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SATÉLITE SWIFT COMEMORA 10 ANOS
2 de Dezembro de 2014

 

Durante a última década, o observatório espacial Swift da NASA tem provado ser uma das missões astrofísicas mais versáteis de sempre. Continua a ser o único satélite capaz de localizar com precisão explosões de raios-gama - as explosões mais poderosas do Universo - e de monitorizá-las através de uma ampla gama de comprimentos de onda antes de desaparecerem de vista.

"Swift" (português para "rápido", "veloz" ou "repentino") não é apenas um nome - é um recurso básico, uma parte do ADN do observatório. Os GRBs (gamma-ray bursts, em inglês) geralmente duram menos de um minuto e o Swift detecta cerca de dois eventos por semana. Assim que o Swift observa um GRB, automaticamente determina a localização da explosão, transmite a posição para a comunidade astronómica e, em seguida, volta-se para o local a fim de investigar com os seus próprios telescópios sensíveis.

"Este processo pode demorar no mínimo 40 segundos, tão rápido que por vezes apanhamos apenas o fim do próprio GRB," afirma John Nousek, director de operações da missão e professor de astrofísica da Universidade Penn State, em University Park, no estado americano da Pennsylvania. "Dado que o Swift responde autonomamente a súbitas explosões de radiação altamente energética, também nos fornece dados sobre uma ampla gama de eventos de curta duração, como explosões de raios-X de estrelas e de outros objectos."

 

Até à data, o Swift detectou mais de 900 GRBs. As suas descobertas incluem uma nova classe ultra-longa, cujas emissões de alta energia duram horas; o GRB mais longínquo, cuja luz viajou mais de 13 mil milhões de anos até chegar até nós; e o GRB a "olho nu", que por cerca de um minuto foi brilhante o suficiente para ser observado à vista desarmada apesar de estar a 7,5 mil milhões de anos-luz de distância. No início da missão, as observações do Swift forneceram a "arma fumegante" que validou os modelos teóricos de longa-data que sugeriam que os GRBs com durações inferiores a dois segundos vinham de fusões de duas estrelas de neutrões, objectos com a massa do Sol esmagados até ao tamanho de uma cidade.

Além dos seus estudos de GRBs, o Swift realiza uma ampla gama de observações de outros fenómenos astrofísicos. Um sistema flexível de planeamento permite com que os astrónomos solicitem observações "alvo-de-oportunidade", que podem ser comandadas a partir do solo em menos de 10 minutos, ou a criação de programas de monitoramento para observar fontes específicas em intervalos de tempo que variam entre minutos e meses. O sistema pode programar até 75 alvos independentes por dia.

"Estas características fazem do Swift um pioneiro num campo em expansão que chamamos de astronomia no 'domínio do tempo'," afirma Neil Gehrels, investigador principal da missão no Centro de Voo Espacial Goddard da NASA em Greenbelt, Maryland, EUA. "Assim como estendemos a astronomia telescópica desde o visível até outros comprimentos de onda, estamos agora começando a estudar como as propriedades dos objectos astronómicos mudam ao longo de uma ampla gama de escalas de tempo, de menos de um segundo até décadas."

Alguns projectos requerem anos de observações, como a monitorização a longo prazo do centro da nossa Galáxia - e do seu buraco negro supermassivo dormente - com o telescópio de raios-X do Swift. Os astrónomos também estão a usar o instrumento BAT (Burst Alert Telescope) para realizar uma pesquisa contínua de mais de 700 galáxias activas, onde monstruosos buracos negros devoram grandes quantidades de gás e brilham intensamente em raios-X e raios-gama.

 

Os projectos de curto prazo incluem observações para mapear as galáxias mais próximas no ultravioleta. O objecto mais exigente foi a Grande Nuvem de Magalhães, uma pequena galáxia satélite da Via Láctea a uma distância de aproximadamente 163.000 anos-luz. O instrumento UVOT (Ultraviolet/Optical Telescope) do Swift capturou 2200 "instantâneos" para cobrir a galáxia, produzindo a melhor imagem de sempre no ultravioleta. "O UVOT é o único telescópio que pode produzir pesquisas de campo-largo e de alta-resolução no ultravioleta," afirma Michael Siegel, que lidera a equipa do instrumento na Penn State.

Em 10 anos de operação, o Swift fez 315.000 observações individuais de 26.000 alvos separados, apoiando quase 6200 pedidos de "alvo-de-oportunidade" por mais de 1500 cientistas. As suas observações vão desde os estudos ópticos e ultravioletas dos cometas e asteróides até à captura de raios-X e raios-gama de alguns dos objectos mais distantes do Universo.

Outro grande destaque dos estudos do Swift, entre cerca de 300 supernovas, foi a descoberta, em 2008, de sinais de raios-X produzidos por uma estrela apanhada no acto de explodir. As ondas de choque romperam a superfície da estrela moribunda e produziram um flash brilhante.

O Swift foi lançado para órbita no dia 20 de Novembro de 2004 e irá continuar o seu trabalho científico altamente produtivo até, pelo menos, 2016.

Links:

Cobertura da missão Swift pelo Núcleo de Astronomia do CCVAlg:
07/10/2014 - Swift observa super-proeminências de mini-estrela
15/07/2014 - Explosão com duração de horas assinala "duplo" das primeiras estrelas
20/06/2014 - Corrente veloz de gás eclipsa buraco negro supermassivo
23/05/2014 - Confirmado: gigante estelar autodestrói-se numa supernova do tipo IIB
10/01/2014 - Swift captura acção em raios-X no centro da Via Láctea
27/09/2013 - Encontrado elo perdido entre os pulsares de raios-X e rádio
05/04/2013 - Buraco negro acorda para um pequeno lanche
14/08/2012 - Cientistas ouvem estrela "gritar" à medida que é devorada por buraco negro supermassivo dormente
17/02/2012 - Buraco negro raro sobrevive destruição de galáxia
08/04/2011 - Telescópio da NASA unem forças para observar explosão sem precedentes
16/07/2010 - Maior explosão em raios-X cega temporariamente Observatório Swift
29/04/2009 - Avistado o objecto mais longínquo do Universo conhecido
13/02/2009 - Swift e Fermi estudam fogos-de-artifício em raios-gama de estrela de neutrões
24/05/2008 - Satélite Swift captura uma estrela a fazer "kaboom!"
26/03/2008 - Registada a mais violenta explosão de sempre
31/10/2007 - Quebrado novamente recorde de buraco negro
15/09/2007 - Análise de uma estrela parasita estranha
22/08/2007 - Descoberta a estrela de neutrões mais próxima
01/08/2007 - Descoberto novo tipo de galáxia activa
10/03/2007 - Explosão de estrela bate recorde de longevidade
08/11/2006 - Estrela vizinha entra em dramática erupção
07/10/2005 - Colisão de estrelas por trás de mistério de 35 anos
08/04/2005 - Swift mede distâncias de GRB's
23/11/2004 - Swift com uma missão explosiva

Notícias relacionadas:
NASA (comunicado de imprensa)
Pontos altos da missão do Swift (NASA)
Uma década de descobertas do Swift (NASA via Youtube)
Uma década de astrofísica topo-de-gama (NASA via YouTube)
Penn State News
Space Daily
PHYSORG
Spaceref

Telescópio Swift:
NASA
Wikipedia

GRBs:
NASA
Wikipedia

Buraco negro supermassivo:
Wikipedia


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No tipo mais comum de explosão de raios-gama, uma estrela maciça e moribunda forma um buraco negro (esquerda), que liberta um jacto de partículas para o espaço. A radiação por todo o espectro electromagnético surge do gás quente perto do buraco negro, de colisões com o jacto, e pela interacção do jacto com os seus arredores.
Crédito: Centro de Voo Espacial Goddard da NASA
(clique na imagem para ver versão maior)

 
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