ROSETTA "MERGULHA" PARA ENCONTRO ÍNTIMO
6 de fevereiro de 2015
A sonda Rosetta da ESA está a preparar-se para fazer um encontro próximo com o seu cometa no dia 14 de fevereiro, passando a apenas 6 km da superfície.
Dia 3 de fevereiro foi o último dia a 26 km do Cometa 67P/Churyumov–Gerasimenko, marcando o fim do atual período orbital e o começo de uma nova fase para o resto deste ano.
A Rosetta já começou as preparações para o encontro da próxima semana. Primeiro, vai afastar-se mais ou menos 140 km do cometa até dia 7, antes de fazer uma passagem rasante às 12:41 de dia 14. A passagem mais próxima ocorre ao longo do maior lóbulo do cometa, acima da região Imhotep.
"O próximo voo rasante permitirá observações científicas únicas, fornecendo-nos com medições de alta-resolução da superfície ao longo de uma gama de comprimentos de onda e dando-nos a oportunidade de degustar - saborear ou cheirar - as partes mais profundas da atmosfera do cometa," afirma Matt Taylor, cientista do projeto Rosetta da ESA.
O "flyby" vai levar a Rosetta a passar por cima das regiões mais ativas do cometa, ajudando os cientistas a compreender a ligação entre a fonte da atividade observada e a atmosfera, ou cabeleira.
Em particular, vão estar à procura de zonas onde o gás e a poeira aceleram desde a superfície e como estes componentes evoluem a distâncias cada vez maiores do cometa.
Já sabemos que a superfície do cometa é muito escura, refletindo apenas 6% da luz que incide sobre ela. Durante o voo rasante, a Rosetta passará sobre o cometa com o Sol diretamente por trás, permitindo com que sejam capturadas imagens sem sombra. Ao estudar a refletividade do núcleo enquanto varia com o ângulo da luz solar que incide sobre ele, os cientistas esperam obter uma visão mais detalhada dos grãos de poeira à superfície.
"Após este voo rasante, terá início uma nova fase, quando a Rosetta executar grupos de 'flybys' pelo cometa a várias distâncias, entre os 15 km e 100 km," afirma Sylvain Lodiot, gerente de operações da ESA.
O plano sempre foi mudar de "órbitas vinculadas" para trajetórias de sobrevoo neste momento da missão, com base em previsões do aumento de atividade cometária. A gama de distâncias destes voos rasantes também equilibra as diversas necessidades dos 11 instrumentos da Rosetta a fim de otimizar o retorno científico da missão.
Durante algumas das passagens, a Rosetta vai encontrar o cometa quase em passo com a rotação, permitindo que os instrumentos monitorizem um ponto único na superfície à medida que a sobrevoa.
Entretanto, os voos mais distantes vão proporcionar o contexto mais amplo de uma visão de grande angular do núcleo e da sua crescente cabeleira.
"Estamos agora na fase principal da missão e durante o resto do ano vamos continuar a mapear o cometa em alta-resolução," comenta Matt.
"Vamos 'provar' o gás, a poeira e o plasma a várias distâncias durante o aumento de atividade do cometa e quando esta começar a diminuir novamente no final do ano."
O periélio, o ponto orbital mais próximo do Sol, ocorre no dia 13 de agosto, quando o cometa e a Rosetta estiverem a 186 milhões de quilómetros do Sol, entre as órbitas da Terra e de Marte.
No mês que antecede o periélio, quando a atividade estiver a atingir o seu pico, a equipa planeia estudar um dos jatos do cometa no maior detalhe já atingido.
"Esperamos ter como alvo uma destas regiões e esperamos atravessá-la, para realmente ficarmos com uma ideia do fluxo cometário," comenta Matt.
Após a passagem pelo periélio e assim que a atividade do cometa começar a diminuir, a equipa da missão terá que determinar se e quando retornará a uma órbita vinculada em torno do cometa, e durante quanto tempo a Rosetta poderá operar para lá de 2015.
A posição relativa da Rosetta com o 67P/Churyumov-Gerasimenko no momento da maior aproximação de 14 de fevereiro de 2015, quando a sonda está a apenas 6 km do maior lóbulo do cometa.
Crédito: ESA/C. Carreau
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Mosaico de quatro imagens obtidas pelas câmaras da Rosetta a uma distância de 27,9 km do centro do cometa no dia 21 janeiro.
Crédito: ESA/Rosetta/NAVCAM
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