Problemas ao ver este e-mail?
Veja no browser

 
 
  Arquivo | CCVAlg - Astronomia
Com o apoio do Centro Ciência de Tavira
   
 
  Astroboletim #1736  
  27/10 a 29/10/2020  
     
 
 
     
 
Efemérides

Dia 27/10: 301.º dia do calendário gregoriano.
História:
Em 1961, primeiro lançamento com sucesso do foguetão Saturno I

Em 1973, o meteorito Cañon City, um condrito com 1,4 kg, atinge Fremont County, no estado norte-americano do Colorado. 
Em 1994, é inquestionavelmente identificado o primeiro objeto de massa subestelar, Gliese 229B.
Em 2005, é lançado o micro-satélite SSETI Express a partir do Cosmódromo de Plesetsk.
Observações: A Lua brilha a sudeste depois do cair da noite. Para a sua esquerda está o planeta marte. Um pouco mais para baixo e para a direita do nosso satélite natural está Fomalhaut. E um pouco para baixo da Lua está Beta Ceti ou Diphda, menos brilhante.
Uma dica: assim que encontrar o Grande Quadrado de Pégaso (bem para cima da Lua esta noite, um "niquinho" para a esquerda), os seus lados este e oeste apontam sempre para baixo até Beta Ceti e Fomalhaut, respetivamente.

Dia 28/10: 302.º dia do calendário gregoriano.
História: Em 1971 a Grã-Bretanha lança o Prospero, o seu primeiro satélite. 
Em 1974, lançamento da sonda Luna 23, missão soviética de recolha de amostras lunares. Mas o dispositivo de recolha falhou e nenhumas amostras foram enviadas.
Em 2009, a NASA lança com sucesso a sua missão Ares I-X, o único lançamento do cancelado programa Constellation

Observações: Aqui chegados ao final de outubro, e Deneb ainda brilha perto do zénite ao anoitecer. E a mais brilhante Vega não está muito longe, para oeste. E a terceira estrela do Triângulo de "Verão", Altair, permanece muito alta a sudoeste (bem para cima de Júpiter e Saturno). Parecem estar mais ou menos por aqui há um par de meses! Porque é que "pararam"?
O que está a ver é o resultado do nascer-do-Sol e do anoitecer chegar cada vez mais cedo durante o outono. O que significa que se sair à rua para observar as estrelas, pouco depois do anoitecer, estará a fazê-lo cada vez mais cedo, de acordo com os ponteiros do relógio. Isto contraria a viagem para oeste das constelações. Se se habituar a fazer as suas observações astronómicas sempre à mesma hora, as constelações teriam sempre o comportamento habitual.
Claro que este "efeito do Triângulo de Verão" aplica-se a toda a esfera celeste, não apenas ao Triângulo de Verão. Claro, como sempre no que respeita à mecânica celeste, o efeito oposto faz o avanço sazonal das constelações parece "acelerar" na primavera. Os marcos primaveris de Virgem e Corvo para mover-se para oeste semana a semana antes que nos apercebamos, graças à escuridão que vem mais tarde. Podemos chamar a este efeito de "efeito de Corvo".

Dia 29/10: 303.º dia do calendário gregoriano.
História: Em 1991, a sonda Galileu faz a sua maior aproximação de 951 Gaspra, a primeira a visitar um asteroide.
Em 1998, o vaivém espacial Discovery partia para o espaço na missão STS-95, levando a bordo o astronauta John Glenn de 77 anos.

Glenn, que fora o primeiro norte-americano a orbitar a Terra em 1962, tornou-se deste modo a pessoa mais velha a alguma vez ter estado no espaço.
Observações: Marte e a brilhante Lua fazem hoje um bonito par. Ou parecem fazer. Marte está na verdade 170 vezes mais distante e tem o dobro do tamanho físico da Lua (diâmetro).
Esta é a altura do ano em que a Ursa Maior está bem baixa a norte-noroeste a partir do início da noite. Quando mais para sul estiver o observador, mais baixa estará. Às latitudes algarvias, quase toda a constelação desaparece por trás do horizonte.

 
     
 
Curiosidades


Na mitologia grega, Cefeu era o rei da Etiópia (a nação fenícia, não a africana), pai de Andrómeda e marido de Cassiopeia.

 
 
   
SOFIA da NASA descobre água na superfície iluminada da Lua

O SOFIA (Stratospheric Observatory for Infrared Astronomy) da NASA confirmou, pela primeira vez, a presença de água na superfície iluminada da Lua. Esta descoberta indica que a água pode estar distribuída pela superfície lunar, e não limitada a lugares frios e à sombra.

 
Esta ilustração realça a Cratera Clavius da Lua com uma inserção que mostra água presa no solo lunar, juntamente com uma imagem do SOFIA da NASA, que descobriu água lunar na superfície iluminada.
Crédito: NASA/Daniel Rutter
 

O SOFIA detetou moléculas de água (H2O) na Cratera Clavius, uma das maiores crateras visíveis a partir da Terra, localizada no hemisfério sul da Lua. As observações anteriores da superfície da Lua haviam detetado alguma forma de hidrogénio, mas não eram capazes de distinguir entre água e o seu parente químico próximo, hidroxilo (OH). Os dados deste local revelam água em concentrações de 100 a 412 partes por milhão - o equivalente a pouco mais de uma garrafa com 0,33 litros - presa num metro cúbico de solo espalhado à superfície lunar. Os resultados foram publicados na edição mais recente da revista Nature Astronomy.

"Tínhamos indícios de que H2O - a água que conhecemos - podia estar presente no lado ensolarado da Lua," disse Paul Hertz, diretor da Divisão de Astrofísica do Diretorado de Missões Científicas na sede da NASA em Washington. "Agora sabemos que está lá. Esta descoberta desafia a nossa compreensão da superfície lunar e levanta questões intrigantes sobre os recursos relevantes para a exploração do espaço profundo."

Como comparação, o deserto do Sáara tem 100 vezes a quantidade de água que o SOFIA detetou no solo lunar. Apesar das pequenas quantidades, a descoberta levanta novas questões sobre como a água é formada e como persiste na superfície lunar, inóspita e sem ar.

A água é um recurso precioso no espaço profundo e um ingrediente chave da vida como a conhecemos. Ainda está por determinar se a água que o SOFIA encontrou é facilmente acessível para uso como recurso. Sob o programa Artemis da NASA, a agência está ansiosa por aprender tudo o que puder sobre a presença de água na Lua antes de enviar a primeira mulher ou o próximo homem à superfície lunar em 2024 e de estabelecer aí uma presença humana sustentável até ao final da década.

Os resultados do SOFIA são baseados em anos de investigações anteriores que examinaram a presença de água na Lua. Quando os astronautas da Apollo regressaram da Lua em 1969, pensava-se que estava completamente seca. As missões orbitais e de impacto dos últimos 20 anos, como a missão LCROSS (Lunar Crater Observation and Sensing Satellite) da NASA, confirmou gelo em crateras permanentemente à sombra em torno dos polos lunares. Entretanto, várias outras naves - incluindo a missão Cassini e a missão cometária Deep Impact, bem como a missão Chandrayaan-1 da agência espacial indiana - e o terrestre IRTF (Infrared Telescope Facility) da NASA, examinaram amplamente a superfície lunar e encontraram evidências de hidratação em regiões mais ensolaradas. No entanto, essas missões foram incapazes de distinguir definitivamente a forma presente - ou H2O ou OH.

"Antes das observações do SOFIA, sabíamos que havia algum tipo de hidratação," disse Casey Honniball, autora principal que publicou os resultados da sua tese na Universidade do Hawaii em Manoa, Honolulu. "Mas não sabíamos quanta dessa hidratação, se é que havia, eram de moléculas de água - como a que bebemos todos os dias - ou algo diferente."

O SOFIA fornece um novo meio de olhar para a Lua. Voando a altitudes de até 45.000 pés, este jato Boeing 747SP modificado com um telescópio de 106 polegadas de diâmetro, sobe acima de 99% do vapor de água na atmosfera da Terra para obter uma visão mais clara do Universo infravermelho. Usando o instrumento FORCAST (Faint Object infraRed CAmera for the SOFIA Telescope), o SOFIA foi capaz de avistar o comprimento de onda específico exclusivo das moléculas de água, a 6,1 micrómetros, e descobriu uma concentração relativamente surpreendente na ensolarada Cratera Clavius.

"Sem uma atmosfera espessa, a água à superfície lunar iluminada deveria ser perdida para o espaço," disse Honniball, que agora é pós-doutorada do Centro de Voo Espacial Goddard da NASA em Greenbelt, no estado norte-americano de Maryland. "No entanto, de alguma forma, estamos a vê-la. Algo está a gerar água, e algo deve estar a prendê-la lá."

No fornecimento desta água podem estar em jogo várias forças. Os micrometeoritos que chovem na superfície lunar, transportando pequenas quantidades de água, podem depositá-la à superfície lunar com o impacto. Outra possibilidade é que poderia haver um processo de duas etapas em que o vento solar do Sol fornece hidrogénio à superfície lunar e provoca uma reação química com minerais contendo oxigénio no solo para criar hidroxilo. Entretanto, a radiação do bombardeamento de micrometeoritos pode estar a transformar esse hidroxilo em água.

O modo como a água é então armazenada - tornando possível a sua acumulação - também levanta algumas questões intrigantes. A água pode ficar presa em pequenas estruturas semelhantes a contas no solo que se formam a partir do alto calor criado pelos impactos de micrometeoritos. Outra possibilidade é que a água pode estar escondida entre os grãos do solo lunar e protegida da luz solar - tornando-a potencialmente um pouco mais acessível do que a água presa em estruturas semelhantes a contas.

Para uma missão construída para observar objetos ténues e distantes como buracos negros, enxames estelares e galáxias, o foco do SOFIA no vizinho mais próximo e mais brilhante da Terra foi algo fora do comum. Os operadores do telescópio normalmente usam uma câmara guia para rastrear estrelas, mantendo o telescópio apontado firmemente no seu alvo de observação. Mas a Lua está tão próxima e é tão brilhante que preenche todo o campo de visão da câmara guia. Sem estrelas visíveis, não se sabia se o telescópio podia rastrear a Lua de forma confiável. Para determinar isto, em agosto de 2018 os operadores decidiram fazer uma observação teste.

"Foi, de facto, a primeira vez que o SOFIA olhou para a Lua, e não tínhamos a certeza se conseguíamos obter dados confiáveis, mas as questões sobre a água da Lua compeliram-nos a tentar," disse Naseem Rangwala, cientista do projeto SOFIA no Centro de Pesquisa Ames da NASA em Silicon Valley, Califórnia. "É incrível que esta descoberta tenha saído do que foi essencialmente um teste, e agora que sabemos que podemos fazê-lo, estamos a planear mais voos para obter mais observações."

Os voos subsequentes do SOFIA vão procurar água noutros locais iluminados e durante as diferentes fases lunares para aprender mais sobre como a água é produzida, armazenada e movida pela Lua. Os dados contribuirão para o trabalho de futuras missões lunares, como a VIPER (Volatiles Investigating Polar Exploration Rover) da NASA, para criar os primeiros mapas de recursos hídricos da Lua para a futura exploração espacial humana.

Na mesma edição da Nature Astronomy, os cientistas publicaram um artigo que usa modelos teóricos e dados da LRO (Lunar Reconnaissance Orbiter) da NASA, salientando que a água pode ficar presa em pequenas sombras, onde as temperaturas ficam abaixo de zero, em mais partes da Lua do que o atualmente esperado.

"A água é um recurso valioso, tanto para fins científicos quanto para utilização pelos nossos exploradores," disse Jacob Bleacher, cientista-chefe de exploração do Diretorado de Exploração Humana e Operações da NASA. "Se pudermos usar os recursos da Lua, podemos transportar menos água e mais equipamentos para ajudar a possibilitar novas descobertas científicas."

// NASA (comunicado de imprensa)
// Artigo científico #1 (Nature Astronomy)
// Artigo científico #2 (Nature Astronomy)
// Artigo científico #2 (arXiv.org)
// SOFIA descobre água na superfície iluminada da Lua (Centro de Pesquisa Ames da NASA via YouTube)

 


Saiba mais

Notícias relacionadas:
Sky & Telescope
SPACE.com
COSMOS
ScienceDaily
ZME science
New Scientist
PHYSORG
Scientific American
TIME
UPI
CNN
The Verge
RTP Notícias
SIC Notícias
euronews
tvi24
TSF
Expresso
Público
Correio da Manhã
Diário de Notícias
Jornal de Notícias
Visão
SOL
SAPO
ZAP.aeiou

Lua:
CCVAlg - Astronomia
Wikipedia
Água lunar (Wikipedia)

SOFIA:
NASA
USRA
DLR
Wikipedia

Programa Artemis:
NASA
Wikipedia

 
   
OSIRIS-REx recolhe quantidade significativa de material do asteroide Bennu

Dois dias depois de pousar no asteroide Bennu, a equipa da missão OSIRIS-REx da NASA recebeu na quinta-feira, dia 22 de outubro, imagens que confirmam que a sonda recolheu material mais do que suficiente para satisfazer um dos seus principais requisitos da missão - obter pelo menos 60 gramas de material da superfície do asteroide.

A nave espacial capturou imagens da cabeça do coletor de amostras enquanto se movia ao longo de várias posições diferentes. Ao rever estas imagens, a equipa da OSIRIS-REx notou que a cabeça parecia estar cheia de partículas do asteroide, e que algumas destas partículas pareciam estar a escapar lentamente do instrumento que as recolheu, chamado TAGSAM (Touch-And-Go Sample Acquisition Mechanism). Eles suspeitam que pedaços de material estão a passar por pequenas fendas onde uma aba de mylar - a "tampa" do coletor - está ligeiramente entalada por rochas maiores.

 
Capturada pela câmara SamCam no dia 22 de outubro de 2020, esta série de três imagens mostra que a cabeça do coletor da nave OSIRIS-REx da NASA está repleta de pequenas rochas e poeira recolhidas da superfície do asteroide Bennu. Também mostram que algumas destas partículas estão a escapar lentamente da cabeça do coletor. A análise da equipa da OSIRIS-REx sugere que pedaços de material estão a passar pelas pequenas aberturas onde a aba de mylar da cabeça está ainda ligeiramente aberta. A aba de mylar (o bojo largo escuro para a esquerda, dentro do anel) está construída para manter o material fechado no interior, e estas áreas por selar parecem ser provocadas por rochas que não passaram completamente pela aba. Com base nas imagens disponíveis, a equipa suspeita que há uma quantidade mais que suficiente de amostras dentro da cabeça, e quer armazená-la o mais depressa possível.
Crédito: NASA
 

"Bennu continua a surpreender-nos com grande ciência e também com coisas inesperadas," disse Thomas Zurbuchen, administrador associado da NASA para ciência na sede da agência em Washington. "E embora possamos ter que nos mexer mais depressa para armazenar as amostras, não é um problema mau de se ter. Estamos muito entusiasmados para ver o que parece ser uma amostra abundante que inspirará a ciência durante décadas para lá deste momento histórico."

A equipa pensa ter recolhido amostras suficientes e está a caminho de armazenar a amostra o mais rápido possível. Chegaram a esta conclusão depois de comparar as imagens da cabeça do coletor, vazia, com as imagens de 22 de outubro da cabeça do TAGSAM após o evento de recolha de amostras.

As imagens também mostram que qualquer movimento na nave espacial e o instrumento TAGSAM pode perder mais amostras. Para preservar o restante material, a equipa da missão decidiu pôr de lado a atividade de medição de massa da amostra originalmente programada para este passado sábado, dia 24 de outubro, e cancelou uma queima defrenagem programada para sexta-feira a fim de minimizar qualquer aceleração da sonda.

A partir daqui, a equipa da OSIRIS-REx concentrar-se-á em armazenar a amostra na SRC (Sample Return Capsule), onde qualquer material solto será mantido em segurança durante a jornada da nave espacial de volta à Terra.

"Estamos a trabalhar para manter o nosso próprio sucesso, e o meu [trabalho] é enviar, com segurança, a maior amostra possível de Bennu," disse Dante Lauretta, investigador principal da OSIRIS-REx na Universidade do Arizona, em Tucson, EUA, que lidera a equipa científica e o planeamento de observações científicas e o processamento de dados da missão. "A perda de massa é uma preocupação, de modo que estou a incentivar a equipa a armazenar esta amostra preciosa o mais depressa possível."

A cabeça do TAGSAM realizou o evento de recolha de amostras em condições ideais. Análises muito recentes mostram que a cabeça do coletor ficou a abarrotar com material da superfície de Bennu quando fez contacto e quando a garrafa com gás azoto foi disparada para agitar o material à superfície. Também penetrou vários centímetros no material da superfície de Bennu. Todos os dados até agora sugerem que a cabeça está a segurar muito mais do que 60 gramas de rególito.

A OSIRIS-REx permanece de boa saúde e a equipa da missão está a finalizar um cronograma para o armazenamento das amostras. Uma atualização será divulgada assim que for tomada uma decisão no que toca à data e aos procedimentos deste armazenamento.

// NASA (comunicado de imprensa)

 


Saiba mais

Cobertura da missão OSIRIS-REx pelo CCVAlg - Astronomia:
23/10/2020 - OSIRIS-REx toca com sucesso no seu asteroide
20/10/2020 - Dez curiosidades sobre Bennu
13/10/2020 - OSIRIS-REx desvenda mais segredos do asteroide Bennu
29/09/2020 - OSIRIS-REx da NASA começa contagem decrescente para evento TAG
25/09/2020 - Asteroide Bennu tem pedaços de Vesta à sua superfície
11/09/2020 - Porque é que o asteroide Bennu está a expelir partículas para o espaço?
27/03/2020 - Os pedregulhos de Bennu brilham como faróis para a OSIRIS-REx da NASA
10/03/2020 - Primeiros nomes oficiais dados a características da superfície de Bennu
17/12/2019 - "X" marca o local: NASA seleciona zona para recolha de amostras em Bennu
10/12/2019 - Missão OSIRIS-REx explica misteriosos eventos de partículas de Bennu
10/12/2019 - OSIRIS-REx prestes a selecionar local de recolha de amostras
16/08/2019 - Selecionados os quatro candidatos finais a local de recolha de amostras de Bennu
28/05/2019 - NASA convida público a ajudar a escolher o local de recolha de amostras da OSIRIS-REx
22/03/2019 - OSIRIS-REx revela grandes surpresas em Bennu
15/03/2019 - Bennu, o alvo da missão OSIRIS-REx, gira mais depressa ao longo do tempo
14/12/2018 - Recém-chegada OSIRIS-REx já descobriu água no asteroide Bennu
28/08/2018 - OSIRIS-REx da NASA começa campanha de observações do asteroide
27/12/2016 - OSIRIS-REx vai procurar asteroides raros
06/09/2016 - NASA prepara-se para lançar a sua primeira missão de recolha e envio de amostras de um asteroide

Notícias relacionadas:
Astronomy
SPACE.com
PHYSORG
BBC News
CNN
The Verge
SIC Notícias
tvi24
TSF

Asteroide Bennu:
NASA
NASA - 2 
Wikipedia

OSIRIS-REx:
Página oficial
NASA
Facebook
Twitter
YouTube
Instagram
Wikipedia

 
   
Teoria da Relatividade de Einstein, fundamental para GPS, vista em estrelas distantes

O que é que Albert Einstein, o GPS e um par de estrelas a 29.000 anos-luz da Terra têm em comum?

A resposta é um efeito da Teoria Geral da Relatividade de Einstein chamado "desvio gravitacional para o vermelho", em que a luz é desviada para cores mais vermelhas por causa da gravidade. Usando o Observatório de raios-X Chandra da NASA, os astrónomos descobriram o fenómeno em duas estrelas que se orbitam uma à outra na nossa Galáxia, localizadas a cerca de 29.000 anos-luz de distância da Terra. Embora estas estrelas estejam muito distantes, os desvios gravitacionais para o vermelho têm impactos tangíveis na vida moderna, pois os cientistas e engenheiros têm que levá-los em conta para permitir as posições precisas do GPS.

 
Impressão de artista do sistema conhecido como 4U 1916-053. A estrela de neutrões (a cinzento) está no centro do disco de gás quente, gás este puxado a partir da sua companheira (estrela à esquerda).
Crédito: NASA/CXC/M. Weiss
 

Embora os cientistas tenham encontrado evidências incontestáveis de desvios gravitacionais para o vermelho no nosso Sistema Solar, tem sido um desafio observá-los em objetos mais distantes no espaço. Os novos resultados do Chandra fornecem evidências convincentes de efeitos de desvio gravitacional para o vermelho "em jogo" num novo cenário cósmico.

O sistema intrigante conhecido como 4U 1916-053 contém duas estrelas numa órbita notavelmente próxima. Uma é o núcleo de uma estrela que teve as suas camadas externas arrancadas, deixando uma estrela que é muito mais densa do que o Sol. A outra é uma estrela de neutrões, um objeto ainda mais denso formado quando uma estrela massiva colapsa numa explosão de supernova.

Estas duas estrelas compactas estão apenas separadas por 346.000 km, mais ou menos a distância entre a Terra e a Lua. Enquanto a Lua orbita o nosso planeta uma vez por mês, a densa estrela companheira em 4U 1916-053 gira em torno da estrela de neutrões e completa uma órbita em apenas 50 minutos.

No novo trabalho sobre 4U 1916-053, a equipa analisou espectros de raios-X - ou seja, a quantidade de raios-X em diferentes comprimentos de onda - do Chandra. Eles encontraram a assinatura característica da absorção do ferro e do silício nos espectros. Em três observações separadas com o Chandra, os dados mostram uma queda brusca na quantidade detetada de raios-X perto dos comprimentos de onda onde os átomos de ferro ou silício devem absorver os raios-X. Um dos espectros que mostra a absorção do ferro está incluído na imagem em destaque. O gráfico adicional mostra um espectro com absorção do silício. Em ambos os espectros, os dados são mostrados a cinzento e um modelo de computador a vermelho.

 
Espectros do ferro e do silício.
Crédito: NASA/CXC/Universidade do Michigan/N. Trueba et al.
 

No entanto, os comprimentos de onda destas assinaturas características de ferro e silício foram desviados para comprimentos de onda mais longos ou mais vermelhos em comparação com os valores de laboratório encontrados aqui na Terra (mostrados com a linha vertical azul para cada assinatura de absorção). Os investigadores descobriram que o desvio das características de absorção era o mesmo em cada uma das três observações do Chandra, e que era grande demais para ser explicada pelo movimento para longe de nós (o típico desvio para o vermelho). Ao invés, concluíram que era provocado pelo desvio gravitacional para o vermelho.

Qual é a ligação com a Relatividade Geral e com o GPS? Conforme previsto pela teoria de Einstein, os relógios sob a força da gravidade funcionam a um ritmo mais lento do que os relógios vistos numa região distante com gravidade mais fraca. Isto significa que os relógios na Terra, observados a partir de satélites em órbita, funcionam a um ritmo mais lento. Para ter a alta precisão necessária para o GPS, este efeito precisa de ser levado em conta ou haveriam pequenas diferenças de tempo que se somam rapidamente, calculando posições imprecisas.

Todos os tipos de luz, incluindo raios-X, também são afetados pela gravidade. Uma analogia é a de uma pessoa a subir uma escada rolante que se encontra a descer. Ao fazer isto, a pessoa perde mais energia do que se a escada rolante estivesse parada ou a subir. A força da gravidade tem um efeito parecido sobre a luz, onde uma perda de energia resulta numa frequência mais baixa. Dado que a luz no vácuo viaja sempre à mesma velocidade, a perda de energia e a frequência significam que a luz, incluindo as assinaturas de ferro e silício, é desviada para comprimentos de onda mais longos.

Esta é a primeira evidência forte de assinaturas de absorção sendo desviadas para comprimentos de onda mais longos pela gravidade num par de estrelas que tem ou uma estrela de neutrões ou um buraco negro. Já foram observadas fortes evidências de desvios gravitacionais para o vermelho na absorção à superfície de anãs brancas, com desvios de comprimento de onda tipicamente apenas mais ou menos 15% daquele visto em 4U 1916-053.

Os cientistas dizem que é provável que uma atmosfera gasosa, cobrindo o disco perto da estrela de neutrões (vista a azul), tenha absorvido os raios-X, produzindo estes resultados (esta atmosfera não está relacionada com a protuberância de gás vermelho na parte externa do disco que bloqueia a luz da parte interna do disco uma vez por órbita). O tamanho do desvio no espectro permitiu à equipa calcular a que distância esta atmosfera está da estrela de neutrões, usando a Relatividade Geral e assumindo uma perda de massa padrão para a estrela de neutrões. Descobriram que a atmosfera está localizada a 2400 km da estrela de neutrões, equivalente a apenas 0,7% da distância entre a estrela de neutrões e a companheira. Provavelmente estende-se por várias centenas de quilómetros a partir da estrela de neutrões.

Em dois dos três espectros também existem evidências de assinaturas de absorção que foram desviadas para comprimentos de onda ainda mais vermelhos, correspondendo a uma distância de apenas 0,04% da distância da estrela de neutrões à companheira. No entanto, estas assinaturas foram detetadas com menos confiança do que aquelas mais distantes da estrela de neutrões.

Os cientistas receberam mais tempo de observação com o Chandra, no próximo ano, para estudar este sistema em mais detalhe.

O artigo que descreve estes resultados foi publicado na edição de 10 de agosto de 2020 da revista The Astrophysical Journal Letters e está disponível online.

// Chandra/Harvard (comunicado de imprensa)
// Artigo científico (The Astrophysical Journal Letters)
// Artigo científico (arXiv.org)
// Olhar rápido: Teoria da Relatividade de Einstein, fundamental para GPS, vista em estrelas distantes (Observatório de raios-X Chandra via YouTube)

 


Saiba mais

Teoria da Relatividade Geral:
Wikipedia

Desvio gravitacional para o vermelho:
Wikipedia

Observatório de raios-X Chandra:
NASA
Universidade de Harvard
Wikipedia

 
   
Também em destaque
  Mistério de sistema invulgar com estrela de neutrões revelado após 20 anos, graças a milhares de voluntários (via Universidade de Manchester)
Após mais de duas décadas, uma equipa internacional de investigação identificou um mistério galáctico, fonte de raios-gama: uma estrela de neutrões massiva com uma companheira de baixa massa em órbita. Usando o projeto Einstein@Home, a equipa identificou a estrela de neutrões graças aos raios-gama detetados pelo satélite Fermi da NASA. Surpreendentemente, a estrela de neutrões é completamente invisível no rádio. O sistema binário foi caracterizado numa campanha de observação em todo o espectro eletromagnético, e quebra vários recordes. Ler fonte
     
  Sorria, diga adeus: alguns exoplanetas também nos podem ver (via Universidade de Cornell)
Três décadas após o astrónomo Carl Sagan ter sugerido que a Voyager 1 tirasse uma foto da Terra a milhares de milhões de quilómetros de distância - que resultou na famosíssima foto "Pálido Ponto Azul" - dois astrónomos fornecem agora outra perspetiva cósmica: alguns exoplanetas - planetas para lá do nosso Sistema Solar - têm uma linha direta de visão para observar qualidades biológicas da Terra, a partir de muito, muito longe. Ler fonte
     
  Ultravioleta lança luz sobre origens do Sistema Solar (via Universidade Estatal do Arizona)
Na busca pelas origens do nosso Sistema Solar, uma equipa internacional de cientistas comparou a composição do Sol com a composição dos materiais mais antigos que se formaram no nosso Sistema Solar: inclusões refratárias em meteoritos não metamorfoseados. Através da análise dos isótopos de oxigénio, a equipa determinou que as diferenças em composição entre o Sol, os planetas e outros materiais do Sistema Solar foram herdadas da nuvem molecular protosolar que existia mesmo antes do Sistema Solar. Ler fonte
 
   
Álbum de fotografias - Reflexos da Nebulosa do Fantasma
(clique na imagem para ver versão maior)
Crédito: Bogdan Jarzyna
 
Será que reconhece alguma forma neste campo interestelar de estrelas e poeira? Esta paisagem celeste, cheia de nuvens ténues que refletem a luz das estrelas, vagueia pela noite na direção da constelação real de Cefeu. Longe da nossa própria vizinhança do planeta Terra, estas aparições fantasmagóricas espreitam ao longo do plano da Via Láctea, na orla do complexo da Nuvem Molecular de Cefeu, a cerca de 1200 anos-luz de distância. Com mais de 2 anos-luz de diâmetro e mais brilhante do que as outras quimeras assustadoras, VdB 141 ou Sh2-136 é também conhecida como a Nebulosa do Fantasma, vista na parte inferior da imagem em destaque. Dentro da nebulosa de reflexão estão os sinais reveladores de núcleos densos em colapso, nos estágios iniciais da formação estelar.
 
   
Arquivo | Feed RSS | Contacte o Webmaster | Remover da lista
 
       
       
   
Centro Ciência Viva do Algarve
Rua Comandante Francisco Manuel
8000-250, Faro
Portugal
Telefone: 289 890 922
E-mail: info@ccvalg.pt
Centro Ciência Viva de Tavira
Convento do Carmo
8800-311, Tavira
Portugal
Telefone: 281 326 231 | Telemóvel: 924 452 528
E-mail: geral@cvtavira.pt
   

Os conteúdos das hiperligações encontram-se na sua esmagadora maioria em Inglês. Para o boletim chegar sempre à sua caixa de correio, adicione noreply@ccvalg.pt à sua lista de contactos. Este boletim tem apenas um caráter informativo. Por favor, não responda a este email. Contém propriedades HTML e classes CSS - para vê-lo na sua devida forma, certifique-se que o seu cliente de webmail suporta este tipo de mensagem, ou utilize software próprio, como o Outlook ou outras apps para leitura de mensagens eletrónicas.

Recebeu esta mensagem por estar inscrito na newsletter de Astronomia do Centro Ciência Viva do Algarve e do Centro Ciência Viva de Tavira. Se não a deseja receber ou se a recebe em duplicado, faça a devida alteração clicando aqui ou contactando o webmaster.

Esta mensagem destina-se unicamente a informar e está de acordo com as normas europeias de proteção de dados (ver RGDP), conforme Declaração de Privacidade e Tratamento de dados pessoais.

2020 - Centro Ciência Viva do Algarve | Centro Ciência Viva de Tavira

ccvalg.pt cvtavira.pt