VOYAGER 2 PODE ESTAR PERTO DE ALCANÇAR O ESPAÇO INTERESTELAR 9 de outubro de 2018
Este gráfico mostra a posição das sondas Voyager 1 e Voyager 2 em relação à heliosfera, uma bolha protetora criada pelo Sol que se estende bem para lá da órbita de Plutão. A Voyager 1 já atravessou a heliopausa, ou a fronteira da heliosfera, em 2012. A Voyager 2 ainda se encontra na bainha da heliosfera, a sua região mais exterior.
Crédito: NASA/JPL-Caltech
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A sonda Voyager 2 da NASA, atualmente numa jornada em direção ao espaço interestelar, detetou um aumento nos raios cósmicos que têm origem fora do nosso Sistema Solar. Lançada em 1977, a Voyager 2 está a aproximadamente 17,7 mil milhões de quilómetros da Terra, ou mais de 118 vezes a distância da Terra ao Sol.
Desde 2007 que a sonda tem viajado através da camada mais externa da heliosfera - a vasta bolha em torno do Sol e dos planetas, dominada por material solar e campos magnéticos. Os cientistas da Voyager têm estado atentos a que a nave alcançasse a fronteira exterior da heliosfera, conhecida como heliopausa. Assim que a Voyager 2 saia da heliosfera, tornar-se-á no segundo objeto feito pelo Homem, após a Voyager 1, a entrar no espaço interestelar.
Desde o final de agosto que o instrumento CRS (Cosmic Ray Subsystem) da Voyager 2 tem medido um aumento de mais ou menos 5% na taxa de raios cósmicos que atingem a sonda, em comparação com o início de agosto. O instrumento LECP (Low-Energy Charged Particle) detetou um aumento similar no que toca aos raios cósmicos altamente energéticos.
Os raios cósmicos são partículas velozes com origem fora do Sistema Solar. Alguns destes raios cósmicos são bloqueados pela heliosfera, de modo que os controladores da missão esperam que a Voyager 2 meça um aumento na taxa de raios cósmicos à medida que se aproxima e atravessa a fronteira da heliosfera.
Em maio de 2012, a Voyager 1 notou um aumento na quantidade de raios cósmicos semelhante ao que a Voyager 2 deteta agora. Isto foi cerca de três meses antes da Voyager 1 cruzar a heliopausa e entrar no espaço interestelar.
No entanto, os membros da equipa Voyager realçam que o aumento nos raios cósmicos não é um sinal definitivo de que a sonda está prestes a atravessar a heliopausa. A Voyager 2 está num local diferente da bainha da heliosfera - a sua região mais externa - do que a Voyager 1 esteve, e é possível que as diferenças destas posições possam significar uma linha temporal de saída diferente da da Voyager 1.
O facto de que a Voyager 2 possa estar a aproximar-se da heliopausa seis anos depois da Voyager 1 é também relevante, porque a heliopausa move-se para dentro e para fora durante o ciclo de atividade de 11 anos do Sol. A atividade solar refere-se às emissões do Sol, incluindo erupções solares e erupções de material a que chamamos ejeções de massa coronal. Durante o ciclo solar de 11 anos, o Sol atinge um nível máximo e mínimo de atividade.
"Estamos a ver uma mudança no ambiente em torno da Voyager 2, não há dúvida sobre isso," comenta Ed Stone, cientista do Projeto Voyager, no Caltech em Pasadena, Califórnia. "Vamos aprender muito nos próximos meses, mas ainda não sabemos quando vamos chegar à heliopausa. Ainda não estamos lá - isso é algo que posso dizer com confiança."