizou rapidamente e manteve-se com qualidade até às 00:36 já de dia 15.
Durante esse período, o Philae enviou todos os seus dados, incluindo os dados científicos dos instrumentos ROLIS, COSAC, Ptolemy, SD2 e CONSERT. Isto completou as medições planeadas para o bloco final das experiências à superfície.
Além disso, o corpo do módulo foi levantado cerca de 4 cm e rodou aproximadamente 35º, numa tentativa de receber mais energia solar. Mas à medida que os últimos dados científicos eram enviados para a Terra, a bateria do Philae rapidamente esgotou-se.
"Tem sido um grande sucesso, a equipa está muito satisfeita," afirma Stephan Ulamec, gestor do "lander" na Agência Espacial Alemã DLR, que acompanhou o progresso do Philae a partir do Centro de Operações Espaciais da ESA em Darmstadt, Alemanha, esta semana.
"Apesar da série não planeada de três poisos, todos os nossos instrumentos estavam operacionais e agora é altura de ver que dados temos."
Contra todas as expectativas - sem propulsor descendente e com o sistema automatizado de arpões inoperacional - o Philae ressaltou duas vezes após a primeira aterragem no cometa, acabando por ir descansar à sombra de um penhasco no dia 12 de Novembro às 17:32 GMT (hora do cometa - o sinal leva mais de 28 minutos a chegar à Terra, através da Rosetta).
A busca da posição final do Philae continua, com imagens de alta-resolução da sonda sendo cuidadosamente examinadas. Entretanto, o módulo enviou imagens sem precedentes dos seus arredores.
Enquanto as imagens da descida mostram que a superfície do cometa está coberta por poeira e detritos que vão desde tamanhos milimétricos até vários metros, as imagens panorâmicas mostram paredes com camadas de materiais mais duros. As equipas científicas estão agora a estudar os seus dados para determinar se recolheram amostras destes materiais com a broca do Philae.
"Nós ainda esperamos que, numa fase posterior da missão, talvez quando estivermos mais próximos do Sol, exista iluminação solar suficiente para acordar o Philae e restabelecer as comunicações," acrescenta Stephan.
A não ser que haja luz suficiente sobre os painéis solares para gerar energia para acordar o lander, a partir de agora não será possível qualquer contacto. A possibilidade disso acontecer mais tarde na missão cresceu quando os controladores da missão enviaram comandos para o Philae girar o seu corpo. Este movimento deverá ter exposto mais área dos painéis à luz solar.
Entretanto, a sonda Rosetta moveu-se novamente para uma órbita de 30 km em redor do cometa.
No dia 6 de Dezembro irá colocar-se numa órbita de 20 km e continuar a sua missão de estudar o corpo em grande detalhe à medida que o cometa se torna mais activo, a caminho da sua maior aproximação do Sol no dia 13 de Agosto do ano que vem.
Ao longo dos próximos meses, a Rosetta começará a voar em órbitas mais distantes "não ligadas", e ao mesmo tempo levará a cabo uma série de ousados voos rasantes pelo cometa, alguns a apenas 8 km do seu centro.
Os dados recolhidos pela Rosetta permitirão com que os cientistas observem mudanças a curto e longo prazo que ocorrem no cometa, ajudando a responder a algumas das maiores e mais importantes questões no que toca à história do nosso Sistema Solar. Como é que se formou e evoluiu? Como funcionam os cometas? Que papel desempenham os cometas na evolução dos planetas, da água na Terra e talvez até mesmo da vida no nosso mundo?
"Os dados recolhidos pelo Philae e pela Rosetta vão revolucionar a ciência sobre o estudo dos cometas," afirma Matt Taylor, cientista do projecto Rosetta da ESA.
Fred Jansen, gestor da missão Rosetta na ESA, conclui: "No final desta emocionante semana, olhamos para trás e vemos a bem sucedida primeira aterragem de sempre num cometa. Foi um momento verdadeiramente histórico para a ESA e para os seus parceiros. Esperamos agora muitos mais meses de operações científicas da Rosetta e, possivelmente, que o Philae acorde da hibernação algures no futuro."
O primeiro local de pouso do Philae, visto pela câmara de navegação da Rosetta. A primeira imagem da sequência foi obtida dia 12 de Novembro pelas 15:30 UTC, mesmo antes da aterragem. O grande círculo vermelho indica a posição da sombra de poeira provocada pelo pouso. A terceira imagem da sequência é a mesma que a segunda, com a provável posição do Philae e a sua sombra, enquanto dava o primeiro salto.
Crédito: ESA/Rosetta/NAVCAMM; pré-processado por Mikel Catania
(clique na imagem para ver versão maior)
Estas incríveis imagens mostram a espantosa viagem do módulo Philae à medida que se aproximou e ressaltou depois do primeiro poiso no Cometa 67P/Churyumov–Gerasimenko no dia 12 de Novembro. O mosaico consiste de uma série de iamgens capturadas pela câmara OSIRIS da Rosetta ao longo de um período de 30 minutos. Da esquerda para a direita, as imagens mostram a descida do Philae até ao cometa. A imagem tirada mesmo após a aterragem, às 15:43 GMT, confirma que o lander se movia para Este, como sugerido ao início pelos dados do instrumento CONSERT, e a uma velocidade de aproximadamente 0,5 m/s.
Crédito: ESA/Rosetta/MPS para a equipa OSIRIS/MPS/UPD/LAM/IAA/SSO/INTA/UPM/DASP/IDA
(clique na imagem para ver versão maior)