EQUIPA DA NEW HORIZONS ESCOLHE POTENCIAL ALVO DA CINTURA DE KUIPER PARA "FLYBY"
1 de setembro de 2015
Impressão de artista do encontro da sonda New Horizons com um objeto da Cintura de Kuiper.
Crédito: NASA/JHUAPL/SwRI/Alex Parker
(clique na imagem para ver versão maior)
A NASA selecionou o potencial próximo destino da missão New Horizons depois da sua passagem histórica do passado dia 14 de julho pelo sistema de Plutão. O alvo é um pequeno objeto da Cintura de Kuiper conhecido como 2014 MU69 que orbita quase a 1,6 mil milhões de quilómetros para lá de Plutão.
Este KBO (Kuiper Belt Object) remoto foi um dos dois identificados como potenciais destinos e o recomendado à NASA pela equipa da New Horizons. Embora a NASA tenha selecionado 2014 MU69 como alvo, como parte do seu processo normal de revisão a agência realizará uma avaliação detalhada antes de aprovar oficialmente a extensão da missão.
"À medida que a sonda New Horizons distancia-se de Plutão e aventura-se para a Cintura de Kuiper, e à medida que os dados desse encontro emocionante são transmitidos para a Terra, estamos com os olhos postos no próximo destino deste intrépido explorador," afirma John Grunsfeld, astronauta e chefe do Diretorado de Missões Científicas da NASA na sede da agência espacial em Washington.
Como todas as missões da NASA que terminaram o seu objetivo principal mas procuram fazer mais exploração, a equipa da New Horizons deverá elaborar uma proposta à agência para financiar uma missão a um KBO. Essa proposta - que será entregue em 2016 - será avaliada por uma equipa independente de especialistas antes da agência espacial tomar uma decisão.
Esta seleção antecipada do alvo é importante; a equipa precisa de orientar a New Horizons em direção ao objeto ainda este ano, a fim de executar qualquer missão prolongada com margens saudáveis de combustível. A New Horizons irá realizar uma série de quatro manobras no final de outubro e início de novembro com o objetivo de definir o percurso até 2014 MU69 - apelidado de "PT1" (Potential Target 1) - que esperam alcançar no dia 1 de janeiro de 2019. Quaisquer atrasos custam combustível e põem em risco a missão.
"2014 MU69 é uma ótima escolha porque é exatamente o tipo de KBO antigo, formado onde agora orbita, que o Decadal Survey queria que estudássemos," afirma Alan Stern, investigador principal da New Horizons e do SwRI (Southwest Research Institute) em Boulder, no estado americano do Colorado. "Além disso, este KBO custa menos combustível [que outros candidatos], deixando mais combustível para o voo rasante, para ciência auxiliar e reservas maiores para proteger contra imprevistos."
A New Horizons foi originalmente desenhada para voar para lá do sistema plutoniano e explorar outros objetos da Cintura de Kuiper. A nave espacial transporta combustível extra para um "flyby" por um KBO; os seus sistemas de comunicação estão desenhados para trabalhar muito para além de Plutão; o seu sistema de energia está construído para operar durante muitos mais anos; e os seus instrumentos científicos foram desenhados para operar em níveis de luz muito inferiores do que o esperado para o "flyby" por 2014 MU69.
O "Planetary Decadal Survey" da Academia Nacional de Ciências de 2003 recomendou fortemente que a primeira missão à Cintura de Kuiper incluísse passagens por Plutão e por outros KBOs pequenos, a fim de provar a diversidade de objetos dessa anteriormente inexplorada região do Sistema Solar. A identificação de PT1, que pertence a uma classe completamente diferente de KBO que Plutão, permite potencialmente que a New Horizons satisfaça esses objetivos.
Mas encontrar um alvo adequado da Cintura de Kuiper não foi tarefa fácil. Em 2011 teve início uma pesquisa usando alguns dos maiores telescópios da Terra e a equipa da New Horizons encontrou várias dúzias de KBOs, mas nenhum era alcançável com o combustível disponível a bordo da sonda.
O poderoso Telescópio Espacial Hubble deu uma ajuda no verão de 2014, descobrindo cinco objetos. Dois desses ficavam dentro da trajetória possível para um voo da New Horizons. Os cientistas estimam que PT1 tenha pouco menos que 45 km de diâmetro; é cerca de 10 vezes maior e 1000 vezes mais massivo que os típicos cometas, como o que a Rosetta orbita atualmente, mas tem apenas 0,5-1% do tamanho (e mais ou menos 1/10.000 da massa) de Plutão. Como tal, pensa-se que PT1 seja como os blocos de construção de planetas anões da Cintura de Kuiper como Plutão.
Ao contrário dos asteroides, os KBOs foram apenas ligeiramente aquecidos pelo Sol e pensa-se que representem uma amostra bem preservada e congelada do aspeto do Sistema Solar exterior aquando do seu nascimento há 4,6 mil milhões de anos.
"Podemos aprender muito com observações de perto com sondas, que nunca conseguiremos aprender a partir da Terra, tal como a passagem por Plutão demonstrou de forma tão espetacular," afirma John Spence, membro da equipa científica da New Horizons, também do SwRI. "As imagens detalhadas e outros dados que a New Horizons poderá obter de um voo rasante por um KBO vão revolucionar a nossa compreensão da Cintura de Kuiper e dos KBOs."
A sonda New Horizons - atualmente a 4,9 mil milhões de quilómetros da Terra - está apenas começando a transmitir a maior parte das imagens e outros dados, armazenados na sua memória digital, do encontro histórico com o sistema de Plutão. A nave espacial encontra-se de boa saúde e está a funcionar normalmente.
Percurso da sonda New Horizons em direção ao seu próximo alvo potencial, o objeto 2014 MU69 da Cintura de Kuiper, que recebeu a alcunha "PT1" (Potential Target 1) pela equipa da New Horizons. A NASA terá que aprovar o prolongamento da missão a fim de explorar este KBO.
Crédito: NASA/JHUAPL/SwRI/Alex Parker
(clique na imagem para ver versão maior)