Problemas ao ver este e-mail?
Veja no browser

 
 
  Arquivo | CCVAlg - Astronomia
Com o apoio do Centro Ciência de Tavira
   
 
  Astroboletim #1900  
  24/05 a 26/05/2022  
     
 

Apresentação às Estrelas | Super Luas
Data: 8 de junho de 2022
Hora: 21:30-23:30
Local: Centro Ciência Viva do Algarve
Nesta sessão iremos tentar perceber como é que a órbita lunar torna as próximas duas luas cheias "mais super" do que as restantes do ano!
Adulto: 4€
Jovem: 2€
Menores de 12 anos: gratuito.
A observação astronómica com telescópio depende de condições meteorológicas favoráveis.
Pré-inscrição: siga este link
Telefone: 289 890 920
E-mail: info@ccvalg.pt

 
     
 
Efemérides

Dia 24/05: 144.º dia do calendário gregoriano.
História:
Morre, em 1543, Nicolau Copérnico, famoso astrónomo, autor do livro "Das revoluções dos Mundos Celestes".

Adiou a publicação da sua teoria por uns 30 anos; a primeira obra completa foi imprimida poucas horas antes da sua morte. Foi colocada na sua cama, para que pudesse tê-la a seu lado. Mas nessa altura já a sua mente delirava e não pôde comentar o prefácio anónimo do livro, que dizia aos leitores que o conteúdo do livro podia não ser verdadeiro, ou até mesmo provável. Nunca se soube com certeza se autorizou aquele prefácio, ou se realmente acreditava no seu sistema.
Em 1686, nascia Daniel Gabriel Fahrenheit, físico e engenheiro alemão, famoso por inventar o termómetro de mercúrio e por desenvolver uma escala de temperatura, agora com o seu nome.
Em 1962, projeto Mercury: o astronauta americano Scott Carpenter orbita a Terra três vezes na cápsula espacial Aurora 7.
Observações: Arcturo, alta a sudeste, forma a extremidade pontiaguda do asterismo "papagaio-de-papel" de Boieiro. O papagaio-de-papel atualmente estende-se para cima e para a esquerda de Arcturo, com a sua cabeça entortada para cima. Mede 23º de comprimento, cerca de dois punhos à distância do braço esticado.

Dia 25/05: 145.º dia do calendário gregoriano.
História:
Em 240 AC, primeira passagem registada do Cometa Halley pelo seu periélio.
Em 1961, o presidente americano John F. Kennedy anuncia perante uma sessão do Congresso o seu objetivo de "colocar um homem na Lua" antes do fim da década. 
Em 1966, lançamento do Explorer 32.

Em 1997, a sonda Galileu passa pela lua joviana Calisto a uma distância de apenas 415 km!
Em 2008, o "lander" Phoenix aterra na região Vastitas Borealis de Marte para procurar ambientes favoráveis à água e à vida microbiana. 
Em 2012, a nave Dragon torna-se na primeira nave comercial a atracar com a Estação Espacial Internacional.
Observações: Antes do amanhecer, olhe para este e aí encontrará a Lua com Júpiter e Marte para cima. Binóculos ajudam à medida que o crepúsculo fica mais brilhante.
Vega domina o céu a este-nordeste após o cair da noite, com Lira apoiada por baixo: um pequeno triângulo, quase equilátero, em que Vega é o seu canto superior, e um paralelograma maior pendurado para baixo e para a direita da secção inferior do triângulo. As duas estrelas mais baixas desse paralelograma, Beta e Gamma Lyrae, são as duas estrelas mais brilhantes do padrão depois de Vega. Gamma é a mais distante de Vega. Na maior parte das vezes, estas duas são quase indistinguíveis no que toca ao seu brilho: Gamma tem magnitude visual 3,25 e Beta 3,4. Mas Beta é uma famosa variável eclipsante, uma das primeiras descobertas. Se olhar para estas duas estrelas um número suficiente de vezes, mais tarde ou mais cedo apanhará Beta muito obviamente mais ténue do que Gamma, no seu brilho mínimo de magnitude 4,3. Mais provavelmente apanhará a estrela algures entre estes dois brilhos, quando a diferença é aparente mas não tão forte.
As componentes de Beta orbitam-se uma à outra a cada 13 dias. As duas estrelas estão tão próximas, relativamente ao seu tamanho (ambas são subgigantes B) que a gravidade de uma distorce a outra numa elipse. Isto acrescenta à variabilidade do sistema ao longo da órbita. Assim como uma corrente e um disco semiopaco de gás, à medida que a maior e menos massiva estrela liberta material para a outra - cerca de uma massa solar a cada 50.000 anos. Como resultado desta transferência, podemos ver o período orbital do par a aumentar cerca de 19 segundos por ano. Em escalas astronómicas de tempo, o sistema Beta Lyrae está num período rápido e breve de transição. Daqui a 250.000 anos será bastante diferente.

Dia 26/05: 146.º dia do calendário gregoriano.
História:
Em 1951, nascia Sally Ride, a primeira mulher americana no espaço.
Em 1969, a Apollo 10 regressa à Terra após oito dias, durante os quais foram testados todos os componentes necessários para a primeira aterragem lunar.

Observações:
Consegue observar o grande enxame estelar de Cabeleira de Berenice? A poluição luminosa onde se encontra realmente o ofusca, ou apenas não sabe ainda onde observá-lo? Está a 2/5 do caminho de Denébola (ponta da cauda de Leão) até ao fim da "pega da frigideira" de Ursa Maior. As suas estrelas mais brilhantes formam um Y invertido. Todo o enxame mede aproximadamente 5º - um brilho ténue mas grande num céu escuro. Recomendam-se binóculos.

 
 
   
Ceres foi formado na zona mais fria do Sistema Solar e lançado para a cintura de asteroides
 
O planeta anão Ceres, num mosaico captado pela missão Dawn da NASA. Os pontos brilhantes são reflexões produzidas por depósitos de gelo no fundo da cratera.
Crédito: NASA/JPL-Caltech/UCLA/MPS/DLR/IDA
 

Um estudo que visa reconstituir o processo de formação do planeta anão Ceres foi publicado por investigadores da Universidade Estadual Paulista (UNESP) e colaboradores na revista científica Icarus.

O trabalho foi realizado por Rafael Ribeiro de Sousa, professor do Programa de Pós-Graduação em Física, campus de Guaratinguetá. Também assinam o artigo o professor Ernesto Vieira Neto, que foi o orientador de Ribeiro de Sousa na sua investigação de doutoramento, e investigadores da Université Côte d’Azur, na França; da Rice University, nos Estados Unidos; e do Observatório Nacional no Rio de Janeiro.

Como explicam os autores, Ceres integra a cintura de asteroides, uma coleção de corpos celestes localizada entre as órbitas de Marte e Júpiter. De formato aproximadamente esférico, é o maior objeto na cintura, concentrando um-terço da sua massa total. O seu diâmetro, com quase mil quilômetros, é pouco maior do que um-terço do diâmetro da Lua. Com uma excentricidade de 0,09, tem uma órbita quase circular. E a inclinação da sua órbita em relação ao plano invariante do Sistema Solar, inferior a 10 graus, é bem maior do que a inclinação da órbita da Terra, que é de 1,57 graus.

A massa de Ceres é pequena demais para poder segurar, por atração gravitacional, uma atmosfera. Mas um facto notável é que os gelos de amónia e de água existentes à sua superfície evaporam com a incidência da luz solar. E a névoa formada dispersa-se pelo espaço. Os depósitos de gelo brilham muito no fundo das crateras. Não está excluída a hipótese de que possam abrigar alguma forma primitiva de vida. A missão Dawn, da NASA, a agência espacial norte-americana, que se aproximou bastante de Ceres e Vesta, mapeou essas crateras.

O núcleo do planeta anão é composto provavelmente por material pesado: ferro e silicatos. Mas o que diferencia Ceres dos objetos vizinhos é o seu manto de gelo de amónia e água. Como a maioria dos corpos da cintura de asteroides não tem amónia, a hipótese é a de que Ceres tenha sido formado mais para fora, na região mais fria que se estende para lá da órbita de Júpiter e, depois, lançado para a zona média da cintura devido à grande instabilidade gravitacional provocada pela formação dos planetas gasosos gigantes Júpiter e Saturno.

"A presença de gelo de amónia é uma forte evidência observacional de que Ceres possa ter sido formado na região mais fria do Sistema Solar, além da chamada 'Linha de Gelo', onde as temperaturas eram baixas o suficiente para ocorrer condensação e fusão de água e substâncias voláteis, como monóxido de carbono [CO], dióxido de carbono [CO2] e amónia [NH3]", diz Ribeiro de Sousa.

Hoje, a Linha de Gelo está localizada muito próximo da órbita de Júpiter. Porém, quando o Sistema Solar estava em formação, há 4,5 mil milhões de anos, a posição dessa zona variou de acordo com a evolução do disco de gás protoplanetário e a formação dos planetas gigantes. "A forte perturbação gravitacional provocada pelo crescimento desses planetas pode ter alterado a densidade, a pressão e a temperatura do disco protoplanetário, o que teria deslocado a Linha de Gelo. Essa perturbação no disco de gás protoplanetário teria feito com que planetas em crescimento, enquanto adquiriam gás e sólidos, migrassem para órbitas mais próximas do Sol", explica o professor Vieira Neto.

"No nosso trabalho, propusemos um cenário para explicar o porquê de Ceres ser tão diferente dos asteroides vizinhos. Nesse cenário, Ceres teria iniciado a sua formação numa órbita para lá de Saturno, onde a amónia era abundante. Durante o crescimento dos planetas gigantes, foi puxado para a cintura de asteroides, como um migrante do Sistema Solar externo e sobreviveu até hoje, durante 4,5 mil milhões de anos", afirma Ribeiro de Sousa.

Para comprovar tal hipótese, Ribeiro de Sousa e colaboradores realizaram um grande número de simulações computacionais da fase de formação dos planetas gigantes dentro do disco de gás protoplanetário que circundava o Sol. No modelo, foram consideradas no disco as presenças de Júpiter, Saturno, embriões planetários (precursores de Úrano e Neptuno) e uma coleção de objetos similares em tamanho e composição química a Ceres. A suposição foi a de que Ceres seria um objeto de tipo planetesimal. Estes são considerados os "blocos de construção" dos planetas e de outros corpos do Sistema Solar, como asteroides, cometas etc.

"Nas nossas simulações, verificamos que a fase de formação dos planetas gigantes não foi nada tranquila. Caracterizou-se por colisões gigantescas entre os precursores de Úrano e Neptuno, pela ejeção de planetas para fora do Sistema Solar e até mesmo pela invasão da região interna por planetas com massas maiores do que três vezes a massa da Terra. Além disso, a forte perturbação gravitacional espalhou objetos similares a Ceres por toda a parte. Alguns, com uma certa probabilidade, alcançaram a região da cintura de asteroides e adquiriram órbitas estáveis, capazes de sobreviver a outros eventos", conta o investigador.

Segundo Ribeiro de Sousa, três mecanismos principais atuaram para preservar esses objetos na região: a ação do gás, que amorteceu as excentricidades e as inclinações das suas órbitas; as ressonâncias dos seus movimentos médios com Júpiter, que os protegeram de ejeções e colisões causadas por esse planeta gigante; e encontros próximos com os planetas invasores, que espalharam os planetesimais para regiões mais internas e estáveis da cintura de asteroides.

"O nosso principal resultado indica que, no passado, houve no mínimo 3500 objetos do tipo Ceres, para lá da órbita de Saturno. E que, com esse número de objetos, o nosso modelo mostrou que um deles conseguiu ser transportado e capturado na cintura de asteroides, numa órbita muito similar à órbita atual de Ceres", destaca o cientista.

Esse número, de 3500 objetos de tipo Ceres, já havia sido estimado por outros estudos, a partir da observação de crateras e de tamanhos de outras populações de astros, situadas para além de Saturno, como aquelas que compõem a Cintura de Kuiper, onde orbitam Plutão e outros planetas anões. "Com o nosso cenário, fomos capazes de confirmar tal número e explicar as propriedades orbitais e químicas de Ceres. Esse trabalho conta um ponto a favor dos modelos mais recentes de formação do Sistema Sola", resume Ribeiro de Sousa.

Um pouco sobre a formação planetária

Um cenário sobre a formação planetária do Sistema Solar, composto a partir das informações mais atualizadas disponíveis, permite entender melhor o estudo em pauta, situando Ceres no quadro geral.

"A partir de evidências observacionais, sabe-se que qualquer sistema planetário – não apenas o Sistema Solar – é formado a partir de um disco de gás e poeira que circunda uma estrela recém-formada. O evento que forma a estrela ainda é objeto de estudo, mas o consenso até ao momento é que ela nasce a partir do colapso gravitacional de uma nuvem molecular gigante", afirma Ribeiro de Sousa.

A existência dos discos protoplanetários não é mera suposição. Ao contrário, respalda-se em observações robustas. É o caso das imagens obtidas pela Agência Espacial Europeia por meio do radiotelescópio ALMA (Atacama Large Millimeter Array), um sistema constituído por 66 antenas situado no deserto do Atacama, no Chile. Com impressionante resolução e riqueza de detalhes, essas imagens mostram discos protoplanetários ao redor de estrelas bem jovens.

"No caso do Sistema Solar, os dados de que dispomos sugerem que o disco protoplanetário seria constituído por 99% de gás e 1% de poeira. Esta seria proveniente de estrelas mais antigas, que terminaram o seu ciclo de vida e lançaram material pesado para o espaço. A poeira que se acumulou ao redor do Sol foi suficiente para formar ao menos os pequenos corpos, os planetas terrestres e os núcleos dos grandes planetas gasosos. Os primeiros sólidos que se condensam no disco protoplanetário são chamados de CAIs (do inglês "Calcium Aluminium rich-Inclusions"). Como o próprio nome indica, eram ricos em cálcio e alumínio. Foram encontrados como inclusões em meteoritos. E as suas idades mais antigas foram datadas em 4,568 mil milhões de anos", informa o pesquisador.

Diversas estrelas jovens, observadas em ambientes caracterizados como berços de formação planetária, foram datadas com idades variando entre 1 e 10 milhões de anos. Esse dado forneceu uma informação muito importante, porque mostrou que a formação de planetas gasosos (como Júpiter e Saturno) ou que possuam ao menos um invólucro gasoso (como Úrano e Neptuno) deve ocorrer, no máximo, nos primeiros 10 milhões de anos de vida da estrela. Depois disso, os discos protoplanetários não possuem mais gás suficiente.

Planetas rochosos, de tipo terrestre, poderiam surgir antes ou depois – não se sabe. Mas outras informações disponíveis mostram que a formação da Terra e da Lua foi um dos eventos mais tardios na génese do Sistema Solar, ocorrido há volta de 4,543 mil milhões de anos. Quanto aos pequenos corpos que compõem o sistema (planetas anões, satélites, cometas, asteroides, poeira etc.), são resultado do resto da formação dos planetas e evoluíram física e dinamicamente antes e depois da fase de gás, por processos como interações com o gás, colisões, capturas gravitacionais e outros.

O processo de formação planetária é bastante complexo. Os estágios vão da poeira, com tamanhos da ordem do mícron (10^−6 m), até planetas várias vezes maiores do que Júpiter. "A poeira acumula-se por adesões e colisões dentro do disco protoplanetário. A atração gravitacional entre essas partículas não é relevante. Mas a atração gravitacional exercida pelo Sol faz com que o gás gire mais devagar do que a poeira. E isso produz um arrasto aerodinâmico muito forte sobre a poeira. A força de arrasto leva as partículas para o plano do disco de gás e desloca-as radialmente em direção ao Sol. Quando a poeira alcança tamanhos da ordem de alguns centímetros, formam-se seixos, que fazem toda a diferença no processo de crescimento planetário. Pois influenciam a velocidade de rotação do gás. Quando as velocidades do gás e dos seixos se igualam, o arrasto do gás torna-se praticamente nulo, o que oferece aos seixos a chance de se concentrarem o suficiente para originarem planetesimais – corpos com tamanhos variando de 10 a 1000 quilómetros, que se tornam os blocos de construção dos planetas e os precursores dos pequenos corpos", narra Ribeiro de Sousa.

No estágio seguinte, formam-se objetos cada vez maiores, por captura gravitacional de seixos e poeira ou por colisões. Quando um objeto cresce o suficiente para ter a massa de três a dez Terras, a perturbação gravitacional que produz no disco de gás faz com que ele migre para órbitas mais próximas da estrela. Quando cresce acima de dez Terras, passa a acumular ao seu redor um invólucro de gás. E, a partir da acumulação do gás, o seu crescimento torna-se muito rápido.

"A formação dos planetas gigantes Júpiter e Saturno produziu uma perturbação gravitacional tão grande que modelou o disco de gás e provocou um novo tipo de migração planetária. Essa fase violenta fez planetas colidirem e planetas serem ejetados para fora do Sistema Solar, até que o balanço gravitacional possibilitou que o sistema como um todo adquirisse um certo grau de estabilidade", conclui Ribeiro de Sousa.

// FAPESP (comunicado de imprensa)
// Artigo científico (Icarus)
// Artigo científico (arXiv.org)

 


Saiba mais

Ceres:
Wikipedia

Sonda Dawn:
Página oficial
NASA
"Toolkit" da missão (NASA)
Wikipedia

Formação e evolução do Sistema Solar:
Wikipedia

 
   
Os engenheiros estão a investigar os dados de telemetria da Voyager 1

A equipa de engenharia da nave espacial Voyager 1 da NASA está a tentar resolver um mistério: o explorador interestelar está a operar normalmente, a receber e a executar comandos da Terra, juntamente com a recolha e transmissão de dados científicos. Mas as leituras do AACS (Attitude Articulation and Control System) não refletem o que está realmente a acontecer a bordo.

O AACS controla a orientação da nave espacial com 45 anos. Entre outras tarefas, mantém a antena de alto ganho da Voyager 1 apontada precisamente para a Terra, permitindo-lhe enviar dados para casa. Todos os sinais sugerem que o AACS ainda está a funcionar, mas os dados de telemetria que está a enviar são inválidos. Por exemplo, os dados podem parecer ter sido gerados aleatoriamente, ou não refletir qualquer estado possível em que o AACS possa estar.

 
A nave espacial Voyager 1 da NASA, aqui nesta ilustração, tem vindo a explorar o nosso Sistema Solar desde 1977, juntamente com a sua gémea, a Voyager 2.
Crédito: NASA/JPL-Caltech
 

O problema não despoletou quaisquer sistemas de proteção de avarias a bordo, que são concebidos para colocar a sonda em "modo de segurança" - um estado onde apenas as operações essenciais são realizadas, dando aos engenheiros tempo para diagnosticar um problema. O sinal da Voyager 1 também não enfraqueceu, o que sugere que a antena de alto ganho permanece na sua orientação correta com a Terra.

A equipa vai continuar a acompanhar de perto o sinal enquanto continuam a determinar se os dados inválidos provêm diretamente do AACS ou de outro sistema envolvido na produção e envio de dados de telemetria. Até que a natureza da questão seja melhor compreendida, a equipa não pode prever se isto poderá afetar a duração da recolha e transmissão de dados científicos pela nave espacial.

A Voyager 1 está atualmente a 23,3 mil milhões de quilómetros da Terra e são necessárias 20 horas e 33 minutos para que a luz percorra essa distância. Isto significa que demora cerca de dois dias a enviar uma mensagem à Voyager 1 e a obter uma resposta - um atraso a que a equipa da missão está bem habituada.

"Um mistério como este é um tanto ou quanto normal nesta fase da missão da Voyager," disse Suzanne Dodd, gestora de projeto das Voyager 1 e 2 no JPL da NASA, no sul da Califórnia. "As naves espaciais têm ambas quase 45 anos, o que está muito para lá do que os planeadores da missão previram. Também estamos no espaço interestelar - um ambiente de alta radiação em que nenhuma nave espacial voou antes. Por isso, há alguns grandes desafios para a equipa de engenharia. Mas penso que se houver uma forma de resolver esta questão com o AACS, a nossa equipa vai encontrá-la."

É possível que a equipa não encontre a origem da anomalia e em vez disso se adapte a ela, disse Dodd. Se encontrarem a fonte, poderão ser capazes de resolver o problema através de alterações de software ou potencialmente utilizando um dos sistemas de hardware redundantes da sonda.

Não seria a primeira vez que a equipa da Voyager confiava no hardware de reserva: em 2017, os propulsores primários da Voyager 1 mostraram sinais de degradação, pelo que os engenheiros mudaram para outro conjunto de propulsores que tinham sido originalmente utilizados durante os encontros planetários da nave espacial. Esses propulsores funcionaram, apesar de não terem sido utilizados durante 37 anos.

A gémea da Voyager 1, a Voyager 2 (atualmente a 19,5 mil milhões de quilómetros da Terra), continua a funcionar normalmente.

Lançadas em 1977, ambas as Voyagers têm operado muito mais tempo do que os planeadores da missão esperavam e são as únicas naves espaciais a recolher dados do espaço interestelar. A informação que fornecem desta região ajudou a aprofundar a compreensão da heliosfera, a barreira difusa que o Sol cria em torno dos planetas do nosso Sistema Solar.

Cada nave espacial produz cerca de 4 watts a menos de energia elétrica por ano, limitando o número de sistemas que a nave pode operar. A equipa de engenharia da missão desligou vários subsistemas e aquecedores a fim de reservar energia para os instrumentos científicos e sistemas críticos. Nenhum instrumento científico foi ainda desligado como resultado da diminuição da potência e a equipa Voyager está a trabalhar para manter as duas naves espaciais a funcionar e a transmitir ciência única para lá de 2025.

Enquanto os engenheiros continuam a trabalhar para resolver o mistério que a Voyager 1 lhes apresentou, os cientistas da missão vão continuar a aproveitar ao máximo os dados provenientes do ponto de vista único da nave espacial.

// JPL/NASA (comunicado de imprensa)

 


Saiba mais

CCVAlg - Astronomia:
14/05/2021 - À medida que a Voyager 1 estuda o espaço interestelar, as suas medições de densidade "levantam ondas"
24/03/2020 - Reimaginando a heliosfera, a bolha protetora do nosso Sistema Solar
08/11/2019 - Voyager 2 ilumina fronteira do espaço interestelar
12/07/2019 - Um novo plano para manter vivos os exploradores mais antigos da NASA
05/04/2019 - A viagem ao espaço interestelar
11/12/2018 - Voyager 2 entra no espaço interestelar
09/10/2018 - Voyager 2 pode estar perto de alcançar o espaço interestelar
05/09/2017 - O legado das missões Voyager
04/08/2017 - Após 40 anos, sondas Voyager ainda querem alcançar as estrelas
17/01/2017 - Hubble fornece roteiro interestelar da viagem galáctica das Voyager
06/03/2015 - Estudo descobre dois jatos de vento solar na heliosfera
17/09/2013 - Como é que sabemos que a Voyager alcançou o espaço interestelar? 
13/09/2013 - É oficial: Voyager 1 deixa Sistema Solar e entra no espaço interestelar
16/08/2013 - Novo estudo argumenta que Voyager 1 já saiu do Sistema Solar 
02/07/2013 - Voyager 1 explora fronteira final da nossa "bolha solar"
04/12/2012 - Voyager 1 da NASA encontra nova região no espaço profundo
09/10/2012 - Voyager 1 pode já ter deixado o Sistema Solar
19/06/2012 - Dados da Voyager 1 apontam para futuro interestelar
02/12/2011 - Sondas Voyager detectam radiação Lyman-Alpha da Via Láctea
10/06/2011 - Uma grande surpresa no limite do Sistema Solar
11/03/2011 - Voyager 1 procura resposta que sopra ao vento
25/11/2009 - Resolvido mistério nos confins do Sistema Solar
12/12/2007 - Sistema Solar é "esborrachado"
27/05/2005 - Voyager alcança fronteira do Sistema Solar

Notícias relacionadas:
SPACE.com
science alert
PHYSORG
UPI
CNN
The Verge
Gizmodo
Pplware

Sondas Voyager:
Página oficial (NASA)
Heavens Above
Voyager 1 (Wikipedia)
Voyager 2 (Wikipedia)
Documentário "Voyager - Journey to the Stars" (SpaceRip via YouTube)

Sistema Solar:
CCVAlg - Astronomia
Wikipedia

Heliosfera:
Wikipedia

Espaço interestelar:
Wikipedia

 
   
O acumular de calor do Sol provavelmente contribui para as tempestades de poeira de Marte

Uma equipa de investigadores relatou que um desequilíbrio sazonal na quantidade de energia solar absorvida e libertada pelo planeta Marte é uma causa provável das tempestades de poeira que há muito intrigam os observadores.

O desequilíbrio extremo de Marte no que toca ao orçamento energético (um termo que se refere à medição da energia solar que um planeta absorve do Sol e depois liberta como calor) foi documentado pelos investigadores da Universidade de Houston Liming Li, professor associado de física; Xun Jiang, professora de ciências atmosféricas; e Ellen Creecy, estudante de doutoramento e autora principal de um artigo publicado na revista PNAS (Proceedings of the National Academy of Sciences).

 
Investigadores da Universidade de Houston encontraram uma ligação entre as tempestades de poeira de Marte e o seu desequilíbrio energético sazonal. Outros estudos poderiam dar uma ideia de como as antigas alterações climáticas afetaram o Planeta Vermelho, talvez até como o futuro da Terra pode ser moldado pelas alterações climáticas. À esquerda, Marte em condições limpas; à direita, Marte envolvido por uma tempestade de poeira sazonal.
Crédito: NASA/JPL/MSSS
 

"Uma das nossas descobertas mais interessantes é que o excesso de energia - mais energia sendo absorvida do que emitida - poderia ser um dos mecanismos geradores das tempestades de poeira de Marte. Compreender como isto funciona em Marte pode fornecer pistas sobre os papéis que o orçamento energético da Terra assume no desenvolvimento de tempestades severas, incluindo furacões, no nosso próprio planeta," disse Creecy.

Uma fina atmosfera e uma órbita muito elíptica tornam Marte especialmente suscetível a grandes diferenças de temperatura. Absorve quantidades extremas de calor solar quando está mais perto do Sol nas suas estações perielionares (primavera e verão para o hemisfério sul de Marte), que é a mesma parte extrema da órbita em que aparecem as suas tempestades de poeira. À medida que a sua órbita afasta Marte do Sol, é absorvida menos energia solar pelo planeta. Este mesmo fenómeno também acontece na Terra, mas os investigadores descobriram que é especialmente extremo em Marte.

Na Terra, os desequilíbrios energéticos podem ser medidos de acordo com a estação e o ano e desempenham um papel crítico no nosso aquecimento global e nas alterações climáticas. Num projeto separado, Creecy e colegas estão a examinar se o desequilíbrio energético em Marte também existe em escalas de tempo mais longas e, se sim, quais seriam as implicações na mudança climática do planeta.

"Marte não é um planeta que tenha qualquer tipo de mecanismos reais de armazenamento de energia, como nós temos na Terra. Os nossos grandes oceanos, por exemplo, ajudam a equilibrar o sistema climático," disse Creecy.

Ainda assim, Marte contém sinais de que oceanos, lagos e rios foram outrora abundantes. Então, o que aconteceu? Os factos são incertos quanto aos motivos ou quando o planeta se tornou neste globo quente e poeirento com uma abundância de óxido de ferro - ferrugem, na verdade, cuja cor sépia inspirou observadores de há séculos atrás a chamar-lhe o Planeta Vermelho.

"Marte já teve, no passado, oceanos e lagos, mas mais tarde sofreu aquecimento global e alterações climáticas. De alguma forma, Marte perdeu os seus oceanos e lagos. Sabemos que estão a acontecer alterações climáticas agora na Terra. Então, o que é que as lições do que aconteceu em Marte guardam para o futuro da Terra", perguntou Li.

Creecy e colegas chegaram às suas conclusões comparando quatro anos de dados (esses são anos marcianos, aproximadamente equivalentes a oito anos terrestres) das órbitas e temperaturas de Marte com as condições documentadas pelas missões da NASA.

Para os entusiastas planetários, eles notam que muitos dos dados podem ser acedidos gratuitamente a partir do website PDS (Planetary Data Systems) da NASA, embora alguma informação esteja disponível apenas para os investigadores. Colaboraram também com cientistas da NASA, incluindo vários que foram membros-chave de missões passadas, incluindo a Mars Global Surveyor e duas missões, Curiosity e InSight, que ainda estão a operar no solo.

"Se abrirmos os olhos a um campo vasto, a Terra é apenas um planeta. Com apenas um ponto, nunca podemos ver uma imagem completa. Temos de olhar para todos os pontos, todos os planetas, para obter uma imagem completa da evolução da nossa própria Terra. Há muitas coisas que podemos aprender com os outros planetas", disse Li. "Ao estudar a história de Marte, ganhamos muito. O que é a mudança climática? Qual é a fase futura para o nosso planeta? Qual é a evolução da Terra? Tantas coisas que podemos aprender com os outros planetas."

// Universidade de Houston (comunicado de imprensa)
// Artigo científico (PNAS)

 


Saiba mais

Marte:
CCVAlg - Astronomia
Wikipedia

Mars Global Surveyor: 
NASA
Wikipedia

Rover Curiosity (MSL):
NASA
NASA - 2 
Facebook
Twitter
Wikipedia

InSight:
NASA
NASA - 2
Twitter
Wikipedia

 
   
Também em destaque
  Novos cálculos do espectro solar resolvem controvérsia, com uma década, sobre a composição química do Sol (via Instituto Max Planck para Astronomia)
Os astrónomos resolveram a crise da abundância solar com uma década: o conflito entre a estrutura interna do Sol determinada a partir das oscilações solares (helioseismologia) e a estrutura derivada da teoria fundamental da evolução estelar, que por sua vez se baseia em medições da composição química do Sol atual. Novos cálculos da física da atmosfera do Sol produzem resultados atualizados para abundâncias de diferentes elementos químicos, que resolvem o conflito. Notavelmente, o Sol contém mais oxigénio, silicone e néon do que se pensava anteriormente. Os métodos utilizados também prometem estimativas consideravelmente mais precisas das composições químicas das estrelas em geral. Ler fonte
 
   
Álbum de fotografias - Uma Grande Onda de Choque do Tipo Tsunami no Sol
(clique na imagem para ver versão maior)
Crédito: NSO/AURA/NSF e AFRL
 
Os tsunamis deste tamanho não acontecem na Terra. Durante 2006, uma grande erupção solar de uma mancha solar do tamanho da Terra produziu uma onda de choque do tipo tsunami que foi espetacular até mesmo para o Sol. Aqui em destaque, a onda de tsunami foi capturada ao sair da região ativa AR 10930 pelo telescópio OSPAN (Optical Solar Patrol Network) no estado norte-americano do Novo México, EUA. A onda de choque resultante, conhecida tecnicamente como onda Moreton, comprimiu e aqueceu gases incluindo hidrogénio na fotosfera do Sol, provocando um brilho momentâneo mais radiante. A imagem em destaque foi obtida numa cor vermelha muito específica emitida exclusivamente pelo gás hidrogénio. O tsunami desenfreado eliminou alguns filamentos ativos no Sol, embora muitos se tenham restabelecido mais tarde. O tsunami solar espalhou-se a quase um milhão de quilómetros por hora e circulou o Sol inteiro numa questão de minutos.
 
   
Arquivo | Feed RSS | Contacte o Webmaster | Remover da lista
 
       
       
   
Centro Ciência Viva do Algarve
Rua Comandante Francisco Manuel
8000-250, Faro
Portugal
Telefone: 289 890 922
E-mail: info@ccvalg.pt
Centro Ciência Viva de Tavira
Convento do Carmo
8800-311, Tavira
Portugal
Telefone: 281 326 231 | Telemóvel: 924 452 528
E-mail: geral@cvtavira.pt
   

Os conteúdos das hiperligações encontram-se na sua esmagadora maioria em Inglês. Para o boletim chegar sempre à sua caixa de correio, adicione noreply@ccvalg.pt à sua lista de contactos. Este boletim tem apenas um caráter informativo. Por favor, não responda a este email. Contém propriedades HTML e classes CSS - para vê-lo na sua devida forma, certifique-se que o seu cliente de webmail suporta este tipo de mensagem, ou utilize software próprio, como o Outlook ou outras apps para leitura de mensagens eletrónicas.

Recebeu esta mensagem por estar inscrito na newsletter de Astronomia do Centro Ciência Viva do Algarve e do Centro Ciência Viva de Tavira. Se não a deseja receber ou se a recebe em duplicado, faça a devida alteração clicando aqui ou contactando o webmaster.

Esta mensagem destina-se unicamente a informar e está de acordo com as normas europeias de proteção de dados (ver RGDP), conforme Declaração de Privacidade e Tratamento de dados pessoais.

2022 - Centro Ciência Viva do Algarve | Centro Ciência Viva de Tavira

ccvalg.pt cvtavira.pt