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  Arquivo | CCVAlg - Astronomia
Com o apoio do Centro Ciência de Tavira
   
 
 
  Astroboletim #1915  
  15/07 a 18/07/2022  
     
 

Apresentação às Estrelas | O Verão que nos espera
Data: 14 de julho de 2022
Hora: 21:30-23:30
Local: Centro Ciência Viva do Algarve
Julho e agosto costumam vir com bom tempo; nesta sessão falaremos sobre alguns eventos astronómicos deste verão e como os observar. Após a apresentação, e se a meteorologia for favorável, iremos observar o céu com telescópio.
Adulto: 4€
Jovem: 2€
Menores de 12 anos: gratuito.
A observação astronómica com telescópio depende de condições meteorológicas favoráveis.
Pré-inscrição: siga este link
Telefone: 289 890 920
E-mail: info@ccvalg.pt

 
     
 
Astronomia no Verão pelo Centro Ciência Viva de Tavira

Observação noturna do céu em Tavira
Local: Forte do Rato
19/07/2022, 22:00 - Data esgotada - lista de espera
29/07/2022, 22:00 - Inscrição
17/08/2022, 21:30 - Data esgotada - lista de espera
30/08/2022, 21:00 - Inscrição

Observação da Lua em Tavira
(não é necessário inscrição)
Local: Praça da República
05/08/2022, 21:30
06/09/2022, 21:00

 
Astronomia no Verão pelo Centro Ciência Viva do Algarve

Viagem em barco solar para observação astronómica numa ilha da ria Formosa
24/07/2022, 20:00 - Inscrição

Observação astronómica no Castelo de Paderne
29/07/2022, 21:15 - Data esgotada - lista de espera

Observação astronómica no Miradouro da Praia da Marinha (Lagoa)
10/08/2022, 21:15 - Data esgotada - lista de espera

Observação astronómica no Vale do Álamo (Penina)
17/08/2022, 21:00 - Data esgotada - lista de espera

Observação astronómica no Miradouro do Alto da Ameixeira (S. Brás de Alportel)
19/08/2022, 21:00 - Data esgotada - Lista de espera

Observação astronómica na praia dos Salgados (Galé/Albufeira)
21/08/2022, 20:45 - Inscrição

Observação astronómica junto ao moinho de maré da Quinta de Marim (Olhão)
30/08/2022, 20:00 - Data esgotada - lista de espera

Lua durante o dia no Centro Náutico da Praia de Faro
(não é necessário inscrição)
Data:
02/09/2022
Horários: 17:30, 17:45, 18:00, 18:15 e 18:45

Lua durante o dia no Parque Municipal de Loulé
(não é necessário inscrição)
Data:
03/09/2022
Horários: 17:30, 17:45, 18:00, 18:15 e 18:45

Programa em atualização
Consulte sempre a página das atividades para informações mais detalhadas como o itinerário, ponto de encontro, coordenadas GPS, etc., e para fazer a sua inscrição caso seja obrigatória.
Todas as atividades estão dependentes de condições meteorológicas favoráveis.
Não dispensa a consulta do FAQ no site da Ciência Viva no Verão

 
     
 
Efemérides

Dia 15/07: 196.º dia do calendário gregoriano.
História:
Em 1943, nascia Jocelyn Bell, astrofísica britânica que descobriu os primeiros pulsares de rádio.

Em 1972, a Pioneer 10 torna-se o primeiro objeto feito pelo Homem a viajar pela cintura de asteroides.
Em 1975 eram lançadas as missões Apollo (18, número não oficial) e Soyuz 19 que viriam a efetuar o primeiro acoplamento internacional (Apollo/Soyuz) no espaço. Foi a última missão de uma nave Apollo e da família de foguetões Saturn.
Observações: A Lua nasce hoje um pouco antes das 23:00, com Saturno por cima. Vão subindo pelo céu com o passar das horas e brilham o mais alto a sul antes do amanhecer de dia 16, com Saturno agora para a direita do nosso satélite natural.

Dia 16/07: 197.º dia do calendário gregoriano.
História:
Em 1969, a Apollo 11 era lançada do cabo Kennedy.

Pousou na superfície lunar no dia 20 de julho de 1969, num local chamado Mar da Tranquilidade. Neil Armstrong (comandante do voo) e Edwin E. "Buzz" Aldrin (piloto do Módulo Lunar, chamado nesta missão de Eagle - Águia em inglês) tornaram-se os primeiros homens a caminhar no solo lunar. Michael Collins (piloto do Módulo de Comando, chamado nesta missão de Columbia) permaneceu em órbita no Módulo de Comando.
Em 1994, o cometa Shoemaker-Levy 9 colide com Júpiter. Os impactos continuam até dia 22 de julho.
Observações: Com o avançar do verão, o "bule de chá" de Sagitário encontra-se a sul-sudeste após o anoitecer. Tem mais ou menos o tamanho aparente do nosso punho à distância do braço esticado. O "bule de chá" está apenas a começar a inclinar-se para a direita como se fosse despejar chá. Vai inclinar-se cada vez mais durante o resto do verão - ou durante o resto da noite caso fique acordado(a).
Para baixo e para a direita do "bule de chá", a cauda de Escorpião está baixa a sul logo após o cair da noite. Quão baixa depende de quão para norte ou sul o observador vive: quanto mais para sul estiver, mais alta no céu estará.
Procure as duas estrelas especialmente perto uma da outra na cauda. Estas são Lambda e a mais ténue Upsilon Scorpii, conhecidas como os "Olhos de Gato". Estão inclinadas; o "gato" parece estar a inclinar a sua cabeça e a piscar um olho (Lambda é mais brilhante do que Upsilon; têm magnitudes 1,6 e 2,6). Ambas são supergigantes azul-esbranquiçadas, a 700 e 500 anos-luz de distância, respetivamente. A mais ténue está mais próxima de nós.
Entre os "Olhos de Gato" e a ponta do "bule de chá" estão os enxames abertos M6 e especialmente M7, incríveis através de binóculos.
Uma linha que passe pelos Olhos de Gato aponta para oeste (direita), e quase a um punho à distância do braço esticado, chega a Mu Scorpii, um par ainda mais íntimo conhecido como os "Olhos do Gato Pequeno". O par está orientado quase da mesma maneira que Lambda e Upsilon, mas com apenas uma separação de 0,1º Este não é um binário verdadeiro: estão a 800 e 500 anos-luz, respetivamente. E sim, neste par visual a estrela mais ténue também está mais próxima de nós.

Dia 17/07: 198.º dia do calendário gregoriano.
História:
Em 1850, primeira fotografia de uma estrela (Vega) que não o Sol, captada pelo Observatório de Harvard.
Em 1894, nascia Georges Lemaître, padre, astrónomo e professor belga.

Foi o primeiro a propôr, academicamente, a teoria da expansão do Universo, largamente mal atribuída a Edwin Hubble. Foi também o primeiro a derivar o que é agora a Lei de Hubble e fez a primeira estimativa do que agora se chama a constante de Hubble, que publicou em 1927, dois anos antes do artigo de Hubble. Lemaître também propôs o que veio a ser conhecido como a teoria do Big Bang para a origem do Universo, que ele chamou de "hipótese do átomo primitivo" ou "Ovo Cósmico".
Em 1975, os módulos Apollo e Soyuz efetuam o primeiro acoplamento internacional (Apollo/Soyuz) no espaço. Os comandantes das missões dão o primeiro aperto de mão internacional no espaço.
Em 2007, descoberta do objeto trans-neptuniano 2007 OR10.
Em 2018, são descobertas 12 novas luas de Júpiter.
Observações: Antes do amanhecer, a Lua encontra-se no ponto médio entre Júpiter e Saturno.

Dia 18/07: 199.º dia do calendário gregoriano.
História:
Em 1921, nascia John Glenn, que em 1962 se tornou no primeiro americano a orbitar a Terra (3 órbitas). Em 1998, tornou-se, à altura, na pessoa mais velha a voar no espaço (77 anos), como membro da tripulação do vaivém Discovery (recorde agora ultrapassado).
Em 1965, lançamento do satélite russo Zond 3.
Em 1966, lançamento da Gemini 10 numa missão de 70 horas que inclui o acoplamento com um veículo de alvo Agena
Em 1969, a Apollo 11 prepara-se para aterrar na Lua.

Em 1997, a sonda Galileo descobre uma ténue atmosfera em Europa, o mundo oceânico de Júpiter.
Observações: Com o avançar do verão, Arcturo desce a oeste. O seu tom amarelado e pálido ajuda a identificá-la.
Arcturo forma a parte de baixo do "papagaio-de-papel" de Boieiro. O papagaio-de-papel é estreito, ligeiramente torto e mede 23º de altura: cerca de dois punhos à distância do braço esticado. A parte de cima da constelação está ligeiramente dobrada, como se tivesse batido contra alguma coisa.

 
 
   
Perseverance explora locais de aterragem para a campanha MSR

O rover Perseverance da NASA está a realizar a sua campanha científica, recolhendo amostras no antigo delta do rio da Cratera Jezero, mas também tem estado ocupado a explorar. O rover procura locais onde a planeada campanha MSR (Mars Sample Return) possa aterrar naves espaciais e recolher tubos de amostras que o rover encheu com rocha e sedimentos. Os locais explorados estão a ser considerados devido à sua proximidade do delta e uns com os outros, bem como pelo seu terreno relativamente plano e "amigo" dos módulos de aterragem.

A missão MSL é um esforço histórico com o objetivo de recuperar e enviar para a Terra amostras desse terreno distante para estudo intensivo em laboratórios a fim de procurar sinais de vida microscópica passada no Planeta Vermelho. A parceria estratégica entre a NASA e a ESA envolverá múltiplas naves espaciais, incluindo um foguetão que seria lançado da superfície de Marte.

 
O rover Perseverance da NASA utilizou uma das suas câmaras de navegação para fotografar este panorama de um local de aterragem proposto para o "lander" Mars Sample Return que serviria como parte da campanha para trazer amostras de rochas e sedimentos de Marte para a Terra para estudo intensivo.
Crédito: NASA/JPL-Caltech
 

Os engenheiros que planeiam uma aterragem em Marte preferem trabalhar com terrenos mais planos porque é mais difícil pousar em rochas e numa superfície aos altos e baixos. Tendo isso em mente, a equipa de Entrada, Descida e Aterragem da MSR está à procura de uma zona de pouso plana com um raio de 60 metros.

"A equipa do Perseverance tem feito tudo por nós, porque a missão MSL tem necessidades únicas quando se trata do local onde vamos operar", disse Richard Cook, Diretor do Programa no JPL da NASA no sul da Califórnia. "Essencialmente, um monótono local de pouso é bom. Quanto mais plana e aborrecida a paisagem, mais gostamos dele, porque embora haja muitas coisas que precisam de ser feitas quando lá chegarmos para recolher as amostras, apreciar as vistas não é uma delas."

A primeira fase do programa MSR já está em curso: o Perseverance recolheu e armazenou nove amostras de rochas marcianas até à data. A nona, recolhida dia 6 de julho, é a primeira do antigo delta do rio da Cratera Jezero. O plano é que o Perseverance deixe cair os tubos de amostragem à superfície para aguardar posterior recuperação durante as operações do MSR à superfície.

 
O rover Perseverance da NASA utilizou uma das suas câmaras de navegação para obter esta imagem de terreno plano, a ser considerado para o "lander" Mars Sample Return que servirá como parte da campanha para trazer amostras de rocha e sedimentos de Marte para a Terra para estudo intensivo.
Crédito: NASA/JPL-Caltech
 

A escolha de uma área que careça de rochas grandes (especialmente aquelas com mais de 19 centímetros em diâmetro), dunas de areia e terreno acentuado contribuiria em muito para facilitar com que o veículo de recuperação MSL agarre eficazmente os tubos antes de se dirigir para o SRL (Sample Retrieval Lander) e para o seu MAV (Mars Ascent Vehicle).

A equipa do MSR chama à área que têm estado a observar a "pista de aterragem" porque - pelo menos a partir de imagens obtidas por naves espaciais em órbita - parece ser tão plana e longa como uma pista de um aeroporto. Mas precisavam de ter câmaras na superfície para um olhar mais atento.

"Estamos de olho nestes locais desde antes do pouso do Perseverance, mas as imagens a partir de órbita não nos dizem tudo", disse Al Chen, gerente de Engenharia e Integração de Sistemas do MSL no JPL. "Agora temos algumas imagens detalhadas desta 'pista de aterragem' que indicam que tínhamos razão. Esta zona fará muito provavelmente parte da lista restrita de potenciais locais de aterragem e de depósito de amostras para o MSR."

// NASA (comunicado de imprensa)

 


Saiba mais

Cobertura da missão do rover Perseverance pelo CCVAlg - Astronomia:
07/06/2022 - Rover Perseverance da NASA estuda os ventos selvagens da Cratera Jezero
29/04/2022 - Helicóptero Ingenuity avista equipamentos que ajudaram ao pouso do rover Perseverance
21/12/2021 - Rover Perseverance faz descobertas surpreendentes
12/10/2021 - Perseverance obtém mais informações sobre o passado da Cratera Jezero
14/09/2021 - Rover Perseverance recolhe peças do puzle da história de Marte
07/09/2021 - Rover Perseverance da NASA obtém primeira amostra marciana
29/05/2021 - O detetive a bordo do rover Perseverance
14/05/2021 - Braço robótico do Perseverance começa a realizar ciência
04/05/2021 - Helicóptero marciano Ingenuity começa nova fase de demonstração
12/03/2021 - SuperCam do Perseverance transmite os primeiros dados
09/03/2021 - Rover Perseverance move-se pela primeira vez
26/02/2021 - À procura de vida nas amostras do rover Perseverance
19/02/2021 - Rover Perseverance da NASA pousa em segurança no Planeta Vermelho
09/02/2021 - Rover Perseverance a poucos dias de pousar em Marte
10/11/2020 - Estudo mostra a dificuldade em encontrar evidências de vida em Marte
31/07/2020 - Missão do rover Perseverance a caminho do Planeta Vermelho
30/06/2020 - Aproxima-se o lançamento do rover Perseverance
27/11/2018 - Os locais de aterragem dos próximos rovers marcianos da NASA e da ESA

Marte:
CCVAlg - Astronomia
Wikipedia

Cratera Jezero:
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Rover Perseverance:
NASA
NASA - 2
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Wikipedia

MSR (Mars Sample Return):
NASA
ESA
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Astrónomos descobrem dois sistemas binários raros

Uma equipa internacional de astrónomos identificou apenas o segundo e terceiro exemplos de um tipo raro de sistema estelar composto por duas estrelas centrais que se orbitam uma à outra, englobadas por um disco de gás e poeira.

"Se houvesse um planeta num destes sistemas, seria como o planeta Tatooine da 'Guerra das Estrelas'", diz Michael Poon, estudante de doutoramento no Departamento de Astronomia e Astrofísica David A. Dunlap da Faculdade de Artes e Ciências da Universidade de Toronto, um dos dois investigadores desta instituição de ensino ligados à descoberta.

 
Ilustração original de um disco protoplanetário por Sahl Rowther, et al., com estrelas binárias acrescentadas por Poon, et al.
Crédito: Poon, Zhu, Zanazzi, Universidade de Toronto; Sahl Rowther, et al, Universidade de Warwick
 

"Veríamos dois sóis no céu a orbitarem-se um ao outro. Além disso, há um disco à volta das estrelas. Imagine os anéis de Saturno, mas muito, muito maiores - com as estrelas no meio."

Tais discos são referidos como discos protoplanetários porque eventualmente formam famílias de planetas como o nosso Sistema Solar. Os sistemas recentemente descobertos são raros porque os seus discos estão situados num ângulo em relação às órbitas das suas estrelas centrais.

"A descoberta de objetos como estes é importante para a nossa compreensão da formação planetária", diz J.J. Zanazzi, pós-doutorado do CITA (Canadian Institute for Theoretical Astrophysics) da mesma faculdade. "Os planetas nascem deles, pelo que a existência de discos em torno de estrelas binárias mostra que é provável que encontremos mais planetas a orbitar binários.

"Vão também ajudar-nos a compreender se a vida pode existir num planeta que orbita uma estrela binária num ângulo devido à forma como essa orientação afeta a temperatura e outras condições."

A descoberta dos novos objetos, designados Bernhard-1 e Bernhard–2, foi descrita num artigo publicado dia 4 de julho na revista The Astrophysical Journal Letters.

O autor principal é Wei Zhu da Universidade Tsinghua, em Pequim, antigo pós-doutorado do CITA. Zanazzi e Poon são coautores.

Bernhard-1 e Bernhard–2 estão tão distantes que não conseguimos ver as suas duas estrelas centrais individualmente (tais pares estelares são conhecidos como estrelas binárias). Ao invés, só vemos um único ponto de luz e medimos a luminosidade total do binário.

Os investigadores identificaram os novos objetos analisando as complexas e distintas variações de luminosidade causadas pela sua geometria invulgar. Um gráfico dessas variações ao longo do tempo é referido como uma curva de luz e as curvas de luz dos novos sistemas correspondem às do primeiro sistema deste tipo jamais descoberto - um objeto referido como Kearns Herbst 15D (KH 15D).

As curvas de luz de Bernhard-1 e Bernhard-2 mergulham para uma fração do seu brilho máximo - a primeira durante 112 dias a cada 192 dias; a segunda durante 20 dias a cada 62 dias. Estas quedas de brilho são o sinal de que uma das estrelas em cada binário se está a mover atrás do disco, tal como visto da Terra. Quando a estrela ressurge, a luminosidade do sistema volta ao normal.

Além disso, quando os coautores compararam observações recentes com dados de arquivo remontando a décadas atrás, descobriram que ambos os objetos variaram em brilho durante períodos muito mais longos. A análise anterior de KH 15D por Poon, Zhu e Zanazzi, juntamente com o trabalho de outros investigadores, concluiu que este padrão a longo prazo revelava que o disco e as estrelas estavam inclinados um com o outro.

Porque as estrelas binárias e os seus discos protoplanetários condensam a partir da mesma nuvem de material vasta e giratória, o disco encontra-se tipicamente no mesmo plano que as órbitas das estrelas - tal como as órbitas da maioria dos planetas e luas do nosso Sistema Solar se encontram no mesmo plano. Imagine dois patinadores artísticos, de mãos dadas, rodando um em torno do outro enquanto outros patinadores fazem um círculo à volta do par; todos patinam no mesmo plano da superfície de gelo.

Mas KH 15D, Bernhard-1 e Bernhard-2 são raros na medida em que os seus discos circumbinários estão num ângulo em relação aos planos das estrelas em órbita. Devido a esta inclinação, os discos oscilam como um pião, um movimento referido como precessão, à medida que se movem entre nós e as estrelas, fazendo com que a luz das estrelas centrais escureça. Para KH 15D, esse ciclo de escurecimento pode demorar entre 60 e 6000 anos.

Os dois tipos de variações de luminosidade combinam-se para criar a assinatura de curva de luz de objetos semelhantes a KH 15D.

A descoberta de Bernhard-1 e Bernhard-2 foi feita quando Klaus Bernhard, astrónomo amador e membro da Associação Federal Alemã para as Estrelas Variáveis, analisou dados do ZTF (Zwicky Transient Facility). O instrumento do ZTF examina todo o céu do hemisfério norte de dois em dois dias, fornecendo dados para inúmeros objetos ao longo de grandes períodos de tempo.

Combinando os dados, Bernhard descobriu candidatos do tipo KH 15D. Depois partilhou as suas descobertas com Poon, Zanazzi e Zhu, cuja análise posterior revelou Bernhard-1 e Bernhard-2.

Agora que os investigadores encontraram mais dois destes raros objetos celestes, estão otimistas que mais descobertas se seguirão.

"Ainda este mês, o Gaia divulgou os seus dados mais recentes," diz Zanazzi acerca da missão espacial que tem vindo a observar mil milhões de estrelas na via Láctea desde o seu lançamento em 2013. "E agora que temos este modelo para estes objetos, esperamos poder usá-lo para encontrar mais objetos a acrescentar à lista".

"Estamos também esperançosos de que mais observadores vão olhar para Bernhard-1 e Bernhard-2 por períodos mais longos", diz Poon. "Temos sorte de KH 15D ter sido observado num momento especial em que a sua orientação fazia com que a luz das estrelas centrais escurecesse. Estamos confiantes de que Bernhard-1 e Bernhard-2 também existem nesta orientação favorável, pelo que ter mais observações vai aumentar a nossa compreensão destes objetos raros."

// Universidade de Toronto (comunicado de imprensa)
// Artigo científico (The Astrophysical Journal Letters)
// Artigo científico (arXiv.org)

 


Saiba mais

Estrela binária:
Wikipedia

KH 15D:
Wikipedia

Gaia:
ESA
ESA - 2
Gaia/ESA
Programa Alertas de Ciência Fotométrica do Gaia
Catálogo DR3 do Gaia
Wikipedia

ZTF:
Caltech
ipac
Wikipedia

 
   
O destino final de uma estrela dilacerada por um buraco negro

Em 2019, os astrónomos observaram o exemplo mais próximo até à data de uma estrela que foi dilacerada, ou "esparguetificada", depois de se aproximar demasiado de um enorme buraco negro.

Essa perturbação de marés de uma estrela semelhante ao Sol por um buraco negro 1 milhão de vezes mais massivo do que ela própria teve lugar a 215 milhões de anos-luz da Terra. Felizmente, este foi o primeiro evento do género suficientemente brilhante para que os astrónomos da Universidade da Califórnia, Berkeley, pudessem estudar a luz ótica da morte estelar, especificamente a polarização da luz, para saber mais sobre o que aconteceu depois da estrela ter sido dilacerada.

As suas observações de 8 de outubro de 2019 sugerem que muito do material da estrela foi arrancado a alta velocidade - até 10.000 km/s - e formou uma nuvem esférica de gás que bloqueou a maior parte das emissões altamente energéticas produzidas quando o buraco negro devorou o resto da estrela.

 
Se uma estrela (trilha vermelha) vagueia demasiado perto de um buraco negro (esquerda), pode ser dilacerada, ou esparguetificada, pela intensa gravidade. Algumas das partículas de matéria da estrela giram à volta do buraco negro, como água por um ralo, emitindo raios-X (azul). Estudos recentes destes chamados eventos de perturbação de marés sugerem que uma fração significativa do gás da estrela também é soprado para fora pelo vento intenso do buraco negro, em alguns casos criando uma nuvem que obscurece o disco de acreção e os eventos altamente energéticos que ocorrem no interior.
Crédito: NASA/CXC/M. Weiss
 

Anteriormente, outras observações visíveis da explosão, chamada AT2019qiz, revelaram que grande parte da matéria da estrela foi lançada para fora num vento poderoso. Mas os novos dados sobre a polarização da luz, que era essencialmente zero nos comprimentos de onda visíveis ou óticos quando o evento estava no seu ponto mais brilhante, dizem aos astrónomos que a nuvem era provavelmente simétrica em termos esféricos.

"Esta é a primeira vez que alguém deduziu a forma da nuvem de gás em torno de uma estrela 'esparguetificada'", disse Alex Filippenko, professor de astronomia na Universidade da Califórnia, Berkeley, e membro da equipa de investigação.

Os resultados apoiam uma resposta à razão pela qual os astrónomos não veem radiação altamente energética, como raios-X, em muitos das dúzias de eventos de perturbação de marés observados até à data: os raios-X, produzidos por material arrancado da estrela e arrastado para um disco de acreção em torno do buraco negro antes de cair para dentro, são obscurecidos de vista pelo gás soprado para fora por ventos fortes do buraco negro.

"Esta observação exclui uma classe de soluções que foram propostas teoricamente e dá-nos uma restrição mais forte ao que acontece ao gás em torno de um buraco negro", disse o estudante Kishore Patra, autor principal do estudo. "As pessoas têm visto outras evidências do vento a sair destes eventos, e penso que este estudo de polarização torna definitivamente essa evidência mais forte, no sentido de que não se obteria uma geometria esférica sem ter uma quantidade suficiente de vento. O facto interessante aqui é que uma fração significativa do material na estrela que está a espiralar para dentro não cai eventualmente no buraco negro - é soprado para longe do buraco negro."

A polarização revela simetria

Muitos teóricos têm colocado a hipótese de que os detritos estelares formam um disco excêntrico e assimétrico após a perturbação, mas espera-se que um disco excêntrico mostre um grau relativamente elevado de polarização, o que significaria que talvez uma pequena quantidade percentual da luz total seja polarizada. Isto não foi observado para este evento de perturbação de marés.

"Uma das coisas mais loucas que um buraco negro supermassivo pode fazer é dilacerar uma estrela pelas suas enormes forças de maré," disse o membro da equipa Wenbin Lu, professor assistente de astronomia na mesma universidade. "Estes eventos de perturbação de marés são uma das poucas formas de os astrónomos determinarem a existência de buracos negros supermassivos nos centros das galáxias e de medirem as suas propriedades. Contudo, devido ao extremo custo computacional na simulação numérica de tais eventos, os astrónomos ainda não compreendem os processos complicados após uma perturbação de marés."

Um segundo conjunto de observações no dia 6 de novembro, 29 dias após a observação de outubro, revelou que a luz estava muito ligeiramente polarizada, cerca de 1%, sugerindo que a nuvem tinha "emagrecido" o suficiente para revelar a estrutura assimétrica de gás em torno do buraco negro. Ambas as observações vieram do telescópio Shane de 3 metros no Observatório Lick, perto de San Jose, no estado norte-americano da Califórnia, que está equipado com o espectrógrafo Kast, um instrumento que pode determinar a polarização da luz ao longo de todo o espectro ótico. A luz torna-se polarizada - o seu campo elétrico vibra primariamente numa direção - quando se dispersam eletrões na nuvem de gás.

"O disco de acreção propriamente dito é quente o suficiente para emitir a maior parte da sua luz sob a forma de raios-X, mas essa luz tem de vir através desta nuvem, e há muita dispersão, muita absorção e muitas reemissões de luz antes de poder escapar desta nuvem," disse Patra." Com cada um destes processos, a luz perde alguma da sua energia fotónica, descendo até às energias ultravioleta e ótica. A dispersão final determina então o estado de polarização do fotão. Assim, ao medir a polarização, podemos deduzir a geometria da superfície onde a dispersão final acontece."

Patra observou que este cenário de leito de morte pode aplicar-se apenas a perturbações normais de marés - não a casos especiais, em que jatos relativistas de material são expulsos dos polos do buraco negro. Apenas mais medições da polarização da luz destes eventos vão responder a essa pergunta.

"Os estudos de polarização são muito desafiantes, e muito poucas pessoas em todo o mundo são suficientemente versadas na técnica para poder utilizar isto," disse. "Portanto, este é um território inexplorado para eventos de perturbação de marés".

Patra, Filippenko, Lu e o investigador Thomas Brink da UC Berkeley, o estudante Sergiy Vasylyev e o colega pós-doutorado Yi Yang relataram as suas observações num artigo que foi aceite para publicação na revista Monthly Notices of the Royal Astronomical Society.

Uma nuvem 100 vezes maior do que a órbita da Terra

Os investigadores calcularam que a luz polarizada foi emitida da superfície de uma nuvem esférica com um raio de cerca de 100 unidades astronómicas, 100 vezes mais longe da estrela do que a Terra está do Sol. Um brilho ótico do gás quente emanou de uma região a cerca de 30 UA.

As observações espectropolarimétricas de 2019 - uma técnica que mede a polarização através de muitos comprimentos de onda da luz - foram de AT2019qiz, um evento de perturbação de marés localizado numa galáxia espiral na direção da constelação de Erídano. A polarização zero de todo o espectro de outubro indica uma nuvem esférica e simétrica de gás - todos os fotões polarizados se equilibram uns aos outros. A ligeira polarização das medições de novembro indica uma pequena assimetria. Dado que estas perturbações de marés ocorrem tão longe, nos centros de galáxias distantes, aparecem apenas como um ponto de luz, e a polarização é uma das poucas indicações das formas dos objetos.

"Estes eventos de perturbação estão tão distantes que não podemos resolvê-los, pelo que não podemos estudar a geometria do evento ou a estrutura destas explosões," disse Filippenko. "Mas o estudo da luz polarizada ajuda-nos realmente a deduzir alguma informação sobre a distribuição da matéria naquela explosão ou, neste caso, como o gás - e possivelmente o disco de acreção - em torno deste buraco negro é moldado."

// Universidade da Califórnia, Berkeley (comunicado de imprensa)
// Artigo científico (Monthly Notices of the Royal Astronomical Society)
// Artigo científico (arXiv.org)

 


Saiba mais

CCVAlg - Astronomia:
13/10/2020 - Morte por esparguertificação: telescópios do ESO observam os últimos momentos de uma estrela a ser devorada por um buraco negro

AT2019qiz:
Wikipedia

Buraco negro supermassivo:
Wikipedia
Evento de perturbação de marés (Wikipedia)

Observatório Lick:
Página oficial
Wikipedia
Telescópio Shane (Wikipedia)

 
   
Também em destaque
  A localização do solo num planeta pode afetar a sua habitabilidade (via Sociedade Astronómica Real)
Novos modelos climáticos descobriram que a quantidade e a localização de solo à superfície de um planeta pode ter um impacto significativo na sua habitabilidade. Os astrónomos identificaram diferenças substanciais na temperatura da superfície, no gelo marinho e no vapor de água ao longo da superfície de um planeta para diferentes configurações de solo. Ler fonte
     
  Estudo fornece novas informações sobre superfície e estrutura do asteroide Bennu (via SwRI)
Quando a nave espacial OSIRIS-REx da NASA recolheu amostras da superfície do asteroide Bennu em 2020, as forças medidas durante a interação forneceram aos cientistas um teste direto das propriedades físicas sub-superficiais mal compreendidas dos asteroides pilhas de "escombros". Agora, um estudo realizado pelo SwRI caracterizou a camada imediatamente abaixo da superfície do asteroide como sendo composta por fragmentos de rocha fracamente ligados, contendo o dobro do espaço vazio que o asteroide em geral. Ler fonte
     
  Cientista cidadão lidera descoberta de 34 binários anões ultrafrios usando arquivo no NOIRLab da NSF (via NOIRLab)
Com que frequência é que as estrelas vivem sozinhas? Para as anãs castanhas - objetos que situados na fronteira entre os planetas mais massivos e as estrelas mais pequenas - os astrónomos precisam de desvendar mais exemplos das suas companheiras para descobrir. O cientista cidadão Frank Kiwy fez exatamente isso ao utilizar a plataforma científica Astro Data Lab no NOIRLab da NSF para descobrir 34 novas sistemas binários anões ultrafrios na vizinhança do Sol, quase duplicando o número destes sistemas conhecidos. Ler fonte
 
   
Álbum de fotografias - Galáxia espiral NGC 6744
(clique na imagem para ver versão maior)
Crédito: Basudeb Chakrabarti, Telescope Live
 
A bela galáxia espiral NGC 6744 tem quase 175.000 anos-luz de diâmetro, maior do que a nossa Via Láctea. Encontra-se a cerca de 30 milhões de anos-luz de distância na direção da constelação do hemisfério sul de Pavão, mas aparece apenas como um objeto ténue e prolongado em telescópios pequenos. Vemos o disco do universo insular próximo inclinado para a nossa linha de visão neste retrato galáctico incrivelmente detalhado, uma vista telescópica que abrange uma área com o tamanho angular de uma Lua Cheia. Nele, o núcleo alongado e amarelado da galáxia gigante é dominado pela luz de estrelas antigas e frias. Para além do núcleo, os grandes braços espirais estão repletos de jovens enxames de estrelas azuis e salpicados com regiões cor-de-rosa de formação estelar. Um braço estendido varre a galáxia satélite mais pequena NGC 6744A, na parte inferior direita. A companheira galáctica de NGC 6744 faz lembrar a galáxia satélite da Via Láctea, a Grande Nuvem de Magalhães.
 
   
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