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NEW HORIZONS ENCONTRA CÉUS AZUIS E ÁGUA GELADA EM PLUTÃO
9 de Outubro de 2015

 


O céu azul de Plutão: a camada de neblina de Plutão mostra o seu tom azul nesta imagem obtida pela câmara MVIC (Multispectral Visible Imaging Camera) do Ralph. Pensa-se que a neblina a alta altitude seja semelhante em natureza com a observada na lua de Saturno, Titã. A fonte de ambas as neblinas envolve reações químicas do nitrogénio e metano, iniciadas pela luz solar, levando a partículas relativamente pequenas e parecidas com fuligem (chamadas tolinas) que crescem à medida que assentam à superfície. A imagem foi gerada por software que combina informação de imagens azuis, vermelhas e no infravermelho próximo, a fim de replicar tanto quanto possível a cor que o olho humano veria.
Crédito: NASA/JHUAPL/SwRI
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As primeiras imagens a cores das neblinas atmosféricas de Plutão, enviadas pela sonda New Horizons da NASA a semana passada, revelam que são azuis.

"Quem teria esperado um céu azul na Cintura de Kuiper? É lindo," afirma Alan Stern, investigador principal da New Horizons no SwRI (Southwest Research Institute) em Boulder, no estado americano do Colorado.

As partículas da neblina, propriamente ditas, são provavelmente cinzentas ou vermelhas, mas o modo como dispersam a luz captou a atenção da equipa científica da New Horizons. "Aquele impressionante tom azul diz-nos mais sobre o tamanho e composição das partículas da neblina," afirma Carly Howett, investigadora da equipa científica, também do SwRI. "Um céu azul muitas vezes resulta da dispersão da luz solar por partículas muito pequenas. Na Terra, essas partículas são moléculas muito pequenas de nitrogénio. Em Plutão, parecem ser partículas maiores - mas ainda relativamente pequenas - parecidas com fuligem que chamamos de tolinas".

Os cientistas pensam que as tolinas se formam bem alto na atmosfera, onde a luz ultravioleta do Sol quebra e ioniza as moléculas de nitrogénio e metano e permite com que reajam uma com a outra para formar iões mais complexos carregados positivamente e negativamente. Quando são recombinados, formam macromoléculas muito complexas, um processo encontrado pela primeira vez na atmosfera superior da lua de Saturno, Titã. As moléculas mais complexas continuam a combinar-se e a crescer até que se tornam partículas pequenas; os gases voláteis condensam e revestem as suas superfícies com geada antes que tenham tempo para cair através da atmosfera até à superfície, onde são acrescentadas à coloração vermelha de Plutão.

Num importante segundo achado, a New Horizons detetou inúmeras regiões pequenas e expostas de água gelada em Plutão. A descoberta foi feita a partir de dados recolhidos pelo espectrómetro do instrumento Ralph a bordo da New Horizons.

"Grandes áreas de Plutão não apresentam água gelada exposta," afirma Jason Cook, membro da equipa científica, também do SwRI, "porque aparentemente é mascarada por outros gelos mais voláteis em quase todo o planeta. Compreender por que a água aparece exatamente onde aparece, e não em outros lugares, é um desafio que estamos a estudar."

Um aspeto curioso da deteção é que as áreas que mostram as mais óbvias assinaturas espectrais de água gelada correspondem a áreas que têm um tom vermelho vivo nas imagens coloridas divulgadas recentemente. "Fiquei surpreso ao ver que esta água gelada é tão vermelha," afirma Sylvia Protopapa, membro da equipa científica e da Universidade de Maryland, em College Park, EUA. "Nós ainda não entendemos a relação entre a água gelada e os corantes avermelhados das tolinas à superfície de Plutão."

A New Horizons está atualmente a 5 mil milhões de quilómetros da Terra e todos os sistemas estão de boa saúde e a operar normalmente.

 


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Água em Plutão: regiões com água gelada exposta são realçadas em azul nesta composição do instrumento Ralph, que combina imagens da câmara MVIC (Multispectral Visible Imaging Camera) com espectroscopia infravermelha do LEISA (Linear Etalon Imaging Spectral Array). As assinaturas mais fortes de água gelada ocorrem ao longo de Virgil Fossa, a oeste da cratera Elliot à esquerda da inserção, e também em Viking Terra perto do topo da imagem. Um grande afloramento também aparece em Baré Montes, mais para a direita da imagem, bem como outros mais pequenos maioritariamente associados com crateras de impacto e vales entre montanhas. A cena cobre aproximadamente 450 km. Os nomes das características à superfície são informais.
Crédito: NASA/JHUAPL/SwRI
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