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  Arquivo | CCVAlg - Astronomia
Com o apoio do Centro Ciência de Tavira
   
 
  Astroboletim #1712  
  04/08 a 06/08/2020  
     
     
 
Astronomia no Verão CCVAlg | CCVTavira

Atividades astronómicas planeadas para o mês de agosto:

04/08 - Castelo de Paderne, Albufeira, a partir das 21:15, junto ao Castelo de Paderne (atividade realizada pelo CCVAlg)

05/08 - Ruinas Romanas de Milreu, Estoi, a partir das 21:15, no interior do Núcleo Museológico das Ruínas Romanas de Milreu (atividade realizada pelo CCVAlg)

07/08 - Rocha da Pena, Loulé, a partir das 20:45, ponto de encontro no estacionamento do café Bar das Grutas, no início do caminho para a Rocha da Pena (atividade realizada pelo CCVAlg)

07/08 - Tavira, a partir das 22:00, junto ao Forte do Rato (atividade realizada pelo CCVTavira)

14/08 - Passeio noturno pela Ria Formosa em barco solar, encontro às 20:30 no cais de embarque junto à Porta Nova (cais das portas do mar) na muralha Villa Adentro (parte antiga da cidade de Faro); atividade com custo (atividade realizada pelo CCVAlg)

18/08 - Santa Rita - Vila Nova de Cacela, a partir das 22:00, junto à Aldeia de Santa Rita, Vila Nova de Cacela (atividade realizada pelo CCVTavira)

19/08 - Carvoeiro, a partir das 21:30, junto ao Forte de Nossa Senhora da Encarnação (atividade realizada pelo CCVAlg)

22/08 - Portela, São Brás de Alportel, a partir das 21:30, junto ao Miradouro do Alto da Arroteia (atividade realizada pelo CCVAlg)

23/08 - Albufeira, Praia dos Salgados, a partir das 21:00, junto ao estacionamento da Praia dos Salgados (atividade realizada pelo CCVAlg)

26/08 - Aldeia da Rocha Amarela, Esteval dos Mouros - Alte, Loulé, a partir das 20:30, no entroncamento à entrada de Esteval dos Mouros (atividade realizada pelo CCVAlg)

26/08 - Castro Marim, a partir das 21:30, no parque de estacionamento do Agrupamento de Escolas de Castro Marim (atividade realizada pelo CCVTavira)

(obrigatório utilizar equipamento de proteção individual - máscara ou viseira - e seguir as instruções de higienização e distanciamento social; número limitado de presenças nas atividades seguindo as atuais regras de segurança da DGS; todas as atividades estão dependentes de condições meteorológicas favoráveis; consulte cada uma das atividades para obter mais informações e para fazer a sua inscrição obrigatória)

 
     
 
Efemérides

Dia 04/08: 217.º dia do calendário gregoriano.
História:
Em 1805, nascia William Rowan Hamilton, físico, astrónomo e matemático irlandês que fez contribuições importantes para a mecânica clássica, ótica e álgebra. A sua maior contribuição é talvez a reformulação das mecânicas Newtonianas, agora chamadas mecânicas Hamiltonianas. Este trabalho foi fundamental para o estudo do eletromagnetismo e para o desenvolvimento da mecânica quântica.
Em 2007, a NASA lançava o módulo de aterragem Phoenix, cujo objetivo era procurar moléculas de água no pólo norte de Marte.

Observações: A Ursa Maior encontra-se na diagonal a noroeste após o cair da noite. A partir do seu ponto médio, olhe para a direita, cerca de três punhos à distância do braço esticado, para encontrar a Polar (de segunda magnitude, não é muito brilhante) brilhando a norte no mesmo lugar de sempre.
A Estrela Polar é o fim da "pega" da "frigideira" de Ursa Menor. As outras partes da Ursa Menor que são apenas de brilho modesto são as duas estrelas que perfazem a outra extremidade da "frigideira": Kochab e e Pherkad, de segunda e terceira magnitudes, respetivamente. Nestas noites de agosto encontrá-las-á para cima e para a esquerda da Polar (a mais ou menos punho e meio). São chamadas as Guardiãs do Polo, dado que rodeiam sem cessar a Polar ao longo da noite e ao longo do ano.

Dia 05/08: 218.º dia do calendário gregoriano.
História: Em 1864, Giovanni Donati faz as primeiras observações espectroscópicas de um cometa (Tempel, 1864 II).

Vê o que é agora conhecido como as bandas Swan (3 delas), devido ao carbono molecular (C2). 
Em 1930 nascia Neil Armstrong, o primeiro ser humano na Lua.
Em 1969, a sonda americana Mariner 7 passa por Marte a 3524 km, enviando de volta 125 imagens. 
Em 1973, é lançada a sonda soviética Mars 6. A 12 de março de 1974, a Mars 6 aterra suavemente em Marte a 24º S, 25º O. Enviou dados atmosféricos durante a descida. 
Em 2000, é capturada a quebra do cometa Linear 1999/S4 pelo Telescópio Espacial Hubble.
Em 2011, era lançada a missão Juno, com destino Júpiter. Chegou ao gigante gasoso em julho de 2016.
Observações: Chegámos ao meio do verão - pelas 18:08. Ou seja, o ponto médio entre o solstício de junho e o equinócio de setembro.

Dia 06/08: 219.º dia do calendário gregoriano.
História: Em 1961, era lançada a Vostok 2 pela União Soviética, levando a bordo o cosmonauta Gherman Titov, que fez o primeiro voo soviético com a duração de um dia.
Em 1996, a NASA anuncia que o meteorito ALH 84001, que se pensa ser originário de Marte, continha evidências de formas de vidas primitivas. No entanto, atualmente os resultados são tidos como inconclusivos e insuficientes.
Em 2012, o rover Curiosity aterra na superfície de Marte.

Observações: Com o avançar do verão, o "Bule de Chá" de Sagitário, movendo-se agora para sul depois do cair da noite, começa a inclinar-se e a deitar o seu chá para a direita. Júpiter e Saturno estão para a esquerda. O "Bule de Chá" inclina-se cada vez mais durante o resto desta estação - ou o resto da noite se ficar acordado(a) até tarde.

 
     
 
Curiosidades


A Supernova de Kepler é a supernova mais recente, na nossa Via Láctea, a ter sido inquestionavelmente visível a olho nu. No seu pico, foi mais brilhante do que qualquer outra estrela no céu noturno, com uma magnitude aparente de -2,5.

 
 
   
"Arqueologia estelar" revela restos de antigo enxame globular que é o "último do seu género"

Uma equipa de astrónomos, incluindo Ting Li e Alexander Ji do Instituto Carnegie, descobriu uma corrente estelar composta pelos restos de um antigo enxame globular que foi dilacerado pela gravidade da Via Láctea, há 2 mil milhões de anos, quando as formas de vida mais complexas da Terra eram os organismos unicelulares. Esta descoberta surpreendente, publicada na revista Nature, vira de cabeça para baixo a sabedoria convencional de como estes objetos celestes se formam.

Imagine uma esfera composta por um milhão de estrelas ligadas pela gravidade e orbitando um núcleo galáctico. É um enxame globular. A Via Láctea abriga cerca de 150, que formam um halo ténue que envolve a nossa Galáxia.

Mas o enxame globular que gerou este fluxo estelar recém-descoberto teve um ciclo de vida muito diferente dos enxames globulares que vemos hoje.

 
Impressão de artista do fino fluxo estelar retirado do enxame globular na constelação da Fénix, rodeando a nossa Via Láctea. Para o estudo, os astrónomos tiveram como alvo estrelas gigantes vermelhas e mediram a sua composição química.
Crédito: Geraint F. Lewis e colaboração S5
 

"Isto é arqueologia estelar, descobrindo os restos de algo antigo, varrido por um fenómeno mais recente," explicou Ji.

Usando o AAT (Anglo-Australian Telescope), a corrente de estrelas foi revelada pela colaboração S5 (Southern Stellar Stream Spectroscopic Survey). Liderada por Li, a iniciativa visa mapear o movimento e a química de fluxos estelares no Hemisfério Sul.

Neste estudo, a colaboração focou-se num fluxo de estrelas na direção da constelação da Fénix.

"Os restos do enxame globular que compõem o fluxo na constelação da Fénix foram perturbados há muitos anos, mas felizmente mantêm a memória da sua formação durante o Universo primitivo, que podemos ler a partir da composição química das suas estrelas," disse Li.

A equipa mediu a abundância de elementos mais pesados - o que os astrónomos chamam de metalicidade de uma estrela.

A composição de uma estrela espelha a da nuvem galáctica de gás da qual nasceu. Quanto mais gerações anteriores de estrelas semearem este material com elementos pesados que produziram durante as suas vidas, mais enriquecidas, ou metálicas, são as estrelas. Portanto, uma estrela primitiva muito antiga não terá quase elementos pesados.

"Ficámos muito surpreendidos ao descobrir que o Fluxo da Fénix é distintamente diferente de todos os outros enxames globulares da Via Láctea," explicou Zhen Wan da Universidade de Sydney. "Embora o enxame tenha sido destruído há milhares de milhões de anos atrás, ainda podemos saber que se formou no início do Universo."

Dado que outros enxames globulares conhecidos são enriquecidos pela presença de elementos pesados forjados por gerações estelares anteriores, teorizou-se que havia uma abundância mínima de elementos mais pesados necessária para a formação de um enxame globular.

Mas o progenitor do Fluxo da Fénix está bem abaixo desta metalicidade mínima prevista, colocando um problema significativo para ideias anteriores sobre como nascem os enxames globulares.

"Uma explicação possível é que a Corrente Estelar da Fénix é o último exemplo do seu género, o remanescente de uma população de enxames globulares que nasceram em ambientes radicalmente diferentes daqueles que vemos hoje," explicou Li.

Os investigadores propuseram que estes enxames globulares defuntos foram continuamente dilacerados pelas forças gravitacionais da Via Láctea. Os restos de outros enxames globulares antigos também podem viver como fluxos fracos que ainda podem ser descobertos antes que se dissipem com o tempo.

"Ainda há muito trabalho teórico a ser feito, e agora existem muitas questões novas para explorar sobre como as galáxias e os enxames globulares se formam," disse o coautor Geraint Lewis, também da Universidade de Sydney.

// Carnegie Science (comunicado de imprensa)
// Universidade de Sydney (comunicado de imprensa)
// Universidade Macquarie (comunicado de imprensa)
// Artigo científico (Nature)

 


Saiba mais

Notícias relacionadas:
Nature
science alert
PHYSORG

Via Láctea:
CCVAlg - Astronomia
Wikipedia
SEDS

Enxames globulares:
CCVAlg - Astronomia
SEDS
Wikipedia

AAT (Anglo Australian Telescope):
Página oficial
Wikipedia

Colaboração S5 (Southern Stellar Stream Spectroscopic Survey):
Página oficial

 
   
Um número surpreendente de exoplanetas podem hospedar vida

O nosso Sistema Solar possui um planeta habitável - a Terra. Um novo estudo mostra que outras estrelas podem ter até sete planetas parecidos com a Terra na ausência de um gigante gasoso como Júpiter.

Esta é a conclusão de um estudo liderado pelo astrobiólogo Stephen Kane da Universidade da Califórnia em Riverside, publicado a semana passada na revista The Astronomical Journal.

A busca por vida no espaço é geralmente focada no que os cientistas chamam de "zona habitável", que é a área em torno de uma estrela na qual um planeta em órbita pode ter oceanos de água líquida - uma condição para a vida como a conhecemos.

Kane tem vindo a estudar um sistema próximo chamado TRAPPIST-1, que possui três planetas semelhantes à Terra na sua zona habitável.

 
O sistema planetário TRAPPIST-1 tem três planetas na sua zona habitável, em comparação com o nosso Sistema Solar que tem apenas um.
Crédito: NASA/JPL/Caltech
 

"Isto fez-me pensar sobre o número máximo de planetas habitáveis que uma estrela pode ter e o porquê da nossa só ter um," disse Kane. "Não parecia justo!"

A sua equipa criou um sistema modelo no qual simularam planetas de vários tamanhos em órbita das suas estrelas. Um algoritmo representou forças gravitacionais e ajudou a testar como os planetas interagiram entre si durante milhões de anos.

Os cientistas descobriram que é possível que algumas estrelas suportem até sete planetas habitáveis, e que uma estrela como o nosso Sol pode, potencialmente, suportar seis planetas com água líquida.

"Mais de sete, e os planetas ficam demasiado próximos um do outro e destabilizam as órbitas uns dos outros," disse Kane.

Então porque é que o nosso Sistema Solar só tem um planeta habitável se é capaz de suportar seis? Ajuda se o movimento dos planetas for circular, em vez de oval ou irregular, minimizando qualquer contacto próximo e mantendo órbitas estáveis.

Kane também suspeita que Júpiter, que tem duas vezes e meia a massa de todos os outros planetas do Sistema Solar combinados, limitou a habitabilidade do nosso Sistema.

 
Imagem de Júpiter pela sonda Juno da NASA, o maior planeta do Sistema Solar.
Crédito: NASA/JPL-Caltech/SwRI/MSSS
 

"Tem um grande efeito na habitabilidade do nosso Sistema Solar porque é massivo e perturba outras órbitas," explicou Kane.

Sabemos que apenas um punhado de estrelas possuem vários planetas nas suas zonas habitáveis. Seguindo em frente, Kane planeia procurar estrelas adicionais cercadas inteiramente por planetas mais pequenos. Estas estrelas serão os principais alvos para imagens diretas com telescópios da NASA, como o HabEx (Habitable Exoplanet Observatory) do JPL da NASA.

O estudo de Kane identificou uma dessas estrelas, Beta CVn, que está relativamente próxima a 27 anos-luz de distância. Por não ter um planeta parecido com Júpiter, será incluída como uma das estrelas verificadas para vários planetas na zona habitável.

Estudos futuros também vão envolver a criação de novos modelos que examinam a química atmosférica dos planetas na zona habitável de outros sistemas estelares.

Projetos como estes fornecem mais do que novos caminhos na busca por vida para lá da Terra. Também fornecem aos cientistas uma visão das forças que podem mudar um dia a vida no nosso próprio planeta.

"Embora saibamos que a Terra tem permanecido habitável durante a maior parte da sua história, ainda existem muitas questões sobre como estas condições favoráveis evoluíram com o tempo e sobre os fatores específicos por trás dessas mudanças," disse Kane. "Medindo as propriedades dos exoplanetas cujas vias evolutivas podem ser semelhantes à nossa, obtemos uma visualização do passado e do futuro deste planeta - e do que devemos fazer para manter a sua habitabilidade."

// Universidade da Califórnia em Riverside (comunicado de imprensa)
// Artigo científico (The Astronomical Journal)
// Artigo científico (arXiv.org)

 


Saiba mais

Exoplanetas:
Wikipedia
Lista de planetas (Wikipedia)
Lista de exoplanetas potencialmente habitáveis (Wikipedia)
Lista de extremos (Wikipedia)
Open Exoplanet Catalogue
PlanetQuest
Enciclopédia dos Planetas Extrasolares

TRAPPIST-1:
Wikipedia
Open Exoplanet Catalogue
TRAPPIST-1b (Wikipedia)
TRAPPIST-1b (Exoplanet.eu) 
TRAPPIST-1c (Wikipedia) 
TRAPPIST-1c (Exoplanet.eu)
TRAPPIST-1d (Wikipedia)
TRAPPIST-1d (Exoplanet.eu)
TRAPPIST-1e (Wikipedia)
TRAPPIST-1e (Exoplanet.eu)
TRAPPIST-1f (Wikipedia)
TRAPPIST-1f (Exoplanet.eu)
TRAPPIST-1g (Wikipedia)
TRAPPIST-1g (Exoplanet.eu)
TRAPPIST-1h (Wikipedia)
TRAPPIST-1h (Exoplanet.eu)

Beta CVn (Beta Canum Venaticorum):
Wikipedia

HabEx (Habitable Exoplanet Observatory):
JPL da NASA
Wikipedia

 
   
Telescópio Webb vai estudar Júpiter, os seus anéis e duas intrigantes luas

Júpiter, que tem o nome do rei dos antigos deuses romanos, comanda a sua própria miniversão do nosso Sistema Solar de satélites circundantes; os seus movimentos convenceram Galileu Galileu de que a Terra não era o centro do Universo no início do século XVII. Mais de 400 anos depois, os astrónomos vão usar o Telescópio Espacial James Webb da NASA para observar estes famosos objetos, levando os instrumentos do observatório às suas capacidades máximas e preparando as bases para descobertas científicas de longo alcance.

 
A lua Io orbita Júpiter nesta imagem obtida pela sonda Cassini da NASA. Júpiter e Io aparecem enganosamente perto nesta imagem, quando na realidade a lua orbita a quase 350.000 km do planeta gigante gasoso.
Crédito: NASA/JPL/Universidade do Arizona
 

Uma equipa de mais de 40 investigadores, liderada pelos astrónomos Imke de Pater da Universidade da Califórnia, em Berkeley, e Thierry Fouchet do Observatório de Paris, desenharam um ambicioso programa de observação que realizará algumas das primeiras observações científicas do Sistema Solar do Webb - estudando Júpiter, o seu sistema de anéis e duas das suas luas: Ganimedes e Io.

"Será uma experiência realmente desafiadora," disse de Pater. "Júpiter é tão brilhante, e os instrumentos do Webb são tão sensíveis, que observar o planeta brilhante e os seus anéis e luas mais fracas será um excelente teste de como tirar o máximo proveito da tecnologia inovadora do Webb."

Júpiter

Além de calibrar os instrumentos do Webb para o brilho de Júpiter, os astrónomos também devem levar em consideração a rotação do planeta, porque Júpiter completa um dia em apenas 10 horas. Várias imagens têm que ser agregadas num mosaico para capturar completamente uma certa área - a famosa tempestade conhecida como Grande Mancha Vermelha, por exemplo - uma tarefa ainda mais difícil já que o próprio objeto está em movimento. Apesar de muitos telescópios já terem estudado Júpiter e as suas tempestades, o grande espelho e os poderosos instrumentos do Webb vão fornecer novas informações.

 
Tempestades de ciclones rodeiam o polo norte de Júpiter, capturados no infravermelho pela sonda Juno da NASA.
Crédito: NASA/JPL-Caltech/SwRI/ASI/INAF/JIRAM
 

"Sabemos que a atmosfera imediatamente acima da Grande Mancha Vermelha é mais fria do que outras áreas de Júpiter, mas a maiores altitudes, na mesosfera, a atmosfera parece ser mais quente. Vamos usar o Webb para investigar este fenómeno," disse de Pater.

O Webb também irá examinar a atmosfera da região polar, onde a sonda Juno da NASA descobriu grandes grupos de ciclones. Os dados espectroscópicos do Webb vão fornecer muitos mais detalhes do que tem sido possível em observações anteriores, medindo ventos, partículas de nuvens, composição de gases e a temperatura.

As futuras observações de planetas gigantes do Sistema Solar com o Webb vão beneficiar das lições aprendidas nestas observações iniciais do sistema joviano. A equipa tem a tarefa de desenvolver métodos para trabalhar com observações do Webb de planetas do Sistema Solar, que podem ser usadas posteriormente por outros cientistas.

Anéis

Todos os quatro gigantes gasosos do Sistema Solar têm anéis, os de Saturno sendo os mais proeminentes. O sistema de anéis de Júpiter é composto por três partes: um anel principal plano, um halo dentro do anel principal, em forma de lente dupla convexa; e o anel "gossamer", exterior ao anel principal. O sistema de anéis de Júpiter é excecionalmente ténue porque as partículas que os compõem são tão pequenas e esparsas que não refletem muita luz. Ao lado do brilho do planeta, praticamente desaparecem, o que representa um desafio para os astrónomos.

"Estamos realmente a puxar as capacidades de alguns instrumentos do Webb ao limite para obter um novo conjunto único de observações," disse o coinvestigador Michael Wong da Universidade da Califórnia em Berkeley. A equipa vai testar estratégias de observação para lidar com a luz dispersa de Júpiter, e construir modelos para serem usados por outros astrónomos, incluindo aqueles que estudam exoplanetas em órbita de estrelas brilhantes.

 
A sonda Galileo da NASA capturou uma imagem do sistema de anéis de Júpiter, incluindo o difuso e exterior anel "gossamer".
Crédito: NASA/JPL/Universidade de Cornell
 

A equipa também vai procurar fazer novas descobertas nos próprios anéis. De Pater realçou que podem haver "luas menores efémeras" no sistema dinâmico de anéis e possíveis ondulações no anel devido a impactos de cometas, como aquelas observadas e rastreadas até ao impacto do Cometa Shoemaker-Levy 9 em 1994.

Ganimedes

Várias características do gelado Ganimedes tornam-no fascinante para os astrónomos. Além de ser a maior lua do Sistema Solar e maior até que o planeta Mercúrio, é a única lua conhecida por ter o seu próprio campo magnético. A equipa vai investigar as partes mais externas da atmosfera de Ganimedes, a sua exosfera, para melhor entender a interação da lua com partículas do campo magnético de Júpiter.

Existem também evidências de que Ganimedes pode ter um oceano de água salgada líquida por baixo da sua espessa superfície de gelo, que o Webb investigará com um estudo espectroscópico detalhado de sais à superfície e de outras substâncias. A experiência da equipa no estudo da superfície de Ganimedes pode ser útil no estudo futuro de outras luas geladas do Sistema Solar, suspeitas de terem oceanos subterrâneos, incluindo a lua de Saturno, Encélado, e o satélite joviano Europa.

Io

Em contraste dinâmico com Ganimedes, está a outra lua que a equipa vai estudar, Io, o mundo mais vulcanicamente ativo do Sistema Solar. A superfície dinâmica está coberta por centenas de enormes vulcões que superam aqueles da Terra, bem como lagos de lava derretida e planícies de lava solidificada. Os astrónomos planeiam usar o Webb para aprender mais sobre os efeitos dos vulcões de Io na sua atmosfera.

"Ainda há muito que não sabemos sobre a estrutura da temperatura atmosférica de Io, porque ainda não tivemos dados para distinguir a temperatura em diferentes altitudes," disse de Pater. "Na Terra, temos como certo que, quando subimos uma montanha, o ar fica mais fresco - aconteceria o mesmo em Io? De momento, não sabemos, mas o Webb pode ajudar-nos a descobrir."

Outro mistério que o Webb vai investigar em Io é a existência de "vulcões furtivos", que emitem plumas de gás sem poeira que reflete a luz que pode ser detetada por naves espaciais como as missões Voyager e Galileo da NASA, e que por isso até agora não foram detetados. A alta resolução espacial do Webb poderá isolar vulcões individuais que anteriormente apareciam como uma grande mancha quente, permitindo que os astrónomos recolham dados detalhados sobre a geologia de Io.

 
A sonda Galileo da NASA apanha Io a meio de uma erupção vulcânica.
Crédito: NASA/JPL/DLR
 

O Webb também fornecerá dados sem precedentes da temperatura de pontos quentes de Io e determinará se estão mais próximos do vulcanismo da Terra de hoje, ou se têm uma temperatura muito mais alta, semelhante ao ambiente da Terra nos primeiros anos após a sua formação. Observações anteriores da missão Galileo e de observatórios no solo sugeriram estas temperaturas altas; o Webb vai seguir essas investigações e fornecer novas evidências que podem resolver o caso.

Esforço de equipa

As observações detalhadas do Webb não vão suplantar aquelas de outros observatórios, mas ao invés coordenar com eles, explicou Wong. "As observações espectroscópicas do Webb vão cobrir apenas uma pequena área do planeta, de modo que vistas globais de observatórios terrestres podem mostrar como os dados detalhados do Webb encaixam no que está a acontecer a uma escala maior, semelhante à maneira como o Hubble e o Observatório Gemini fornecem contexto para as observações detalhadas e de perto pela sonda Juno."

Por sua vez, o estudo das tempestades e da atmosfera de Júpiter pelo Webb vão complementar os dados da Juno, incluindo sinais de rádio provenientes de relâmpagos, que o Webb não deteta. "Nenhum observatório ou sonda pode 'fazer tudo'," disse Wong, "por isso estamos empolgados com a combinação de dados de vários observatórios para nos contar muito mais do que podemos aprender com apenas uma única fonte."

Esta investigação está a ser realizada como parte do programa ERS (Early Release Science) do Webb. Este programa fornece tempo para projetos selecionados no início da missão do observatório, permitindo que os investigadores aprendam rapidamente a melhor maneira de utilizar os recursos do Webb, enquanto produzem ciência robusta.

O Telescópio Espacial James Webb será o principal observatório científico espacial do mundo quando for lançado em 2021. Vai resolver mistérios do nosso Sistema Solar, olhar para mundos distantes em torno de outras estrelas e investigar as misteriosas estruturas e origens do nosso Universo e o nosso lugar nele. O Webb é um projeto internacional liderado pela NASA e pelos seus parceiros, a ESA e a Agência Espacial Canadiana.

// NASA (comunicado de imprensa)

 


Saiba mais

Júpiter:
NASA
CCVAlg - Astronomia
Nine Planets
Wikipedia
Anéis de Júpiter (Wikipedia)

Ganimedes:
NASA
CCVAlg - Astronomia
Nine Planets
Wikipedia

Io:
NASA
CCVAlg - Astronomia
Nine Planets
Wikipedia

JWST (Telescópio Espacial James Webb):
NASA
STScI
ESA
Programa ERS (STScI)
Wikipedia

 
   
Também em destaque
  Marte primitivo estava coberto por camadas de gelo, não rios (via Universidade de Columbia Britânica)
Um grande número de redes de vales que escavam a superfície de Marte foi esculpido por água derretendo sob o gelo glacial, e não por rios que fluíam livremente como se pensava anteriormente. As descobertas lançam "água fria" na hipótese dominante de um "Marte antigo quente e húmido" que postula que rios, chuvas e oceanos já existiram no Planeta Vermelho. Ler fonte
 
   
Álbum de fotografias - Cometa NEOWISE por cima do Desfiladeiro de Vikos
(clique na imagem para ver versão maior)
Crédito: Constantine Emmanouilidi
 
Será que a Terra se separou para nos mostrar este cometa? Claro que não, mesmo que esta imagem dê a entender que sim. No plano de fundo está o Cometa NEOWISE, nos céus de há duas semanas atrás, no norte da Grécia. Para cima do cometa existem muitas estrelas, incluindo as estrelas brilhantes da Ursa Maior, um asterismo que muitas pessoas pelo mundo fora usaram para encontrar o cometa a olho nu enquanto este pairava no céu norte ao longo do último mês. No plano da frente, encontra-se o desfiladeiro de Vikos, o desfiladeiro mais profundo da Terra, em relação à sua largura. O desfiladeiro foi criado lentamente pela erosão do rio Voidomatis ao longo dos últimos milhões de anos. A captura desta imagem exigiu muito planeamento, espera, sorte, enfrentando ventos fortes e evitando lobos locais. O Cometa C/2020 F3 (NEOWISE) continua a desvanecer e é agora mais facilmente visível através de binóculos, enquanto regressa ao Sistema Solar exterior.
 
   
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