O EVOCATIVO OLHAR DE DESPEDIDA DA NEW HORIZONS A ULTIMA THULE 12 de fevereiro de 2019
Os cientistas da missão criaram este "filme de despedida" a partir de 14 diferentes imagens obtidas pelo instrumento LORRI (Long Range Reconnaissance Imager ) a bordo da New Horizons pouco depois da nave ter passado pelo objeto da Cintura de Kuiper chamado Ultima Thule (designação oficial 2014 MU69) no dia 1 de janeiro de 2019. A "frame" central desta sequência foi obtida às 05:42:2 UT de dia 1, quando a sonda estava a 8862 km para lá de Ultima Thule, a 6,6 mil milhões de quilómetros da Terra. O crescente iluminado do objeto está desfocado nas imagens individuais devido ao relativamente longo tempo de exposição usado durante esta varredura rápida a fim de aumentar o nível do sinal da câmara - mas a equipa científica combinou e processou as imagens para remover a desfocagem e melhorar o fino crescente. Este é o filme mais distante de qualquer objeto no nosso Sistema Solar já produzido por qualquer sonda espacial. As imagens revelam um perfil da porção "escondida" de Ultima Thule que não estava iluminada pelo Sol, quando a sonda por lá passou, mas pode ser delineada porque bloqueou as estrelas de fundo na imagem.
Crédito: NASA/JHUAPL/SwRI/NOAO
Uma nova e evocativa sequência de imagens obtida pela sonda New Horizons da NASA fornece uma visão do adeus ao KBO (Kuiper Belt object, em português "objeto da Cintura de Kuiper") apelidado Ultima Thule - o alvo da sua passagem de Ano Novo e o mundo mais distante já explorado.
Estas não são as últimas imagens de Ultima Thule que a New Horizons vai transmitir para a Terra - de facto, muitas mais estão por vir - mas são as fotos finais que a New Horizons capturou do KBO (com o nome oficial 2014 MU69) enquanto viajava a mais de 50.000 km/h no passado dia 1 de janeiro. As imagens foram tiradas quase 10 minutos depois da New Horizons ter alcançado a sua maior aproximação.
"Esta é realmente uma sequência incrível de imagens, obtida por uma nave que explora um pequeno mundo a 6,6 mil milhões de quilómetros da Terra," disse Alan Stern, investigador principal da missão no SwRI (Southwest Research Institute). "Nada como isto tinha já sido capturado em imagens."
As fotos recém-lançadas também contêm informações científicas importantes sobre a forma de Ultima Thule, que se está a tornar numa das principais descobertas do "flyby".
As primeiras imagens de perto - com os seus dois segmentos distintos e aparentemente esféricos - levaram os observadores a apelidá-lo de "boneco de neve". No entanto, novas análises das imagens de aproximação e destas imagens de despedida mudaram essa visão, em parte revelando um perfil da porção do KBO que não estava iluminada pelo Sol, mas que podia ser "traçada" enquanto bloqueava as estrelas de fundo.
Juntando 14 destas imagens num novo e curto filme da partida, os cientistas da New Horizons confirmam que as duas secções (ou "lóbulos") de Ultima Thule não são esféricas. O maior lóbulo, de nome "Ultima", lembra mais uma panqueca gigante e o mais pequeno, chamado "Thule", tem a forma de uma noz deformada.
"Tínhamos uma ideia de Ultima Thule com base no número limitado de imagens enviadas no dias em torno da passagem, mas com mais dados mudámos significativamente de opinião," disse Stern. "Seria mais correto dizermos que Ultima Thule é mais achatado, como uma panqueca. Mas o mais importante, as novas imagens estão a criar quebra-cabeças científicos até sobre como pode um objeto deste tipo ter sido formado. Nunca vimos nada assim em órbita do Sol."
As imagens de despedida foram tiradas de um ângulo diferente das fotografias de aproximação e revelam informações complementares sobre a forma de Ultima Thule. A "frame" central da sequência foi captada às 05:42:42 UT de dia 1 de janeiro, quando a New Horizons estava 8862 km para lá de Ultima Thule, a 6,6 mil milhões de quilómetros da Terra. O crescente iluminado do objeto está desfocado nas imagens individuais devido ao relativamente longo tempo de exposição usado durante esta varredura rápida, a fim de aumentar o nível do sinal da câmara - mas a equipa científica combinou e processou as imagens para remover a desfocagem e melhorar a imagem do fino crescente.
As imagens individuais também mostram muitas estrelas de fundo; ao observarem quais as estrelas que "piscavam" à medida que o objeto passava em frente, os cientistas delinearam a forma de ambos os lóbulos, que pôde ser comparado com um modelo desenvolvido a partir de imagens pré-"flyby" e observações telescópicas terrestres. "O modelo da forma que derivámos a partir de todos os dados existentes de Ultima Thule é notavelmente consistente com o que aprendemos com as novas imagens do crescente," acrescentou Simon Porter, coinvestigador da New Horizons do SwRI, que lidera o esforço de modelagem da forma do KBO.
"Embora a própria natureza de uma passagem rasante rápida limite, de várias maneiras, a determinação da forma real de Ultima Thule, os novos resultados mostram claramente que Ultima e Thule são muito mais achatados do que se pensava originalmente," salientou Hal Weaver, cientista do projeto New Horizons do Laboratório de Física Aplicada da Universidade Johns Hopkins. "Isto motivará, indubitavelmente, novas teorias da formação planetesimal no início do Sistema Solar."
As imagens nesta sequência estão disponíveis no website do instrumento LORRI da New Horizons. As imagens "raw" da câmara são colocadas online todas as sextas-feiras.
A New Horizons obteve esta imagem do objeto da Cintura de Kuiper 2014 MU69 (com a alcunha Ultima Thule) no dia 1 de janeiro de 2019, quando estava 8862 km para lá do astro. A imagem da esquerda é uma "média" de dez imagens obtidas pelo instrumento LORRI (Long Range Reconnaissance Imager); o crescente está desfocado nas imagens "raw" devido ao relativamente longo tempo de exposição usado durante esta varredura rápida a fim de aumentar o nível do sinal da câmara. Os cientistas da missão foram capazes de processar a imagem, removendo a desfocagem para produzir uma imagem mais nítida do fino crescente de Ultima Thule.
Crédito: NASA/JHUAPL/SwRI/NOAO
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A compreensão de Ultima Thule, pelos cientistas, mudou à medida que analisavam dados adicionais. A "visão antiga" nesta ilustração tem por base imagens obtidas um dia antes da maior aproximação a Ultima Thule de dia 1 de janeiro de 2019, sugerindo que ambos os lóbulos "Ultima" (a maior secção) e "Thule" (a mais pequena) eram esferas quase perfeitas que mal tocavam um no outro. Mas com mais dados disponíveis, incluindo várias imagens do crescente obtidas quase 10 minutos depois da maior aproximação, emergiu uma "nova visão" da forma do objeto. Ultima parece-se mais com uma "panqueca" e Thule com uma "noz deformada". A forma de baixo é atualmente o melhor modelo da equipa, mas ainda contém algumas incertezas dado que uma região inteira esteve essencialmente escondida, não iluminada pelo Sol, durante o "flyby" da New Horizons. As linhas azuis tracejadas indicam a incerteza nesse hemisfério, que mostra que Ultima Thule pode ser tão achatado, ou não tão achatado, quando o ilustrado.
Crédito: NASA/JHUAPL/SwRI/NOAO
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