INVESTIGAÇÃO DO QUE ACONTECEU AO SCHIAPARELLI FAZ PROGRESSOS
25 de novembro de 2016
Impressão de artista do módulo Schiaparelli depois de desacelerar na atmosfera marciana e antes de desdobrar o seu para-quedas.
Crédito: ESA/ATG medialab
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Foram realizados progressos significativos na investigação da anomalia do ExoMars Schiaparelli de dia 19 de outubro. Um grande volume de dados recuperados do "lander" marciano mostra que a entrada atmosférica e a travagem associada ocorreram exatamente como esperado.
O para-quedas desdobrou-se normalmente a uma altitude de 12 km e a uma velocidade de 1730 km/h. O escudo térmico do veículo, tendo servido o seu propósito, foi libertado a uma altitude de 7,8 km.
À medida que o Schiaparelli descia com o seu para-quedas, o seu altímetro/radar Doppler funcionou corretamente e as medições foram incluídas no sistema de orientação, navegação e controlo. No entanto, a saturação - medição máxima - do IMU (Inertial Measurement Unit) ocorreu pouco depois da implantação do para-quedas. O IMU mede as rotações do veículo. O seu output foi, geralmente, como o previsto, exceto para este evento, que persistiu por cerca de um segundo - mais do que seria de esperar.
Quando diluídas no sistema de navegação, as informações erróneas geraram uma altitude estimada que era negativa - ou seja, abaixo do nível do solo. Isto, por sua vez, desencadeou uma libertação prematura do para-quedas e da concha traseira, um breve disparo dos propulsores de travagem e, finalmente, a ativação dos sistemas terrestres como se o Schiaparelli já tivesse aterrado. Na realidade, o veículo ainda estava a uma altitude de aproximadamente 3,7 km.
Este comportamento foi claramente reproduzido em simulações de computador da resposta do sistema de controlo à informação errónea.
"Esta ainda é uma conclusão muito preliminar das nossas investigações técnicas," afirma David Parker, Diretor de Voo Espacial Humano e Exploração Robótica da ESA. "O quadro completo será fornecido no início de 2017, pelo futuro relatório de uma comissão de inquérito independente e externa, que está agora a ser criada conforme solicitado pelo Diretor-Geral da ESA, sob a presidência do Inspetor-Geral da ESA.
"Mas teremos aprendido muito com o Schiaparelli, o que vai contribuir diretamente para a segunda missão ExoMars, atualmente em desenvolvimento pelos nossos parceiros internacionais, com lançamento previsto para 2020."
"A ExoMars é extremamente importante para a ciência e exploração europeias," afirma Roberto Battiston, presidente da agência espacial italiana ASI. "Juntamente com todos os estados participantes no programa, vamos trabalhar para a conclusão bem-sucedida da segunda missão ExoMars.
"A forte parceria da ESA e da ASI continuará a ser instrumental nesta valiosa e empolgante missão europeia."
Entretanto, os dados científicos dos instrumentos a bordo do Schiaparelli durante a entrada, além dos dados de rastreamento do TGO (Trace Gas Orbiter) da ExoMars, da Mars Express e do GMRT (Giant Metrewave Radio Telescope) na Índia, foram passados às equipas científicas. Estes dados vão contribuir para a compreensão do Planeta Vermelho e, especialmente, da sua atmosfera.
O TGO está a começar a sua primeira série de observações científicas desde que chegou ao Planeta Vermelho no dia 19 de outubro, aproveitando a órbita inicial antes de começar uma longa série de manobras de aerotravagem que vão colocar a nave espacial na sua órbita operacional lá para o final de 2017.